Em Êxodo 20.17 vemos que, dentro dos Dez Mandamentos, o Senhor ordenou ao povo que não cobiçasse nada que fosse do seu próximo. A palavra “cobiça” desse texto é encontrada mais 14 vezes no Antigo Testamento e é traduzida por “desejar”, contudo, trata-se de um desejar desordenado de adquirir as coisas, posição social, fama, proeminência e inclui a tentativa de apossar-se de o que pertence ao próximo. Os dicionários retratam a cobiça como um sentimento violento e ilegal.
Ao dar esse mandamento, Deus queria ensinar ao povo de Israel que ficasse satisfeito com aquilo que recebia dele. Vale lembrar que o Senhor havia tirado o povo da escravidão, estava alimentando-o no deserto, e, ainda assim, os israelitas cobiçavam a comida do Egito, mostrando insatisfação com o cuidado de Deus.
Quando cobiçamos, estamos implicitamente dizendo a Deus que ele não sabe cuidar de nós. Devemos, portanto, nos lembrar sempre de o que diz Hebreus 13.5: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com o que tendes; porque ele tem dito: De maneira nenhuma, te deixarei, nunca jamais te abandonarei.”
Com tudo isso não quero insinuar que os cristãos não podem desejar possuir alguma coisa. A Bíblia não nos exorta à passividade nem à falta de propósito na vida. É desejo sadio aspirar melhor condição de vida, melhor salário, etc. O que não pode acontecer é desejar o que é do outro. Podemos (e devemos) lutar para concretizar nossos sonhos, porém, nunca colocando a esperança de uma vida feliz nos bens materiais. O próprio Senhor Jesus afirmou: “A vida do homem não consiste na abundância de bens que ele possui” (Lc 12.15).
A obediência ao décimo mandamento está ligada à nossa atitude de confiar em Deus, crendo que, no tempo certo, ele nos concederá aquilo que for melhor para cada um de nós, segundo a sua boa vontade.
No Sermão da Montanha o Senhor Jesus exortou os discípulos dizendo: “não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer o beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? [...] buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas” (Mt 6.25,33).
Confiemos a Deus toda a nossa vida. Ele sabe o que é melhor para nós e nunca nos desamparará. Quem vive confiado no Senhor não precisa cobiçar, pois se satisfaz com o que dele recebe.