30 abril 2010

Cuidado! Levitas na lagoa

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No mundo animal o temido jacaré tem a parte da barriga formada por um couro mais fino que o restante do corpo, o que torna essa parte mais vulnerável a ataques. Vem daí o ditado popular que diz que “em rio que tem piranha, jacaré nada de costas”. A intenção do dito é clara, mostrar que as pessoas devem ser precavidas e não se expor a eventuais perigos.

Quando escreveu aos colossenses, Paulo também advertiu aqueles irmãos para que fossem precavidos: Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2.8). Aos efésios (4.11-14) ele afirmou que para os crentes não serem enredados foram concedidos “dons de ensino”. A razão de ser desses dons é para que não sejamos “levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”.

Não só nas epístolas paulinas, mas também em outras cartas do NT temos vários avisos para ter cuidado com os falsos ensinos e a afirmação de que o “instrumento de aferição” do ensino é sempre a sã doutrina, ou seja, o que a Escritura ensina.

Vivemos um tempo confuso no que diz respeito a doutrinas. Na medida em que as igrejas evangélicas têm se multiplicado, multiplica-se também a confusão. Podemos observar muitas pessoas ensinando supostas revelações de Deus, mas sem a devida preocupação de falar de acordo com o que o Senhor de fato revelou em sua Palavra infalível e inerrante.

Penso que um dos grandes problemas que enfrentamos hoje é na área musical. Os autodenominados “levitas” têm cantado coisas difíceis de se explicar, para não dizer heréticas.

Sem entrar no mérito da impropriedade do termo “levita”, pois nenhum deles nasceu na tribo de Levi, e na nova Aliança não há um grupo especialmente designado para ajudar os sacerdotes, até porque todos somos sacerdotes (1Pe 2.9), a verdade é que eles acabam “doutrinando” os seus fãs com aquilo que cantam.

Por conta dessa má doutrinação, há um grande número de “adoradores extravagantes”, crentes “apaixonados” por Jesus e irmãos que se acham “A geração de adoradores”, para não falar daqueles que querem estar no “lugar secreto da adoração”, seja lá onde for isso. Pior ainda é ouvir pessoas pedindo para “ficar com Jesus”, “tocar em Jesus”, “deitar no colo de Jesus”, dentre outras aberrações que têm sido cantadas, mas que não são encontradas nas Escrituras.

Quando essa turma da cantoria que parece não ler a Bíblia, ou se leem a ignoram, resolve “profetizar”, aquilo que estava ruim pode ficar muito pior. Dia desses recebi um vídeo em que uma famosa “pastora” e um “apóstolo” falavam de tal principado boiadeiro que tem um tripé com base em três locais do mundo, Dallas, Barretos e Madri. Isso, segundo o apóstolo, explicaria a ida da pastora para Dallas para combater uma das bases. O apóstolo, que reside em Barretos, afirma ainda que sempre tem levado “homens e mulheres” de Deus a Barretos para profetizar, tocando numa ferradura que há na cidade, que Barretos é do Senhor Jesus.

Se não bastasse isso, a pastora conta que Deus a mandou comprar uma bota de couro de cobra Python e com aquela bota ela enfrentou principados de python, mas nos EUA a bota estragou e Deus a mandou comprar uma bota de cowboy. No fim das contas, tudo isso serviu para fazer a propaganda do próximo CD que terá um figurino de cowboy e declarará que os peões são do Senhor Jesus, ou seja, no fim das contas, tudo é comércio. Ao ouvir isso é impossível não lembrar as palavras do apóstolo Pedro, que afirmou que os falsos mestres estariam dentro da igreja e “movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias” (confira 2Pe 2.1-3).

Essa mesma pastora já protagonizou outros episódios ridículos como, por exemplo, andar engatinhando em um show imitando um leão ao receber a “unção do Leão” e ao explicar a razão de tal ato descreveu tudo o que havia acontecido naquele dia, incluindo o figurino que Deus a tinha mandado usar naquela ocasião. Toda a loucura foi “em nome de Deus”.

O pior é que os fãs aplaudem, acreditam, defendem ferrenhamente tudo o que ela faz sem o respaldo das Escrituras e ai de quem falar que aquilo não procede de Deus.

No tempo em que vivemos, devemos estar bem atentos ao que escreveu o profeta Jeremias:

“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor. [...] Não mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizaram. Mas, se tivessem estado no meu conselho, então, teriam feito ouvir as minhas palavras ao meu povo e o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações” (Jr 23.16,21,22).

Pensando nisso, bem que poderíamos fazer uma releitura do dito popular e afirmar: “Em lagoinha que tem levita, quem leva as Escrituras a sério não deveria nem nadar”. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

16 abril 2010

O véu de Moisés e o testemunho das Escrituras

            

No vídeo acima, o pastor Davi Silva do ministério “Casa de Davi”, bastante conhecido entre o evangelicalismo brasileiro por causa de suas músicas, conta uma experiência que teve quando foi a Salvador. Segundo ele, enquanto cantavam pediu que os instrumentos parassem de tocar para que fossem ouvidas somente as vozes, mas a bateria continuava sendo tocada. Ele continuou pedindo: “só as vozes”, mas o baterista, insistentemente, continuava tocando. Quando ele olhou para a bateria para repreender o músico, viu que a bateria estava vazia. Ao entender que um anjo é quem estava tocando, nessa parte do testemunho ele afirma: “com anjo eu não mexo, deixa ele aí à vontade, você pode tocar o que você quiser” – e logo depois pergunta e afirma – “[vocês acham que isso] é doido? Mas isso vai continuar acontecendo em nossos cultos, na presença do Senhor!”

Ele continua a palestra e começa a se contorcer, da mesma forma que alguém faz tentando se livrar de insetos que vêm em direção ao rosto, e a rir, insinuando que estava sendo cutucado por um anjo, tudo isso sob o aplauso da sua plateia.

No último dia 14 de abril, o ministério “Casa de Davi” publicou em seu site dois vídeos em que Davi Silva pede perdão ao público. A razão do pedido ele apresenta logo no início de seu texto:

“Desde agosto de 1999 tenho ministrado junto com Mike pela nação brasileira e em outras nações também. Durante esses anos tenho compartilhado vários testemunhos, a começar com minha cura da Síndrome de Down, passando por sonhos, visões e arrebatamentos, e diversas experiências sobrenaturais.

Pois bem, em quase todos esses testemunhos eu acrescentei mentiras. Alguns deles são totalmente mentirosos. Inclusive um deles, eu roubei de um irmão em Cristo que teve a experiência que conto como sendo minha. Outros testemunhos são meus e em parte verdadeiros.”

No texto ele ainda se diz envergonhado por causa desses testemunhos dados tanto no Brasil como no exterior.

Bastou isso para que os fãs começassem a se manifestar. Uns desapontados, outros afirmando que agora admiram ainda mais o pastor, outros sem querer acreditar.

Sem entrar no mérito do arrependimento do sr. Davi, pois quem julga corações é o Deus Todo-Poderoso, chamo a atenção para o que acontece e o que sempre acontecerá quando experiências e não as Escrituras são a base da fé.

No meio pentecostal e neopentecostal as experiências são supervalorizadas. Pior ainda, elas não precisam nem sequer ter uma base bíblica, haja vista o testemunho citado anteriormente e outros tão esdrúxulos quanto esse que são contados na maioria dos programas “evangélicos” do rádio e TV. Ainda que não afirmem categoricamente, agem da seguinte maneira: “Se as Escrituras não apoiam a experiência, pior para as Escrituras.”

Outra questão a ser considerada é que quando se tenta “conquistar o público” com base em experiências ou no quanto o líder é íntimo do Senhor, fatalmente ocorrerá o que aconteceu com o próprio Moisés. Após descer do Monte Sinai, onde Deus falara com ele, seu rosto resplandecia a ponto de o povo temer falar com ele. Foi preciso ele cobrir um rosto com um véu. O problema é que, ao que parece, Moisés gostou da fama de ser tão íntimo de Deus e, percebendo que seu rosto não mais resplandecia, mantinha o véu para simular a experiência. Cativar um público baseando-se em experiências será sempre um buraco sem fundo. Sempre terá de haver uma experiência maior.

Paulo afirma que essa não pode ser a nossa atitude. Aos coríntios ele escreveu: “E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia” (2Co 3.13).

O apóstolo Pedro, ao escrever alertando a igreja quanto aos falsos mestres, afirma que a pregação dos apóstolos não era segundo fábulas engenhosamente inventadas, mas que eles tinham sido testemunhas oculares da majestade do Senhor e, como prova, conta a experiência que tiveram no monte da transfiguração (2Pe 1.16-18).

A despeito disso, Pedro chama a atenção dos irmãos para um testemunho maior que o deles que era o testemunho da própria Palavra de Deus. Ele diz: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la...” (2Pe 1.19-21). Em outras palavras, é como se o apóstolo estivesse dizendo: “Não é à minha experiência que vocês devem se apegar, mas ao que diz a Escritura.”

Se a igreja brasileira se apegasse mais firmemente às Escrituras, seria mais crente e menos crédula, tendo condições para julgar e rejeitar tantas “experiências” que têm sido divulgadas, mas que não procedem de Deus.

O resultado é que não haveria tantos irmãos surpresos e desapontados quando alguém contasse que mentiu sobre suas experiências ou quando a verdade viesse à tona, mesmo sem a confissão, pois, de antemão, saberíamos que aquilo não provinha de Deus.

Que o Senhor nos ajude a ser nobres como os bereanos que examinavam “as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram, de fato, assim” (At 17.11).

13 abril 2010

12 abril 2010

Cuidando do falar

palavrao-proibido Na primeira carta do apóstolo Paulo à igreja de Corinto lemos: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Antes disso Paulo já tinha dito no versículo 23 do capítulo 10 que todas as coisas são lícitas, mas que nem todas convêm, e no versículo 31: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. O motivo dessas recomendações era para que ninguém se tornasse “causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus” (1Co 10.32).

Isso deve nos levar a refletir sobre a nossa vida cristã. Tudo aquilo que fazemos deve ser para a glória de Deus, pois devemos ser imitadores de Cristo, e isso certamente inclui aquilo que sai de nossa boca.

Infelizmente muitos daqueles que estão dentro das igrejas e que professam ser de Cristo não têm tomado o devido cuidado com o que falam e de suas bocas saem palavras que não convêm a um cristão. Esquecem aquilo que Paulo disse a Tito, que ele deveria ser padrão e para isso a sua linguagem devia ser sadia (Tt 2.8).

Voltemos ao que Paulo disse aos coríntios: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. Para ser imitadores de Cristo, devemos praticar suas obras. Surge então uma pergunta: Algum de nós consegue imaginar o Senhor Jesus falando palavras obscenas, chulas ou fazendo comentários pejorativos? A resposta com certeza é um enfático não!

Se estamos certos disso, que da boca de nosso Senhor não saiu nenhuma palavra torpe, e queremos ser realmente imitadores de Cristo, devemos também evitar esse tipo de linguajar.

Lembremos o que Paulo disse aos irmãos efésios: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe; e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Ef 4.29). Diante disso devemos refletir sinceramente: o nosso modo de falar transmite graça aos que nos ouvem ou temos sido causa de tropeço para a igreja de Cristo?

Fomos chamados para fazer diferença, para ser sal da terra e luz do mundo e proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a maravilhosa luz. O que falamos mostra aquilo que somos. Foi o próprio Senhor Jesus quem afirmou que a boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34).

Se queremos realmente ser cada dia mais parecidos com o Senhor, devemos encher o nosso coração da Palavra de Deus e rejeitar tudo aquilo que não convém a nós, cristãos.

Pela graça de Deus, esforcemo-nos para ser padrão dos fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza.