31 março 2008

Razão e emoção - a importância de conciliá-las

Muitas pessoas não têm dado a devida importância ao lugar da razão no culto ao Senhor. Não faltam aqueles que dizem que a razão não tem lugar na adoração e na exaltação do nome de Jesus. Como conseqüência, vemos cultos onde há “emoções à flor da pele”, mas pouco entendimento do que se está fazendo.

Os cristãos que não fazem uso da razão em sua vida não têm condições de julgar nada do que lhes é proposto, e é por isso que, dia após dia, a ênfase dada às experiências tem aumentado e a leitura da Palavra de Deus diminuído.

Parece, para mim pelo menos, que muitas pessoas, ao irem à igreja, deixam em casa o cérebro, pois ele só é importante durante a semana, no trabalho ou na escola. Mas será que isso deve ser assim mesmo?

Quando olhamos para a Palavra de Deus temos uma surpreendente exortação de Paulo à Igreja de Roma: “Rogo-vos, pois, irmãos, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Rm 12.1).

O apóstolo não está dizendo (e nem eu quero insinuar) que a emoção não tem lugar no culto. A emoção faz parte do culto mas deve estar sujeita à razão. Nós entendemos racionalmente o que Deus fez e faz por nós, e conseqüentemente nos emocionamos. Por exemplo, não há como não nos emocionar quando entendemos a obra de Cristo na cruz do Calvário pagando o preço pelo nosso pecado.

A razão precede a emoção e uma alteração nessa ordem só nos traz prejuízos. Uma evidência disso está no fato de que a desculpa para muitas loucuras que são feitas é justamente: “eu agi na emoção” ou, em outras palavras, “agi sem pensar”.

Deus requer de nós a busca de uma vida piedosa, mas também uma busca racional das verdades reveladas em sua Palavra, pois, se não fosse assim, não nos teria dotado da capacidade de raciocinar e julgar todas as coisas.

O uso da razão na vida cristã só tem a nos tornar crentes melhores, pois entenderemos a Palavra, nos emocionaremos com ela e agiremos conforme o que ela nos prescreve. Isso nos levará a ser mais santos, mais amorosos, ter mais fé e mais disposição para pregar o Evangelho, pois teremos, através do Espírito Santo, um conhecimento firme da doutrina de Jesus.

27 março 2008

Estudo e piedade

Há algo no meio evangélico que me deixa extremamente preocupado. Estou me referindo ao pensamento de muitos irmãos que dissociam o “estudo da Palavra” da “piedade” como se fossem coisas que não pudessem (e devessem) andar juntas.

Os cristãos, de um modo geral, são muito dados a extremos. Como é difícil encontrar pessoas que se posicionam de uma maneira equilibrada!

Temos assim, basicamente, dois grupos: um que defende que o cristão deve estudar com afinco a Palavra de Deus, conhecer a teologia, conhecer a doutrina correta, mas que, muitas vezes, não aplica todo esse “conhecimento” à sua vida, tornando-se vazio e árido.

Por outro lado, temos um outro grupo que renega o estudo, e, por falta do próprio estudo sério da Palavra, cita textos bíblicos fora de seu contexto a fim de apoiar a sua idéia. “A letra mata, mas o espírito vivifica” – afirma ele.

Devemos ter em mente que a Bíblia nos foi deixada pelo Senhor para que a conheçamos profundamente: “... medita nele (no livro da Lei) dia e noite...” (Js 1.8). Mas esse conhecimento, fruto de nossa meditação dia e noite, não é um fim em si mesmo. Pela iluminação do Santo Espírito, as verdades apreendidas da Palavra devem ser postas em prática, a fim de sermos cada dia mais santos.

Devemos saber também que ser profundamente “espiritual” sem conhecer as Escrituras (como se isso fosse possível) nos leva a um cristianismo falso, pois não existe cristianismo sem o conhecimento correto de Deus e de sua Palavra, conhecimento que só é possível através do estudo.

Se alguns acham que a iluminação do Espírito Santo torna desnecessário o estudo sério e outros acham que o estudo sério torna desnecessária a iluminação do Espírito, fujamos desses extremos, estudando profundamente a Bíblia e dependendo vitalmente da iluminação do Espírito a fim de sermos “estudiosos piedosos” ou, se preferir, “piedosos estudiosos”, sabendo sempre que uma coisa está intimamente ligada à outra e que não podemos nem devemos separá-las.

25 março 2008

A alegria de ser rubro-negro

O ano é 1981. Apesar da pouca idade, 7 anos na época, lembro-me muito bem do fantástico time do Flamengo. Nascido em uma família de pai botafoguense e mãe vascaína, não é difícil imaginar que bem pequeno já ganhei a primeira camisa do alvinegro carioca.

Confesso que tentei. Até enganava dizendo que gostava do botafogo, mas bastava ver um jogo do Flamengo, que a emoção tomava conta. Um meio de campo de fazer inveja: Adílio, Andrade e, principalmente, Zico, deixavam malucos os seus marcadores. Nas laterais, nada menos que Junior e Leandro, na zaga Mozer e Figueiredo, no ataque ainda Nunes, Titã e Lico, além do excelente Raul Plasman fechando o gol.

A cada jogo eu me envolvia mais com o time, e, a contragosto de muitos acabei cedendo à paixão pelo rubro-negro. A década de 80 foi marcada pela hegemonia do Mengão.

Depois de Zico vieram ainda outros artilheiros: Bebeto, Marcelinho, e até o arqui-inimigo Romário, que confessou sua alegria de ser rubro-negro...

De 81 para cá, muitas vitórias e derrotas, mas nenhum elenco que se compare ao que se sagrou campeão mundial.

Como mencionado, neste blog falarei também sobre outros assuntos, não teológicos. Este post é somente para registrar que estou animado com meu Mengão neste ano de 2008. Espero que á semelhança de Jorge Ben Jor, que na época era somente Ben, a nação rubro-negra possa cantar: Arigatô Flamengo!

Rumo ao Japão!!! Flamengo até morrer.

22 março 2008

Coelho ou Cordeiro?

Amanhã será o dia chamado “Domingo de Páscoa”. Este é um dia muito comemorado no meio cristão em geral, porém, o que vemos é um feriado vazio de seu verdadeiro significado, em que as crianças esperam ansiosas receber os seus ovos e coelhos de chocolate.

Mas o que tem a ver o ovo e o coelho de chocolate com a Páscoa? Absolutamente nada! Esses “símbolos” não são encontrados na Bíblia e nem de longe têm a ver com o sentido da Páscoa, antes, são de origem pagã.

Observando a Bíblia, vemos que, no capítulo 12 do livro de Êxodo, Deus instituiu a Páscoa para o povo de Israel. Vemos no mandamento de Deus a ordem para que se tomasse um cordeiro sem defeito, passasse o sangue nas vergas da porta e comesse a carne do cordeiro assada. Isso se repetiria todos os anos, lembrando que Deus livrara Israel da escravidão do Egito.

É interessante notar que, no Novo Testamento, João Batista, ao olhar para Jesus, afirma: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Jesus Cristo é o cordeiro perfeito, que deu a sua vida em resgate de muitos.

Mais interessante ainda, é notar também que a instituição da Ceia do Senhor tenha sido numa Páscoa. O apóstolo Paulo, ao referir-se à festa da páscoa (1Co 5.7,8), fala de Cristo como sendo o nosso “cordeiro pascal”.

Quando juntamos tudo isso à declaração de Jesus: Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6.54a), só podemos chegar a uma conclusão: Da mesma forma que o batismo tomou o lugar da circuncisão, a Ceia tomou o lugar da Páscoa. Da mesma forma que o judeu, ao comer da carne do cordeiro, lembrava da salvação de Deus livrando o povo do cativeiro, nós, ao participarmos da Ceia “comendo” o corpo de Cristo, nos lembramos da morte e ressurreição de Cristo para a nossa salvação.

A Páscoa, para o cristão, é celebrada todas as vezes em que nos alimentamos com o pão e o vinho da mesa do Senhor, símbolos do corpo e do sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que nos purificou dos nossos pecados.

Enquanto o mundo comemora com chocolates, como servos de Deus, tenhamos em mente que devemos nos lembrar do cordeiro e não do coelho, para a glória de Deus. Não nos deixemos influenciar pela mídia.

19 março 2008

Perdão - uma questão de obediência

Um dos maiores desafios na vida cristã é o exercício do perdão, e um fato que comprova essa tese está registrado no Evangelho segundo escreveu Lucas. No capítulo 17.3-10 o Senhor ensinou aos discípulos que se um irmão pecasse contra eles deveria ser repreendido e, havendo arrependimento, deveria ser perdoado. Ensinou ainda que, se durante sete vezes no dia o irmão pecasse e voltasse arrependido, deveria ser perdoado.


Diante de um ensino tão difícil de ser colocado em prática, os discípulos pedem ao Senhor: Aumenta-nos a fé!


É importante perceber que o Senhor Jesus não diz em momento algum que faria isso acontecer, mas lhes conta uma parábola sobre um senhor e seu servo. Jesus começa perguntando se, tendo um servo, os discípulos deixariam que ele, ao chegar cansado do trabalho na lavoura ou com o gado, se assentasse para comer antes de lhes servir. O mestre pergunta ainda se o senhor teria de agradecer ao servo porque havia feito o que lhe foi ordenado.


A resposta era lógica! Os discípulos tinham plena consciência de que o senhor poderia fazer quaisquer exigências ao servo, que, mesmo cansado, deveria efetuar o trabalho sem esperar qualquer recompensa por isso. Fica fácil perceber esse ponto no desfecho da parábola: “Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc 17.10).


Diante do exposto, entendemos que, com essa parábola, o Senhor estava ensinando aos discípulos que eles deveriam ser obedientes ao seu ensino sobre o perdão porque ele estava ordenando. Se é verdade que o servo deveria obedecer ao senhor, muito mais os discípulos a Jesus. Aprendemos então que perdoar não é questão de ter uma fé grandiosa, mas de atender à ordem do nosso Senhor. Aqueles que obedecem podem orar como ele ensinou: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores (Mt 6.12), atentando às suas palavras após o ensino dessa oração: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.14,15).


Resta ainda uma questão: E se a pessoa não se arrepende ao ser repreendida? Devemos perdoá-la? Jesus ensina em Mateus 18.15-20 que se um irmão peca contra nós devemos ir até ele e argüi-lo e, se ele nos ouvir, está resolvido o problema. Se não ouvir, devemos chamar testemunhas e procurá-lo novamente; depois a igreja, e, se não ouvir também a igreja, aí o processo é de disciplina: ele deve ser considerado gentio e publicano.

Uma coisa é certa: seja o irmão nos procurando arrependido ou sejamos nós a procurá-lo para que se arrependa, o perdão é uma obrigação, para que andemos como ordena Paulo: “se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18).

16 março 2008

Não inverta a ordem

Se seu irmão pecar contra você, vá até ele e, se ele se arrepender, a questão está resolvida. Se não se arrepender, chame uma ou duas testemunhas e vá novamente a ele. Se ele não atender, diga à igreja e se, por fim, não ouvir também a igreja, considere-o gentio e publicano, ou seja, trate-o como se não fosse da igreja. De forma resumida, é este o ensinamento de Jesus em Mateus 18.15-17 sobre o que fazer quando somos alvo do pecado do irmão.

Ainda assim, muitos teimam em inverter a ordenança do Senhor.

Consideremos um exemplo hipotético: José peca contra Manoel. A primeira atitude de Manoel é considerar José gentio e publicano, pois começa a evitá-lo. Ele não faz mais parte de “sua” igreja. Pode até freqüentar o mesmo local de culto, mas não faz parte de sua igreja particular. Depois disso, Manoel começa a campanha de falar aos outros o que José lhe fez e o quão pecador ele é. Talvez um dia, Manoel venha saber que José estava magoado com ele e se arrependa ou acabe também se chateando, e algo que poderia ser resolvido seguindo os passos bíblicos se torna um grande conflito onde o que interessa é saber quem pecou primeiro.

Na primeira vez que li sobre a ordem de Jesus fiquei a questionar: Porque o ofendido é quem tem de procurar o ofensor? A obrigação de procurar deveria ser de quem ofendeu e não o inverso.

Hoje entendo que é porque muitas vezes ficamos ofendidos e o irmão nem sabe o que nos causou. Pode ser que ele não tivesse a intenção de nos magoar e acabou magoando, mas nunca saberá disso, a não ser que, cumprindo a ordem de Jesus, o procuremos para que a paz se estabeleça e Deus seja glorificado.

Infelizmente, o que muitas vezes nos impede é o orgulho pecaminoso, é achar que quem nos ofende não é digno de que o procuremos, é nos achar melhores que os outros e que não existe a mínima possibilidade de fazermos algo semelhante.

Da próxima vez que nos sentirmos ofendidos, humildemente sigamos o padrão estabelecido pelo Senhor, se não temos feito isso até então. Certamente, essa é a única e melhor maneira de resolver os nossos problemas. Lembremo-nos de que o pecado do nosso irmão não autoriza ou justifica o nosso pecado de deixar de lado o que o Senhor nos ensinou.

14 março 2008

Evangelho, mensagem inegociável

Dizem alguns que o Brasil está se tornando um país evangélico. A constatação é feita quando se olha para a proliferação de templos religiosos, cada dia mais cheios.

Quando, porém, olhamos com olhos mais críticos, podemos perceber que esse crescimento é fruto de uma deturpação da mensagem das Escrituras. É claro que encontramos grandes igrejas fiéis à Palavra, mas elas não são a maioria.

Muitos líderes religiosos têm pregado um evangelho fácil, procurando agradar ao homem ao invés de agradar a Deus. A desculpa é: “Se as pessoas não ouvem alguma coisa que lhes agrada, não voltam.” A conseqüência natural é um evangelho falso, que não produz mudança de vida nos ouvintes.

Como essa situação contrasta com o ministério de Jesus! Um episódio que mostra claramente isso foi registrado por João. Quando Jesus afirmou que era o “pão do céu”, os judeus começaram a murmurar (Jo 6.35,41). Jesus então continuou o seu discurso e, ao final, os discípulos disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6.60).

Diz-nos o texto que muitos discípulos o abandonaram (Jo 6.66), e Jesus perguntou diretamente aos doze: “Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” (Jo 6.67). A resposta de Pedro foi maravilhosa: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o santo de Deus” (Jo 6.68).

Os apóstolos, apesar de reconhecerem que o discurso de Jesus era duro, sabiam também que só ele tinha (e tem) as palavras da vida eterna.

Jesus não negociou a sua mensagem, antes, mostrou que, quem não quisesse, não precisava segui-lo. Contudo, se quisesse continuar a segui-lo, teria de ser como ele requeria. Foi assim também com o jovem rico. Jesus ordenou-lhe que vendesse tudo e o seguisse, porém ele saiu triste. Não vemos, em momento nenhum, Jesus mudando a mensagem para que ele voltasse.

Ao escrever sua primeira carta à igreja de Corinto, o apóstolo Paulo mostra que também não negociava a sua mensagem. Os judeus queriam sinais, os gregos sabedoria; Paulo diz: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios” (1Co 1.22,23). O que importava para Paulo era agradar a Deus sendo fiel.

Devemos confiar que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Entendendo que o Senhor salvará os seus eleitos, não precisaremos baratear a mensagem para atrair “fiéis”.

Não podemos negociar aquilo que não é nosso.

09 março 2008

Igreja: Para a glória de Deus ou para o entretenimento do homem?


Lendo um livro do Pastor John MacArthur Jr., uma frase me chamou a atenção: “No ‘show business’ a verdade é irrelevante; o que realmente importa é se estamos ou não sendo entretidos”.

Infelizmente tem sido assim também com a igreja evangélica. Olhando para a realidade da igreja de nossos dias, podemos parafrasear MacArthur e dizer que “em muitas igrejas a verdade é irrelevante; o que realmente importa é se o povo está ou não sendo entretido”.

A igreja absorveu a cultura do entretenimento e, por causa disso, acaba por negociar princípios. O que importa é que as pessoas sintam-se bem. Se alguma coisa incomoda, é retirada, ainda que seja essencial ao culto. Em contrapartida, são incluídas práticas que nem de longe fazem parte da adoração cristã, simplesmente para agradar àqueles que vão à igreja. O homem tomou o lugar de Cristo no centro do culto.

Não se tem parado para pensar se o que está sendo incorporado à igreja é sagrado ou secular. O que importa é ter a igreja abarrotada de pessoas, ainda que não se interessem por adoração e pregação, pois, afinal de contas, ir à igreja “é bom”, “é divertido” e “distrai”.

A conseqüência de tudo isso é que hoje vemos nos púlpitos “animadores de auditório” preocupados com o bem-estar daqueles que “os assistem”. Pecado é palavra proibida em muitas igrejas, pois “fere” aqueles que estão no auditório.

Devemos resgatar a pureza da pregação bíblica. A mensagem bíblica, longe de ser uma mensagem que diz ao homem que tudo será bom (e é isto que muitos têm pregado), é a mensagem de Cristo, que diz que aquele que quer segui-lo deve negar-se e tomar a sua cruz. Igreja não é lugar de diversão, mas um local onde se adora o Senhor em Espírito e em verdade, reconhecendo nossa pequenez diante de Deus e sua misericórdia sobre nossas vidas.

Procuremos, portanto, agradar ao CRIADOR ao invés da criatura, pois para isso fomos criados.

05 março 2008

Obediência - a chave para a salvação

Quando Deus criou o homem, criou-o servo. Nessa condição, por meio da obediência ao seu Senhor, o homem permaneceria sendo abençoado no relacionamento pactual e gozaria sempre da comunhão com Deus.

A desobediência dos nossos primeiros pais foi a causa da nossa ruína. Quando Adão e Eva tomaram do fruto proibido, selaram a sorte da humanidade e, a partir daí, todos nascem, por natureza, desobedientes aos preceitos do Senhor.

Com a desobediência a Deus, o homem continuou sendo servo, porém, agora, do pecado. A despeito disso, o Senhor continua requerendo obediência à Lei para que alguém alcance a salvação. Desta forma, ninguém pode chegar à salvação por suas próprias forças, pois o homem não consegue mais ser obediente aos preceitos santos do Deus Todo-Poderoso, sendo impossível a ele se libertar de sua servidão ao pecado.

A Escritura, porém, nos traz uma ótima notícia. Diz-nos o apóstolo Paulo que “na plenitude do tempo, Deus enviou seu filho ao mundo, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5). Cristo Jesus, o filho de Deus, cumpriu toda a Lei requerida por Deus para proporcionar salvação ao homem, que era incapaz de obedecer a esses preceitos.

Pela obediência de Cristo, todos aqueles que se arrependem dos seus pecados e confessam o seu nome podem novamente ter paz com Deus e, como servos do Senhor, cumprir sua vontade com o auxílio do Santo Espírito.

O apóstolo Paulo ensina essa nova realidade na Epístola aos Romanos: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” (Rm 6.17,18).

Eis a condição daqueles que creram em Cristo: servos da justiça! É necessário que, como servos que foram resgatados, nos esforcemos para conhecer e obedecer à vontade do Senhor, revelada nas Escrituras.

Nossa salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo, mas ele só pode nos oferecê-la de graça porque “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8).

Sejamos obedientes à Palavra de Deus, não para conseguir salvação, mas para honrar o Senhor, que nos salvou cumprindo toda a Lei.

03 março 2008

Amar a quem?

Em nossos dias a palavra “amor” tem perdido o seu sentido e isso ocorre porque a compreensão sobre ela é equivocada. Um poeta secular, ao falar sobre esse assunto, expressa sua compreensão dizendo que o amor não é imortal, posto que é chama, mas deve ser infinito enquanto durar. Juntemos a isso um agravante que é a compreensão também errônea sobre o alvo do amor. Muito temos ouvido falar sobre a necessidade do amor próprio e de como o homem deve cultivá-lo.

A Escritura, porém, caminha na contramão de tudo isso. Vemos no Evangelho que, ao ser questionado por um intérprete da Lei sobre qual seria o grande mandamento, Jesus respondeu que o principal era amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento e que o segundo era amar ao próximo como a si mesmo. Disse mais ainda: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22.40). Devemos notar que Jesus não fala em momento algum de amor próprio, ainda que muitos tentem enxergar no texto este “terceiro mandamento”.


Isto não está no texto por uma simples razão: o homem, por natureza, já se ama demais e não precisa ser estimulado a se amar mais ainda. Jesus parte do princípio de que esse amor por si mesmo já existe. As palavras de Paulo corroboram esse pensamento. O apóstolo afirma: “Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida” (Ef 5.29).


Quando a Escritura menciona o amor próprio, trata-o como um problema: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas (amantes de si mesmos na versão Revista e Corrigida de Almeida)” (1Tm 3.1,2), afirma Paulo a Timóteo.


Devemos sempre agir de forma bíblica, e, para isso, precisamos entender o que a Escritura ensina sobre o amor e o que ela requer que façamos. Somos alvo do amor maior, o amor do Senhor demonstrado na cruz do Calvário, e, por isso, podemos e devemos amá-lo da forma correta, colocando-o em primeiro lugar em nossas vidas e também dispensando esse amor ao próximo.


Segundo Paulo, “o amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba” (1Co 13.4-8). Esse amor deve ser sem hipocrisia (Rm 12.9), cordial, fraternal, preferindo o próximo em honra (Rm 12.10), edificante (1Co 8.1), demonstrado de fato e de verdade (1Jo 3.18).


Deixemos de lado o que o mundo nos ensina sobre o amor egoísta (amor próprio) e vivamos o amor bíblico, por Deus e pelo próximo, para a glória daquele que nos amou primeiro.