De todos os falsos deuses, penso que o pior seja o que é chamado de Jesus. Não se preocupe, eu não apostatei da fé. Estou aqui a pensar na advertência de Jesus aos seus discípulos: “Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24.23-24).
Eu sei que a advertência se refere à questão da volta de Jesus, mas creio que ela pode ser aplicada também ao falso ensino acerca do Senhor, principalmente se considerarmos que ele falou sobre a necessidade de crer nele como revelado em sua Santa Palavra, ao dizer: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.38).
Não é de hoje que falsos mestres levam o povo ao erro, ensinando heresias a respeito do Filho de Deus. No Novo Testamento é possível verificar que falsos mestres ensinaram que ele não tinha um corpo físico (1Jo 4.2-3), que ele não havia ressuscitado (1Co 15.12-15) e que ele não mais voltaria (2Pe 3.9). No decorrer da história da Igreja, várias outras heresias foram ensinadas: Ele não era Deus; ele não era homem; ele foi adotado por Deus; ele foi a primeira criatura de Deus; etc. A teologia liberal fala de um “Jesus da fé”, fruto da crença dos discípulos, enquanto afirma que o “Jesus histórico” permaneceu morto. Fora do âmbito eclesiástico, outras concepções a respeito de Jesus, igualmente erradas, retratam-no como um revolucionário, um espírito iluminado, um grande mestre, etc. No Brasil há, inclusive, um maluco que afirma ser o próprio Jesus Cristo.
Qualquer ensino que negue que Jesus Cristo é o próprio Deus encarnado leva os homens a crer não do Messias prometido, mas em um falso deus. Quando se imagina um Jesus diferente da forma como ele é retratado nas Escrituras, os homens estão diante de um ídolo.
A consequência é que não há vida abundante para os que não creem nele como diz a Escritura. Anos atrás, foi-me encaminhado um irmão, pretensamente crente no Senhor Jesus, membro de uma igreja evangélica, plenamente engajado em sua igreja, ocupando inclusive cargos, e que passava por crises terríveis de ansiedade e depressão.
Em uma de minhas conversas com ele, após verificar que o que lhe tirava a paz eram vários pecados cometidos, os quais ele disse já ter confessado a Deus, sem contudo se ver perdoado e encontrar a paz, perguntei quem era Jesus, em sua concepção.
O que se seguiu foi um dos momentos mais esquisitos em todos os meus anos de aconselhamento pastoral. Aquele “irmão” me olhou e disse: “Eu acho que existe um planeta cheio de Jesuses, comprometidos com a paz interplanetária, e um desses veio para a Terra”. Após o susto inicial e a tentação de achar que eu estava sendo alvo de alguma pegadinha, ou câmera escondida, lembrei de uma de minhas leituras feitas ainda na adolescência (santa providência!) e perguntei se ele conhecia um livro chamado Eram os deuses astronautas?. Com a resposta afirmativa, comecei a evangelizar aquele homem, mostrando que aquele pretenso Jesus de fato não o levaria a experimentar a paz.
Este homem era estudado, havia feito até doutorado, destacando-se em sua área de atuação, mas estava profundamente enganado a respeito de Jesus Cristo. Sua crença não vinha da Palavra de Deus, mas de um livro que defende a tese da existência de seres inteligentes em outros planetas, que no passado trouxeram grandes conhecimentos à Terra e, por mais que ele fizesse parte de uma igreja evangélica e chamasse o seu deus de Jesus, o objeto de sua fé era um ídolo.
Sim, são terríveis as consequências de crer em Jesus à parte da Escritura. A despeito disso, muitos têm ensinado a respeito de um Jesus que é manipulado pelas orações, campanhas e “pagamentos de preço” dos fiéis, crença que em nada difere, por exemplo, do santo Antônio que é amarrado de cabeça para baixo a fim de que arrume um casamento para o fiel, ou das entidades a quem se oferecem sacrifícios com o fim de alcançar o que se almeja. Como é de se esperar de todo falso deus, esse ídolo chamado Jesus leva os fiéis à decepção e tristeza, pois não cumpre o que é anunciado pelos vendedores de campanhas.
É preciso rejeitar os falsos ensinos a respeito do Senhor Jesus, afinal de contas, como afirmou o próprio Redentor: “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). Quando os discípulos do caminho de Emaús estavam preocupados e entristecidos, após a morte de Jesus, ainda que tivessem ouvido que ele havia ressuscitado, foram repreendidos pelo Senhor que os chamou de néscios e tardos de coração. A razão de toda aquela tristeza era não crerem em tudo o que os profetas disseram a respeito de Jesus, por isso, “começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24.13-27).
Quando você ouvir sobre Jesus, faça como os bereanos! Ouça com atenção e confira nas Escrituras a fim de verificar se as coisas são de fato assim (At 17.11). Como ensina o Catecismo Maior de Westminster, “as Escrituras ensinam, principalmente, o que o homem deve crer acerca de Deus, e o dever que Deus requer do homem” (Pergunta 5).
Jesus é o Deus encarnado e Somente nas Escrituras você aprenderá corretamente a respeito dele a fim de encontrar salvação e vida abundante. Muito cuidado, então, para não estar crendo em um falso deus, pois um falso deus não salva, ainda que você o chame de Jesus.