09 abril 2011

Estariam Herodes e Faraó também endemoninhados?

marionete [1]A pergunta é puramente retórica. Aqueles que conhecem um pouco da história bíblica sabem que não. Ela foi feita, porém, como ponto de partida para pensar um pouco sobre uma afirmação que li em um blog, a de que Wellington Menezes de Oliveira, o cruel assassino das crianças na escola de Realengo – RJ, seria alguém insano e possuído por demônios.

A tragédia entristeceu o Brasil e não era para menos. O saldo de tamanha brutalidade são 12 crianças mortas e 11 que permanecem internadas. A sociedade está chocada e muitos começam questionar as causas. Teria o assassino algum distúrbio mental? Estava ele possuído por demônios? O crime foi tão bárbaro que muitos se negam a acreditar que alguém em sã consciência seja capaz de uma monstruosidade como essa.

Como cristão, não posso deixar de pensar em toda essa questão à luz da Palavra de Deus. Faço, então, algumas considerações:

1. A queda afetou profundamente o homem

Ainda que o homem tenha sido criado santo, à imagem de Deus (Gn 1.26-28), com a desobediência de Adão (Gn 3) todos passaram, a partir de então, a ser inclinados para o mal. Tudo aquilo que o homem deseja, pensa e faz, está afetado pelo pecado. Paulo, citando vários textos do Antigo Testamento, pinta um retrato nada agradável do homem pós-queda. Diz o apóstolo:

como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos – Rm 3.10-18 (grifos meus).

A isso chamamos “depravação total”, resultado da queda de Adão. Nesse ponto você, leitor, pode estar dizendo: “mas eu não me enquadro nessa descrição tão horrível”, e eu respondo: não seja tão apressado. Repare que o texto afirma peremptoriamente que “não há um sequer”, portanto, eu e você, inevitavelmente fazemos parte do grupo.

É claro que o conceito de depravação total diz respeito à extensão e não à profundidade, ou seja, a doutrina quer ensinar que o pecado afetou todas as faculdades do homem e não que o homem é tão mal quanto poderia ser. Apesar de todos serem potencialmente capazes das piores atrocidades, não são todos que as cometem e isso por pelo menos 3 razões: a) Mesmo com a queda, o homem é ainda imagem e semelhança de Deus, ainda que essa imagem esteja distorcida; b) A graça comum de Deus, que alcança até os que se opõem a ele, refreia o pecado; c) O Espírito Santo, por meio da Palavra, santifica aqueles que foram regenerados pelo Senhor.

Diante disso, afirmar, ou mesmo cogitar, que o assassino só poderia estar insano ou endemoninhado para cometer tal barbárie é subestimar o poder do pecado e a consequência do afastamento entre o homem e Deus. O homem não precisa da ajuda do diabo para manifestar sua maldade inerente. Ele é capaz por si só, e muitas vezes o faz quando tem oportunidade.

2. As ações são resultado dos desejos do coração

Em um texto anterior demonstrei que o homem é governado pelo seu coração. Esse ensino é abundante nas Escrituras, o que controla o coração controla o homem. Salomão, com a sabedoria que lhe era peculiar escreveu que “como na água o rosto corresponde ao rosto, assim, o coração do homem, ao homem” (Pv 27.19). Jesus enfatizou que do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15.19).

Há quem diga que o homem é aquilo que ele come, referindo-se à saúde do corpo. A verdade bíblica, porém, é que o homem é aquilo que ele crê (e isso engloba também a forma como se relaciona com os alimentos). As ações são resultado de convicções, e as convicções resultado daquilo que controla o coração.

Muitos tentam desculpar o homem apontando para as questões sociais ou culturais como causa do “comportamento inadequado”, porém, mesmo sabendo que essas questões podem influenciar, elas não são determinantes, antes, tais circunstâncias servem para revelar o que está latente no coração do indivíduo que acaba por agir em conformidade com ele.

Demonstrarei isso de forma prática com duas histórias que também envolvem o assassinato de crianças, ambas dos personagens citados no título, Herodes e Faraó.

A Bíblia relata que por ocasião do nascimento de Jesus alguns magos chegaram a Belém inquirindo sobre o nascimento do Rei dos judeus. Herodes ficou alarmado com a notícia e mandou que os magos o avisassem. Quando percebeu que os magos o haviam iludido, pois foram divinamente advertidos em sonho, enfureceu-se e mandou matar todas as crianças abaixo de dois anos (cf. Mt 2.1-18).

O que governava o coração de Herodes era o desejo de permanecer sendo rei. Sua convicção era a de que qualquer ameaça à sua condição de rei deveria ser eliminada, e foi isso que tentou fazer, mandando matar as crianças.

A segunda história é bem anterior a essa, aconteceu logo depois que José, filho de Jacó morreu. O livro de Êxodo afirma que logo após sua morte, levantou-se um novo rei no Egito que não conhecia a José. Ele começou a preocupar-se com o crescimento dos hebreus e temendo que o povo, em vindo a guerra, se ajuntasse aos seus inimigos e saíssem da terra, mandou colocar feitores sobre o povo para afligi-lo. Porém, quando mais afligido, mais o povo crescia. O rei arquitetou então outro plano, mandou que as parteiras matassem todos os meninos que nascessem das hebréias, o que não aconteceu somente porque as parteiras foram desobedientes (Ex 1.1-22).

O que governava o coração do rei era o desejo de continuar dominando os hebreus. Sua convicção era a de que nada poderia atrapalhar isso e sua ação foi para que seu intento prevalecesse.

As histórias confirmam ainda mais a tese de que o homem é governado pelo seu coração quando percebemos que os guardas, temendo Herodes, mataram as crianças, enquanto as parteiras, por temer ao Senhor, desobedeceram ao rei.

Em nossos dias não é diferente. Os homens bomba muçulmanos explodem-se em atentados terroristas convictos de que receberão como recompensa vinho e 72 virgens. Certamente o assassino do Rio tinha também suas motivações, ainda que não saibamos quais eram e talvez nunca venhamos saber. Uma coisa é certa, atribuir o assassinato a distúrbios mentais ou a endemoninhamento implica em retirar dele toda a responsabilidade moral pelo ato.

3. Devemos ter cuidado com o nosso coração

Quando nos deparamos com um crime tão bárbaro como esse do Rio os sentimentos se misturam. Tristeza, revolta e ira, são apenas alguns deles, mas, diante do Senhor, devemos examinar nosso coração. Esse exame deve levar em consideração algo que vai além desta tragédia e deve ser abrangente o suficiente para abraçar outros acontecimentos ao redor do mundo, que são igualmente tristes e revoltantes.

Nosso coração é enganoso e pode pregar uma peça nada engraçada nos fazendo impactar com este evento e, contudo, expressar sentimentos que não tem direta relação com a glória de Deus e a compaixão com o próximo. Podem, antes, expressar um coração que, em seu egoísmo, pensa de si mesmo ser alguém que é melhor e procura desesperadamente alguém pior do que ele mesmo! O que estou tentando dizer é que a forma como lidamos com o pecado alheio pode revelar que, no fundo, achamos que somos capazes por nós mesmos de não fazer coisas semelhantes. Uma história que acho formidável e que revela um coração consciente da sua pecaminosidade e do cuidado de Deus envolve o pastor presbiteriano Matthew Henry. Conta-se que, ao voltar da universidade onde lecionava foi assaltado e fez a seguinte oração:

“Quero agradecer, em primeiro lugar, porque eu nunca fui assaltado antes. Em segundo lugar, porque levaram a minha carteira, e deixaram a minha vida. Em terceiro lugar, porque mesmo que tenham levado tudo, não era muito. Finalmente, quero agradecer porque eu fui aquele que foi roubado e não aquele que roubou”.

A percepção de Mattew Henry é perfeita. O que o diferenciava do ladrão era a maravilhosa graça de Deus que o havia regenerado e o conservava firme.

Devemos estar também muito bem conscientes disso. Aquele que é o único com poder para transformar um coração de pedra em um de carne (Ez 36.26) é o mesmo que nos ordena a guardar a Palavra nesse novo coração a fim de não pecar contra ele (Sl 119.1). É ele também que nos exorta a confiar nele, abandonando a autoconfiança, ao invés de presumirmos estar de pé por nossos próprios méritos, arriscando-nos a cair (1Co 10.11-13).

Para terminar...

Minha oração é para que o Deus de toda a consolação guarde e console o coração dos familiares e amigos das vítimas e para que o Senhor nos dê plena convicção de que, pecadores que somos, estamos sujeitos a atitudes também horríveis, a não ser que sejamos plenamente sustentados por sua graça e misericórdia.

Que agradeçamos ao Senhor porque se outrora éramos escravos do pecado, fazendo a vontade da carne e estando sob a justa ira de Deus, pela sua infinita graça, viemos a obedecer ao Evangelho e tivemos as disposições do coração corrupto modificadas, a fim de podermos servir de coração ao Redentor.

Que entendamos, sinceramente, que o que nos diferencia de homens que cometem esse tipo de atrocidade não é a nossa bondade em relação à maldade deles, mas a graça de Cristo Jesus que nos sustenta.

Que proclamemos que o Deus que nos redimiu é poderoso para salvar todos aqueles que, arrependidos, se achegam a ele pela fé. Lembre-se que o maior pregador cristão, Paulo, perseguia e matava os crentes, até que foi transformado pelo Senhor. Há redenção em Cristo Jesus!

Que busquemos, pela Escritura, conhecer mais o Redentor e que vivamos plenamente para sua glória e louvor.


[1] Sou devedor aos meus amigos Alan Rennê, Filipe Fontes, Jônatas Abdias e Ricardo Moura pela leitura que fizeram do texto antes de eu publicá-lo e pelas considerações importantíssimas para o resultado final.

07 abril 2011

01 abril 2011

Sobre a autoridade da Escritura

bibliautoridade2 É muito comum ouvir os cristãos falarem da Bíblia como autoridade e como regra de fé e prática, mas negarem essa afirmação em suas vidas diárias e, infelizmente, não são poucos os que caem, vez por outra, nessa inconsistência. É como já disse alguém, na prática a teoria é outra.

Quanto se fala em autoridade da Escritura é inevitável confrontar o pluralismo existente em nossos dias. Não há como negar que a sociedade, de um modo geral, tem abolido o conceito de verdade. Os absolutos não mais existem e aqueles que têm insistido em tratar de assuntos, quaisquer que sejam, pensando em termos de verdades absolutas são taxados de fundamentalistas.

O homem moderno não tem suportado a ideia de que exista uma verdade absoluta. O que importa hoje é a verdade “própria”. Só para exemplificar: no último senso do IBGE um entrevistador que veio a nossa casa estava explicando que na hora de preencher o formulário ele deveria marcar exatamente o que a pessoa dissesse. A pergunta era mais ou menos a seguinte: “que cor você considera ter?” e, se um negro dissesse que se considerava branco era isso que seria anotado na pesquisa, mesmo que o entrevistador estivesse constatando que não era verdade.

No campo religioso, já no começo do século XIX, Schleiermacher começava a questionar o cristianismo, que cria na exclusividade de Cristo para a salvação do homem. Sua afirmação era de que Deus “está salvificamente disponível, em algum grau, a todas as religiões, mas o evangelho de Jesus Cristo é o cumprimento e a mais alta manifestação da consciência religiosa universal”[1]. Nós continuamos a ouvir isso diariamente em afirmações do tipo: “todos os caminhos levam a Deus”.

O que causa espanto não é a postura do mundo, pois este, conforme ensina João, jaz no maligno (1 Jo 5.19), mas a postura de muitos cristãos que têm comprado a ideia de que não podemos nos posicionar de acordo com o que ensina a Bíblia, pois há outras formas de pensar e todas devem ser levadas em consideração.

MacArthur faz uma pertinente observação: “A maneira moderna de pensar, ‘toda-verdade-é-relativa’, tira a Bíblia do seu pedestal de autoridade e a coloca na prateleira como ‘mais um livro’.”[2]

Muitos têm dito, por exemplo, que não podemos crer “cegamente” no que a Bíblia diz sobre o surgimento do Universo e do homem, pois a ciência afirma que foi de outra forma. Não podemos também afirmar que a ansiedade seja pecado porque há várias teorias sobre a sua causa. Como já citado, a salvação exclusivamente por meio de Cristo também não pode ser proclamada, pois é, no mínimo, intolerância.

Não nos enganemos. No mundo pluralista em que vivemos aqueles que assumirem a crença na autoridade suprema da Escritura serão tidos como intolerantes, arrogantes, bitolados, fundamentalistas e muitos outros rótulos semelhantes, o que é extremamente contraditório, pois mostra que suposto pluralismo das ideias não tolera a ideia de que alguém creia em absolutos.

Qual deve ser, então, a atitude dos cristãs em meio a tudo isso?

Um dos princípios da Reforma Protestante é o Sola Scriptura. É preciso entender que com esse princípio os reformadores estavam rompendo de vez com a ideia da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) que considerava (e ainda considera) a tradição como tendo a mesma autoridade da Escritura. Para os reformados, a Escritura é a palavra final, a autoridade máxima em matéria de fé e doutrina.

Quando escreveu aos tessalonicenses o apóstolo Paulo deu graças a Deus justamente porque eles, ao ouvir a Palavra por meio de Paulo, acolheram “não como palavra de homens e sim como, em verdade é, a palavra de Deus” (1 Ts 2.13). Paulo reconhecia e entendia que a autoridade não era dele, mas da Palavra de Deus.

No capítulo 17 de Atos dos Apóstolos vemos um episódio interessante. Em Tessalônica Paulo havia visitado a sinagoga, e alguns foram persuadidos (17.4). Certamente é a eles que Paulo se refere em 1 Tessalonicenses 2.13, porém muitos judeus alvoroçaram a cidade contra Paulo. À noite Paulo e Silas são enviados para Bereia e, como de costume, dirigem-se à sinagoga (17.10). No versículo 11 os bereanos são elogiados porque recebiam a palavra pregada por Paulo com toda avidez, mas examinavam “as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (17.11).

A autoridade da Escritura é afirmada por toda a Bíblia. O apóstolo Paulo fazia questão de frisar que seu ensino era firmado na Escritura. Ensinando aos coríntios sobre a ressurreição ele diz que Cristo morreu, foi sepultado e ressuscitou segundo as Escrituras (1 Co 15.3,4). Quando foi acusado de ensinar doutrinas estranhas e provocar motim entre o povo, defendeu-se diante do governador Félix afirmando que servia a Deus “acreditando em todas as cousas que estejam de acordo com a lei e nos escritos dos profetas” (At 24.14).

O próprio Senhor Jesus em seu ministério demonstra a autoridade da Palavra ao ensinar que o povo deveria crer com base nela (Jo 7.38). Depois de sua ressurreição ele apareceu a dois discípulos no caminho de Emaús, que não o reconheceram (Lc 24.13-16). O texto diz que eles estavam entristecidos e preocupados e Jesus questionou-os sobre a razão dessa tristeza (24.17). A explicação que deram é que aquele que eles achavam que redimiria a Israel morreu e o seu corpo havia sumido (24.18-24). Jesus os repreendeu duramente dizendo: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (24.25-27).

Este episódio não deixa dúvidas. Os discípulos viram a morte e ouviram a notícia de que o corpo havia sumido, mas essa não deveria ser a palavra final sobre o assunto. A Palavra final era aquilo que as profecias afirmavam que iria ocorrer e Jesus, então, apela à autoridade da Escritura para ensinar os discípulos.

Sendo então a Escritura a Palavra autoritativa de Deus, é ela que deveria determinar tudo o que devemos fazer e também como fazer. Infelizmente esta não tem sido a realidade em nossos dias. Temos substituído o que a Bíblia ordena por aquilo que achamos que dá certo. É o pragmatismo do nosso mundo pluralista ditando o modo de agir da Igreja de Deus.

Tratando desse tema, James Boice escreve: “Confessamos sua autoridade [da Bíblia], mas não levamos em conta sua habilidade de fazer o que for necessário para atrair descrentes a Cristo, capacitar-nos a crescer em piedade, proporcionar direção para nossa vida, e transformar e revitalizar a sociedade. Assim, substituímos o evangelismo bíblico por coisas tais como a metodologia dos publicitários, experiências ‘religiosas’ especiais em vez de conhecimento da Palavra para promover e garantir a santificação, revelações especiais para discernir a vontade de Deus para nossas vidas, e uma confiança no poder dos votos e dinheiro para mudar a sociedade.”[3]

A Igreja de Deus é duramente golpeada quando seus filhos não têm a Escritura com autoridade em suas vidas. Como bem afirma Hanko: “Devemos entender que a autoridade da Escritura é a autoridade de Deus mesmo. Dizer que a Escritura é a Palavra de Deus é dizer que ela tem toda autoridade. Negar isso é negar a Deus; contradizer isso é contradizer o próprio Deus.”[4]

Em um mundo pluralista e em tempos que muitos crentes têm procurado apoiar sua fé em questões subjetivas, devemos recorrer à autoridade suprema da Escritura a cada dia.

Fujamos da hipocrisia de negar com atos o que dizemos crer e roguemos ao Senhor que nos dê forças para continuar crendo na autoridade da sua Palavra. Não tenhamos medo de confessar a autoridade da Escritura, pois ela emana do próprio Deus.


[1] Citado por Heber Carlos de Campos no artigo “O pluralismo do pós-modernismo” em Fides Reformata. Vol 2 n° 1. São Paulo: 1997, p. 6.

[2] John MacArthur Jr. Como obter o máximo da Palavra de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 58

[3] James M. Boice. O Evangelho da graça. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 64

[4] Ronaldo Hanko. A autoridade da Escritura. Publicado em www.monergismo.com, acessado no dia 21/01/2009.