O
Salmo 115 regista uma pergunta feita pelas nações a respeito do Deus de Israel:
“Onde está o Deus deles?” (115.2). A resposta a esse tipo de pergunta é
determinante para a forma como você viverá neste mundo.
Vivemos
em um mundo quebrado. Um mundo em que enfrentaremos problemas em todas as esferas
e em todas as áreas da vida. A queda, resultado do pecado dos nossos primeiros
pais, teve como uma de suas consequências a maldição do Senhor sobre toda a
criação. Portanto, todo o sofrimento experimentado pela humanidade tem como
causa primeira, o pecado original.
Entretanto,
mesmo diante de todo esse quadro, a Escritura é clara ao afirmar o governo
soberano de Deus. Ainda que as coisas, aparentemente, estejam muitas vezes fora
do controle, o Senhor está cumprindo os seus propósitos eternos. A declaração da
Confissão de Fé de Westminster é de que “pela sua mui sábia providência, segundo
a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho de sua própria
vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória de
sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe
e governa todas as criaturas, todas as ações delas e toda as coisas, desde a
maior até a menor” (CFW V.I).
Isto
está em acordo com a resposta do salmista, diante da pergunta das nações. Ele
não tem a menor dúvida e afirma que “no céu está o nosso Deus e tudo faz
como lhe agrada” (Sl 115.3). Quanto mais cedo o cristão aprende esta
verdade, quanto mais firme ela estiver arraigada em seu coração, mais condições
ele terá de viver contente, a despeito das circunstâncias que o cercam.
O
contentamento decorre do entendimento de que o soberano Deus reina eternamente.
Por ter a certeza de que o Senhor reina é que Paulo pôde afirmar que “todas
as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28) e que o Senhor “faz todas as
coisas conforme o conselho de sua vontade” (Ef 1.11).
Diferente da confiança no Senhor é a confiança nos ídolos. Por terem se rebelado contra o Senhor, por meio de seu representante Adão, os homens rejeitam o governo soberano de Deus e, como não podem viver sem adorar, estabelecem ídolos em seus corações. Estes ídolos nascem quando a esperança, o conforto, o consolo, a segurança e a razão para viver são colocadas em qualquer obra da criação.
De acordo com a descrição de Paulo os homens “tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm 1.21-22).
Assim
é o homem natural, ele está o tempo todo colocando a sua esperança em algum
lugar que não o Senhor. Mas, infelizmente, até mesmo os cristãos, por vezes, acabam
se deixando dominar pelos seus desejos e levantam ídolos em seus corações.
Isto
explica, por exemplo, a esperança messiânica depositada em governantes. O
desejo de ter uma sociedade mais justa, que não é mal em si, acaba por levar as
pessoas a apostarem todas as suas fichas no candidato A ou B, neste ou naquele
modelo econômico, etc.
Isto
explica também a fé cega na ciência e o acatamento, sem o devido senso crítico,
de tudo o que os todo-poderosos cientistas afirmam, reafirmam ou “desafirmam”
(perdoe o neologismo).
Não
me entenda mal. A ciência e o governo não são intrinsicamente ruins. Não podem
ser pois foram estabelecidos pelo Senhor. Eles, como quaisquer aspectos da
criação, se tornam ruins quando passam do status de criação (servos) para o
status de ídolos (senhores). A criação deve servir ao homem, pois ao se tornar
senhor, sempre será um tirano senhor.
Se
é verdade que a esperança colocada no Senhor leva ao contentamento, é igualmente
verdadeiro que a confiança em ídolos sempre conduzirá ao descontentamento. As
coisas nunca estarão boas, nada será suficiente e o coração do idólatra sempre
almejará por mais. Tome como exemplo o dinheiro. Como afirmou Salomão, “quem
ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da
renda” (Ec 5.10).
Como
os falsos deuses não têm poder para entregarem o que prometem, quanto maiores
as esperanças no ídolo, maior a frustração. Quanto maior a frustração, maior o
desespero e desesperança.
Ao
confiar em ídolos, o resultado será aquele que está expresso no Salmo 115.8,
você se tornará como eles. Esta é a maldição para o idólatra. Entretanto ao
depositar a sua confiança em Cristo você será, dia a dia, conformado a imagem
dele. O texto em que Paulo diz que todas as coisas cooperam para o bem dos que
amam a Deus é seguido por uma explicação para tal afirmação: “porquanto aos
que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de
seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm
8.29).
Diferente
dos incrédulos os “quais o deus deste século cegou o entendimento” (2Co
4.4), você não deve se conformar com este século, mas deve transformar-se pela
renovação de sua mente (Rm 12.2) no poder do Espírito Santo. Desta forma, certamente
estará feliz e satisfeito, pois experimentará “qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2), que tudo faz como lhe agrada!