Há poucos dias a Folha de São Paulo publicou matéria do jornalista Marcelo Leite em que questiona e critica o ensino do criacionismo no Mackenzie, escola confessional cuja mantenedora é a Igreja Presbiteriana do Brasil.
A reportagem, publicada no blog do jornalista tem repercutido e vários comentários inflamados foram feitos contra a referida instituição. Até aqui, nada de anormal. O homem natural não aceita mesmo a explicação de que um Deus soberano e sábio criou todas as coisas.
O lamentável foi ver o comentário do sr. Saulo Marcos de Almeida, um ministro presbiteriano que, negando seus votos de ordenação, colocou-se ao lado dos ateus e agnósticos, defendendo o evolucionismo e criticando uma instituição mantida pela igreja que o sustenta, justamente por obedecer a uma recomendação do Supremo Concílio da IPB.
A Igreja Presbiteriana do Brasil adota como símbolos de fé a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve de Westminster. Na CFW lemos:
CAPÍTULO IV
DA CRIAÇÃO
I. Ao princípio aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis.
Ref. Rom. 9:36; Heb. 1:2; João 1:2-3, Rom. 1:20; Sal. 104:24; Jer. 10: 12; Gen. 1; At. 17:24; Col.1: 16; Exo. 20: 11.
II. Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais, e dotou-as de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo a sua própria imagem, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável. Além dessa escrita em seus corações, receberam o preceito de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal; enquanto obedeceram a este preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre as criaturas.
Ref. Gen. 1:27 e 2:7; Sal. 8:5; Ecl. 12:7; Mat. 10:28; Rom. 2:14, 15; Col. 3:10; Gen. 3:6.
Esta é a convicção da IPB e quando o Mackenzie ensina, além do evolucionismo, a posição criacionista está sendo coerente com aquilo que é: uma escola confessional.
Ao ler o comentário do referido pastor, lembrei-me de um texto que escrevi e que mostra como entendo uma questão como essa. O texto vai abaixo:
Cumprindo os Votos
Existe um ditado popular que é mais ou menos assim: “Ninguém é obrigado a prometer, mas se prometeu, é obrigado a cumprir”. Esse pensamento leva a sociedade a cobrar uma atitude coerente de seus políticos. Infelizmente, em nosso país, basta chegar a época das eleições que vemos promessas e mais promessas que são facilmente esquecidas assim que a campanha é terminada. Creio que essa é uma das razões que deixou o povo brasileiro tão desacreditado da classe política.
Quando olhamos para as Escrituras, notamos que Deus também requer uma atitude coerente dos seus servos. Nos diz o texto de Ec 5.5: “Melhor é que não votes do que votes e não cumpras.”
Podemos afirmar, baseados nas Escrituras, que o voto é uma promessa em termos solenes, voluntária, feita a Deus por uma pessoa que se obriga a realizar um ato para promover a sua glória, ou abster-se de qualquer ato com o mesmo fim em vista.
Em Dt 23.21-23 vemos a seriedade com que Deus trata os votos: “Quando fizeres algum voto ao SENHOR, teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o SENHOR, teu Deus, certamente, o requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém, abstendo-te de fazer o voto, não haverá pecado em ti. O que proferiram os teus lábios, isso guardarás e o farás, porque votaste livremente ao SENHOR, teu Deus, o que falaste com a tua boca”.
A vista de tudo isso, pensemos um pouco. Será que não temos falhado em cumprir os nossos votos? Alguém poderia perguntar: Mas eu nunca fiz um voto a Deus! Respon-demos: “Quando fazemos um compromisso diante da igreja estamos fazendo um voto a Deus.” O cristão faz voto quando casa, quando batiza os filhos, quando professa a fé, etc.
Desta forma, quando os pais deixam de educar os filhos no caminho do Senhor, deixam de orar por eles e com eles, são negligentes quanto à sua educação, estão descumprindo os votos feitos quando apresentaram os filhos ao batismo.
Pensemos um pouco agora a respeito da nossa Igreja. A Igreja Presbiteriana é uma igreja confessional, isto é, subscreve uma confissão de Fé, no caso, a Confissão de Fé de Westminster. Isso quer dizer que adotamos as Escrituras como única regra de fé e prática e a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve como sistema expositivo de doutrinas.
Ninguém é obrigado a ser presbiteriano, porém, quando batizamos ou professamos a fé, estamos concordando com tudo o que foi dito acima. Ninguém pode, portanto, ensinar algo contrário aos símbolos de fé de nossa igreja. Pensemos seriamente nisso, lembrando que “Melhor é que não votes do que votes e não cumpras.”