29 abril 2009

Orai sem cessar

oracao No capítulo 5 de sua epístola aos tessalonicenses, o apóstolo Paulo ordenou que aqueles irmãos orassem sem cessar (1 Ts 5.17). A oração é um meio importante de graça e, olhando para as Escrituras, percebemos que ela estava sempre presente na vida dos servos de Deus. O próprio Senhor Jesus estava sempre em oração e foi justamente depois de uma ocasião em que ele estava orando que um dos discípulos pediu que ele os ensinasse a orar. É na resposta de Jesus a esta questão que encontramos a “oração dominical” ou “oração do Senhor” (Lc 11.1-4).

Para muitos a oração tem poder em si mesma, e, por causa desse pensamento errôneo, é comum ouvirmos expressões como “a oração tem poder”, ou ainda, “muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum poder”. Biblicamente, não podemos afirmar que a oração tem poder. Poderoso é o Deus a quem oramos, e eficaz é a oração mediada pelo Senhor Jesus e pelo Espírito Santo. Se a oração não é mediada pelo Filho, não é ouvida pelo Pai.

O Catecismo Maior de Westminster, um dos símbolos de fé adotados pela nossa amada IPB, em resposta à pergunta 178 – O que é a oração? – traz um ensino precioso: “A oração é o oferecimento dos nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio do seu Espírito, com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento das suas misericórdias” (Sl 62.8; Sl 10.17; Rm 10.1; Jo 16.23,24; Rm 8.26; Dn 9.4-11; Sl 32.5,6; Fp 4.6).

Ainda no Catecismo Maior, aprendemos na pergunta 183: “Por quais pessoas devemos orar? – Resposta: Devemos orar por toda a Igreja de Cristo na terra, pelos magistrados e outras autoridades, por nós mesmos, pelos nossos irmãos e até pelos nossos inimigos, e pelos homens de todas as classes, pelos vivos e pelos que hão de nascer; porém, não devemos orar pelos mortos, nem por aqueles que se sabe terem cometido o pecado para a morte” (Ef 6.18; Sl 28.9; 1 Tm 2.1,2; 2 Ts 3.1; Cl 4.3; Gn 32.11; Tg 5.16; 2 Ts 1.11; Mt 5.44; 1 Tm 2.1; Jo 17.20; 2 Sm 12.22,23; Lc 16.25,26; Hb 9.27,28; 1 Jo 5.16).

Conscientes dessas verdades, devemos estar sempre diante do Senhor, individual e coletivamente, em oração certos de que o Senhor nos ouve, sem nunca perder de vista que oramos sempre em submissão ao Deus que tudo pode, mas que realiza todas as coisas segundo o seu próprio querer.

Quanto tempo temos dedicado à oração?

18 abril 2009

Senhora ou serva?

Data: 16/04/2007 - ES - Vila Velha - Multidão de fiéis na missa de encerramento da Festa da Penha - Editoria: Cidade - Foto: Edson Chagas - GZ Na próxima segunda (20/04), como acontece a cada ano, uma multidão subirá o morro do convento, em Vila-Velha – ES, para reverenciar a Senhora da Penha.

Maria é adorada pelos romanistas apesar de eles, oficialmente, afirmarem que ela é somente reverenciada, pois adoração é somente a Deus. Mas, contrariando a sua própria afirmação, eles consideram-na corredentora, mediadora, sem pecado e prestam culto a ela.

Podemos questionar: será que Maria se agradaria de tudo isso? Deixemos que ela mesma responda.

No Evangelho segundo escreveu Lucas temos registrado no capítulo 1.46-56 o conhecido cântico de Maria. Essas palavras foram proferidas por ela na ocasião da visita que fez à sua prima Isabel, logo depois de ouvir que ela era uma bem-aventurada. Analisemos as palavras de Maria nos quatro primeiros versículos:

“A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (vs. 46,47).

Já de início podemos perceber algo maravilhoso. Maria estava engrandecendo e se alegrando em seu Salvador. A despeito dos romanistas dizerem que ela foi concebida sem pecado, ela própria se vê nesta condição. É por isso que chama Deus de seu Salvador. Só necessita de Salvador aquele que pecou. Esse entendimento de que ela se via como pecadora fica ainda mais claro quando nos lembramos do que o anjo afirmou a José sobre a criança no ventre de Maria: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles (Mt 1.21).

Maria continua:

“porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada” (v 48).

Ela agora se coloca como uma escrava do Senhor. Este é o sentido da palavra traduzida por “serva” neste versículo. Maria se via como uma humilde serva e isso foi o que Deus contemplou nela. O entendimento de que era uma pecadora carente também da salvação produzia nela essa humildade.

Entretanto, as palavras seguintes parecem contradizer isso. Isabel havia afirmado ser Maria uma bem-aventurada e ela agora assume que, de fato, todas as gerações a considerariam assim.

Estaria Maria então reconhecendo seus méritos? De forma alguma. Ela afirma no versículo 49:

“porque o Poderoso me fez grandes cousas. Santo é o seu nome.”

Ela sabia exatamente a causa de ser uma bem-aventurada e entendia que o mérito era todo do Senhor. Seria bem-aventurada não por causa de quem era, mas por causa das grandes coisas que Deus estava fazendo em sua vida.

Esse é o entendimento de Maria e é por esta razão que ela se coloca humildemente na condição de serva, sabendo que toda a glória era do seu Senhor, e que, mesmo com o privilégio e a bênção de ser a mãe do Salvador, continuava sendo apenas uma humilde serva de Deus.

Diante das palavras da nossa irmã Maria, podemos afirmar que ela nunca gostaria de ser chamada de Senhora, mas se satisfaria em continuar sendo tratada como uma serva de Deus.

Maria foi, sim, bem-aventurada como são também todos aqueles que humildemente se achegam a Cristo, confiados unicamente em seu sacrifício vicário e não em suas próprias obras e reconhecendo-o como Senhor e Salvador.

Tanto a ela como aos demais servos de Deus se aplicam as palavras de Davi: “Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto” (Sl 32.1).