31 dezembro 2014

Vivendo em 2015 de modo digno

“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Fp 1.27).

É comum em toda passagem de ano as pessoas fazerem um balanço do que se passou e olhar para o novo ano com a esperança de que se esse foi bom o próximo será melhor, ou ainda, de que se esse foi ruim, certamente virão coisas boas.

Entretanto, com o momento político que atravessa o país, a quantidade de escândalos que surgem a cada dia e a inflação batendo novamente à porta, vários prognósticos têm sido feitos e apontado para um ano ruim, sobretudo no aspecto econônico.

Essa realidade tem tirado a esperança de muitos em nossa nação, que já se veem num ano de arrochos e recessão e, por conta disso, enxergam um ano de tristezas.

A desepeito disso, para aqueles que temem ao Senhor, a realidade da alegria continua viva. Isso porque os cristãos não devem olhar para as circunstâncias como a causa de sua alegria, mas para aquele que é a fonte de toda a alegria. Podemos olhar para trás e declarar com toda a certeza de que “até aqui nos ajudou o Senhor” (1Sm 7.12).

No passado, ter a convicção do cuidado de Deus levou o profeta Habacuque a declarar que se alegraria ainda que a fiqueira não florecesse, que a vide não desce seu fruto, que o produto da oliveira mentisse, que os campos não produzissem mantimentos, que as ovelhas fossem arrebatadas do aprisco e gado não houvesse nos currais (Cf Hc 3.17-18). Sua esperança de alegria era o Senhor!

Viver com essa convicção nos motiva a cumprir a vocação para o qual fomos chamados ou, nas palavras de Paulo aos filipenses, a viver por modo digno do evangelho de Cristo.

Quando Paulo escreveu essas palavras à igreja de Filipos, não deixou por conta dos filipenses a tarefa de descobrir como seria esse viver, antes, nos versículos seguintes, deixou bem claro o que queria ouvir a respeito daqueles irmãos e que certamente se aplica também a nós, como parte do povo escolhido do Senhor. Vejamos então no que consiste esse viver de modo digno:

1. Viver em unidade – Paulo afirma que os irmãos deveriam estar firmes em um só espírito, como uma só alma. A unidade da igreja é algo requerido pelo Senhor. Como família da fé, devemos nos esforçar para preservar a unidade do Espírito, como afirmou o mesmo apóstolo na carta aos Efésios (Ef 4.3).

Precisamos nos envolver com a vida dos irmãos, conhecer suas necessidades, saber de suas lutas e nos colocar lado a lado, servindo de suporte aos santos. A igreja de Cristo não pode estar unida somente durante o culto, mas viver dia a dia em comunhão uns com os outros.

2. Lutar pela fé – Viver do modo digno do evangelho consiste também em batalhar pela fé evangélica. Isso implica que não podemos nos calar, falando a tempo e fora de tempo (2Tm 4.2 – ARC), nem nos envergonhar do evangelho, tendo a mesma convicção de Paulo de que ele é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).

Lutar pela fé implica também o conhecimento e prática da Palavra. Não podemos lutar por aquilo que não conhecemos e não vivemos na prática. Cabe a cada um de nós, portanto, conhecer muito bem a Escritura, meditando de dia e de noite (Js 1.8; Sl 1.2) a fim de fazer tudo conforme nela está escrito. Precisamos ter forme e sede da Palavra e aproveitar as oportunidades de estudo da Bíblia em conjunto com nossos irmãos.

3. Estar pronto a padecer por Cristo – Ao viver de modo digno do evangelho, muitas vezes enfrentaremos lutas e sofreremos. Mas Paulo afirma que isso é uma graça concedida. Cristo Jesus nunca prometeu uma vida sem dificuldades, antes, prometeu estar conosco todos os dias (Mt 28.20) e isso nos dá força na caminhada.

Quando escreveu a sua primeira carta, o apóstolo Pedro falou sobre o sofrimento da seguinte forma: “isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato diante de Deus (1Pe 2.20).

Que em 2015, a despeito das circunstâncias, você, cristão, continuea viver por modo digno do evangelho a fim de honrar aquele que o chamou das trevas para a luz, unido aos irmãos, lutando pela fé e preparado para, se necessário, sofrer por Cristo Jesus, nosso Redentor. Tenha a certeza de que o Espírito do Senhor o capacitará para tudo isso!

26 outubro 2014

Lembretes para mim mesmo

lembreteO resultado das eleições não foi o que eu queria, mas certamente foi o que o Senhor decretou. Como cristão, devo agora me submeter à sua vontade e lembrar do que ordena o apóstolo Pedro:

“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” (1Pe 2.13-17).

É claro que a honra devida aos governantes não exclui o papel de apontar seus erros nem o de desobedecer a eles quando se opuserem ao que ordena o Senhor em sua Palavra, pois “importa obedecer a Deus que aos homens” (At 5.29).

Devo me lembrar também do que escreveu o apóstolo Paulo:

 “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador” (1Tm 2.1-3).

Mas a coisa mais importante a me lembrar, mesmo diante de impunidades, injustiças, imoralidades e tantas outras coisas que temos visto até aqui, com esse governo, é de que “o meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” (Sl 121.2) e que este Senhor tem em suas mãos o coração do rei, cujo coração é inclinado segundo o seu querer (Pv 21.1).

Que o Senhor tenha misericórdia e abençoe nossa nação!

09 outubro 2014

Não do Planalto, o socorro vem do Senhor!

planalto calvário

Em mais uma “profetada” vinda dos lados da “lagoa pequena”, Ana Paula Valadão, uma das líderes da Igreja Batista da Lagoinha, usando um coque em homenagem a sua candidata à presidência da República, Marina Silva, declarou histericamente que havia chegado a hora da igreja, que estava indo “para aquela área mais temida pelas trevas, para que a nossa missão venha a mudar a história” – declarou mais – “Nós estamos indo, Satanás, para a política brasileira e as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja do Senhor”.

Esta fala, que ocorreu no culto de mulheres e homens Diante do Trono, foi editada e usada como propaganda eleitoral da presidenciável. No final do vídeo o que se lia era: “Chegou a hora da serva do Senhor chegar ao poder... e o Brasil se tornar a maior nação evangélica do mundo”.

Não vou tratar aqui sobre a “profetada” que, para variar, não se cumpriu, pois essa é só mais uma na coleção de falsas profecias proferidas pela turma da lagoa. Meu ponto é a falsa expectativa de muitos que sonham com um presidente evangélico, desses que, geralmente, leem o texto do Salmo 33.12, “feliz a nação cujo Deus é o Senhor”, e entendem que “feliz é o país cujo presidente é evangélico”.

O fato de crer que se um evangélico chegar ao poder no Brasil fará do país a maior nação evangélica do mundo só revela a infantilidade da fé dessas pessoas. Ter um presidente verdadeiramente temente a Deus não significa necessariamente que o número de evangélicos da nação aumentará. Essa também não é a função de um presidente da República, mas da igreja do Senhor que é chamada “para proclamar as virtudes daquele que vos [nos] chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). A igreja evangélica pode e deve crescer, mas isso acontecerá de forma sadia à medida em que os cristãos pregarem com fidelidade e viverem de acordo com a sã doutrina, amando o Senhor de todo o coração, pois, de que adiantaria um presidente evangélico e uma igreja secularizada, que não vive para honrar o Senhor

Essa expectativa revela também que, para esses, não basta ter o Senhor como Redentor, é preciso, também, ter um governo que assuma o papel de dar ao povo de Deus segurança, satisfação, alegria e tudo mais. É depositar no estado a confiança e esperança que só deveriam ter no Deus que governa todas as coisas. O problema é que, na perspectiva das Escrituras, substituir Deus pelo estado, ou, no caso, por um governante evangélico, é idolatria.

É claro que não estou aqui defendendo que tanto faz em quem votamos. Não! O fato de saber que somente no Senhor temos tudo o que precisamos para uma vida feliz não nos exime de votar de forma consciente, rejeitando pessoas e partidos que têm uma agenda abertamente anticristã, que tentam destruir a família e tantos outros valores que tanto prezamos, e que veem a si mesmos como a salvação da pátria. Os cristãos devem sim levar em conta aquilo que creem na hora de escolher seus governantes, mas nunca cair no erro de depositar neles, ainda que fossem os mais piedosos servos do Senhor, a sua esperança.

A nação feliz, cujo Deus é o Senhor, é o povo que ele escolheu para a sua herança (Sl 33.12), representada no Antigo Testamento pelo povo de Israel e hoje composta de todos aqueles que já depositaram a sua esperança no Salvador, Cristo Jesus. É o Israel de Deus (Gl 6.16), Igreja do Senhor, raça eleita chamada para ser “sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2.9) e que tem por finalidade proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.

Se você crê no Senhor Jesus já faz parte desse povo e pode, então, à semelhança do apóstolo Paulo, alegrar-se, não colocando a sua esperança nas coisas desse mundo e, mesmo sob o domínio de um terrível império que perseguia os cristãos, declarar que aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação, humilhado ou honrado, com fartura ou com fome, com abundância ou escassez, pois tudo podia naquele que o fortalecia (Fp 4.10-12).

O salmista, certa vez, olhou para os montes e perguntou: “de onde me virá o socorro?”, e já concluiu: “o meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” (Sl 121.1-2). Nós também, diante de tudo isso, devemos orar pelo país, pelos governantes e pela sucessão presidencial. Devemos também votar de forma consciente, julgando todas as coisas pelo crivo da Palavra de Deus, mas nunca nos esquecer que o socorro e a esperança de uma vida de alegria não vêm do Planalto, mas do Senhor!

19 setembro 2014

Mentiras bastardas? – Não caia nessa...

dedos-cruzados

Foi o próprio Senhor Jesus que afirmou que a mentira tem por pai o diabo! Ao confrontar os fariseus que não criam na sua Palavra, o Senhor foi enfático: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44 – grifos meus).

Os cristãos, por sua vez, são chamados para seguir aquele que é “o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6). Quando o Senhor orou por seus discípulos, rogou ao pai que os santificasse na verdade, que é a própria Palavra (Jo 17.7), e o apóstolo João escreveu que não tinha maior alegria do que a de ouvir que seus filhos andavam na verdade (3Jo 4). Há muitas outras orientações bíblicas para que os crentes vivam e falem a verdade, mas quero citar apenas mais uma, por ora: Quando deu os dez mandamentos ao povo, o Senhor ordenou que se falasse a verdade ao ordenar: “não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Ex 20.16).

A despeito disso tenho a impressão de que para muitos cristãos existem “mentiras bastardas”, isto é, não procedem de Deus, pois ele é a expressão da verdade, mas também não procedem do diabo, pois as intenções por trás delas são boas. Desta forma, para estes, algumas mentiras são justificáveis, por conta de suas intenções “nobres”.

Como exemplo, pense em algumas situações: uma mãe diz ao filho para não ir a determinado cômodo da casa porque lá tem “bicho papão” e justifica que isso é para proteger o filho, pois naquele cômodo há objetos que poderiam ser perigosos para a criança. Um filho mente a seu pai sobre a gravidade do seu estado de saúde e justifica dizendo que é para que o pai não sofra, pois ele não suportaria a notícia. Ou ainda, uma amiga pergunta a outra como determinada roupa ficou nela e ouve que ficou “maravilhosa”, mesmo que essa não seja verdadeiramente a opinião da amiga, que se justifica pensando que seria falta de educação dizer o contrário. Assim, a mentira ganha outros nomes (proteção, cuidado e educação) e acaba sendo até algo esperado, pois é para o bem do próximo.

Há aqui, pelo menos, duas questões a se ponderar. A primeira relacionada ao fato de que a Palavra de Deus condena, categoricamente a mentira. Eu sei que muitos tentam justificar certas mentiras citando a história das parteiras que mentiram a Faraó quando ele ordenou que elas matassem todos os meninos nascidos dos hebreus (Ex 1.15-22). Porém, uma leitura mais atenta do texto demonstra que o Senhor as abençoou por terem desobedecido a ordem de matar as crianças e não porque mentiram. Volto a esse episódio daqui a pouco.

A segunda questão diz respeito às intenções do coração. Os que mentem, como exemplificado acima, dizem fazer por “amor ao próximo”. O problema é que, biblicamente, ninguém peca por amor ao outro, mas por amor a si mesmo. Tiago não deixa dúvidas: “cada um é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido” (Tg 1.14 - NVI). Perceba! Pecamos para conseguir o que desejamos e essa é uma atitude de amor próprio. Amamos tanto a nós mesmos que, impulsionados e iludidos por nossos desejos, estamos dispostos a fazer o contrário do que o Senhor ordena, tentando obter alguma satisfação ou benefício.

Uma breve história para ilustrar isso: Certa vez eu aconselhava uma senhora que foi ao gabinete pastoral, indicada por um conhecido. Em meio à nossa conversa, surgiu o assunto da mentira e ela disse que nunca mentia. Perguntei, então, se ela conhecia minha esposa e, obviamente, ela respondeu que não. Prossegui: “– Vamos supor que eu ligue agora para minha esposa e diga que estou levando a senhora para tomar um café conosco, em nossa casa. Chegando lá tem um bolo bonito na mesa e um café fresquinho. A senhora pega um pedaço do bolo e, ao morder, percebe que está muito salgado, pois, na pressa, minha esposa acabou trocando o açúcar pelo sal. A senhora então pensa em tomar um pouco de café, para aliviar o gosto ruim que está na boca, mas o café também está salgado. Logo em seguida minha esposa pergunta: E aí, a senhora gostou? Qual seria a resposta?”. Ela então respondeu que diria que sim, pois não ia querer magoar minha esposa que foi tão educada preparando algo para ela comer. Continuei: “– Vamos esquecer, por enquanto, minha esposa... Se a senhor fosse à casa de sua irmã e acontecesse o mesmo, o que responderia quando ela perguntasse se a senhora havia gostado?”, e rapidamente ela disse: “Mas que bolo ruim!”.

Diante disso, perguntei se ela não tinha medo de magoar a irmã e ela disse que a irmã já a conhecia bem. Levei-a então a entender que, no caso de minha esposa a preocupação não era em magoar uma pessoa que a tratou de forma educada, mas em não querer ser vista como mal educada, tanto que, diante de alguém bem conhecido, ela não titubeou em falar o que achou de verdade.

O que levou essa senhora a dizer que mentiria para minha esposa foi o mesmo que levou as parteiras a mentirem a Faraó: amor próprio, mais do que amor a Deus e ao próximo. As parteiras foram tementes a Deus e não mataram as crianças, mas diante do questionamento de Faraó, temeram perder a vida e, por amor a si mesmas, mentiram. De igual forma, a mãe que mente ao filho inventando um bicho papão no quarto não o faz pela segurança do filho, mas pelo seu conforto, pois não precisará mais ficar correndo atrás da criança. O filho que mente ao pai sobre seu estado de saúde não o faz por cuidado, mas, talvez, por não querer sofrer ao ver o pai sofrendo. A amiga que mente para a outra não o faz por educação, mas para não ser tida como grosseira.

Devemos ser realistas. Biblicamente não há pecado em favor do outro nem, tampouco, mentiras justificáveis. Não existem mentiras bastardas, todas, sem exceção, tem por pai o diabo. Sendo assim, para obedecer as ordens de não dar lugar ao diabo (Ef 4.27) e de resistir ao diabo (Tg 4.7) é imperativo que não negociemos a verdade.

É claro que isso não implica ser mal educado, pois a verdade deve ser dita em amor (Ef 4.15). Entretanto, não há garantia de que os homens não nos rotularão como tal. Ainda assim, não ceda ao desejo de ser bem visto diante dos homens ao custo de pecar contra Deus, pois, “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).

O dia da cidade em que nasci e o dia em que foi celebrado o meu novo nascimento (post atualizado)

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Hoje é para mim um dia muito importante. É dia de parabenizar a cidade onde o Senhor me permitiu nascer e crescer, que completa 123 anos de emancipação política. É uma cidade que, semelhante a muitas outras, tem sofrido ao longo dos anos com o descaso de políticos que não investem em sua infraestrutura, mas a despeito disso, continua sendo uma linda cidade, devido às belezas naturais concedidas pelo Criador.

Mas apesar de gostar bastante da minha terra, que não tem palmeiras onde canta o sabiá, mas castanheiras onde pousam as andorinhas, a razão de gostar tanto desta data, 19 de setembro, se deve a outro fato, muito mais importante, pelo menos para mim.

Há exatos 21 anos eu estava diante da Igreja Presbiteriana de Guarapari fazendo votos a Deus e recebendo o batismo, sinal da Aliança do Senhor, que simbolizava um nascimento muito mais importante que o primeiro, citado no começo do texto, o nascimento da água e do Espírito, sem o qual ninguém pode entrar no Reino de Deus( Jo 3.5).

Ter nascido em Guarapari é para mim motivo de satisfação, porém, ainda que organicamente vivo, encontrava-me morto em delitos e pecados (Ef 2.5), andando segundo as inclinações da minha carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos e sendo, por natureza, filho da ira de Deus, como aqueles que ainda não creram no Senhor (Ef 2.3).

É por isso que louvo ao Senhor pelo novo nascimento e por estar sendo preparado para uma nova pátria e uma nova terra. Deus, por ter sido rico em misericórdia e por causa do grande amor com que me amou me deu vida juntamente com Cristo, unicamente por sua graça (Ef 2.4,5). Pela graça fui salvo, mediante a fé, e isso não veio de mim, foi dom de Deus; não de obras para que eu não me glorie (Ef 2.8,9), pois convém que ele cresça e que eu diminua sempre (Jo 3.30).

Louvado seja então o meu Deus, por sua infinita graça e misericórdia, por seu grande amor demonstrado na cruz do Calvário onde Cristo Jesus deu a vida em favor de seu povo, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Posso fazer minhas as palavras do hino de John Newton: “Maravilhosa graça, quão doce o som, que salvou um miserável como eu. Eu já estive perdido, mas agora fui encontrado, estava cego, mas agora eu vejo”.

FamíliaGraças te dou Senhor, por ter me resgatado do pecado e por estar me aperfeiçoando a cada dia a fim de que eu seja conforme a imagem de Cristo Jesus, irmão mais velho. Graças de dou por ter também resgatado a minha casa. Graças te dou pela esposa maravilhosa que me concedeste e pela herança com que nos presentastes, nossos filhos amados. Graças te dou por ter me chamado para o ministério pastoral, tendo o privilégio e a grande responsabilidade de cuidar das ovelhas que são do Senhor.

Ajuda-me sempre a viver de modo digno do evangelho de Cristo Jesus, a fim de que o Senhor seja sempre glorificado.

25 abril 2014

Carta a um filho da Aliança

IMG_20140405_125545bFilipe, meu filho amado,

O proximo domingo será um dia muito importante para a nossa família. À semelhança do que fizemos há quatro anos com sua irmã, iremos apresentá-lo ao batismo, sinal da Aliança de Deus com o seu povo.

Sei que vai demorar muito para que você possa ler estas palavras, mas quero deixá-las registradas a fim de que um dia você compreenda bem a importância desse ato.

Eu e sua mãe amamos muito você e sua irmã e, ao apresentá-los ao batismo, o fazemos na esperança de que o Senhor é o Deus da família.

Há muito tempo, quando Deus estabeleceu sua Aliança com Abraão, deu ao seu povo o sinal da circuncisão. Todos os meninos que nasciam, a partir de então, deveriam receber esse selo, que marcava a inclusão no povo da Aliança (Gn 17.12,13). No livro de Êxodo aprendemos que aqueles que se convertiam à fé dos judeus também recebiam o sinal da Aliança.

O próprio Senhor Jesus foi circuncidado a fim de que a Lei fosse plenamente cumprida (Lc 2.21), mas ao comissionar os seus discípulos para a pregação do evangelho estabeleceu um novo sinal para aqueles que creem, o batismo cristão. Apesar da mudança do sinal, ele continuou marcando a entrada no povo de Deus e, como a Aliança permanece a mesma, entendemos que os filhos de crentes também devem ser batizados. A diferença é que agora, não só os meninos, mas também as meninas recebem o sinal, razão de termos apresentado também a sua irmã ao batismo anos atrás.

É claro que não cremos que pelo simples fato de você ser batizado estará salvo. Não! Cremos que a salvação é graça de Deus aos seus eleitos, e que é evidenciada pela obediência ao Redentor que afirmou que aquele que tem os seus mandamentos e os guarda é o que o ama (Jo 14.21). O sinal da Aliança serve também para lembrar dessa responsabilidade. Para mim e para sua mãe, uma lembrança de que, em obediência a Deus, devemos educá-los no temor do Senhor. A Palavra deve estar em nosso coração para que ensinemos com persistência a você e sua irmã (Dt 6.6,7). Ao amarem o Salvador e lhe obedecerem, o sinal da Aliança será para vocês a lembrança da graça e da misericórdia do Deus que nos “libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13).

Contudo, se não amarem ao Senhor, o sinal da Aliança será uma constante lembrança da condenação daqueles que não se voltam para a adoração ao Deus libertador. Não pense nunca que pelo fato de ter sido batizado estará automaticamente salvo, sem submeter-se ao Senhor. Creia nele de todo o coração e confie a ele a sua vida. Apesar de você não ter de cumprir a Lei para ser salvo, pois o Senhor Jesus já fez isso em seu lugar de forma única e perfeita, cumpra os mandamentos para honrar o Deus que salvou o seu povo.

O sinal da Aliança aponta também para uma vida de santidade. A circuncisão consistia na retirada da carne do prepúcio, o excesso de pele sobre a ponta do órgão genital masculino. Esse ato higiênico simbolizava a purificação necessária para a Aliança entre um Deus Santo e um povo impuro. Essa limpeza parcial, feita pelo pai, apontava para a limpeza perfeita que só pode ser feita pelo Senhor. Semelhantemente, a água do batismo aponta para o lavar dos pecados, que é realizado pelo Salvador (At 22.16).

Você precisará então entender que, purificado pelo Senhor, não pode amar o mundo, nem as coisas que há no mundo (1Jo 2.15). Deverá amar a Palavra, que é usada pelo Senhor para nos purificar. Por isso eu e sua mãe estaremos, diante de Deus e da igreja, prometendo:

    • Instruí-lo no temor do Senhor;
    • Servir de exemplo de vida e piedade, envidando esforços para livrá-lo de más companhias e de maus exemplos;
    • Ensinar-lhe a Bíblia e levá-lo regularmente à igreja;
    • Ensiná-lo a adorar ao Senhor com reverência e a estimar como irmãos os demais membros da igreja;
    • Orar com você;
    • Ensiná-lo a ler, para que venha a ler por si mesmo a Escritura Sagrada (Respostas às perguntas contidas no Manual do Culto da IPB).

Para isso, muitas vezes teremos de corrigi-lo, mas sempre com amor, da mesma forma que somos corrigidos por nosso Senhor. Sei que você não gostará de ser corrigido, como eu também muitas vezes não gosto, quando o sou, mas certamente isso contribuirá para o seu crescimento à semelhança da estatura de Cristo.

Você e sua irmã são presentes de Deus para nós e muito alegram o nosso lar. O Deus bendito nos concedeu um grande privilégio, mas também uma grande responsabilidade. Vamos criá-los como filhos da Aliança, ansiando pelo dia em que, diante da igreja, farão por si mesmos a sua pública profissão de fé.

Minha oração é para que vocês não conheçam um dia sequer em que não tenham amado o nosso Salvador e Redentor, que deu a sua própria vida, para que pudéssemos viver de forma abundante.

Com amor.

Seu papai e seu pastor,

Milton Jr.

06 março 2014

Pensando alto sobre o UFC e afins...

UFC_BLOOD MMA VIOLENCEEsta semana a mídia noticiou a morte de mais um lutador de MMA (veja aqui), com lesão no cérebro. Em dezembro, Anderson Silva teve a sua perna quebrada ao tentar chutar o adversário e, fatos como esses, sempre trazem o MMA de volta à discussão: É lícito ao cristão participar ou incentirvar essa modalidade? Pensando nisso, estou republicando um texto de 2012, escrito por ocasião de uma luta do Anderson Silva. Segue:

Tivesse a frase “Vou acabar com a cara dele e com cada um dos dentes da boca” saído dos lábios de uma pessoa “qualquer”, logo seria taxada de violenta, mas na boca de Anderson Silva ela ganhou o status de “promoção do esporte”.

O lutador brasileiro, sempre “polido” em suas declarações, surpreendeu a todos nos dias que antecederam a luta de hoje à noite sua última

01 março 2014

Mas, e se...? Comigo deu certo!

não falo não vejo não ouço

A despeito do claro ensino das Escrituras quanto a proibição do casamento entre crentes e incrédulos (Gn 6.1-3; Ex 34.12-17; Ne 13.23-27; 1Co 7.39), sempre haverá quem argumente da forma como está no título, seja para justificar a escolha de um não crente para o matrimônio – “Mas, e se a parte incrédula for um eleito de Deus e vier a se converter depois? Nunca se sabe, né?” – ou para demonstrar que Deus aprovou a união – “Meu cônjuge se converteu depois de uns anos, comigo deu certo!”.

É preciso considerar essas questões e respondê-las. São procedentes? Cristãos podem se apegar a elas e “arriscar” o relacionamento misto?

Comecemos com o “e se?”. Alguns têm argumentado, a partir da história de Rute, que Deus pode salvar o cônjuge incrédulo. Só para lembrarmos, Rute era a moabita que se casou com um dos filhos da viúva Noemi e cuja bela profissão de fé é usada, inclusive, como versículo de convite de casamento: “Aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1.16).

Aqui já temos algumas questões a se considerar. Tudo começa ao se retirar o versículo do seu contexto. A bela afirmação foi feita para a sogra e não para o esposo que, a essa altura, já tinha morrido. Ele sequer viu a conversão acontecer e, há teólogos que até entendem que a razão da morte foi exatamente a desobediência em tomar uma esposa descrente. A segunda questão é que essa não é toda a história. Noemi tinha dois filhos e ambos tomaram esposas moabitas. Após a morte dos dois, Noemi despediu as noras e, ainda que Rute tenha ficado com a sogra, Orfa, que nunca é citada por razões óbvias, voltou para os seus deuses (Rt 1.11-15). O que vemos, portanto, é que o “e se” vale também para a hipótese da não conversão do cônjuge que é o que mais acontece, podendo ser constatado empiricamente.

Entretanto, desconsiderarei essa segunda hipótese, para continuarmos a pensar. Será que se em todos os casamentos mistos acontecesse a conversão da parte incrédula (deu certo!), isso poderia ser tomado como sinal da aprovação de Deus? Deixe-me tentar ilustrar isso com uma história conhecida.

Certa vez o rei Davi, em vez de ir para a batalha com seus soldados, resolveu ficar em seu palácio. Numa tarde, passeando pelo terraço, viu na vizinhança uma mulher muito bonita e se encantou com ela. Mandou perguntar, então, quem era e foi avisado de que era ela a mulher de Urias, um de seus soldados. Ele então pensou: “Eu sei que adultério é pecado, mas, quem sabe não seja propósito de Deus usar um filho que terei com ela para ser o ascendente do Messias?” e, assim, mandou chamar a mulher de Urias e a possuiu.

Antes que você pense que eu endoidei, afirmo que sei exatamente que não foi assim que aconteceu. Apesar de não ter nenhuma dúvida de que era mesmo propósito de Deus que um dos filhos de Davi com Bate-Seba entrasse na linhagem do Messias (perceba que ao registrar a linhagem de Jesus Mateus faz questão de frisar: “Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão, da que fora mulher de Urias” – Mt 1.6), a razão de Davi ter pecado tomando a esposa do seu próximo, conforme o ensino da Escritura, foi a sua própria cobiça que o atraiu e o seduziu (cf Tg 1.14,15).

Para que não passe pela sua cabeça que isso faz de Davi um inocente, preciso dizer que o fato de estar no plano de Deus que Salomão estivesse na linhagem do Messias não torna o pecado de Davi “menos pecado”, apenas demonstra a ação soberana de um Deus que governa a história e que usa, inclusive, os atos maus dos homens para realizar a sua vontade soberana.

Se você é um leitor atento da Bíblia vai lembrar que era plano de Deus fazer José governador do Egito (Gn 45.8; 50.20,21), mas que foi pecaminosa a atitude dos seus irmãos que, por inveja, o venderam como escravo para o Egito e mentiram a seu pai afirmando que ele havia morrido (Gn 37.4-36). Você deve se lembrar também que foi o próprio Deus que enviou a Assíria para punir o seu povo que estava longe dos seus caminhos usando a maldade do seu governante, mas após cumprir o que desejava castigou “a arrogância do coração do rei da Assíria e a desmedida altivez dos seus olhos” (Is 10.5-15).

Vários exemplos do Senhor usando o pecado dos homens para cumprir seus propósitos poderiam ser citados, mas mencionarei apenas mais um. Era plano de Deus enviar seu Filho ao mundo para morrer em lugar do seu povo, recebendo sobre si a ira do Pai, mas a culpa da morte do Senhor recaiu sobre os homens, como afirmou Pedro em seu sermão: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;” (At 2.23).

Os fatos narrados, portanto, ainda que demonstrem que “deu certo!”, não tornam legítimas as escolhas erradas e pecaminosas que são feitas segundo a nossa cobiça, mas reafirmam a verdade bíblica de um Deus Soberano que dirige a história e cumpre seus planos sempre.

Casamentos mistos sempre serão uma desobediência a Deus, ainda que haja conversão da parte incrédula após o casamento (nesses casos percebemos a misericórdia, apesar do pecado). Mas a essa altura alguns podem questionar: “O que fazer, então, se eu amo alguém que é incrédulo? Não vale a pena arriscar? Ele(a) é uma pessoa tão boa...”.

Minha resposta é simples. Fique amigo dele(a) e sempre que tiver oportunidade evangelize-o(a). Ofereça-se para discipulá-lo(a), convide-o(a) para ir aos cultos e, se um dia ele(a) se converter, case-se. É claro que isso pode demorar dias, meses, anos ou nunca vir a acontecer, mas se você, de fato, o(a) ama tanto como afirma estará dando a maior prova de amor ao se esforçar para apresentar a ele(a) o evangelho redentor. Seu amor resiste ao tempo?

Por fim, mas não menos importante, negando a sua própria vontade (Mt 16.24), você demonstrará que ama em primeiro lugar ao Senhor e que, por amor a ele, irá se submeter à ordem para que não haja casamentos mistos.