Dia desses preguei um sermão em Gênesis 9.1-7 tratando das ações de Deus após ter feito a promessa de não mais destruir a Terra com água. Dentre elas, o Senhor ordenou ao homem que novamente enchesse a Terra.
Postei no Facebook parte deste sermão em que faço algumas aplicações a respeito da importância de os crentes terem filhos e os criarem na disciplina e admoestação do Senhor a fim de serem uma bênção na sociedade, honrando o seu Redentor. Ao compartilhar o vídeo afirmei que “uma das formas de a igreja crescer é por meio da geração de filhos. Cristãos precisam levar a sério a ordem de crescer e multiplicar e criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor. Filhos criados na presença do Senhor farão grande diferença como luzeiros em meio a uma geração que está em trevas” (grifos meus).
Um comentário de um irmão na publicação apontou para o fato de que
“a forma de a igreja crescer é a conversão de pessoas pela operação do Espírito Santo mediante a pregação do evangelho [...]” – pontuando que – “o cristão, mesmo o mais piedoso, gera filhos, seres humanos pecadores, mortos em delitos e pecados, os quais devem receber os ensinamentos da Palavra para que também sejam convertidos, porque os cristãos, embora possam gerar filhos, estes não são naturalmente, como ninguém é, filhos de Deus. Somente o Espírito Santo tem poder para gerar novas criaturas em Cristo pelo evangelho. [...] pois não existe outro método para salvação de pessoa alguma fora da pregação do evangelho”.
Comecei a esboçar uma resposta, mas ela foi ficando tão grande para uma conversa de Facebook que resolvi amplia-la ainda mais e transformar neste artigo, dada a importância do tema. Espero que sirva para a edificação daqueles que o lerem.
A primeira questão que quero pontuar é que não tenho a menor dúvida de que a salvação é única e exclusivamente pela graça, mediante a fé. Não tenho dúvidas também de que o evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16).
Meu ponto ao afirmar que uma das formas de a igreja crescer é por meio da geração de filhos não tem a ver com estabelecer outro método de salvação distinto da ação sobrenatural e exclusiva de Deus na regeneração de homens pecadores, fazendo-os novas criaturas e adotando-os como filhos, mas demonstrar que há bênçãos, relativas ao pacto, para os filhos dos crentes. Será que a afirmação de que uma das formas de a igreja crescer é por meio de filhos, contraria a verdade de que não há outro método de salvação fora da pregação do evangelho? Creio que não e entendo que há razões bíblicas e confessionais para isso, como demonstrarei a seguir.
Como pastor presbiteriano que sou, creio na Escritura como única regra de fé e prática subscrevo integralmente a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster como sistema expositivo de doutrina e prática. Os símbolos de fé precisam nortear todo o nosso entendimento doutrinário e creio que é possível provar minha afirmação olhando para eles.
O fundamento confessional
Já no capítulo III da Confissão de Fé de Westminster aprendemos que Deus decretou todas as coisas antes da fundação do mundo (III.I). Esse decreto inclui a predestinação para a vida eterna e a preordenação para morte eterna (III.III-V) e, além disso, se estende também aos meios para que sejam atingidos os fins propostos pelo Senhor (III.VI)
Esse entendimento pode ser visto na Escritura que demonstra que nada acontece fora da vontade de Deus (Is 46.9-11) e que serão salvos todos os que foram predestinados por Deus (Jo 6.39; At 13.48) sendo o meio ordinário para a chamada dos eleitos à fé a pregação da Palavra (Rm 10.8-17).
Mas para o meu tema, é preciso avançar um pouco mais no ensino confessional. O capítulo V da CFW trata da providência de Deus. É por causa da “mui sábia providência” de Deus que tudo o que foi decretado acontece segundo o imutável conselho da vontade de Deus que, para a sua própria glória, dirige, sustenta, dispõe e governa todas as ações de suas criaturas e também de todas as coisas, desde a maior até a menor (V.I).
Em sua providência, o Senhor age de tal forma que tudo sucede conforme o seu decreto, ainda que aconteçam segundo a natureza das causas secundárias (V.II) e, ordinariamente, Deus emprega meios, ainda que seja livre para agir sem eles (V.III). A última seção deste capítulo é importante para o meu ponto: “Como a providência de Deus se estende, em geral, a todos os crentes, também de um modo especial ele cuida da Igreja e tudo dispõe a bem dela” (V.VII).
Quero colocar já aqui que entendo ser a família um dos meios que o Senhor, em sua providência, usa para conduzir seus eleitos à fé, sendo ela uma das provas desse cuidado do Senhor por sua igreja. Mas caminhemos um pouco mais.
O capítulo VII da Confissão de Westminster ensina sobre o pecado, a queda e o seu castigo. Neste capítulo está claro e cristalino o entendimento bíblico de que todos os homens nascem em pecado (Rm 3.23; 5.17a) e que, naturalmente, estão destituídos da glória de Deus.
Depois da dura realidade exposta neste capítulo da Confissão de Fé, o próximo capítulo, então, é um bálsamo. Ele trata do Pacto de Deus com um homem. Nossos pais puritanos explicam que o Senhor fez um primeiro pacto de obras, no qual “foi a vida prometida a Adão e nele à sua posteridade, sob a condição de perfeita obediência pessoal” (VII.II). Por causa da transgressão e queda de Adão e, consequentemente, de sua posteridade, Deus fez um segundo Pacto, chamado de Pacto da Graça. Este pacto, conforme a resposta à pergunta 31 do Catecismo Maior, “foi feito com Cristo, como o segundo Adão; e, nele, com todos os seus eleitos, como sua semente”.
Em Cristo, e somente nele, o homem encontra plena redenção e reconciliação com o Pai.
O capítulo que trata da vocação eficaz também importa para o nosso entendimento do assunto. Deus, em seu devido tempo chama eficazmente os eleitos à fé pela Palavra e pelo Espírito (XI). “Na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada” (X.II). É por causa disso que, anteriormente, afirmei que é a pregação o meio ordinário usado por Deus para chamar os eleitos à fé. Este chamado por meio da Palavra só é efetivo se ocorrer, anteriormente, o chamado do Espírito que renova o coração e, como afirma a CFW, esta é uma obra exclusiva de Deus.
É por causa desse entendimento que a próxima seção deste capítulo, ao tratar das crianças que morrem na infância, afirma que elas, se estiverem entre os eleitos, “são regeneradas e por Cristo salvas, por meio do Espírito, que opera quando, onde e como quer. Do mesmo modo são salvas todas as outras pessoas incapazes de serem exteriormente chamadas pelo ministério da Palavra” (X.III).
Conforme meu querido e saudoso professor, o Rev. João Alves, “É legítimo aos pais crentes, em virtude da Promessa do Pacto (Gn 17.7), esperar que seus filhos mortos na infância sejam salvos, sem que essa esperança, todavia, possa ser assegurada como uma garantia infalível da parte de Deus”[1]. Cito parte do excelente artigo do Rev. João Alves porque ele aponta para mais alguns aspectos que serão tratados aqui e que dizem respeito à doutrina do Pacto, já citada anteriormente, e que é de grande importância para o entendimento dos filhos nascidos em lares cristãos como uma forma de a igreja crescer.
A doutrina do Pacto é essencial ao sistema de doutrinas cridas pelos Reformados. Como já vimos, após a queda, Deus fez o Pacto da Graça com Cristo e, nele, com todos os seus eleitos. O entendimento da teologia reformada, expresso nos documentos de Westminster, é o de que este pacto da graça foi administrado de forma distinta no tempo da lei e no tempo do evangelho. Sendo administrado por meio de sombras no tempo da lei e visto mais claramente em Cristo, a substância, no tempo do evangelho (Cl 2.17; Hb 8.5,6). Entretanto, “não há, pois, dois pactos de graça diferentes em substância, mas um e o mesmo sob várias dispensações”.
É por causa desse entendimento a respeito do pacto que Israel e Igreja não são vistos como coisas distintas. No capítulo XIX.III, ao tratar da Lei, a Confissão afirma que “foi Deus servido dar ao seu povo de Israel, considerado uma igreja sobre a sua tutela, leis cerimoniais que contêm diversas ordenanças típicas”. Para os reformados não há dois povos distintos, mas um único povo de Deus.
Prova disso é o entendimento de que os sacramentos do Novo Testamento, batismo e ceia são, em essência, os mesmos do Antigo Testamento (circuncisão e páscoa).
Uma olhada nas narrativas bíblicas
O Senhor, desde o Antigo Testamento, tratou com famílias. Isso é visto, por exemplo, na salvação de Noé e seus filhos por ocasião do dilúvio em que o Senhor levou a cabo toda a vida na Terra (Gn 6.8-10). Ao restabelecer o seu Pacto, “disse também Deus a Noé e a seus filhos: Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência” (Gn 9.8-9). É claro que estar dentro de uma família do pacto não é garantia de salvação. Isso pode ser visto de forma abundante também no AT, tanto na família de Noé quanto em várias outras, mas não há como negar que, ordinariamente, o Senhor está tratando com famílias, como se poderá notar.
Em Gênesis 12 Abrão é chamado de sua terra e de sua parentela a fim de ir com sua família para uma terra que o Senhor iria mostrar. O objetivo do Senhor era que em Abrão fossem “benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). É claro que esta bênção se daria pela fé em Cristo Jesus, o Messias prometido, como pode ser visto na declaração de Paulo aos romanos (Rm 4.3 – cf Gn 15.6).
A Abraão foi ordenada a circuncisão, como sinal da Aliança. Curiosamente, ela seria aplicada àqueles que se convertessem ao Deus de Israel (Ex 12.48), mas primariamente àqueles que nascessem em lares que temiam ao Senhor ou que estivessem sob a sua autoridade (Gn 17.10-14). A circuncisão deveria vir acompanhada de fé. Ela era uma lembrança aos pais para que educassem os filhos nos caminhos do Senhor e uma lembrança aos filhos sobre o privilégio de ter nascido em um lar que teme ao Senhor, bem como uma constante lembrança da desobediência, caso se afastassem do Deus de seus pais.
Deus vai formar o seu povo no Antigo Testamento. Abraão gera Isaque, este a Jacó e Jacó aos doze, dando origem ao povo de Israel. Este povo fica escravo durante 430 anos no Egito e após ser libertado, recebe do Senhor a sua Lei. Nos interessa aqui a promessa anexada ao segundo mandamento. Após ordenar ao povo que não faça imagem de escultura, o Senhor continua, “porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20.5-6).
Como é que as misericórdias de Deus alcançariam até mil gerações do que o amam? É claro que Deus usaria os pais na catequese dos filhos. Isso fica claro em Deuteronômio 6. A Palavra de Deus deveria estar no coração dos pais a fim de que eles a inculcassem no coração dos filhos.
Há outra lei estabelecida em Deuteronômio que nos ajuda a pensar em algumas questões a este respeito. Ela está no capítulo 21.18-21. Ali o Senhor ordena aos pais que tenham filhos contumazes e rebeldes, que foram ensinados e corrigidos, mas mesmo assim não se emendaram, a leva-los às autoridades a fim de que fossem apedrejados. O que justifica uma lei dessas? Esta lei aponta para duas questões. A primeira é a de que é possível que um filho nasça em uma família que teme a Deus e não venha a crer no Senhor. Entretanto, a segunda e, mais importante aqui, é a realidade de que filhos que são educados na Lei do Senhor, normalmente, creem no Deus de seus pais (farei misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos). A lei, então, aponta para o que é exceção e não ordinário, a saber, um filho educado no temor do Senhor que rejeita o Deus de seus pais. O que geralmente acontece é que os filhos de crentes creem no Filho obediente que foi entregue à morte pelo seu Santo Pai, por ter ele assumido os pecados do seu povo, que é para quem aponta a dura lei de Deuteronômio.
Esta esperança bendita, de gerações que temem ao Senhor, é o que deve estimular pais cristãos a terem filhos. Há bênçãos para as famílias que estão debaixo do pacto. No Salmo 128 o homem que teme ao Senhor tem a bênção de ver os filhos de seus filhos na presença do seu Deus.
Esta é também a tônica do Novo Testamento. No primeiro sermão de Pedro, por ocasião da descida do Espírito Santo, o apóstolo afirmou que “para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2.39). É por esta razão que Paulo ordena os pais: “não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). É o próprio Paulo que nos fornece um bom exemplo da fé que passa de geração em geração ao escrever para Timóteo: “pela recordação que guardo da tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também em ti” (2Tm 1.5) – “permanece naquilo que aprendeste [...] e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3.14-15).
De volta aos símbolos de Fé
Creio ser este o entendimento confessional a respeito de a igreja crescer por meio de filhos, sobretudo, ao voltar, mais uma vez, os olhos para nossos símbolos de fé. Ao tratar do casamento, a Confissão de Westminster ensina que “A todos os que são capazes de dar um consentimento ajuizado, é lícito casar; mas é dever dos cristãos casar somente no Senhor; portanto, os que professam a verdadeira religião reformada não devem casar-se com infiéis, papistas ou outros idólatras; nem devem os piedosos prender-se desigualmente pelo jugo do casamento aos que são notoriamente ímpios em suas vidas ou que mantém heresias perniciosas” (XXIV.III).
Porque os puritanos enfatizavam este ensino bíblico de casamento de crentes com não crentes? A resposta pode ser encontrada na própria CFW. Na seção anterior você lê que “o matrimônio foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a propagação da raça humana por uma sucessão legítima” – mas repare bem o que vem a seguir – “e da Igreja por uma semente santa, e para impedir a impureza” (grifo meu).
O ensino é que a igreja se propaga por uma semente santa, ou seja, por filhos de crentes, educados nos caminhos do Senhor, daí a importância de ambos os pais temerem ao Senhor. Curiosamente, o próximo capítulo da Confissão trata da Igreja. No ensino sobre a Igreja visível, temos: “A Igreja Visível, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos; é o Reino do Senhor Jesus, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade ordinária de salvação”.
Os reformados entendem, então, que por causa do pacto os filhos de crentes pertencem à igreja visível do Senhor. Essa é uma razão suficiente para crer que a igreja cresce por meio da geração de filhos. Por causa das promessas da Aliança os cristãos apresentam seus filhos ao batismo, consagrando-os ao Senhor. Corroborando isso temos a resposta à pergunta 166 do Catecismo Maior: “ O Batismo não deve ser administrado aos que estão fora da Igreja visível, e assim estranhos aos pactos das promessas, enquanto não professarem a sua fé em Cristo e obediência a Ele; porém as crianças, cujos pais, ou um só deles, professarem fé em Cristo e obediência a ele, estão, quanto a isto, dentro do pacto e devem se batizadas”.
Isto está em acordo com o ensino bíblico. Quando escreveu aos coríntios tratando da questão dos cônjuges que se convertiam a despeito do seu par permanecer na incredulidade, Paulo ordenou que só poderia haver divórcio se proposto pela parte incrédula. Contudo, se a parte incrédula quisesse permanecer no casamento, o cônjuge crente não deveria deixar o seu parceiro. A consideração de Paulo após isso é importante para a nossa compreensão sobre os filhos de crentes. Diz o apóstolo: “Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos” (1Co 7.14). Note bem a diferença: o cônjuge incrédulo é santificado, enquanto o filho do crente é santo.
A esta altura alguém poderia argumentar que não há garantia de que os filhos nascidos em lares cristãos serão salvos (o que é uma verdade), logo, a igreja só cresceria, de fato, quanto houvesse verdadeira conversão. A isto respondo de duas maneiras: 1) Isso é verdade tanto no caso de filhos nascidos em lares cristãos quanto no caso de pessoas que professam a fé e vão para a igreja na idade adulta. Não há garantias de que tal pessoa, de fato, creu. Muitas pessoas fazem uma profissão de fé e depois abandonam a igreja. Pensando assim, não poderíamos comemorar nunca o crescimento da igreja, nem por novos convertidos que vêm de fora, nem por filhos de crentes que nascem num lar do pacto. 2) É obvio que quando falamos em crescimento da igreja só podemos nos referir à igreja visível. A igreja invisível consta do “número completo dos eleitos, que têm sido e que hão de ser reunidos em um corpo sob Cristo, a cabeça” (Resposta à pergunta 64 do CMW). O único que tem condições de saber se a igreja invisível está, de fato, crescendo quando alguém professa a fé é o Senhor da Igreja.
A despeito disso, há algo ainda a ser considerado. Ainda que não haja garantia de salvação para aqueles que nascem em um lar do pacto, considerando que o meio usado ordinariamente por Deus para chamar seus eleitos para à fé é a pregação da Palavra, aqueles que nascem em uma família cristã contam com uma bênção maravilhosa.
Esta bênção pode ser notada nas perguntas 61 e 63 do CMW. Na resposta à pergunta 61 temos: “Nem todos os que ouvem o evangelho e pertencem à Igreja visível serão salvos, mas unicamente aqueles que são membros verdadeiros da Igreja invisível”.
Apesar desta realidade, temos na pergunta 63: “Quais são os privilégios da igreja visível?”, a seguinte resposta: “A igreja visível tem o privilégio de estar sob o cuidado e governo especiais de Deus; de ser protegida e preservada em todos os tempos, não obstante a oposição de todos os inimigos; e de desfrutar da comunhão dos santos, dos meios ordinários de salvação e das ofertas da graça feitas por Cristo a todos os membros dela, no ministério do evangelho, testificando que todo o que crer nele será salvo, não excluindo a ninguém que queira ir a ele”.
Pra terminar...
Afirmar que um dos meios de a Igreja cresce é por meio da geração de filhos não é uma afirmação estranha, considerando o ensino bíblico-confessional. Esta afirmação, de forma alguma se opõe à verdade de que a salvação é pela graça, mediante a fé no evangelho que mostra aos homens a justiça de Deus.
Quando falamos de crescimento da Igreja só podemos considerar e constatar o crescimento da igreja visível, ainda que saibamos que muitos que nela estão não são eficazmente chamados pelo Espírito. A salvação pertence ao Senhor e somente ele conhece sua igreja invisível.
Confiados nas promessas do Pacto, cristãos precisam mesmo considerar o fato de ter filhos. Eles são vistos na Escritura como bênção e galardão e há misericórdia do Senhor até mil gerações daqueles que temem ao seu nome. Pais precisam confiar nisso, pois, ainda que o nascimento numa família cristã não seja uma garantia, a história demonstra que a salvação dos filhos de crentes é uma realidade evidente, apesar das exceções. Há bênçãos para as famílias que temem ao Senhor e a promessa continua pertencendo a nós e aos nossos filhos.
Diante disso, a Igreja precisa comemorar o nascimento de filhos do pacto com o mesmo entusiasmo que comemoram a conversão daqueles que vêm de famílias não crentes. Filhos criados diante do Senhor e chamados eficazmente pelo Santo Espírito serão bênção nas mãos do Senhor da Igreja.
[1] João Alves dos Santos. Os que morrem na infância: são todos salvos? Uma avaliação teológico-confessional-reformada. Acessado em 8/06/18: urlshortener.at/oqDG4