14 março 2008

Evangelho, mensagem inegociável

Dizem alguns que o Brasil está se tornando um país evangélico. A constatação é feita quando se olha para a proliferação de templos religiosos, cada dia mais cheios.

Quando, porém, olhamos com olhos mais críticos, podemos perceber que esse crescimento é fruto de uma deturpação da mensagem das Escrituras. É claro que encontramos grandes igrejas fiéis à Palavra, mas elas não são a maioria.

Muitos líderes religiosos têm pregado um evangelho fácil, procurando agradar ao homem ao invés de agradar a Deus. A desculpa é: “Se as pessoas não ouvem alguma coisa que lhes agrada, não voltam.” A conseqüência natural é um evangelho falso, que não produz mudança de vida nos ouvintes.

Como essa situação contrasta com o ministério de Jesus! Um episódio que mostra claramente isso foi registrado por João. Quando Jesus afirmou que era o “pão do céu”, os judeus começaram a murmurar (Jo 6.35,41). Jesus então continuou o seu discurso e, ao final, os discípulos disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6.60).

Diz-nos o texto que muitos discípulos o abandonaram (Jo 6.66), e Jesus perguntou diretamente aos doze: “Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” (Jo 6.67). A resposta de Pedro foi maravilhosa: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o santo de Deus” (Jo 6.68).

Os apóstolos, apesar de reconhecerem que o discurso de Jesus era duro, sabiam também que só ele tinha (e tem) as palavras da vida eterna.

Jesus não negociou a sua mensagem, antes, mostrou que, quem não quisesse, não precisava segui-lo. Contudo, se quisesse continuar a segui-lo, teria de ser como ele requeria. Foi assim também com o jovem rico. Jesus ordenou-lhe que vendesse tudo e o seguisse, porém ele saiu triste. Não vemos, em momento nenhum, Jesus mudando a mensagem para que ele voltasse.

Ao escrever sua primeira carta à igreja de Corinto, o apóstolo Paulo mostra que também não negociava a sua mensagem. Os judeus queriam sinais, os gregos sabedoria; Paulo diz: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios” (1Co 1.22,23). O que importava para Paulo era agradar a Deus sendo fiel.

Devemos confiar que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Entendendo que o Senhor salvará os seus eleitos, não precisaremos baratear a mensagem para atrair “fiéis”.

Não podemos negociar aquilo que não é nosso.

2 comentários:

Jônatas Abdias de Macedo disse...

Em João 13:15, disse Jesus: "Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também." Seguindo o princípio, eu começo fazendo um comentário no seu blog...
Bom, este seu post me deu uma idéia! Li em "Preachin with purpose" de Jay Adams algo que mexeu comigo: que a pregação deve produzir efeitos práticos. Ignorando tudo que de esquemático tenhamos aprendido, deliberadamente digo que concordo. Sobejam exemplos bem fundamentados na Escritura para que ele assim afirme, e meu propósito aqui é simplesmente dizer que, uma vez que a pregação pode surtir dois efeitos bem distintos, vou escrever um post sobre o texto que você colocou no seu post. Pra adiantar, Jesus, numa única ocasião, consegui produzir os dois. Tanto houve murmuração, da parte dos recalcitrantes, como pela aprovação e interesse, da parte dos eleitos representados por Pedro. Aguarde e verá!!!
abcs e keep going...

Milton Jr. disse...

Jônatas,
Concordo com você, Jay Adams e a Escritura.. rs
O próprio Senhor, ao responder a pergunta dos discípulos: "Por que lhes fala porábolas?" em Mt 13.10-16 enfatiza esses dois efeitos: "Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido".
Atentando à esse ensino, a igreja pode pregar a Palavra confiando que o SEnhor a usará para aquilo que lhe aprouver.
Grande abraço e obrigado pelo comentário. Aguardarei seu post.