28 julho 2008

Chamados para servir

“Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” Mc 10.43

Essa foi a afirmação de Jesus diante do pedido feito por Tiago e João (“Permite-nos que na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda.”) e que provocou indignação nos outros dez apóstolos.

Somos, de um modo geral, muito egocêntricos. Gostamos de estar na melhor posição de ser servidos, e também somos, muitas vezes, pouco prestativos. Infelizmente isso é normal tendo em vista que somos pecadores e, como tais, temos a tendência de olhar sempre para nós em primeiro lugar, depois vem o outro.

A afirmação de Jesus vem nos ensinar justamente o contrário. O Reino de Deus é um reino de serviço. Fomos chamados para servir e não para ser servidos, e a razão para isso é simples e lógica. Somos seguidores de Cristo e “...o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45).

Quão difícil é colocar em prática a ordem do Senhor! Quão difícil é ser altruísta! Mas é isso que devemos buscar. Paulo exorta aos Coríntios escrevendo: “Ninguém busque o seu próprio interesse e sim o de outrem” (1Co 10.24).

Como precisamos ouvir essa ordem em nossos dias. Nossa sociedade diariamente nos impõe esse padrão de que devemos sempre nos dar bem. Haja vista a famosa frase: “Brasileiro gosta de levar vantagem em tudo” que ficou conhecida como “Lei de Gerson”. Gerson, jogador tricampeão mundial de futebol emprestou sua imagem para uma propaganda de cigarros em meados da década de 70, e a sua frase acabou por fazer parte da “cultura” brasileira.

Como Igreja do Senhor, devemos andar na contramão dessa cultura egoísta e seguir o exemplo do nosso Senhor e Salvador, que se entregou por nós, sabendo que o nosso serviço redundará na glória de Deus. Foi isto que Jesus afirmou aos discípulos: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).

Se fomos chamados para servir, sirvamos de coração “considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3b).

18 julho 2008

Refreando a língua

“A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.

Provérbios 18.21

Vários textos da Escritura falam a respeito da língua e de como é importante para aqueles que temem a Deus refreá-la.

Em sua Epístola, Tiago mostra que é mais difícil domar a língua do que um animal selvagem. Outros textos da Escritura são claros ao mostrar o mal que pode ser causado por ela (Sl 10.7; 50.19; Tg 3.1-12).

Mesmo havendo nas Escrituras tantas advertências a respeito do “refrear a língua”, parece que muitos são tomados de um desejo incontrolável e insaciável de falar da vida alheia. Com isso, temos, infelizmente, no meio cristão, aqueles que não se cansam de fazer mexericos a respeito do próximo.

O escritor de Provérbios nos diz que a morte e a vida estão no poder da língua, isto é, o ato de falar pode trazer o bem ou o dano. Ao falar, devemos estar atentos aos efeitos que serão causados por aquilo que proferimos.

Diz uma ilustração que o que falamos é como se picássemos muito papel, subíssemos num alto edifício e soltássemos ao vento. Da mesma forma que não haveria mais jeito de reunir todo o papel de volta, quando falamos, não temos como “recolher” todas as nossas palavras. O que agrava ainda mais a situação é que, na maioria das vezes, não sabemos nem se é verdade aquilo que “passamos para frente”.

Não é à toa que uma das respostas à pergunta de Davi no Salmo 15: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?” (v. 1) seja: “o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho” (v. 3).

Somos chamados para fazer diferença. Não podemos contrariar o que dizem as Escrituras. Portanto, se temos algo contra o nosso irmão, não falemos dele para os outros. Antes, o procuremos e coloquemos “em pratos limpos” aquilo que tem sido empecilho para a comunhão do corpo de Cristo. Oremos junto com ele e juntos busquemos caminhar em santidade de vida para o bem da Igreja de Cristo.

Em suma, se temos algo de bom para falar sobre o nosso próximo, falemos com os outros; se só tivermos coisas ruins a falar, falemos com ele próprio. Em ambos os casos, falemos antes com Deus que é aquele que promove a comunhão da Igreja.

04 julho 2008

Até quando esperar?

A cultura fast-food (comida rápida) tomou conta da sociedade de uma vez por todas. Se antigamente, ao entrar em um local para comer um lanche, esperávamos um bom tempo enquanto o sanduíche era preparado (e dependendo do movimento do local demorava muito), hoje, mal acabamos de pagar e o sanduíche já está pronto. As mesmas pessoas que se espantaram com a velocidade com que os alimentos eram aquecidos, quando surgiu o forno de microondas, hoje acham muito demorados os eternos 3 minutos e meio que têm de esperar para a pipoca estourar.

Queremos tudo mais rápido. Chegamos ao ponto de “precisar” comprar um novo computador com um superprocessador e mais memória para abrir as páginas da internet 5 segundos mais rápido, pois o antigo já está muito lento. Definitivamente, fomos engolidos pela cultura “fast”.

Infelizmente esse pensamento se reflete também na vida cristã. Ao passar por provações e orar a Deus, queremos que a resposta venha logo. É isso que muitos têm ensinado: “Deus não quer que soframos”, “Deus não quer que passemos por dificuldades”, “Se você está passando por dificuldades é porque está faltando fé”. A idéia é que se a provação perdura é porque há algo de errado conosco, como se o sofrimento não fizesse parte da vida cristã.

A Bíblia nos fornece uma visão diferente desse pensamento imediatista. Tiago ensina que os crentes devem se alegrar com as provações porque elas produzem perseverança (1.2-4) e diz ainda mais: Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (1.12).

Devemos ter em mente que os nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus e nossos caminhos não são seus caminhos (Is 55.8). Os caminhos e pensamentos de Deus certamente são melhores que os nossos e ele usa as provações, angústias e tristezas pelas quais passamos para nos ensinar.

Quando o sofrimento parece não ter fim, devemos nos lembrar das palavras que Eliú disse a Jó: “Ainda que dizes que não o vês, a tua causa está diante dele; por isso, espera nele” (35.14).

Que aprendamos dia a dia a esperar em Deus, que certamente está atento às nossas suplicas, e que possamos exclamar como o salmista: Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor” (Sl 40.1).

Que Deus nos ensine a esperar nele.