31 dezembro 2008

Ano Novo!

2009 Cada ano que se inicia nos enche de expectativas. Olhamos para trás, fazemos o balanço do que aconteceu e sempre planejamos aquilo o que queremos para o ano novo.

Existe uma música sobre o ano novo, bastante conhecida, que retrata claramente isto: “Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.”

Não existe problema, mesmo para o cristão, em esperar ou sonhar com tudo isso. O problema está na motivação de querermos essas coisas. Como cristãos, devemos, em tudo, buscar a glória de Deus. Creio que muitas vezes Deus não nos concede aquilo que queremos porque seria ruim para nós.

Não sabemos o que nos espera no ano novo. Não sabemos o que enfrentaremos, quais serão as lutas, não sabemos se teremos saúde nem se seremos bem sucedidos naquilo que planejamos. Deus não nos deu a capacidade de “prever” o futuro, o que é uma bênção, pois se soubéssemos, poderíamos sofrer por antecipação.

Deus, entretanto, nos concedeu a dádiva de conhecê-lo através da sua Palavra, e a Escritura afirma que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2). A Escritura nos traz, também, a promessa do Senhor Jesus de que estaria conosco todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt 28.20).

Diante disso, podemos ter a certeza de que o ano novo será abençoado para aqueles que temem ao Senhor. Se tudo correr bem, e, ainda que tudo vá mal, o Senhor está conosco e é isso que nos ajuda em nossa caminhada. O mais importante já temos: a presença do Senhor conosco.

Foi por causa dessa certeza que Davi escreveu: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”, ou, em outras palavras, “O Senhor é meu pastor, isso me basta.” Que a nossa certeza seja a mesma de Davi, no ano que se inicia.

27 dezembro 2008

Um Belo Pedido

open_bible Diante da oferta de Deus: “Pede-me o que queres que eu te dê“ (1Re 3.5b), Salomão prontamente pediu ao Senhor que lhe desse um coração compreensivo para julgar o povo, para que prudentemente discernisse entre o bem e o mal.

Que belo pedido o de Salomão! Deus se agradou de Salomão por ele ter pedido tal coisa e concedeu-lhe “um coração sábio e inteligente”.

Em nossa vida também necessitamos de sabedoria. Mesmo sendo informados pela Bíblia de que nunca haverá alguém tão sábio como Salomão, podemos e devemos buscar a sabedoria que vem de Deus. Em sua epístola, Tiago afirma: “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus que a todos dá liberalmente” (Tg 1.5).

A sociedade em que vivemos costuma confundir as coisas. Um aluno que tira as melhores notas é chamado de “sábio”, ainda que não demonstre nenhuma sabedoria em seu relacionamento com os outros. Um político, que se apropria do dinheiro alheio, muitas vezes é tido por “sabido”. Essas coisas nada têm a ver com a sabedoria bíblica, antes, tem a ver com inteligência e astúcia.

Mas o que a Bíblia ensina sobre sabedoria? Lemos em Jó 28.28: “Eis que o temor do Senhor é a sabedoria.” Que grande pista temos aqui! Para Jó, um homem sábio é aquele que teme ao Senhor. Temer ao Senhor é respeitá-lo, mas também é ter medo.

A palavra usada na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) para “temor” é muito conhecida por nós, é a palavra “fobia”, ou seja, medo. Mas em que consiste esse medo? Em ter medo de contrariar a sua vontade, pois, “horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31).

À vista disso, vejamos o que diz o Salmo 19.7: A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices.” A palavra “testemunho” usada aqui também se refere à Lei de Deus. É a Lei, a Palavra de Deus, que dá sabedoria.

Podemos afirmar então que, biblicamente, sabedoria é conhecer e fazer a vontade de Deus. É isso que devemos buscar. Obedecendo às Escrituras, teremos sabedoria para nos relacionar com o próximo, para criar os filhos, para o relacionamento conjugal e para todas as outras áreas de nossa vida.

Sabedoria não tem a ver com inteligência nem, tampouco, com astúcia, mas com a observância da Palavra do Senhor.

Senhor, dá-nos sabedoria! Façamos também esse belo pedido.

20 dezembro 2008

O que me incomoda no Natal

natal sem noel

Sem entrar no mérito da questão de que o que conhecemos como Natal era, a princípio, um feriado pagão em que se comemorava a vitória do “Sol Invictus” sobre as trevas (por ocasião do solstício de inverno no hemisfério norte) e que, por decreto papal, no IV século passou a ser celebrado o nascimento de Cristo, vou expressar algumas questões que me incomodam no Natal.

O que me incomoda no Natal é ver pessoas animadas com a troca de presentes enquanto no decorrer do ano não se importam umas com as outras.

O que me incomoda é ver tantos cristãos empolgados em comemorar uma data que não foi comemorada pelos apóstolos e cristãos primitivos e perceber que o sacramento da Ceia, que foi instituído e ordenado pelo Senhor, não tem recebido a mesma atenção por muitos desses irmãos.

O que me incomoda é ouvir muitos dizendo ser o Natal uma excelente oportunidade de evangelizar e falar sobre o verdadeiro sentido da data, ao mesmo tempo em que não demonstram nenhum compromisso com a evangelização durante o restante do ano. Incomoda-me ainda o fato de que muitos desses, que afirmam ser uma excelente oportunidade de evangelizar, não o fazem quando estão em reuniões de família em que existem vários descrentes, com a desculpa de que vai causar constrangimento e, em nome do amor e da tolerância, comemoram o Natal segundo o “espírito natalino” de paz, união etc. Se amassem mesmo os familiares deveriam ter a coragem de proclamar que sem arrependimento e submissão ao Salvador estão perdidos e experimentarão a sua ira, comemorando ou não o seu natalício.

O que me incomoda no Natal é ver tantas pessoas envolvidas em teatros e cantatas e tantos outros que vivem à procura de novas cantatas em diferentes igrejas, a fim de assistir ao espetáculo, mas que não dão a mesma importância ao Dia do Senhor que é ordenado pela Palavra, e trocam o Culto ao Senhor e a comunhão com os irmãos por quaisquer outros compromissos, por mais fúteis que sejam.

O que me incomoda é o argumento de que a árvore de natal e os enfeites (que realmente são bonitos) trazem alegria, enquanto a verdadeira alegria, que só pode ser encontrada no Senhor, não é evidenciada na vida de muitos desses irmãos. É ver que, até mesmo no meio de cristãos, o personagem principal não é o Senhor Jesus, mas o “bom velinho”, que quando surgiu vestia-se de verde, mas que teve sua indumentária mudada para o vermelho numa campanha de marketing de uma fábrica de refrigerantes (prova mais que suficiente da secularização).

Pensando bem, não parece ser bem a data o motivo do meu incômodo, mas a atitude de muitos cristãos que, pela graça de Deus, um dia entenderam o propósito da encarnação, da morte e da ressurreição do nosso Senhor, mas que têm negado a sua profissão de fé, deixando-se moldar por este século, ao comemorar esta data com as mesmas motivações dos incrédulos.

Se de fato entendemos a mensagem do Evangelho, vivamos para a glória de Deus esforçando-nos para cumprir o que ele de fato requer de nós buscando assim ser mais parecidos com o Senhor Jesus. Desta forma, comemorando ou não a data, teremos a certeza de que o Senhor se agradará da nossa adoração.

14 dezembro 2008

Dia da Bíblia

biblejpgHoje é comemorado o Dia da Bíblia, este livro surpreendente e magnífico que a igreja cristã afirma ser a única  regra de fé e prática. Hoje é o dia em que, nas Escolas Dominicais (isto é, nas igrejas em que ainda há ED), poesias são declamadas, jograis são apresentados e peças teatrais encenadas, tudo para enfatizar a importância das Sagradas Escrituras.

Infelizmente, porém, a despeito da comemoração da data, o que se percebe na igreja evangélica brasileira é um afastamento gradual da Palavra. Bate-se no peito dizendo-se crer na Bíblia, mas na prática demonstra-se que ela não tem tanta relevância na vida diária, nas escolhas éticas, na vida familiar etc. A quantidade imensa de pessoas que seguem líderes com carisma, mas sem nenhum embasamento bíblico, comprova que grande parte dos crentes hodiernos (ou talvez, a maioria), diferente dos bereanos, não confere na Escritura o que ouve para ver se as coisas são de fato assim (cf. At 17.11).

Tudo isso é uma contradição absurda. Como afirmar a Bíblia como regra de fé e prática e não parar para meditar e refletir sobre os preceitos do Senhor? Como comemorar o Dia da Bíblia sem gastar tempo com ela?

Nesta data, mais do que comemorar, muitos deveriam pedir perdão por estar abandonando a Palavra. Por ter tempo para ler tantas coisas e não reservar uma fração de tempo no dia para considerar a Lei de Deus.

A Reforma Protestante trouxe a Bíblia de volta às mãos dos crentes e afirmou Sola Scriptura, demonstrando que a igreja deve viver firmada no que prescreve a Palavra. Hoje, temos várias traduções, várias Bíblias de estudo, várias cores de capa (para combinar com a roupa) e fica, ao menos para mim, a sensação de que a Bíblia passou a ser simplesmente um objeto decorativo que faz parte da indumentária dos evangélicos.

Alegremo-nos hoje pela Bíblia, pela liberdade que temos em nosso país de poder lê-la livremente, mas, se não temos feito isso, que nos arrependamos e afirmemos à uma com o salmista:

“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!

Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo.

Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos.

Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos.

De todo mau caminho desvio os pés, para observar a tua palavra.

Não me aparto dos teus juízos, pois tu me ensinas.

Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca.

Por meio dos teus preceitos, consigo entendimento; por isso, detesto todo caminho de falsidade” (Sl 119.97-104).

07 dezembro 2008

Atitude lamentável

ateus_fanaticos

Há poucos dias a Folha de São Paulo publicou matéria do jornalista Marcelo Leite em que questiona e critica o ensino do criacionismo no Mackenzie, escola confessional cuja mantenedora é a Igreja Presbiteriana do Brasil.

A reportagem, publicada no blog do jornalista tem repercutido e vários comentários inflamados foram feitos contra a referida instituição. Até aqui, nada de anormal. O homem natural não aceita mesmo a explicação de que um Deus soberano e sábio criou todas as coisas.

O lamentável foi ver o comentário do sr. Saulo Marcos de Almeida, um ministro presbiteriano que, negando seus votos de ordenação, colocou-se ao lado dos ateus e agnósticos, defendendo o evolucionismo e criticando uma instituição mantida pela igreja que o sustenta, justamente por obedecer a uma recomendação do Supremo Concílio da IPB.

A Igreja Presbiteriana do Brasil adota como símbolos de fé a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve de Westminster. Na CFW lemos:

CAPÍTULO IV
DA CRIAÇÃO


I. Ao princípio aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para a manifestação da glória do seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bom, o mundo e tudo o que nele há, visíveis ou invisíveis.
Ref. Rom. 9:36; Heb. 1:2; João 1:2-3, Rom. 1:20; Sal. 104:24; Jer. 10: 12; Gen. 1; At. 17:24; Col.1: 16; Exo. 20: 11.

II. Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais, e dotou-as de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo a sua própria imagem, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável. Além dessa escrita em seus corações, receberam o preceito de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal; enquanto obedeceram a este preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre as criaturas.
Ref. Gen. 1:27 e 2:7; Sal. 8:5; Ecl. 12:7; Mat. 10:28; Rom. 2:14, 15; Col. 3:10; Gen. 3:6.

Esta é a convicção da IPB e quando o Mackenzie ensina, além do evolucionismo, a posição criacionista está sendo coerente com aquilo que é:  uma escola confessional.

Ao ler o comentário do referido pastor, lembrei-me de um texto que escrevi e que mostra como entendo uma questão como essa. O texto vai abaixo:

Cumprindo os Votos

Existe um ditado popular que é mais ou menos assim: “Ninguém é obrigado a prometer, mas se prometeu, é obrigado a cumprir”. Esse pensamento leva a sociedade a cobrar uma atitude coerente de seus políticos. Infelizmente, em nosso país, basta chegar a época das eleições que vemos promessas e mais promessas que são facilmente esquecidas assim que a campanha é terminada. Creio que essa é uma das razões que deixou o povo brasileiro tão desacreditado da classe política.

Quando olhamos para as Escrituras, notamos que Deus também requer uma atitude coerente dos seus servos. Nos diz o texto de Ec 5.5: “Melhor é que não votes do que votes e não cumpras.”

Podemos afirmar, baseados nas Escrituras, que o voto é uma promessa em termos solenes, voluntária, feita a Deus por uma pessoa que se obriga a realizar um ato para promover a sua glória, ou abster-se de qualquer ato com o mesmo fim em vista.

Em Dt 23.21-23 vemos a seriedade com que Deus trata os votos: “Quando fizeres algum voto ao SENHOR, teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o SENHOR, teu Deus, certamente, o requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém, abstendo-te de fazer o voto, não haverá pecado em ti. O que proferiram os teus lábios, isso guardarás e o farás, porque votaste livremente ao SENHOR, teu Deus, o que falaste com a tua boca”.

A vista de tudo isso, pensemos um pouco. Será que não temos falhado em cumprir os nossos votos? Alguém poderia perguntar: Mas eu nunca fiz um voto a Deus! Respon-demos: “Quando fazemos um compromisso diante da igreja estamos fazendo um voto a Deus.” O cristão faz voto quando casa, quando batiza os filhos, quando professa a fé, etc.

Desta forma, quando os pais deixam de educar os filhos no caminho do Senhor, deixam de orar por eles e com eles, são negligentes quanto à sua educação, estão descumprindo os votos feitos quando apresentaram os filhos ao batismo.

Pensemos um pouco agora a respeito da nossa Igreja. A Igreja Presbiteriana é uma igreja confessional, isto é, subscreve uma confissão de Fé, no caso, a Confissão de Fé de Westminster. Isso quer dizer que adotamos as Escrituras como única regra de fé e prática e a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve como sistema expositivo de doutrinas.

Ninguém é obrigado a ser presbiteriano, porém, quando batizamos ou professamos a fé, estamos concordando com tudo o que foi dito acima. Ninguém pode, portanto, ensinar algo contrário aos símbolos de fé de nossa igreja. Pensemos seriamente nisso, lembrando que “Melhor é que não votes do que votes e não cumpras.”