27 dezembro 2012

Três lembretes para o Ano Novo

2013“Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.” / “Hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou. Nesses novos dias as alegrias serão de todos, é só querer. Todos os nossos sonhos serão verdade, o futuro já começou.”

Começaremos na próxima segunda-feira a contagem de mais 365 dias de um novo ano e os trechos das músicas acima revelam o que muitas pessoas em nossa pátria desejam para 2013, mas, infelizmente, sem uma consciência correta sobre Deus, a maioria dessas pessoas coloca nesses desejos a perspectiva de um ano bom.

Como cristãos, também fazemos planos, temos desejos e esperamos várias coisas boas neste ano que se inicia, contudo, não podemos deixar de observar o que ensina a Palavra de Deus. Tenha, então, em mente esses três “lembretes” contidos nos primeiros versículos de Provérbios 16:

1. Planeje, mas sem esquecer que o Senhor é quem dirige sua vida

“O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor” (16.1).

Temos aqui uma grande verdade: Deus é quem de fato dirige o nosso viver.

Perceba que o texto fala sobre o coração do homem. A Bíblia ensina que somos controlados pelo nosso coração (Mt 6.21). É dele que procedem as fontes da vida (Pv 4.23). Todos os nossos planos e projetos, conforme o texto, partem, então, dos desejos do nosso coração.

O texto não desestimula o planejamento e ele deve mesmo acontecer. A grande questão aqui é que planejamos sabendo que do Senhor é a resposta certa dos lábios. Geralmente, quando a segunda parte desse texto é citada, é da seguinte forma: “a resposta certa vem dos lábios do Senhor”, mas o sentido do texto é outro. Com “a resposta certa dos lábios vem do Senhor” o escritor quer afirmar que é o Senhor é quem capacita o homem para realizar alguma coisa.

Isso quer dizer que só conseguiremos cumprir aquilo que está de acordo com os propósitos do Senhor em nossa vida. Alguns poderiam questionar esta afirmação e dizer: “Mas, se fosse assim, só nos ocorreriam coisas boas. O Senhor não nos capacitaria para fazer o que é errado.” Engana-se quem pensa desta maneira.

Deus nos capacita a realizar até aquilo que é contrário à sua vontade revelada a fim de que, com o coração exposto pelas circunstâncias, sejamos tratados por ele e nos tornemos semelhantes a seu Filho. O Senhor é Soberano e dirige nossa vida a cada momento.

É por isso mesmo que devemos estar atentos ao segundo lembrete:

2. Esteja atento às suas motivações

“Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito” (16.2).

Nesse versículo somos advertidos de que, para o Senhor, a “motivação” é importante.

O texto é claro: para o homem, tudo o que ele planeja está correto. Todos os caminhos a que ele se propõe a seguir são puros. Porém, a segunda parte do verso começa com um eloquente “mas...”. É como se o escritor estivesse dizendo: “a despeito do que pense o homem acerca daquilo que ele propõe”, o Senhor pesa o espírito.

Temos aqui duas palavras importantes: “Pesar”, que significa considerar ou examinar, e “espírito”, que diz respeito à disposição do coração (motivação).

Isso quer dizer que o Senhor sempre considerará o que nos leva a agir de determinada forma, ou planejar qualquer coisa que seja e não simplesmente” o planejamento em si. Sabendo que o Senhor examina as intenções daquilo que fazemos, devemos estar também atentos ao que nos leva a planejar.

Já vimos que os desejos procedem do nosso coração e sabemos pela Bíblia que o nosso coração, muitas vezes, nos engana, mas por meio da Palavra de Deus temos condições de avaliar aquilo que intentamos fazer no ano que se inicia (Hb 4.12).

Pelo menos duas perguntas são importantes aqui e devemos considerá-las: 1) Por que quero fazer (motivo)? 2) Qual o meu alvo com isso (resultado)?

Se respondermos a essas perguntas tendo em mente o que Paulo ensinou aos Coríntios: “Quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31), podemos aferir as nossas motivações e, a partir daí, nos esforçar para realizar tudo aquilo a que estamos nos propondo ou abandonar o plano caso isso não glorifique ao Senhor.

3. Confie no cuidado do Senhor

“Confia ao Senhor as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos” (16.3).

O verso 3 nos traz o último lembrete. Ao iniciar um novo ano, devemos reafirmar nossa convicção de que confiamos no cuidado do Senhor. Creio firmemente que a ideia de confiar ao Senhor as obras para ter os desígnios estabelecidos, ensinada aqui por Salomão, é a mesma ensinada por Jesus: “Vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda” (Jo 15.16), e que é repetida por João: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5.14).

Aqueles que conhecem o Senhor e procuram viver de acordo com a sua Palavra são moldados pelo próprio Senhor e aprendem a pedir em conformidade com sua vontade. Sendo assim, quando confiamos ao Senhor nossas obras e estas estão em conformidade com as Escrituras, ele as estabelece.

Ao planejar o ano de 2013, lembre-se de confiar no cuidado daquele que tem dirigido nossas vidas. A nossa confiança deve ser a tal ponto que, mesmo que as coisas pareçam ir mal, consigamos descansar no Senhor.

Que o Senhor abençoe sua vida neste novo ano e que ele mesmo estabeleça aquilo que você tem planejado, caso sua motivação seja a correta: a glória e a honra daquele que nos salvou.

14 dezembro 2012

Na verdade não, você não pode!

chefe_no_espelho“Sim, nós podemos” (Yes, we can). A frase, popularizada pelo presidente Barack Obama por ocasião de sua campanha, tem como fundamento alguns pressupostos das técnicas motivacionais e também da autoajuda: “bondade inata do homem” e “capacidade de controle”.

Os livros de autoajuda estão recheados de conselhos do tipo “sim, você pode”. Se fizer uma rápida procura nas estantes de livrarias, bancas de revistas ou catálogos de livrarias on-line você verá títulos como: “A arte de viver”, “O poder do agora”, “Dez leis para ser feliz”, “Seja líder de si mesmo”, “Você pode curar sua vida”, “O poder das afirmações positivas” e semelhantes, todos apontando para a capacidade do homem de resolver seus próprios problemas.

Foi Samuel Smiles, em 1859, que lançou o livro “Autoajuda”, considerado o primeiro dessa categoria, que tinha como frase de abertura “O céu ajuda aqueles que ajudam a si mesmos”. Curiosamente, muitos cristãos citam uma frase parecida, atribuindo-a inclusive à Bíblia, na qual Deus diria: “Faça a sua parte e eu te ajudarei”. A intenção da literatura de autoajuda é proporcionar às pessoas um domínio sobre o seu corpo e sua mente, a fim de capacitá-las à autorrealização em todas as esferas da vida.

A ideia de autoajuda, porém, é bem mais antiga que isso. Quando olhamos para Gênesis 3 percebemos que a primeira “palestra” sobre autoajuda aconteceu no Éden, tendo como preletor Satanás, que ensinou sobre o segredo da autossuficiência (ou como ser igual a Deus) e sobre a capacidade de discernir, à parte de Deus, sobre o bem e o mal. Eva acreditou e a queda aconteceu.

O mercado da autoajuda cresce assustadoramente a cada ano, mesmo em meio a críticas e pesquisas que questionam sua eficácia. Conforme o site “Diário da Saúde”, por exemplo, uma pesquisa de uma universidade americana revelou que pessoas que se questionam sobre a capacidade de realizar uma tarefa saem-se melhor do que aquelas que dizem a si mesmas que se sairão bem (veja aqui). Em um livro que satiriza a autoajuda, os escritores afirmam que “o único jeito de ficar rico com um livro de autoajuda é escrever um”.

A despeito disso, o que se vê, infelizmente, são igrejas adotando, cada vez mais, o discurso da autoajuda. Não é difícil perceber que muitos dos sermões hodiernos enfatizam aquilo que podemos fazer para ser felizes ou bem-sucedidos. Assim, em vez de uma proclamação a respeito da obra redentora de Cristo Jesus, o que muitas vezes ouvimos são sermões paulocêntricos, pedrocêntricos, davicêntricos, onde a ênfase está em imitar o que fizeram os personagens bíblicos e não em confiar no Deus que os capacitou a realizar o que realizaram.

A Escritura não quer ensiná-lo a ter uma fé como a de Davi a fim de vencer seus gigantes. Em vez disso, ela o conclama a confiar no filho de Davi, Cristo Jesus. Se Davi, com uma pedrinha, venceu a Golias, imagine o que pode fazer a Rocha Eterna... Não, não é preciso imaginar. Basta olhar para as Escrituras e ver que ele já derrotou o pior dos gigantes, como escreveu Paulo: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Co 15.54-55).

Entender a incapacidade humana é essencial para confiarmos em Cristo. A lei nos foi dada exatamente para percebermos isso (nas palavras de Paulo, para que se cale toda a boca e todo mundo seja culpado diante de Deus – cf. Rm 3.19-20) e olharmos com fé para o único que pode nos salvar, por ter sido o único que pôde cumprir integralmente toda a lei.

Foi por achar que “eles podiam” que os judeus desconheceram a justiça de Deus e procuraram estabelecer sua própria justiça, não se sujeitando à que vem de Deus (Cf. Rm 10.1-4).

Não, você não pode! À parte de Cristo, ninguém pode. Tiago orienta: “Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (1.16-18).

A ênfase bíblica não é naquilo que podemos fazer, mas naquilo que Cristo fez em favor de pecadores, para a glória do Pai. O evangelho diz respeito a Jesus, seu poder, sua glória, sua honra!

Se você compreender corretamente isso, aí, sim, poderá afirmar como Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4.13), mas, lembre-se, ele não se referia somente às boas coisas boas e às conquistas, mas em estar contente em toda e qualquer situação, humilhado ou honrado, com fartura ou com fome, na abundância ou escassez (conf. 4.10-12).

Confie sempre, naquele que é o Todo-Poderoso.