28 junho 2013

O que estará (está) em jogo no próximo domingo (hoje)?

jogo x cruz

Qualquer um que gosta de futebol, como eu, tem a resposta na ponta da língua: O título da copa das confederações!

O brasileiro, de modo geral, ama o futebol. Somos até reconhecidos como o país do futebol, apesar de o esporte nem ter sido criado aqui. As conversas futebolísticas ganham espaço no dia a dia do povo e, apesar de dentro de campo muitas oportunidades serem perdidas “na cara do gol”, o mesmo não pode ser dito em relação à oportunidade de fazer gozações com os torcedores do time perdedor, o que, para um cristão, já pode ser bastante inconveniente dependendo da proporção e da forma com que são feitas as “brincadeiras” (Fp 4.8; Ef 5.3,4).

Mas domingo hoje será diferente! Domingo Hoje não haverá disputas entre as torcidas nacionais, pois o jogo é da seleção brasileira, a “pátria de chuteiras”. A vontade de ver a seleção em campo é tamanha, a ponto de, num momento em que o país está de olho nos políticos e promovendo passeatas por qualquer causa que seja, manifestações que tinham sido marcadas para o horário do jogo terem sido remarcadas para somente depois que acabasse a semifinal jogada pelo time canarinho, como foi o caso aqui de Vitória.

Todos queremos ver a seleção em campo, mas a final está marcada exatamente para domingo, Dia do Senhor e, se não bastasse isso, no horário em que as igrejas se reúnem para prestar o culto àquele que é digno de toda honra, glória e louvor, o Deus da nossa salvação, revelado por meio de Cristo Jesus, o nosso Redentor.

Diante disso, domingo hoje, para os cristãos, estarão em jogo coisas muito mais importantes do que a copa das confederações, como nossa devoção e nosso testemunho.

1º) Devoção – Foi o Senhor Jesus quem afirmou que onde estiver o nosso tesouro, ali estará também o nosso coração (Mt 6.21). Ele também foi enfático ao dizer que não é possível servir a dois senhores, pois, fatalmente, se odiará a um e amará o outro ou se desprezará a um e se dedicará ao outro (Mt 6.24). Em suma: Ou servimos a Deus ou servimos aos ídolos.

Eu sei que nesse texto o Senhor falava sobre o dinheiro, mas o ídolo está caraterizado quando qualquer coisa ou pessoa assume o lugar de Deus em nossas vidas e é o alvo de nossas prioridades, por isso, vale também para o futebol.

A essa altura alguém pode indagar: “mas isso não é muito legalismo? Não é melhor mudar o horário do culto?” E eu já respondo dizendo que se o Senhor fosse mesmo a razão do nosso viver, aquele que ocupa o primeiro lugar em nosso coração e a maior das nossas prioridades não haveria, sequer, essa cogitação. Haveria o entendimento de que o Dia do Senhor e o culto prestado a ele nesse dia são inegociáveis.

Infelizmente, porém, não serão poucos irmãos, Brasil à fora, que optarão em prestigiar a seleção em vez de, juntamente com o povo de Deus, prestar o culto que lhe é devido.

2º) Testemunho – Estará em jogo também o nosso testemunho. Pense em um contrassenso! Proclamamos aos homens que Deus é o único digno de glória, honra e louvor. Afirmamos que não há nada mais importante do que nosso relacionamento com ele e, por isso, chamamos os pecadores ao arrependimento. Entretanto, ao colocar um jogo de futebol, ainda que da seleção brasileira, como prioridade em nossa vida, acabamos por negar com os atos aquilo que tanto declaramos. A mensagem que fica é: O Dia do Senhor e o culto ao seu Nome são importantíssimos, desde que não haja jogo da seleção brasileira (isso vale também para tantos outros motivos que temos para não guardar o Dia do Senhor).

Jesus disse a seus discípulos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.” (Mc 8.34-35). Se você não está disposto a abrir mão de um jogo de futebol por amor a Cristo, estaria disposto a perder a vida? Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Pra terminar...

Por último é preciso mencionar também que NÃO estará em jogo a sua salvação. Ela foi concedida por graça, mediante a fé em Cristo Jesus que venceu a morte e nos justificou diante do Pai. Ainda que você peque quanto à sua adoração e ao seu testemunho, preferindo um jogo à reunir-se para adoração no domingo hoje, se já foi salvo, não perderá a sua salvação.

Contudo, é preciso lembrar também que nossas escolhas podem revelar se, de fato, já fomos salvos ou se já entendemos a seriedade do nosso chamado, por isso, como exortou Paulo aos coríntios, é preciso examinar-nos a nós mesmos se realmente estamos na fé e provar-nos a nós mesmos (Cf 2Co 13.5).

Podemos, no próximo domingo hoje, demonstrar que, de fato, amamos o Senhor de todo nosso coração, alma e entendimento e testemunhar aos homens que, ainda que gostemos de futebol e torçamos por nossa seleção, nada se comprara ao prazer e a alegria de estar na casa do Senhor reunidos com o seu povo para prestar o culto a ele devido.

21 junho 2013

Você tem sede de quê? – O cristão e as manifestações

cruz brasilCerta ocasião os fariseus enviaram seus discípulos para testar Jesus e eles lhe perguntaram: “É lícito pagar imposto a César?” e Jesus respondeu: É claro que não! A carga tributária é muito alta e o governo é corrupto, desvia todas as verbas para fazer suas festas e bacanais. Ajuntem os discípulos e preparem uma manifestação. Se não nos ouvirem, todo o império vai parar!

Tá bom, eu sei que não foi assim, mas é como muitos cristãos acham que deveria ter acontecido, pelo menos considerando as atitudes que estão tomando nestes últimos dias, em que a palavra de ordem é “O gigante acordou! Vem para a rua”.

Tenho lido nestes dias que Jesus era baderneiro, pois jogou mesa para todo lado no episódio em que expulsou do templo os cambistas. Li também que quando houve má administração por parte dos apóstolos, dos recursos arrecadados, houve uma manifestação popular e o resultado foi que os doze entregaram a administração dos fundos ao controle popular (pasme, essa é uma interpretação de Atos 6) e li ainda que “igreja que não protesta não é protestante”. Tudo isso para justificar a presença dos cristãos em meio a toda essa manifestação que inevitavelmente tem acabado em quebra-quebra e depredação de patrimônio público e privado. Haja ginástica hermenêutica e confusão histórica!

Sei muito bem que é direito constitucional manifestar-se. Meu ponto aqui não é sobre a legalidade do que tem acontecido, nem simplesmente afirmar categoricamente que crentes não deveriam estar nas ruas exercendo sua cidadania. Quer protestar, proteste, é seu direito constitucional, mas não precisa forçar a Bíblia como tem sido feito por aí. Meu objetivo aqui é procurar refletir sobre as motivações e incoerências que tenho visto. Vamos a elas:

1) Igreja que não protesta não é protestante – Pelo menos até onde eu sei, o protesto de Lutero não foi contra o Estado, mas contra a religião falsa que levava o povo ao erro. Aí está uma primeira e séria questão. Muitos dos crentes que estão justificando o protesto contra o governo, por serem protestantes, são os mesmos que afirmam que não podemos julgar a falsa religião. São aqueles que atribuem o rótulo de radical, briguento, intransigente aos que denunciam, pautados na Escritura, o que tem sido ensinado por muitos falsos mestres evangélicos (isso para ficar só dentro do nosso arraial). Enquanto escrevia o texto vi no Facebook uma convocação feita por um jovem presbiteriano que conclama todos os jovens, inclusive os da igreja contra a qual Lutero protestava, para orar juntos pela nação. Haja incoerência.

2) Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça – Este é outro “grito de guerra” dos crentes engajados. Mas será que estão entendendo bem sobre o que Jesus estava falando? Estaria Jesus tratando simplesmente sobre justiça social? Não! Como afirma acertadamente o teólogo Hendriksen, “esta justiça consiste em uma perfeita conformidade com a santa lei de Deus, ou seja, com a sua vontade”. Os que têm fome e sede de justiça são aqueles que clamam, não só por justiça pessoal e social, mas por ambas, que só serão plenas no reino messiânico, conforme outro teólogo, Carson.

Se é assim, o que deviam fazer era proclamar aos manifestantes e a todo o povo que eles devem se arrepender dos seus pecados (At 2.38), voltar-se para o Senhor confessando a Jesus Cristo a fim de, justificados mediante a fé, terem paz com Deus (Rm 4.24,25; 5.1-2). É dessa paz com Deus que decorrem as “boas obras” (justiça) de verdade (Tg 2.14). Mas, infelizmente, muitos desses cristãos que estão clamando contra o governo com todo vigor não demonstram a mesma disposição para apontar ao homem que, por melhor que seja o Estado, ele nunca poderá trazer a paz, a satisfação e a segurança que só Cristo pode dar e, sem o Salvador, só resta a dura realidade afirmada por um pastor, meu conhecido: “Quando o Estado é o meu pastor, tudo me faltará”.

3) Cristãos podem se manifestar com essa multidão? – Creio que sim, mas quando juntamente com isso não oram pelas autoridades e não proclamam a Cristo, quando o fazem por qualquer motivo que não seja a glória de Deus, gritando com a multidão palavras de ordem que ofendem autoridades instituídas por ele mesmo (Rm 13) ou compartilhando nas redes sociais imagens e vídeos com palavrões (Fp 4.8; Ef 5.3-5), acabam revelando um coração muito mais comprometido com o reino deste mundo do que com o reino de Deus.

Se você está disposto a pecar ou concordar com o pecado praticado por outros, por conta dos seus direitos, esteja certo de que o seu coração está sendo governado pelo reino errado. Se você protesta porque o roubo dos governantes o prejudica (saúde, educação, etc.) ao invés de pensar que o roubo é pecado contra Deus; se protesta porque a negligência do governo o afeta em vez de, primariamente, pensar que eles também estão pecando contra o Deus que os constituiu autoridade, você ainda não aprendeu como convém protestar.

Sei que o país está um caos. Também anseio por mudanças. Alguns acharão até que não sou patriota, mas entendo que se o compromisso do crente for primeiramente com a sua pátria terrena, inevitavelmente ele pecará contra o Senhor. Entretanto, se o compromisso for primeiro com a pátria celestial, seremos levados a uma vida de santidade diante do Supremo Governante, uma vida de testemunho diante dos homens e, consequentemente, de serviço ao próximo, pautado nas leis da pátria mais importante.

A sua sede de justiça provém de qual reino?

05 junho 2013

Convém que ele cresça! – Refletindo sobre a personificação ministerial

igreja joão batista2

João Batista despontava como um grande líder em seu tempo. Seu ministério de pregação ia bem e, conforme relata Mateus, “saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judeia e toda a circunvizinhança do Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mt 3.5). João não negociava a mensagem, não queria simplesmente mais adeptos, mas ver vidas transformadas. Quando percebeu que muitos fariseus e saduceus apresentavam-se ao batismo exortou duramente: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.5-8).

Numa ocasião o próprio Jesus se apresentou ao batismo e, mesmo diante da tentativa de dissuasão de João Batista, que dizia que ele é quem precisava ser batizado pelo Senhor, foi batizado para que se cumprisse toda a justiça (cf. Mt 3.13-15). Outro João, o evangelista, relata que após isso o Batista estava em companhia de dois discípulos quando viu passar a Jesus. Prontamente ele afirmou que ia ali o Cordeiro de Deus e seus dois discípulos seguiram o Senhor. João Batista preocupava-se em exaltar a Cristo.

Aconteceu que num dia os discípulos de João Batista discutiram com um judeu sobre a purificação e chegaram a João com uma “queixa”, dizendo: “Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro” (Jo 3.26).

Ao saber da notícia João tomou uma rápida providência. Reuniu sua equipe de marketing e decidiu inaugurar um novo templo com uma grande placa na frente na qual se podia ler: “Igreja Intercontinental Precursora do Cordeiro” e em letras garrafais: “MINISTÉRIO PROFETA JOÃO BATISTA”. Estampou, também, na placa, uma foto sua com um sorriso forçado e um pedaço de pergaminho na mão, para deixar bem claro quem era o líder daquela comunidade.

Calma! Eu sei que o que está no parágrafo acima não aconteceu. Esta última parte foi uma divagação da minha mente ao pensar no que talvez tivesse acontecido, caso no lugar de João Batista estivessem muitos dos líderes evangélicos de nossos dias.

Vivemos dias difíceis. Dias em que, por parte de muitos líderes, há uma busca pela autoglorificação e, por conta disso, uma propaganda acentuada de seus ministérios ao mesmo tempo em que Cristo é cada vez menos anunciado. Por parte dos crentes, uma louvação a homens e a esperança de que eles são os responsáveis pelo sucesso da igreja. Isso explica o fato de não se colocar apenas o nome da denominação na placa, para indicar que é uma igreja cristã, mas de colocar também o nome da “estrela principal” para aquele grupo.

Gostaria de poder dizer que esse é um fenômeno presente somente em igrejas neopentecostais, mas a realidade aponta para outra direção. Infelizmente, até nos arraiais tradicionais há a tendência de exaltar homens e de achar que um ou outro ministro são essenciais para que a denominação vá bem.

Certa vez ouvi um pastor afirmar que determinado presbitério não estava crescendo e que algo deveria ser feito em relação a isso, mas, em vez de propor que os Conselhos das igrejas zelassem mais pela exposição fiel da Palavra de Deus e dependessem do Espírito Santo que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo, a proposta foi: “Deveríamos fazer uma grande cruzada e convidar o Rev. Fulano de Tal para pregar, isso iria encher as igrejas do nosso presbitério”. Há alguns anos a Associação Billy Graham promoveu em nosso país o “Minha Esperança Brasil” e o modelo era o mesmo, centrado na pessoa de um pregador. O projeto consistia em convidar amigos e vizinhos não crentes para irem à sua casa assistir aos programas que teriam como pregadores Billy e Frank Graham, como se a mensagem pregada por esses irmãos fosse mais eficaz que a pregada pelos demais cristãos.

É claro que não estou negando que existem homens mais preparados ou capacitados. Não seria tolo a esse ponto. O Senhor distribuiu dons à sua igreja para que ela fosse equipada e edificada. Sei que ele concedeu “uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11-12). O meu ponto é que, por mais capacitados que sejam os homens, a glória nunca pode ser deles nem a confiança do povo deve estar depositada neles ou, em outras palavras, a glória e a esperança não devem estar nos que são capacitados, mas naquele que os capacita.

É sempre uma tentação para qualquer pregador o aceitar glória para si, mas temos exemplos bíblicos que nos chamam à sensatez. Pense, por exemplo, no apóstolo Paulo. Ele mesmo afirma que tinha propensão à soberba e que, por conta disso, foi-lhe posto um espinho na carne para humilhá-lo (2Co 12.7). Curiosamente, quando pregava em Filipos, lidou com uma tentação exatamente nessa área. Por muitos dias, uma jovem adivinhadora andava após ele e seus companheiros dizendo: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação” (At 16.17). Imagine alguém elogiando a sua performance como pregador. O que você faria? O que Paulo fez foi se indignar e repreender o espírito imundo daquela mulher (At 16.18). Foi o mesmo Paulo que exortou aos romanos: “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um de vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Rm 12.3).

Voltando a João Batista, o que ele fez diante da tentação de se enciumar com o ministério de Cristo foi humildemente reconhecer que o ministério de Cristo vinha da parte do Senhor (Jo 3.27), reconhecer que ele não era o Cristo, mas seu precursor (Jo 3.28) e reafirmar a sua alegria de, como “amigo do noivo”, ver o noivo ser exaltado (Jo 3.29).

Quanto a nós, cabe-nos humildemente cumprir nosso chamado de proclamar o Redentor e, fazendo coro com o Batista, afirmar: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).

03 junho 2013

A doutrina é mesmo importante?

interrogação (3)Há no evangelicalismo brasileiro um grande número de crentes que não querem saber de doutrina. Em contrapartida, a teologia reformada sempre deu importância à doutrina, porém, não como um fim em si mesmo, mas tendo como imperativo que o conhecimento doutrinário seja evidenciado por ações práticas.

Muitos daqueles que são avessos à doutrina muitas vezes o são porque não fazem, ou não aprenderam a fazer a conexão da doutrina com a prática. Aqueles, porém, que desdenham e nem sequer suportam ouvir a palavra “doutrina”, deveriam olhar para as Escrituras e perceber que quando Jesus falava as multidões se maravilhavam da sua doutrina (Mt 7.28; 22.33).

Em sua epístola Tiago exorta os crentes a praticar a Palavra em vez de serem apenas ouvintes. Ele fala em “considerar atentamente” e ser “operoso praticante”. O resultado de conhecer a Palavra (doutrina) e praticá-la, diz Tiago, é que a pessoa será bem-aventurada no que realizar (Tg 1.22-25).

A prática da Palavra, além de honrar a Deus, acaba também por nos beneficiar. No Antigo Testamento, quando o Senhor ordenou a Israel que guardasse seus estatutos e mandamentos, enfatizou: “para que te vá bem” (Dt 4.40). Atentar à Lei do Senhor nos traz segurança. O Senhor Jesus compara aqueles que ouvem e praticam a Palavra a uma casa firme, edificada sobre a rocha, que resiste às intempéries da vida (Mt 7.24).

Algumas pessoas querem agradar a Deus, mas deixam de lado a sua Palavra. Querem adorar o Senhor sem dar ouvidos à sua Lei. Aprendemos na Bíblia que Deus não se agrada de pessoas assim.

O episódio em que Saul poupa “o melhor” das ovelhas e bois de Amaleque para sacrificar ao Senhor, a despeito de ter recebido a ordem de destruir tudo, ilustra muito bem essa questão. Diz o texto que Samuel foi enviado a Saul e o repreendeu dizendo: “Tem, porventura, o SENHOR, tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura dos carneiros” (1 Sm 15.22) – e continuou com uma palavra bastante dura – “Porque a rebelião é como pecado de idolatria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1 Sm 15.23).

A Bíblia não é simplesmente um livro de conselhos e recomendações que Deus nos deu para seguirmos ou não, antes o salmista afirma: “Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca” (Sl 119.4).

Quanto a essa questão, a Confissão de Fé de Westminster ensina que “a lei moral obriga para sempre a todos a prestar-lhe obediência, tanto as pessoas justificadas como as outras, e isso não somente quanto à matéria nela contida, mas também pelo respeito à autoridade de Deus, o Criador, que a deu. Cristo, no Evangelho, não anula de modo algum esta obrigação, antes a confirma” (CFW XIX.V).

A Palavra de Deus é a sã doutrina. Se de fato queremos honrar o Senhor e adorá-lo em espírito e em verdade, é imprescindível o conhecimento e a guarda dos mandamentos. Não existe honra ao Senhor na desobediência.

Cabe a nós, portanto, a mesma exortação que Paulo fez a Timóteo: “Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” – 1Tm 4.15-16.