tag:blogger.com,1999:blog-72397596461548315622024-02-25T18:14:20.937-03:00Mente Cativa"Minha consciência é cativa à Palavra de Deus"Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.comBlogger251125tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-44262348937419011902024-02-02T16:32:00.002-03:002024-02-02T16:38:00.669-03:00O presidente do Conselho vota?<p align="justify"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9EB28yY8OPfPFc-RniLJQrFSgb8MxG5hSd-UGeu1kOOr3TMnwYX1iPvtdsp35GEnW6uMwKHbPqw7j7RvHWwsQLAx7w-xkmjZ_W8o6NMIfsEoDgkdJKQyVouctLXvzAc9bK_9jd5-Hu35JKCaPeT_Ts3vdzQzXwYADYdavbZ36Ju3jpj4YWvzdS5nzMUQ/s644/manual.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="644" data-original-width="448" height="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9EB28yY8OPfPFc-RniLJQrFSgb8MxG5hSd-UGeu1kOOr3TMnwYX1iPvtdsp35GEnW6uMwKHbPqw7j7RvHWwsQLAx7w-xkmjZ_W8o6NMIfsEoDgkdJKQyVouctLXvzAc9bK_9jd5-Hu35JKCaPeT_Ts3vdzQzXwYADYdavbZ36Ju3jpj4YWvzdS5nzMUQ/w277-h397/manual.png" width="277" /></a></div>Este é um assunto que vez por outra traz certo incômodo, <span style="text-align: left;">leva a constrangimentos e suscita discussões nas Igrejas federadas à Igreja Presbiteriana do Brasil. Há quem defenda que o presidente dos concílios, sobretudo o presidente do Conselho da Igreja, só vota em caso de desempate ao fazer uso do chamado “voto de qualidade” ou “voto de desempate”.</span><p></p><p></p> <p align="justify">É preciso recorrer ao Manual Presbiteriano a fim de pensarmos na questão. Primeiramente chamo a atenção ao que preceitua o Art. 3 da CI/IPB: <font face="Futura"><em>“O poder da igreja é espiritual e administrativo, residindo na corporação, isto é, nos que governam e nos que são governados”</em></font>.</p> <p align="justify">O §2º do mesmo artigo explica como se dá o exercício de autoridade dos que governam: <em>“A autoridade dos que governam é de ordem e de jurisdição. [...] É de <u>jurisdição, quando exercida coletivamente por oficiais, em Concílios</u>, para legislar, julgar, admitir, excluir ou transferir membros e administrar comunidades”</em> (destaques meus).</p> <p align="justify">Atente bem aos destaques, pois estas expressões são imprescindíveis para entender o que vem a seguir. </p> <p align="justify">Concílios, conforme a CI/IPB <em>“são assembleias constituídas de ministros e presbíteros regentes”</em> (Art. 59). São eles: <em>“Conselho da Igreja, Presbitério, Sínodo e Supremo Concílio”</em> (Art. 60). O artigo 61 afirma que casa um deles exerce <em>“jurisdição original e exclusiva sobre todas as matérias da sua competência”.</em></p> <p align="justify">Ao tratar dos membros do Concílio, a CI estabelece diferenças: Somente membros <em>“efetivos”</em>, a saber, <em>“ministros e presbíteros que constituem os Concílios, bem como o presidente da legislatura anterior”</em> (Art. 66 letra “a”) têm o direito de votar. Os membros <em>“ex-offício”</em> (letra b) e <em>“correspondentes”</em> (letra c) podem usar a palavra, mas sem direito a voto e no caso de membros <em>“visitantes”,</em> sequer podem fazer uso da palavra, podendo apenas tomar assento na reunião (letra d).</p> <p align="justify">Agora preste bem a sua atenção ao Parágrafo único deste artigo: <em>“O disposto na alínea b deste artigo não se aplica aos Conselhos”</em>. Qual a razão de ser deste parágrafo?</p> <p align="justify">O Art. 75 reza que <em>“o Conselho da Igreja é o Concílio que exerce jurisdição sobre uma Igreja e é composto do pastor, ou pastores, e dos presbíteros”</em>. Lembre-se de que a jurisdição <em>“é <u>exercida coletivamente</u> por oficiais, em Concílios, para legislar, julgar, admitir, excluir ou transferir membros e administrar comunidades”</em>. </p> <p align="justify"><strong>Para exercer jurisdição sobre a igreja o Conselho precisa votar!</strong> Se a jurisdição é exercida <u>coletivamente por docentes e regentes</u>, todos precisam ter direito a voto, mas ao olhar para o Art. 78 em seu § 3º nota-se que <em>“havendo mais de um pastor, a presidência será alternada, salvo outro entendimento; se todos estiverem presentes, <u>o que não presidir terá direito a voto</u>”</em>.</p> <p align="justify"><strong>É preciso entender bem este parágrafo, pois é a partir dele que surge a controvérsia acerca de o presidente do Conselho poder ou não votar.</strong></p> <p align="justify">O Art. 30 define que <em>“o Ministro do Evangelho é o oficial consagrado pela Igreja, representada no Presbitério, para dedicar-se especialmente à pregação da Palavra de Deus, administrar os sacramentos, edificar os crentes e <u>participar, com os presbíteros regentes, do governo e disciplina da comunidade</u>”</em>, ou seja, junto com os regentes ele tem jurisdição sobre a igreja.</p> <p align="justify">Estou insistindo na questão da jurisdição por uma razão importante. O Art. 33 estabelece que <em>“o ministro poderá ser designado pastor efetivo, pastor auxiliar, pastor evangelista e missionário”</em>. Ao olhar para a definição de cada um deles você percebe que o Efetivo é eleito pela igreja ou designado pelo Presbitério. <u>Ele tem jurisdição</u> sobe a igreja, junto com os regentes (§ 1º).</p> <p align="justify">Entretanto, <em>“é pastor auxiliar o ministro que trabalha <u>sob a direção do pastor</u>, <u>sem jurisdição</u> sobre a Igreja, <u>com voto</u>, porém, no Conselho, onde tem assento <u>ex-officio</u> [...]”</em> (§2º).</p> <p align="justify">Aqui você já percebe algumas coisas. Primeiramente a razão de haver o parágrafo único do Art. 66. Lá é dito que membros <i>ex-officio</i> dos concílios <em>“gozam de todos os direitos, menos o de votar”</em>, exceto no caso de Conselho da Igreja, concílio em que o ministro tem assento <i>ex-officio</i> <u>com direito à voto</u>.</p> <p align="justify">Algo deve chamar a sua atenção aqui! Se o pastor auxiliar não tem jurisdição sobre a Igreja, por que razão ele tem direito à voto, visto que é por meio do voto que o Ministro participa <em>“com os presbíteros regentes, do governo e disciplina da comunidade”</em> (Art. 30)? Voltemos, então, ao Art. 78 § 3º:</p> <p align="justify">a) <em>“Havendo mais de um pastor”</em> – Um efetivo e seu auxiliar;</p> <p align="justify">b) <em>“a presidência será alternada, salvo outro entendimento”</em> – Como o auxiliar trabalha “sob a direção” do efetivo, cabe a este definir se haverá ou não alternância;</p> <p align="justify">c) <em>“se todos estiverem presentes, o que não presidir terá direito a voto”</em> – O espírito da lei aqui parece ser o de impedir que o efetivo tenha “dois votos”. O dele, por direito, e o do auxiliar que trabalha sob sua direção.</p> <p align="justify">Considerando que o auxiliar não tem jurisdição sobre a Igreja, em tese, ele nem precisaria estar presente na reunião, por não ter direito a voto. <b>Neste caso, havendo somente o Pastor efetivo na reunião ele vota livremente em qualquer matéria, caso entenda que deva. É seu direito constitucional e dever de ofício na jurisdição da Igreja junto aos regentes.</b></p> <p align="justify">Entretanto, caso todos estejam presentes, somente o que não presidir terá direito a voto. Desta forma, ou o Pastor Efetivo, se quiser votar, passa a presidência ao auxiliar, ou, se preferir presidir, dá ao auxiliar o direito de voto.</p> <p align="justify"><b>Desta maneira, somente em Igrejas em que haja mais de um pastor é que o Presidente do Conselho não pode votar.</b> Se não for assim, estaremos diante de uma situação, no mínimo, estranha em que um Pastor efetivo, eleito ou designado, é impedido de exercer jurisdição sobre a Igreja, enquanto o auxiliar, que a CI/IPB afirma categoricamente não ter jurisdição sobre a Igreja, ganha o direito de... “jurisdicionar a Igreja por meio do seu voto”. Isto é claramente contraditório.</p> <p align="justify">Ao consultar o Digesto Presbiteriano percebe-se que desde 1970 tem sido entendimento da Igreja Presbiteriana do Brasil que o Presidente pode votar, como segue:</p> <p align="justify">“CE - 1970 - DOC. LX: Consulta Sobre Voto de Desempate - Doc. LVII - Quanto ao Doc. 57, consulta sobre voto desempate pelos presidentes de concílios, a CE-SC/IPB: [...] resolve: Reconhecer ao Presidente de um concílio o direito de dar o seu voto nos casos de empate, <u>independentemente do seu direito de votar também como membro efetivo do seu concílio</u>.”</p> <p align="justify">“CE - 2003 - DOC. VI: Quanto ao Doc. 75 da CE/SC-IPB 2003: Quanto ao Documento 17, da CE-SC/2002, encaminhando documento do Sínodo Norte Paulistano, que por sua vez, encaminha documento do Presbitério Norte Paulistano, solicitando que o SC-IPB tome nula a resolução SC-90 Doc. CXL, sobre voto de desempate nos Concílios. Considerando: <u>1 – Que o presidente de um Concílio é seu membro efetivo (Art. 66, alínea “a” CI-IPB), tendo, portanto direito a votar, como os demais membros efetivos; 2) Que o presidente de um Concílio, em caso de empate em uma votação, inclusive quanto da eleição da Mesa, deve dar o seu voto de desempate, nada obstante, ter votado anteriormente (Art. 8, alínea “I” RI-SC-IPB e outros); 3 – Que mesmo causando-lhe certo constrangimento é seu dever de ofício proceder a este ato; 4 – Que certamente ao fazê-lo não será movido por questões pessoais, mas levando em consideração o bem do Concílio e sua consciência</u>. O Supremo Concílio Resolve: 1 – Revogar a resolução SC/90, Doc. CXL. 2 – <u>Reiterar quem em casos desta natureza, o presidente exerça livremente o seu dever constitucional</u>”.</p> <p align="justify">“SC - 2018 - DOC. CCXVIII: Quanto ao documento 227 – [...] Resolve: [...] 4. Esclarecer que o critério de desempate a ser adotado nas eleições para os cargos da mesa Diretora e nas demais decisões dos Presbitérios será o <u>voto do Presidente, nada obstante o seu direito de ter votado anteriormente</u>, como membro efetivo de seu Concílio; 5. <u>Reconhecer a vigência da Resolução Doc. 060 da CE-SC/IPB-1970</u>;”</p> <p align="justify">Diante do exposto, <b>fica evidente que o Presidente do Conselho, bem como os presidentes dos demais concílios da IPB tem direito a votar as matérias livremente e, se for o caso, por dever de ofício, dar também o voto de desempate</b>.</p> <p align="justify">Neste ponto, pensando na questão ética e no espírito da lei, coloco duas questões:</p> <p align="justify">1. Poder e dever são duas coisas bem distintas. Particularmente, creio que o pastor não deve se furtar de votar nas matérias que envolvem o pastoreio da Igreja (jurisdição), mas que deve se abster quando se tratar de matéria que o envolva diretamente, como por exemplo, aumento salarial. Imagine, por exemplo, um cenário em que o resultado ficou 3 x 2 com o voto dos regentes e o docente usa seu direito de voto para empatar e posteriormente desempatar a matéria. A não ser que seja o caso de ele votar e desempatar em desfavor próprio, em minha opinião a atitude seria imoral;</p> <p align="justify">2. Uma segunda questão diz respeito ao que temos em algumas Igrejas hoje e que, certamente, não era comum em 1950 quando foi promulgada a CI/IPB, o fato de haver igrejas com mais de um pastor auxiliar. Digo isto porque o texto constitucional afirma que <em>“se todos [os pastores] estiverem presentes, o que não presidir terá direito a voto”</em>. Perceba que não são <u>os que</u> não presidirem, mas <u>o que</u> não presidir.</p> <p align="justify">Imagine o caso de um Efetivo que tenha 6 regentes e 4 pastores auxiliares. Estando os auxiliares sob sua direção, não é incomum que votem com o “chefe”. Desta forma, bastariam dois regentes para o pastor efetivo aprovar o que quisesse na igreja. Isso mata o sistema presbiteriano!</p> <p align="justify">Talvez aqui alguém objete que há Efetivos que deixam seus auxiliares livres para votar como quiserem, mesmo que seja contra a sua posição. Ainda que aconteça, entendo que está errado, pois 4 pastores auxiliares que não foram eleitos pela igreja e que não tem jurisdição sobre ela estariam decidindo as matérias, usurpando o direito dos regentes que foram devidamente eleitos pela igreja e que, em decorrência disso, têm sobre ela a jurisdição espiritual.</p> <p align="justify">Neste caso, apesar de a letra fria da lei permitir que todos os auxiliares votem por não estarem presidindo, penso que tal ato vai contra o espírito da lei que promove o pastoreio por parte do Conselho, a saber, presbíteros eleitos pela igreja e o pastor eleito ou designado pelo presbitério para tal fim, estes sim, com pleno direito de governar os que estão sob sua jurisdição.</p> <p align="justify">Penso que este entendimento pode colocar fim às disputas carnais que muitas vezes ocorrem no âmbito da Igreja, onde Ministros querem se valer dos seus auxiliares para executar sua vontade e presbíteros querem tratar pastores efetivos como meros executores daquilo que eles decidem “sozinhos”, sem o voto do Presbítero Docente que foi igualmente eleito pela igreja. É bom lembrar que <em>“o presbítero tem nos Concílios da igreja autoridade igual a dos ministros”</em> (CI/IPB Art. 52). Notem bem, não superior, nem inferior, mas igual.</p> <p align="justify">Desta forma, em suas decisões, o Concílio pode afirmar sem hipocrisia: “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At 15.28) e, sujeitos a Cristo, o Supremo Pastor, presbíteros docentes e regentes podem pastorear fielmente o rebanho que lhes foi confiado, para a glória de Deus!</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-40506202461147113282024-01-31T16:16:00.001-03:002024-01-31T16:19:46.520-03:00Onde está a sua confiança?<a href="https://drive.google.com/uc?id=1QsK0aWRyTPqfHkc28Ms-_fWt4lB85kW0"><img title="cruz" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="cruz" src="https://drive.google.com/uc?id=1GRpKMZV_B0SPBFXdMq8VEaYW28YEBU17" width="374" height="282" /></a> <p><font color="#000000">Desde que pecou contra o Senhor no Jardim do Éden o homem está envolto à ilusão da autonomia. Na tentação foi exatamente a promessa de autonomia que foi feita por Satanás à mulher: <i>“Deus sabe que no dia em que dele [do fruto] comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”</i> (Gn 3.5), ou seja, a ideia é de que, sendo igual a Deus, não haveria necessidade de ninguém que apontasse o caminho ou estabelecesse o que era certo ou errado. Por si só, o homem saberia.</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">A queda lança toda a humanidade em um estado de pecado e miséria, mas como já afirmei, a ilusão da autonomia continua presente. Em sua insensatez o homem tenta se livrar da verdade de que existe um Deus no céu e corrompem-se em seu próprio caminho (Sl 14.1) até o dia em que descobrirá que seu caminho é um caminho de morte (Pv 14.12).</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Não é sem razão que Jeremias registra a Palavra do Senhor que afirma ser <i>“maldito o homem que confia no homem, </i>[e que] <i>faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor”</i> (Jr 17.5).</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Para se achegar a Deus o homem precisa reconhecer que não consegue caminhar sozinho, pois sozinho só encontrará a morte eterna, e se render a Cristo. Não há outro meio de se achegar ao Pai como ele mesmo afirmou: <i>“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”</i> (Jo 14.6). </font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Esta mensagem é reverberada pelos apóstolos. Pedro pregou que <i>“não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”</i> (At 4.12) e Paulo afirmou que <i>“há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”</i> (1Tm 2.5).</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Você depende totalmente do Senhor para a salvação e não só isso, depende totalmente dele para santificar a sua vida a fim de apresentá-lo santo no dia final, razão de Paulo afirmar que estava bem convicto <i>“de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”</i> (Fp 1.6).</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Em sua caminhada aqui, debaixo do sol, diariamente você estará diante de dois caminhos: confiar plenamente no Senhor ou sucumbir à tentação de confiar em si mesmo, nas pessoas à sua volta ou nos recursos. É claro que é o próprio Senhor que provê capacidade, companheirismo e recursos, mas você não deve confiar primariamente nestas coisas, antes, precisa reconhecer que, em última instância, é o Senhor o provedor, logo, nele deve estar a confiança.</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Deixe-me ilustrar isso com a história de dois crentes do Antigo Testamento, que enfrentaram dilemas parecidos, Elcana (1Sm 1) e Isaque (Gn 25). Ambos tiveram mulheres estéreis, Rebeca e Ana. A esterilidade, sobretudo no Antigo Testamento, era algo que trazia muita tristeza às mulheres. Além disso, no caso de Ana, sua esterilidade deu ensejo à sua rival para que a provocasse (1Sm 1.6).</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Pois bem, ambos os maridos amavam suas esposas. O livro de Samuel mostra Elcana cuidando de Ana, dando a ela porção dupla do sacrifício e demonstrando preocupação ao vê-la triste (1Sm 1.4-8). Entretanto, Elcana oferece a si mesmo como “conforto” para a esposa sem filhos: <i>“Por que estás de coração triste? Não e sou eu melhor do que dez filhos?”</i>. A despeito da “boa intenção” e do desejo de ajudar, a ajuda oferecida não traz conforto.</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Contrasta com a atitude de Elcana o que fez Isaque. O texto de Gênesis registra que <i>“Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril; e o Senhor lhe ouviu as orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu” </i>(Gn 25.18). Isaque não tenta consolar com palavras vãs, mas busca aquele que é o único que pode mudar a sorte de alguém, o próprio Deus. Curiosamente, buscar ao Senhor é o mesmo que faz Ana. Ela não se contenta com as palavras apressadas do marido e também busca ao Senhor que a abençoa e ela também concebe (1Sm 1.9-20).</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">À semelhança do que fez Elcana, muitos cristãos, em vez de buscar ao Senhor, tentam resolver os seus problemas desconsiderando o Senhor. O problema disto é que qualquer coisa ou pessoa que pretensamente seja apresentado como fonte de alegria, paz, segurança e tantas outras bençãos que há no Senhor serão meros paliativos e trarão ainda mais insegurança a quem neles confia.</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><a name="_Hlk157604476"><font color="#000000"> Você percebe isto nas palavras de Jesus que exortou os discípulos a não buscarem tesouros sobre a terra, mas no céu, apontando para o caráter perecível dos tesouros da terra que <i>“traça e ferrugem corroem e [...] ladrões escavam e roubam”</i> (Mt 6.19). Não sem razão, no contexto, Jesus demonstrou que o coração dividido entre dois senhores viverá ansioso.</font></a></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Ao confiar no dinheiro, por exemplo, haverá sempre a preocupação em perdê-lo. Ao colocar a esperança de alegria em uma pessoa, o coração ficará aflito por saber que, a qualquer momento, a morte pode ceifar aquele que se transformou em fonte de alegria.</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Desta maneira, é imperativo que os seus olhos estejam fitos em Jesus Cristo. Nele deve estar a sua confiança. Se você estiver convicto de tudo isto conseguirá se beneficiar das bênçãos concedidas pelo Senhor e, mesmo que venha a ficar sem elas, terá a mesma atitude de Jó que exclamou: <i>“Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”</i> (Jó 1.21). </font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><font color="#000000">Se estiver confiado no Senhor poderá, como Paulo, afirmar: <i>“aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”</i> (Fp 4.11-12).</font></p> <font color="#000000"></font> <p align="justify"><a name="_Hlk157604146"><font color="#000000">Você não é autônomo. Se quiser viver como se fosse, estará sempre aflito e sem esperança. Confie no Senhor e seja sempre fortalecido por ele!</font></a></p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-65179181025784488102023-12-05T18:56:00.001-03:002023-12-05T18:56:38.442-03:00Os ídolos nada podem<a href="https://drive.google.com/uc?id=1FrqyQsXU8clX2swf6fbT59fSloUPKuDb"><img title="Dagon" style="border: 0px currentcolor; margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="Dagon" src="https://drive.google.com/uc?id=1jF3enBVGgBsxmPgTsTypU2eb0Raduv0x" width="336" height="223" /></a> <p>No primeiro livro de Samuel é narrada a derrota do povo de Deus para os filisteus e a tomada da Arca da Aliança por parta destes (1Sm 4). Israel foi para a peleja e perdeu cerca de quatro mil homens. Isto fez o povo lamentar e perguntar sobre a razão da derrota. </p> <p align="justify">Chegaram à conclusão de que a derrota se deu porque a Arca não estava entre o povo. Certamente havia na mente daqueles homens o episódio em que, tendo a Arca à sua frente, o exército de Israel venceu a poderosa Jericó. Mandaram, então, trazer a Arca para o meio do exército (1Sm 4.1-4).</p> <p align="justify">Entretanto, eram tempos diferentes. Por ocasião da batalha em Jericó o povo estava vivendo em santidade. Agora, ladeando a Arca, símbolo da presença do Senhor, estavam dois sacerdotes profanos, Hofni e Fineias. O povo estava longe dos caminhos do Senhor e isso era visto no próprio sacerdócio. Desta forma, houve grande derrota, Hofni e Fineias foram mortos e a Arca foi tomada e levada pelos filisteus como um troféu. Eles a colocaram no templo de Dagom.</p> <p align="justify">Entretanto, algo ocorreu na terra dos filisteus. Os homens de Asdode viram o seu deus caído por terra, prostrado diante da Arca do Senhor. Eles tornaram a colocar Dagom de pé, mas no dia seguinte encontraram o seu deus não só caído de bruços diante da Arca, mas também com a cabeça decepada.</p> <p align="justify">A mensagem aos filisteus é clara. Dagom não pode nada. Ele não conseguiu sequer levantar-se sozinho quando apareceu prostrado pela primeira vez. Além disso, agora estava partido ao meio. O Deus de Israel é o único Deus Verdadeiro. Ele é poderoso, o que é visto em seu julgamento contra os filisteus em 1Samuel 5.</p> <p align="justify">Mas há também uma mensagem a Israel. Sendo Deus tão poderoso, por que o povo perdeu a batalha, mesmo com a presença da Arca entre eles? Considerando o contexto da passagem, a resposta é simples. O povo não confiava em Deus. Naqueles dias eles viviam uma religião meramente nominal, confiando nos símbolos (Arca) e rituais. Eles não perderam porque Dagom era poderoso, mas porque estavam longe do Senhor.</p> <p align="justify">Por vezes, muitos do povo de Deus, mesmo tendo o Senhor em seus lábios, vivem com o seu coração apartado do Senhor. Pior, sempre que isso acontece, acaba-se levantando ídolos no coração e colocando a confiança em falsos deuses. Não são poucos os que colocam a sua esperança, confiança e buscam alegria e satisfação naquilo que foi criado por Deus em vez de buscar no Senhor.</p> <p align="justify">Quando, em vez de usufruir das bênçãos lícitas doadas pelo Senhor como dinheiro, sexo, entretenimento, comida e bebida, os crentes se deixam dominar por elas, fazendo delas a fonte de sua satisfação, estão incorrendo em idolatria e se dobram diante de falsos deuses que nada podem.</p> <p align="justify">Esta loucura é descrita por Isaías de forma bastante irônica. O texto de Isaías 41.6, muitas vezes citado fora de contexto, sendo até usado para tema de congresso de jovens: <i>“Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte”</i>, mostra nos versículos seguintes tal ironia. Em nossa tradução não é possível perceber que há várias palavras e expressões que têm a mesma raiz no texto hebraico. Eu vou demonstrar isso entre colchetes para que fique clara a insensatez que é confiar em ídolos:</p> <p align="justify"><i>“Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte</i> [FIQUE FIRME ou fortalecido]<i>. Assim, o artífice anima</i> [FIRMA ou fortalece]<i> ao ourives, e o que alisa com o martelo, ao que bate na bigorna, dizendo da soldadura: Está bem feita. Então, com pregos fixa</i> [FIRMA ou fortalece]<i> o ídolo para que não oscile. Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo, tu a quem tomei </i>[FIRMEI ou fiz firme, fortalecido]<i> das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei [...] Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo</i> [FIRMO ou seguro]<i> pela tua mão direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo” </i>(Is 41.6-9; 13).</p> <p align="justify">A ideia é a seguinte. Estes homens estão forjando uma imagem de escultura em quem colocam a sua confiança, mas quem fortalece a eles não é o ídolo, é um ou outro. O ídolo não pode fortalecê-los, pois depende dos seus criadores para ele mesmo ficar firme. Ele é frágil. Por outro lado, o Senhor é aquele que fortalece e ampara o seu povo que não precisa de ídolos, mas somente do Senhor.</p> <p align="justify">Algo interessante é a expressão dos idólatras. Após fazer o ídolo eles declaram: está bom! Agora pense um instante. Após o Senhor criar o homem à sua imagem e semelhança, ainda quando o homem estava em seu estado de santidade, ele afirmou que “era muito bom”. Ao retratar a criação do homem Davi afirma que ele foi feito <em>“por um pouco, menor do que Deus”</em> (Sl 8.5). Não poderia ser diferente! O homem é sim a coroa da criação, mas não poderia ser maior que seu Criador.</p> <p align="justify">Mudando o que tem de ser mudado, quando homens pecadores formam um ídolo, eles também o fazem à sua própria semelhança e eles também não são melhores que seus criadores pecadores. Você já reparou, por exemplo, em como os deuses do panteão greco-romano adulteram, mentem, embriagam-se, sentem ciúmes e cometem os mesmos pecados daqueles que os adoram? Os ídolos não são melhores que os que neles confiam. Como confiar em deuses assim?</p> <p align="justify">Contudo, mais do que condenar os que confiam em imagens de escultura, é preciso avaliar o coração a fim de verificar se ele não está, também, cofiando em ídolos que nada podem como o dinheiro, sexo, entretenimento, comida, bebida e muitas outras coisas que, repito, são boas dádivas do Senhor, mas não podem dominar o seu coração, pois se eles nada podem, o fim para os que neles confiam será a frustração, tristeza e desesperança.</p> <p align="justify">Voltando à história do primeiro livro de Samuel, lembre-se que Israel não perdeu a batalha por ser Dagom mais poderoso que o Senhor. Perdeu porque, apesar de declarar o Senhor com os lábios, o coração estava apartado dele. </p> <p align="justify">Se você tem se deixado vencer pelos desejos idólatras do seu coração, não é porque eles são poderosos e sim porque você não está buscando verdadeiramente a Cristo em quem você tem todas as coisas suficientes para a vida e para a piedade (2Pe 1.3).</p> <p align="justify">Você precisa crescer no conhecimento de Jesus. Ele é o único Deus Verdadeiro que fortalece a todo o que nele crê. Unido a ele você será santificado pelo Espírito que opera por meio da Palavra e, fortalecido, fará bom uso de tudo o que o Senhor criou, sem se deixar dominar por nenhuma delas, na certeza do que ensinou Paulo de que <i>“tudo o que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque pela palavra de Deus e pela oração, é santificado”</i> (1Tm 4.4-5). Confie naquele que o toma pela mão direita e o ajuda!</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-17737033458824251162023-08-24T22:12:00.001-03:002023-08-24T22:12:54.085-03:00Elogie em público, corrija em particular<a href="https://drive.google.com/uc?id=1YYDtSHtveFbUDV0jenB8GZH3k0d3qDcm"><img title="publico-privado" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="publico-privado" src="https://drive.google.com/uc?id=1UlY5t5-v15glHeru45pLiWm0MLa9COzU" width="450" height="247" /></a> <p align="justify">A primeira vez que ouvi esta bobagem foi em um vídeo curto do Mário Sérgio Cortella. Ao falar a respeito de um episódio em que iria corrigir um aluno ele diz que o fez no fim da aula apresentando a seguinte razão: “Você elogia em público, o elogio tem que ser público, mas a correção tem que ser no privado. Porque senão você humilha a pessoa, não corrige. Você não produz nela arrependimento, você produz raiva”.</p> <p align="justify">Afirmo categoricamente que é uma bobagem, pois qualquer leitor que conhece as Escrituras pode facilmente se lembrar do episódio a seguir: <i>“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque <u>se tornara repreensível</u>. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, <u>vi que não procediam corretamente</u> segundo a verdade do evangelho, <u>disse a Cefas, na presença de todos:</u> se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, porque obrigas os gentios a viverem como judeus?”</i> (Gl 2.11-14).</p> <p align="justify">Perceba algo importante! Além de ter repreendido a Pedro na presença de muitas pessoas em Antioquia, Paulo escreveu o fato em uma carta que foi enviada à Igreja dos gálatas. Ou seja, além dos que estavam presentes no momento, irmãos que viviam a cerca de 600 km do local em que houve a repreensão ficaram sabendo do ocorrido. Eu e você, distantes tanto geográfica quanto temporalmente, também sabemos da história.</p> <p align="justify">Assumir como verdade a definição de Cortella implica que Paulo não foi um bom amigo e pode ser até que alguém diga mesmo que a ação de Paulo foi errada. Por isso é importante saber que esta não foi a única vez. Na carta escrita a fim de ser lida na Igreja de Filipos há algo parecido. Imagine a cena! Os irmãos estão reunidos e a carta começa a ser lida. Em certo ponto é dito: <i>“O que eu rogo a Evódia e também a Síntique é que vivam em harmonia no Senhor”</i> (Fp 4.2)</p> <p align="justify">Apesar de não estar presente fisicamente, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, expõe diante de toda a congregação o pecado destas irmãs, rogando a outro membro da igreja, que ele trata como “fiel companheiro de jugo”, que auxiliasse a reconciliação (Fp 4.3).</p> <p align="justify">Contrariando o que diz Cortella, que chamar a atenção de alguém em público em vez de arrependimento produz raiva, lembro o elogio feito por Pedro, em sua segunda carta, àquele que o repreendeu em público: <i>“e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o <u>nosso amado irmão Paulo</u> vos escreveu, segundo <u>a sabedoria</u> que lhe foi dada”</i> (2Pe 3.15). </p> <p align="justify">Isto mostra o quão real é o que está registrado em Provérbios: <i>“Quem repreende o próximo obterá por fim mais favor do que aquele que só sabe bajular”</i> (Pv 28.23 – NVI) e ainda, <i>“melhor é a repreensão feita abertamente do que o amor oculto. Quem fere por amor mostra lealdade, mas o inimigo multiplica beijos”</i> (Pv 27.5-6 – NVI).</p> <p align="justify">O ensino bíblico, portanto, é diametralmente oposto ao que disse Cortella, mas, infelizmente, já o vi sendo repetido de púlpito por mais de um pregador. Isto mostra que, muitas vezes, a pretensa sabedoria deste mundo tem sido assimilada por cristãos sem o devido cuidado de conferir se há eco na Escritura.</p> <p align="justify">Minha suspeita é que o ensino de Cortella seja acolhido tão prontamente porque ele visa proteger algo que, para o homem, é muito caro: sua reputação. Ser repreendido ou corrigido publicamente, de fato, pode levar à vergonha. É preciso saber, entretanto, que o desejo por uma boa reputação não pode ser maior que o amor à verdade. Erros e faltas públicas podem levar outros ao engano e se a correção ficar apenas no âmbito particular, o faltoso poderá ser edificado (caso dê ouvidos), mas seus ouvintes permanecerão no erro.</p> <p align="justify">Aos leitores presbiterianos eu lembro que este é exatamente o entendimento que temos em nosso código de disciplina (CD/IPB). Nele lemos que “as faltas são de ação ou de omissão, isto é, a prática de atos pecaminosos ou a abstenção de deveres cristãos; ou, ainda, a situação ilícita” (Art. 6º). No parágrafo único deste artigo é dito que “as faltas são <b>pessoais</b> se atingem a indivíduos; <b>gerais</b>, se atingem a coletividade; <b><u>públicas</u></b>, se se fazem notórias; <b>veladas</b>, quando desconhecidas da comunidade”.</p> <p align="justify">Caso haja condenação em um processo disciplinar “os concílios devem dar ciência aos culpados das penas impostas: a) por faltas <b>veladas</b>, perante o tribunal ou em particular; b) por faltas <b>públicas</b>, casos em que, além da ciência pessoal, <u>dar-se-á conhecimento à igreja</u>” (Art. 14).</p> <p align="justify">Não caia, portanto, no erro de achar que o elogio é sempre público enquanto a correção é sempre em particular. Há momentos em que admoestações precisarão ser feitas em público por amor ao Senhor, ao faltoso e aos que estão presenciando a falta. Por isso, lembre-se também que o mesmo apóstolo que repreendeu a Pedro publicamente ensinou: <i>“seguindo </i>[lit.: falando]<i> a <u>verdade em amor</u>, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e <u>edifica-se a si mesmo em amor</u>, na medida em que cada parte realiza a sua função”</i> (Ef 4.15-16).</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-54897099835501088322023-08-23T14:06:00.001-03:002023-08-31T14:36:56.644-03:00Cuidado com as falsas esperanças<a href="https://drive.google.com/uc?id=1nWImv41zGccZzbuDIgdyW-2QXGiiskVt"><img title="livre2" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="livre2" src="https://drive.google.com/uc?id=1xRDOcpteaYJRZDqsKuROFxlCjXAwCsXj" width="315" height="302" /></a> <p align="justify">O início do livro de 1Samuel apresenta uma família de crentes. O narrador afirma que Elcana com suas duas esposas Ana e Penina, além dos filhos desta última, anualmente iam a Siló para adorar ao Senhor. </p> <p align="justify">A despeito de ser uma família de crentes é possível perceber que enfrentam vários problemas por conta de pecado. Primeiro o fato de Elcana ter tomado duas mulheres. Apesar de isso ser “tolerado” no Antigo Testamento, tendo o Senhor inclusive estabelecido leis para não haver injustiças (Dt 21.15-17), o propósito inicial de Deus na criação é que o casamento seja monogâmico. No Novo Testamento Paulo vai estabelecer, por exemplo, que o presbítero seja esposo de uma só mulher (1Tm 3.2).</p> <p align="justify">Este primeiro pecado propicia um segundo. Ao que tudo indica, a bigamia foi estabelecida porque Ana, esposa de Elcana, era estéril. Lembre-se que uma família sem filhos poderia enfrentar problemas econômicos, além do fato de o nome do marido não ser perpetuado. Penina, mãe dos filhos de Elcana, percebendo que o coração do marido pertencia a Ana, procurava irritá-la continuamente.</p> <p align="justify">O que acontece na família de Elcana lembra, mudando o que deve ser mudado, o que houve no lar de Abraão quando Agar, vendo que havia concebido do patriarca, começou a desprezar sua senhora Sarai (Gn 16.4). Aqui você já encontra falsas esperanças colocadas sobre um filho. No caso de Abraão, para ajudar Deus a cumprir seu plano, no de Elcana, provavelmente, para resolver problemas econômicos e de descendência.</p> <p align="justify">Tudo isso levava o coração de Ana a experimentar tristeza. Tristeza pela infertilidade, algo que não tem a ver necessariamente com pecado, mas com as mazelas que afligem os que vivem debaixo do sol, mas também tristeza causada pelo pecado de outros. Indiretamente por causa do pecado de Elcana e diretamente pelo pecado de Penina.</p> <p align="justify">É neste momento que você vê mais claramente o problema das falsas esperanças. Elcana se mostra um marido preocupado com sua esposa. Ele percebe que Ana não está se alimentando quando ele dá a ela porção dobrada e nota que ela vive a chorar. Ele não está alheio ao sofrimento de sua esposa.</p> <p align="justify">Em momentos de tristeza é muito bom ter pessoas ao redor que se mostram preocupadas. É esperado que na Igreja de Cristo os irmãos estejam, de fato, envolvidos uns com os outros. Paulo orientou os tessalonicenses: <i>“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos”</i> (1Ts 5.14).</p> <p align="justify">Entretanto, perceba o que faz Elcana. Apesar de perguntas corretas, que expressam preocupação e buscam entender a razão da tristeza: <i>“Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de coração triste?” – </i>ele aponta para uma solução ineficaz: <i>“Não te sou melhor do que dez filhos?”</i> (1Sm 1.8).</p> <p align="justify">Sim, Elcana está tentando ajudar, mas em vez de apontar para a fonte da verdadeira alegria ele aponta para si mesmo. Ele aponta para uma esperança vã, falsa. Ela é falsa, pois ainda que trouxesse algum tipo de alívio temporário, como por exemplo, Ana ter pensado: “É verdade, eu deveria estar contente, pois mesmo não tendo filhos tenho um excelente marido”, o alívio só perduraria enquanto Ana visse Elcana como alguém “perfeito”. Assim que ele pecasse contra ela o pensamento poderia rapidamente mudar para: “Além de não ter filhos, tenho um marido terrível!”.</p> <p align="justify">Além disso, um auxílio que aponta para outra fonte de alegria que não Cristo, em vez de alívio traz peso e preocupação: “Até quando terei meu marido?”, “Se este homem morrer, aí é que estarei numa situação ainda mais terrível, sem filhos e sem marido”. O suposto alívio transforma-se em peso pela incerteza de não saber até quando haverá um marido.</p> <p align="justify">Quando o seu porto seguro não é Cristo, apesar da aparente segurança, logo você descobre que está em grande perigo e isso o leva a tristezas, medos, ansiedades e insegurança. Não há verdadeira esperança sem Cristo.</p> <p align="justify">Aqui vai, então, uma palavra tanto para quem busca aconselhar quanto para quem se submete a conselhos: Todo conselho precisa partir da e ser avaliado pela bendita Palavra de Deus. Lembre-se que aos colossenses Paulo orientou: <i>“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria”</i> (Cl 3.16) e aos romanos afirmou estar certo a respeito deles que estavam <i>“possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros”</i> (Rm 15.14).</p> <p align="justify">Há muitos cristãos que se compadecem, que querem ajudar a outros, mas que proferem palavras tolas. Tenha muito cuidado com o tipo de conselho e com a fonte de onde você extrai os seus conselhos.</p> <p align="justify">É preciso ter mais do que bondade, é preciso estar cheio do conhecimento da Escritura, estando assim, apto para aconselhar os que sofrem, oferecendo, não esperanças falsas, mas a única e verdadeira esperança para o pecador: Cristo Jesus, o bendito Redentor dos filhos de Deus, <i>“porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido”</i> (Rm 10.11).</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-3128246015351872023-08-18T17:23:00.001-03:002023-08-18T17:32:45.559-03:00Você sabe para aonde está indo?<a href="https://drive.google.com/uc?id=1JUuGhCU_13sLVmtYkwI-11ZIaX4jqcvY"><img title="toma-sua-cruz-seguir-jesus-" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="toma-sua-cruz-seguir-jesus-" src="https://drive.google.com/uc?id=1l-Ahl_rtyoNzsGv_mECnYLM6WZt6jWCV" width="555" height="261" /></a> <p align="justify"><i>“Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?”</i> Estas foram as palavras de Tomé, registradas no evangelho de João, em resposta à afirmação que Jesus havia feito: <i>“E vós sabeis o caminho para onde eu vou”</i> (Jo 14.4-5).</p> <p align="justify">Comentando este texto William Hendriksen afirma que, apesar do erro cometido por Tomé em sua pergunta, sua objeção à afirmação de Jesus continha “um elemento de verdade. Aquele que não conhece o destino não sabe o caminho”.</p> <p align="justify">Como expresso no Catecismo Maior de Westminster, “o fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre” (Perg. 1). A partir desta afirmação podemos dizer que o homem foi criado para Deus. A Bíblia diz que <i>“dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!</i> (Rm 11.36). Todas as coisas, certamente, incluem o homem! Logo, seu destino é Deus.</p> <p align="justify">Em suas <i>Confissões</i> Agostinho registra uma sentença que talvez seja uma das mais famosas de suas citações: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti”. Agostinho fala uma grande verdade, pois desde a queda e sua consequente expulsão do Éden o homem, feito para Deus, foge do seu Criador (Gn 3.8-10). O problema é que longe de Deus, só haverá inquietude no coração.</p> <p align="justify">Por não saber mais que foi feito para Deus o homem caído, desconhecendo o seu destino, busca significado no próprio caminho e tenta fazer da vida um fim em si mesmo. Um bom exemplo está na animação <i>Carros</i>, da <i>Pixar Studios</i>. Gosto muito de animações e anos atrás comprei este DVD com a história de Relâmpago McQueen, um carro de corrida em busca de vencer a “Copa Pistão”. Lembro que o que estava escrito na contracapa me chamou a atenção: “Os aclamados criadores de Toy Story, Os incríveis e Procurando Nemo apresentam uma nova aventura que mostra que <b>o importante na vida é a viagem e não o destino</b>”.</p> <p align="justify">É isto que o mundo caído quer imprimir no coração dos homens. Sutilmente, em um desenho animado, está sendo proposta uma “filosofia de vida”: o importante na vida é a viagem, a rota, não o local para onde você está indo. Este é um engano comum desde a queda. Já no primeiro século Horácio utilizou em sua obra <i>Odes</i> uma expressão que é amplamente citada: <em>Carpe diem</em> (Aproveite o dia), expressando a ideia de viver o aqui e agora sem preocupação com o futuro. </p> <p align="justify">É assim que muitos vivem, pensando que só existe o hoje e, portanto, é preciso fazer bom proveito da vida. O aqui e o agora é a única coisa que importa. Não interessa o que ocorrerá após a morte, mas o que acontecerá daqui até o dia de morrer. Desta maneira o homem, para viver neste mundo, tenta encontrar uma boa razão para tudo o que faz. É preciso algo para impulsioná-lo a acordar cedo para trabalhar, a estabelecer relacionamentos, etc., a fim de fazer a sua “viagem” por este mundo valer a pena.</p> <p align="justify">O sábio Rei Salomão, muito tempo atrás, já resumiu este estilo de vida do homem sem Deus: <i>“tudo é vaidade e correr atrás do vento”</i> (Ec 2.17). Entretanto, como como escreveu o poeta Sérgio Pimenta, “toda estrada leva a algum lugar, mesmo que não seja aonde se quer ir”. O fim deste caminho, que para muitos pode ser mesmo um caminho agradável, é terrível. No Salmo 73 Asafe descreve a vida dos ímpios, aparentemente agradável, até que ele atenta para o fim deles e sua perdição.</p> <p align="justify">Considere, então, a importância do que disse Jesus no evangelho de João em resposta à pergunta de Tomé: <i>“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”</i> (Jo 14.6). Porque Adão, no Éden, começou a trilhar um caminho de morte e levou consigo toda a humanidade, foi necessário que o Filho de Deus se fizesse carne, cumprisse toda a lei que foi quebrada por Adão e morresse em favor do seu povo a fim de que este povo bendito tenha um caminho seguro, de volta para o Pai.</p> <p align="justify">Todos aqueles que estão em Jesus estão em um Caminho verdadeiro, um Caminho que traz vida e vida em abundância. Jesus proporciona não só uma viagem segura neste mundo em trevas, mas a certeza da chegada no destino final em segurança.</p> <p align="justify">Sendo assim, se você não está indo para Deus por meio de Jesus Cristo, atente para esta verdade: você certamente chegará a um destino terrível. Por isso, arrependa-se dos seus pecados, dobre-se diante da majestade de Cristo e caminhe com ele de volta para o Pai. Ele é o melhor e único caminho para o Pai.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-3210788473840359992023-08-11T13:43:00.001-03:002023-08-11T23:21:43.710-03:00E as decisões “nulas de pleno direito”?<p align="justify"><a href="https://drive.google.com/uc?id=1rhFytbq2Y_WLF3tlBhu3ObM7Y_OOls1E"><img title="manual" style="margin: 0px 0px 0px 18px; float: right; display: inline; background-image: none;" border="0" alt="manual" src="https://drive.google.com/uc?id=1QMmQow_RUub1oML-buCPz5PuLTIKXoLe" width="378" align="right" height="538" /></a></p> <p>Não sou, nem de longe, um especialista em CI/IPB, mas me atrevo a escrever algumas linhas acerca de um assunto que há tempos me incomoda.</p> <p align="justify">O artigo 145 da CI/IPB estabelece que “são nulas de pleno direito quaisquer disposições que, no todo ou em parte, implícita ou expressamente, contrariem ou firam a Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil”.</p> <p align="justify">Ao longo dos anos tenho visto muitos evocarem este artigo a fim de justificar a sua desobediência a alguma determinada decisão de um Concílio que, conforme suas interpretações particulares, são contrárias à CI/IPB.</p> <p align="justify">Ao falar em “intepretação particular” não estou entrando (ainda) no mérito de ela estar certa ou errada. Denomino de particular a interpretação que contraria à da maioria do Concílio que votou determinada matéria. É uma questão óbvia! Se em determinada interpretação de um artigo constitucional eu fui voto vencido, está claro que a maioria interpreta diferente de mim.</p> <p align="justify">A IPB, como sabemos, “é uma federação de igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamento e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve; rege-se pela presente Constituição [CI/IPB];”.</p> <p align="justify">O governo da Igreja acontece por meio de seus concílios. A Confissão de Fé de Westminster ensina que “para melhor governo e maior edificação da Igreja, deverá haver as assembleias comumente chamadas sínodos ou concílios. Em virtude do seu cargo e do poder que Cristo lhes deu para a edificação e não para a destruição, pertence aos pastores e aos outros presbíteros das igrejas particulares criar tais assembleias e reunir-se nelas quantas vezes julgarem útil para o bem da Igreja” (XXXI.I).</p> <p align="justify">Um concílio assim é visto em Atos 15. A partir de uma controvérsia doutrinária surgida em Antioquia, primeiramente combatida por Paulo e Barnabé que ali serviam, o assunto foi parar naquele que conhecemos como o Concílio de Jerusalém. Reuniram-se os apóstolos e presbíteros para discutir a questão e, após debate, uma carta foi enviada à igreja com a decisão a ser cumprida pela igreja.</p> <p align="justify">Na IPB os concílios “em ordem ascendente são: a) O Conselho, que exerce jurisdição sobre a Igreja Local; b) o Presbitério, que exerce jurisdição sobre os ministros e conselhos de determinada região; c) o Sínodo, que exerce jurisdição sobre três ou mais Presbitérios; d) o Supremo Concílio, que exerce jurisdição sobre todos os concílios” (CI/IPB – Art. 62).</p> <p align="justify">No Art. 70, que trata do que compete aos Concílios, destaco duas alíneas: “d) velar pelo <u>fiel cumprimento</u> da presente Constituição; e) <u>cumprir e fazer cumprir</u> com zelo e eficiência as suas determinações, bem como as ordens e <u>resoluções dos Concílios superiores</u>”.</p> <p align="justify">A questão é aparentemente bem simples. Quando um Concílio superior decide algo, os inferiores precisam cumprir. Entretanto, é preciso lembrar aqui do que estabelece a Confissão de Fé em seu capítulo XXXI.III: “Todos os sínodos e concílios, desde os tempos dos apóstolos, quer gerais quer particulares, podem errar, <u>e muitos têm errado</u>; eles, portanto, não devem constituir regra de fé e prática, mas podem ser usados como auxílio em uma e outra coisa”.</p> <p align="justify">Esta verdade não passa despercebida na CI/IPB. Tanto é assim que o artigo 64 declara que “de qualquer ato de um Concílio, <u>caberá recurso</u> para o imediatamente superior, dentro do prazo de noventa dias a contar da ciência do ato impugnado”, estabelecendo, porém, em seu parágrafo único que “este recurso <u>não tem efeito suspensivo</u>”.</p> <p align="justify">Reza ainda a CI/IPB que “se qualquer membro de um concílio discordar de resolução deste, sem contudo, desejar recorrer, poderá expressar sua opinião contrária pelo: a) dissentimento; b) protesto” (Art. 65). Repare os parágrafos que explicam tais votos: “§1º - Dissentimento é o direito que tem <b><u>qualquer membro</u></b> de um Concílio de <b><u>manifestar opinião contrária à da maioria</u></b>. § 2º - Protesto é a declaração formal e enfática por um ou mais membros de um Concílio, <b><u>contra o julgamento ou deliberação da maioria</u></b>, considerada errada ou injusta”.</p> <p align="justify">Não há problema, portanto, em alguém discordar de alguma resolução conciliar. É um direito que não pode ser retirado de ninguém. Esta discordância pode ficar apenas no âmbito dos votos de dissentimento e protesto ou pode transformar-se em um documento a ser julgada pelo concílio. Faz parte do sistema conciliar, ou seja, está dentro da regra do jogo!</p> <p align="justify">Mas aí é que entra, então, o meu incômodo. Em vez de tomar o caminho constitucional, muitos simplesmente assumem e passam a declarar que a maioria votou contra a Constituição da Igreja, razão de não serem obrigados a cumprir esta ou aquela decisão, afinal, ela é “nula de pleno direito”. Mesmo o Supremo Concílio não pode legislar contra a Constituição da Igreja, a não ser que haja emenda ou reforma, dizem eles, e de forma acertada! </p> <p align="justify">Contudo, pense bem no que está posto. Se nem o plenário do Supremo Concílio pode passar por cima da Constituição da Igreja, por que um ou alguns membros que decidem passar por cima das decisões conciliares poderiam fazê-lo?</p> <p align="justify">Mas são coisas diferentes, alguém dirá! Uma coisa é ir contra a constituição, outra completamente diferente é ir contra uma decisão do plenário. A isso eu respondo que é aí que está o engano, pois, o que está em jogo, de fato, é: quem interpretou corretamente a Constituição? O plenário, que aprovou determinada matéria, ou um membro ou grupo menor da igreja que alega a tal inconstitucionalidade?</p> <p align="justify">Ironicamente, um membro da Igreja Presbiteriana, seja ele oficial ou não, que decide pela desobediência, por considerar nula de pleno direito uma determinada decisão, se comporta, na prática, como um episcopal. Não só isso. Ele é, na verdade, a maior autoridade dentro do seu sistema episcopal “particular”, pois sua interpretação deve ser acatada pela maioria do concílio. Ele é maior que o Concílio!</p> <p align="justify">Tenho minhas suspeitas sobre o que leva pessoas a agir assim: Um coração orgulhoso, que se vê acima dos ignorantes que não entendem a Constituição, somado ao temor de terminar envergonhado ou contrariado ao tentar o caminho do recurso. Desta forma, não é preciso esforço para convencer o concílio, uma vez que a consciência estará aliviada ao pensar que não há desobediência, afinal, o que não está sendo cumprido é “nulo de pleno direito”. Como eu disse, são suspeitas, mas pode haver outras razões e estou pronto a considerá-las, quando apresentado a elas.</p> <p align="justify">Agora imagine se cada membro, igreja local ou presbitério começar a entender, sem precisar convencer a mais ninguém, que as decisões que ele, ou eles, não estão de acordo são nulas de pleno direito. Será o fim do sistema conciliar, federativo e a legislação perderá o seu sentido. Estaremos como no tempo dos juízes, cada um fazendo o que acha mais reto (Jz 17.6; 21.25).</p> <p align="justify">Com isso não quero dar a entender que é preciso acatar decisões inconstitucionais e, principalmente, antibíblicas. Já afirmei acima que a discordância é permitida, mas há meios de lidar com aquilo que se acha errado e o caminho não é a simples rebelião. Concílios erram e continuarão errando. Neste caso, como proceder?</p> <p align="justify">1. A depender do tipo de decisão, considere se vale à pena o desgaste (pessoal, familiar e eclesiástico). Se concluir que sim, aja pelos trâmites corretos; se não, acate, pelo bem da igreja. O caminho do puro descumprimento constitui-se quebra do quinto e nono mandamentos;</p> <p align="justify">2. Se a decisão diz respeito a algo que o coloca em um problema de consciência diante de Deus, recorra. Peça ao Senhor graça a fim de provar seu ponto, se estiver com a razão e humildade para ser convencido do contrário, caso você esteja errado (Pv 18.17);</p> <p align="justify">3. Se não estiver satisfeito com os rumos que a denominação, a seu ver, está tomando, e não tiver disposição para lutar por sua pureza, procure uma denominação que você considera mais pura. É um caminho difícil, mas é melhor do que viver em rebelião (1Sm 15.23).</p> <p align="justify">Uma decisão conciliar pode mesmo ser inconstitucional e nula de pleno direito, mas não são indivíduos que declaram a nulidade. No máximo eles apontam e tentam convencer o concílio do seu erro. </p> <p align="justify">O caminho da simples “desobediência travestida de amparo constitucional” pode até parecer mais fácil, mas acabará levando os desobedientes aos tribunais eclesiásticos. Ali a condenação é quase certa, uma vez que o parâmetro usado para o julgamento será exatamente a decisão que está sendo considerada nula pelo desobediente, mas que continuará valendo como regra enquanto ninguém se dispuser a entrar com um recurso provando a alegada nulidade.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-35315792665121614682023-06-30T14:21:00.001-03:002023-06-30T14:21:42.585-03:00Deus quer você obediente, não alegre<a href="https://drive.google.com/uc?id=1C5xuAA3sKlgxVwqVx3fubeniwsrNaPX1"><img title="cara" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="cara" src="https://drive.google.com/uc?id=1gzGA0nr3F7jgyIBOwoBGsuk_YXwRihsT" width="476" height="307" /></a> <p>Já ouvi muitas vezes esta afirmação, na boca de vários cristãos. Para ser sincero, durante um curto tempo de meu ministério eu também defendi esta tese.</p> <p align="justify">Aparentemente ela faz sentido. O pensamento por trás dela é que o Senhor irá se agradar daquilo que você está fazendo em obediência ao que a Bíblia diz, independente da sua vontade ou de como você se sentirá em relação a isso. Desta forma, há pessoas extremamente obedientes a Deus, ao menos externamente, mas com corações tristes, angustiados e imensamente frustrados em sua vida.</p> <p align="justify">Entretanto, a atitude de obedecer apenas externamente é diretamente condenada por Jesus ao citar para os fariseus o que fora dito por Isaías: <i>“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”</i> (Mt 15.8). Talvez aqui alguém diga que Jesus não estava se referindo à obediência aos preceitos do Senhor, mas como ele mesmo condena, às <i>“doutrinas que são preceitos de homens”</i> que estavam sendo ensinadas pelos fariseus (Mt 15.9).</p> <p align="justify">Contudo, você percebe exatamente o mesmo problema no livro de Amós que afirma de forma irônica: <i>“<u>proclamem em toda parte</u> suas ofertas voluntárias; anunciem-nas, israelitas, <u>pois é isto que vocês gostam de fazer</u>, declara o Senhor, o Soberano”</i> (Am 4.5). Aqui, externamente há uma atitude correta e ordenada que é a oferta voluntária, mas internamente há uma motivação egoísta que será de igual forma condenada por Jesus nos evangelhos: <i>“quando, pois, deres esmola, <u>não toques trombeta diante de ti</u>, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, <u>para serem glorificados</u> pelos homens”</i> (Mt 6.2).</p> <p align="justify">Isto demonstra também que a satisfação com o que se está fazendo ou um sorriso estampado na face não é indicador da verdadeira alegria e obediência. Como dito numa canção do Grupo Logos: “a alegria não é o indicador verdadeiro da paz. Há sorridentes bebendo as próprias lágrimas do coração” (Servos. Paulo César).</p> <p align="justify">Deus não está apenas interessado nas ações externas, mas nos motivos do coração. O que se faz é importante, mas a razão para se fazer não é menos importante. Pensando na frase inicial, outro pode dizer: “Agora está ainda mais claro que a frase está correta, pois a pessoa está fazendo motivada pela glória de Deus, ainda que não esteja alegre em fazer. Qual o problema disso?”</p> <p align="justify">Creio que um bom ponto de partida para a compreensão do problema está na resposta à primeira pergunta do Catecismo Maior que afirma: “O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre”.</p> <p align="justify">Perceba algo importante. O Catecismo ensina corretamente que junto com a ação de glorificar a Deus, obedecendo os seus mandamentos, está a alegria nele. Logo, alguém que diz glorificar ao Senhor, mas que não está experimentando a alegria, ainda não entendeu o que é a verdadeira alegria.</p> <p align="justify">Na prática, o que ocorre com as pessoas que estão tristes, ou mesmo infelizes, por entender que têm de se submeter ao Senhor de qualquer forma, é a negação do que ensina João: <i>“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos <u>não são penosos</u>”</i> (1Jo 5.3). A palavra “penoso” que aparece neste texto tem o sentido de “muito pesado” ou “duro de carregar” (Léxico de Strong).</p> <p align="justify">A perspectiva bíblica é tanto de obediência quanto de alegria. Como ordenado nos Salmos, <i>“servi ao Senhor com temor e <u>alegrai-vos nele</u> com temor”</i> (Sl 2.11), ou ainda, <i>“servi ao Senhor <u>com alegria</u>, apresentai-vos diante dele com cântico”</i> (Sl 100.2). Não poderia ser diferente disso, pois <i>“os preceitos do Senhor são retos e <u>alegram o coração</u>”</i> (Sl 19.8). </p> <p align="justify">Veja por exemplo como Deus quer que povo se porte diante da ordenança de guardar o Dia do Senhor. Muitos crentes a ignoram, outros até tentam guardar, mas com o coração pesado, pensando no que estão “perdendo” e que poderia ser aproveitado para si mesmo com lazer neste dia. Mas não é desta forma que o Senhor quer que aconteça. Por meio de Isaías ele diz: <i>“Se você vigiar seus pés para não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se você <u>chamar delícia o sábado</u> e honroso o santo dia do Senhor, e se honrá-lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades, <u>então você terá no Senhor a sua</u> <u>alegria</u>”</i> (Is 53.13,14a).</p> <p align="justify">No Novo Testamento Paulo escreve aos filipenses e os exorta a <i>“desenvolver a salvação com temor e tremor”</i> fazendo tudo <i>“sem murmurações”</i> (Fp 2.12,14). Ele diz ainda que mesmo que viesse a morrer por conta do seu trabalho para o Senhor ele estaria alegre (2.17) esperando que os filipenses se alegrassem com ele (2.18). No capítulo 3 ele trata das dificuldades da igreja envolvendo os falsos mestres, mas antes ordena: <i>“alegrai-vos no Senhor”</i> (Fp 3.1). O apóstolo ordena a alegria, enquanto os irmãos de Filipos obedecem às ordenanças e enfrentem provações.</p> <p align="justify">Em um artigo sobre o sofrimento, Piper, pontua: </p> <blockquote> <p align="justify">“Por que Paulo coloca tanta ênfase em alegria no Senhor, alegria na esperança da glória de Deus, alegria que vem do Espírito Santo, e tudo isso em meio ao sofrimento? A razão é esta: <u>o alvo de todo ministério é a glória de Deus mediante Jesus Cristo. Deus é glorificado em nós principalmente quando encontramos nossa satisfação maior nEle.</u> O sofrimento é uma grande ameaça à nossa satisfação em Deus. Somos tentados a murmurar, queixarmo-nos, culpar e até mesmo amaldiçoar e desistir do ministério. Portanto, <u>a alegria em Deus</u> em meio aos sofrimentos faz com que a excelência de Deus – a glória de Deus que satisfaz completamente – brilhe ainda mais do que brilharia em qualquer outro momento de alegria. A alegria, quando o sol brilha, destaca o valor do brilho do sol. Mas <u>a alegria em meio ao sofrimento destaca o valor de Deus</u>. <u>O sofrimento e as adversidades aceitos com alegria enquanto trilhamos a senda da obediência a Cristo, mostram a supremacia de Cristo</u> muito mais do que a nossa fidelidade nos dias tranquilos” (John Piper. Quando conselheiros e aconselhados se defrontam com o sofrimento).</p> </blockquote> <p align="justify">Isto é verdade para os que estão no ministério, mas é verdadeiro também para todos os cristãos em suas mais variadas vocações. A vida cristã é uma vida de glória a Deus e alegria nele para sempre. É desta forma que cristãos não desanimarão ou desistirão de viver. Portanto, rejeite a ideia de que não importa que você esteja triste conquanto esteja obedecendo, ou, afirmações semelhantes. </p> <p align="justify">Aprenda a se alegrar em Cristo, pois se não está alegre em obedecer àquele que se entregou na cruz em seu favor, você ainda não aprendeu corretamente sobre como convém obedecer. Ao falar a seus discípulos sobre sua morte, Jesus afirmou que eles estariam tristes. Entretanto, após sua ressurreição, ele estaria com eles novamente e <i>“outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar”</i> (Jo 16.22).</p> <p align="justify">Jesus, o Deus Vivo, está com você. Esta convicção muda tudo, pois como disse João, <i>“a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa”.</i></p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-36393082736386719622023-05-29T17:15:00.001-03:002023-05-29T17:15:11.958-03:00Não busque um legado<a href="https://drive.google.com/uc?id=1aJHHfnoo6fajoyxKHOAbLvyoJiHwaP6G"><img title="cruz-1140x570-1" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="cruz-1140x570-1" src="https://drive.google.com/uc?id=1e_nLLWRG3J7QiATlzPBQ6j5jvas5cA2P" width="525" height="264" /></a> <p align="justify">Muitos são aqueles que vivem preocupados com o que será dito a seu respeito anos após a sua morte. Em nome, então, de sua própria reputação, vivem tentando fazer grandes coisas a fim de serem bem lembrados deixando o seu legado para as futuras gerações.</p> <p align="justify">Ultimamente tenho pensado bastante a respeito dessas coisas e, olhando para a Escritura, à luz do que temos em nossos símbolos de fé, especificamente na resposta à primeira pergunta do Breve Catecismo que aponta como fim principal do homem o “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”, entendo que buscar “deixar um legado” não deve ser um alvo para o cristão.</p> <p align="justify">Não me entenda mal! Não estou negando que muitos homens fizeram coisas extraordinárias e são, inclusive, reconhecidos historicamente como pessoas que contribuíram muito, até mesmo como grandes exemplos para gerações futuras.</p> <p align="justify">Meu ponto é outro. Conquanto seja uma ordenança bíblica dar honra a quem mereça honra (Rm 13.7), a busca por ser honrado é sempre algo pecaminoso, pois está ligada ao orgulho, à vaidade, ao desejo de ser reconhecido. </p> <p align="justify">Calvino instrui de forma maravilhosa a esse respeito:</p> <blockquote> <p align="justify">“Se prestarmos atenção às instruções das Escrituras, observaremos que nossos talentos não nos pertencem, mas que são dons que o Senhor nos dá em sua graça infinita.</p> <p align="justify"><u>Se nos orgulharmos de nossos talentos, estamos sendo ingratos para com Deus</u>. ‘Pois, quem toma você diferente de qualquer outa pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?’ (ver 1Co 4.7).</p> <p align="justify">Devemos observar e sermos conscientes de nossas falhas, de modo verdadeiramente humilde. Fazendo assim, não nos encheremos de orgulho; do contrário, teremos grandes razões para nos sentirmos abatidos.</p> <p align="justify"><u>Por outro lado, quando vemos algum dom de Deus em outra pessoa, não devemos estimar somente o dom, mas também o seu possuidor, pois seria uma maldade de nossa parte roubar do nosso irmão a honra que lhe tem sido dada por Deus</u>” (Verdadeira Vida Cristã)</p> </blockquote> <p align="justify">As palavras do reformador são um tiro certeiro no orgulho dos que querem ser reconhecidos. Ao mesmo tempo em que não devem esperar honra por suas realizações, eles devem honrar a seus irmãos por seus feitos.</p> <p align="justify">A Escritura deixa bem claro o fato de que o coração humano é enganoso. Enquanto viverem debaixo do sol os cristãos precisarão tomar cuidado com isso a fim de não encontrar “desculpas piedosas” para o seu orgulho.</p> <p align="justify">Desta forma, aqueles que buscam “deixar um legado”, ainda que assumam o discurso de que seu objetivo é contribuir com outras gerações, na verdade assemelham-se aos construtores da torre de Babel. Entretanto, estes, ao menos, deixaram bem clara a sua motivação: <i>“vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e <u>tornemos célebre o nosso nome</u>”</i> (Gn 11.4).</p> <p align="justify">No livro de Atos temos um relato que pode ajudar na compreensão desta questão. No final do capítulo 4 Lucas demonstra que a comunhão da igreja era tamanha a ponto de ninguém considerar exclusivamente suas as coisas que possuía. Muitos vendiam suas propriedades a fim de repartir os valores com quem tinha necessidade (At 4.32-35).</p> <p align="justify">Após este breve relato, Lucas registra a história de Barnabé, mostrando que ele vendeu sua propriedade e doou aos apóstolos para que distribuíssem aos necessitados. Você pode ter certeza do grande impacto que teve a vida de Barnabé na igreja e nas futuras gerações ao se dar conta de que, no século XXI, ainda nos inspiramos com aquilo que um irmão nosso fez no primeiro século. </p> <p align="justify">Mas a história ainda não acabou. Lucas contrasta a atitude de Barnabé com o casal Ananias e Safira. Você sabe que, quando tomamos conhecimento de atos virtuosos de irmãos, muitos chegam a exclamar: <i>“eu queria ser assim”</i>, conscientes de que precisam ser mudados em áreas específicas de sua vida, no caso, na liberalidade.<i></i></p> <p align="justify">Todavia, olhando para o texto é possível inferir que há outro tipo de sentimento que pode brotar diante de relatos assim. Ao que tudo indica, o casal queria o mesmo reconhecimento que teve Barnabé, apesar de não estar disposto a ser tão liberal quanto ele. Foi isso que levou os dois a entrar em acordo para mentir a respeito do valor de venda do campo a fim de depositar aos pés dos apóstolos apenas parte, enquanto diziam estar doando tudo. Há em seus corações uma verdadeira guerra de ídolos. Eles amavam tanto a reputação quanto ao dinheiro e pecaram a fim de ter os dois.</p> <p align="justify">Você conhece o fim da história. Eles foram julgados pelo Senhor e mortos por sua mentira ao Espírito Santo. Atente bem à lição: Barnabé, que buscava amar a Deus e aos irmãos abrindo mão de sua propriedade, teve o seu legado reconhecido e registrado por Lucas. Ananias e Safira, que buscavam reconhecimento, pecaram fingindo se importar com os irmãos enquanto estavam amando a si mesmos, mentindo para ficar com o dinheiro e ao mesmo tempo com a fama. Curiosamente, se não tivéssemos o desfecho da história revelada pelo Senhor, talvez estivéssemos aqui sonhando em ser como eles. Imagine que bela forma de morrer! Morrer enquanto entrega uma oferta ao Senhor para benefício dos irmãos!</p> <p align="justify">Seu objetivo de vida não deve ser conquistar fama com o seu trabalho, entrar para a história como alguém que fez diferença para a humanidade ou empreender algo que será lembrado por gerações. Aqueles que sonham com isso muitas vezes acabam frustrados, entendendo que sua vida não teve sentido.</p> <p align="justify">Não é o seu nome que importa, mas o nome de Jesus, a quem Deus deu o nome que está acima de todo nome, para que diante dele se dobre todo o joelho (Fp 2.9-10).</p> <p align="justify">Como cristão você é chamado a honrar a Jesus em tudo aquilo que faz. Deus é honrado quando você, com seus dons e talentos, ama a ele e ama aos que estão à sua volta, ainda que empreendendo tarefas simples, que muitos não acham nem dignas de serem lembradas.</p> <p align="justify">Em um de seus livros Michael Horton demonstra que o cristão é chamado a glorificar a Deus em tudo o que faz, pois o que importa, no último dia, é ser encontrado fiel. Ele ensina:</p> <blockquote> <p align="justify">"Como deveríamos ser encontrados naquele dia quando Jesus retornar? Nós devemos estar amando e servindo ao nosso próximo, suprindo-lhes o que é necessário de acordo com os dons que Deus nos deu. Quando Cristo retornar, o que você quer que ele lhe encontre fazendo? [...]</p> <p align="justify">Sabendo que você tem tudo o que necessita de Deus, você deseja que Jesus lhe encontre em um dos seus postos, oferecendo os seus dons a quem precisa deles. Não seria maravilhoso se ele lhe encontrasse levando uma criança doente ao médico, alimentando seus filhos no café da manhã ou tendo relações sexuais com seu cônjuge? Ou preenchendo um relatório no trabalho, consertando o telhado do vizinho ou lavando o piso como zelador?" (Cristianismo essencial).</p> </blockquote> <p align="justify">Você não é ordenado na Escritura a construir um legado. Você é ordenado a glorificar a Deus e ter alegria nele para sempre. Vivendo desta forma, você se dedicará ao máximo a fim de honrar ao Senhor em sua vocação e, como muitos irmãos do passado, pode um dia até ser um grande exemplo para as futuras gerações, não necessariamente por suas grandes realizações, mas por aquilo que deve mover cada minuto de sua vida: o amor a Jesus Cristo, seu glorioso Redentor.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-37506825755614557652023-04-27T13:31:00.001-03:002023-04-27T13:35:24.780-03:00A importância do catecismo para as crianças<a href="https://drive.google.com/uc?id=1A8zjB8p6UBbwXigUb_KCVKsSoCxy5oqx"><img title="ensino" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="ensino" src="https://drive.google.com/uc?id=1kBNBRDVG9lcvD_rBOf1dPwsAozLTf1cy" width="455" height="310" /></a> <p align="justify">Há uma música da Banda Resgate que eu aprecio bastante, apesar de haver um trecho problemático nela. A música se chama “Vou me lembrar” e o problema está aqui:</p> <blockquote> <p align="justify">Lembre-se do pão que nunca nos faltou em meio à seca</p> <p align="justify">De quem multiplicou e faz com que nenhum dos seus se perca</p> <p align="justify"><u>Que nunca foi alguém de carne e osso que nos fez mais nobres</u></p> <p align="justify">Que não há mais ninguém melhor do que alguém que se fez pobre.</p> </blockquote> <p align="justify">Ao mesmo tempo em que o autor convida a nos lembrarmos de Cristo, que multiplicou pão, que garante a salvação, que se fez pobre na encarnação, ele afirma “que nunca foi alguém de carne e osso que nos fez mais nobres. </p> <p align="justify">Eu penso que a intenção era fazer um contraste entre Deus e os homens, pois na estrofe anterior ele diz para lembrar: “dos fariseus, que engordam com aquilo que é nosso; E dos mercenários que cobram pra nos dar o que é de graça”.</p> <p align="justify">Entretanto, a frase “nunca foi alguém de carne e osso que nos fez mais nobres” acaba por negar um dos dogmas centrais da fé cristã, a saber, a encarnação. Não creio que o autor seja herege, penso apenas que ele não pensou na implicação do que estava escrevendo, pois na música está bastante claro que ele crê sim na encarnação. Mas que ficou bem ruim este trecho, ficou.</p> <p align="justify">Pois bem, estava hoje escutando esta música e disse aos meus filhos, Fernanda de 13 e Filipe de 9 anos: “Gosto muito desta música, mas há um erro nela” e pedi para prestarem atenção na letra para ver se iam perceber o erro.</p> <p align="justify">Quando chegou nesta parte da música minha primogênita disse: “É contraditório!” Perguntei a razão. Ela disse que era porque Jesus é um homem, ou seja, ele tem carne e osso. No mesmo momento Filipe emendou: “No catecismo mesmo não diz...” – pensou uns 3 segundos e falou – “...Cristo, o Filho de Deus, se fez homem para que pudesse sofrer toda a consequência de nossa natureza pecaminosa?”.</p> <p align="justify">Ele citou a resposta da pergunta 48 (Então, como era possível que o Filho de Deus sofresse por nós?) do “Meu catecismo de doutrina cristã”, um catecismo mais resumido para crianças, que ele vem lendo e relendo há alguns anos e que Fernanda também lia, quando era menor.</p> <p align="justify">Não é preciso mencionar o quão alegre fiquei com a resposta! Sim, vale à pena colocar as crianças para ler e aprender boa doutrina. Desde pequenos eles já têm condições a pensar no que ouvem e comparar com aquilo com o que estamos “enchendo seus corações”. Como afirmou Jesus, <i>“o homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; <u>porque a boca fala do que está cheio o coração</u>”</i><u> (Lc 6.42). </u></p> <p align="justify">É claro que eles estão sendo treinados para isso. Não basta simplesmente mandá-los decorar o catecismo e trechos das Escrituras. É preciso estimular a compreensão e comparação. Aqui em casa busco fazer isso quando, ao conversar sobre algum assunto, menciono: “lembra da pergunta tal, qual a resposta?” levando-os a associar o que foi decorado com o que estamos conversando, seja quando falamos sobre alguma desobediência, seja quando falamos sobre o ensino de algum filme ou desenho que assistimos.</p> <p align="justify">Infelizmente, muitos têm subestimado as crianças e, em vez de boa doutrina, ocupam-se apenas (isto quando fazem) em ensinar histórias com lições morais, achando que eles ainda não têm condições de compreender doutrina.</p> <p align="justify">Entretanto, ao olhar para a história, vemos nossos pais puritanos enfatizando bastante os catecismos e incentivando seu uso nos aos cultos domésticos. Samuel Lee (1625-1691) tratando da “conversão dos membros da família” afirma que </p> <blockquote> <p align="justify">acima de tudo, o melhor modo de instrução, especialmente quanto aos pequeninos, deve ser realizado por catecismos – perguntas e respostas em um método curto e conciso – cujos termos, sendo claros e distintos, podem ser formulados das Sagradas Escrituras e ajustados às suas capacidades por um estilo simples, embora sólido e às suas memórias por expressões breves (Piedade no lar. Nadere Reformatie Publicações).</p> </blockquote> <p align="justify">Vivemos tempos difíceis! É preciso educar os filhos no temor do Senhor, preparando-os para testemunhar de Cristo em meio a uma <em>“geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis </em>[eles devem resplandecer] <em>como luzeiros do mundo”</em> (Fp 2.15). Como escreveu Horton:</p> <blockquote> <p align="justify">Nos tempos de grande perseguição ou de secularismo profundo e dominante, o povo de Deus sempre dobrou os seus esforços nos deveres para com a família: <u>filhos são instados a decorar o catecismo sob a tutela de pais piedosos que modelam a visão cristã da vida tanto por seus ensinos quanto por seu exemplo pessoal</u>. Isso não quer dizer que eles se tornam mais rígidos e sérios em suas personalidades, mas que se tornam mais apaixonados pela Palavra de Deus e por seu impacto sobre o círculo de crentes mais próximos deles. Portanto, o lar torna-se em refúgio, uma “pequena igreja”, como Lutero disse -- até mesmo um “pequeno seminário” onde <u>os filhos sabem pelo menos bastante sobre o que creem e por que creem para distingui-los do mundo descrente</u> (Michael Horton. O cristão e a cultura – grifos meus).</p> </blockquote> <p align="justify">Invista no discipulado de seus filhos. Ainda que você não consiga fazer isso todos os dias, eu mesmo tenho minhas dificuldades, não negligencie o grande privilégio e responsabilidade concedida pelo Senhor de formar neles o caráter de Cristo. Para isto, temos muitas boas ferramentas. Atualmente estamos usando em um dos dias da semana, nos cultos domésticos, o excelente “Breve Catecismo de Westminster para classes de estudo” publicado pela Clire.</p> <p align="justify">Coloque isto como propósito diante do Senhor. Peça a ele sabedoria e disposição a fim de cumprir o mandamento de criar seus filhos sob a disciplina e admoestação do Senhor (Ef 6.4).</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-56041464600405704152023-02-28T18:12:00.001-03:002023-02-28T18:53:53.955-03:00Ganhe sem trabalhar!<a href="https://drive.google.com/uc?id=1oukfH21Mq3oHsmqf63jxGMwFsSa9xlxT"><img title="ganhe sem trabalhar" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="ganhe sem trabalhar" src="https://drive.google.com/uc?id=1K8lNatCwzHqZNNpiiOuJrEPlwQTCx0NG" width="388" height="388" /></a> <p align="justify">Desde que o pecado entrou no mundo o trabalho ganhou uma característica que não tinha por ocasião da criação. Era por meio do trabalho, providência do Senhor, que Adão ganharia o pão de cada dia, mas após o pecado ele ouviu a consequência da quebra do Pacto: <i>“Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; <u>em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida</u>. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. <u>No suor do rosto comerás o teu pão</u>, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” </i>(Gn 3.17-19).</p> <p align="justify">É certo que o trabalho continuou sendo uma ordenança para o homem, mas agora ele é fatigante. Sem a perspectiva correta, a saber, tudo dever ser feito para a glória de Deus, não importa o quanto o homem trabalhe, ele descobrirá, ao fim da vida, momento de voltar ao pó da terra, que tudo foi em vão. Nas palavras de Salomão, sem o Senhor, <i>“inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes;”</i> (Sl 127.2).</p> <p align="justify">Entretanto, o homem em seu pecado, e até mesmo alguns que já foram libertos por Cristo da culpa do pecado, mas que ainda sofrem a influência do pecado, tenta de todas as formas se livrar da maldição imposta por Deus. Uma das formas de se fazer isso é notada nos que nem bem começaram a sua carreira profissional e já sonham com a aposentadoria. </p> <p align="justify">Outra forma, que é a que eu chamo atenção neste texto, é a vontade de ficar rico sem trabalhar. Os jogos de azar estão aí para demonstrar esta realidade, bem como as muitas ofertas, usadas para enredar incautos, de se ganhar dinheiro sem trabalhar. Hoje mesmo vi em um site de vídeos um comercial prometendo que os que se inscrevessem em uma certa plataforma ganhariam bastante dinheiro simplesmente assistindo a seriados em um famoso <i>streaming</i>. Eis o sonho de todo preguiçoso, ganhar dinheiro assistindo a filmes, com a promessa de quanto mais assistir, maior o ganho!</p> <p align="justify">Esta pode ser, de fato, uma grande tentação. Usufruir do fruto do trabalho (dinheiro para pagar as contas), sem o labor e sofrimento que ele pode trazer. É importante, neste instante, lembrar da carta aos Hebreus que mostra que os crentes têm um sacerdote que pode compadecer-se deles em suas fraquezas, pois, <i>“ele foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado”</i> (Hb 4.15).</p> <p align="justify">Atente bem para a verdade bíblica: A salvação de pecadores é fruto do trabalho efetuado por Jesus Cristo! Quando Isaías profetizou acerca do resultado da obra do Messias, afirmou: <i>“Ele verá o fruto do <u>penoso trabalho de sua alma</u> e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, <u>porque as iniquidades deles levará sobre si</u>”</i> (Is 53.11).<u></u></p> <p align="justify">Ao olhar para o Salmo 2 fica claro que estes por quem Jesus se deu são aqueles que foram prometidos a ele pelo Pai, quando disse <i>“Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão”</i> (Sl 2.8). Logo, o trabalho de Jesus consistiu em cumprir perfeitamente a lei, entregando-se à morte em lugar dos que lhe foram prometidos pelo Pai. </p> <p align="justify">Pense, então, no teor de uma das tentações de Satanás quando o Senhor Jesus estava no deserto: <i>“Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe <u>todos os reinos do mundo</u> e a glória deles e lhe disse: <u>Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares</u>”</i> (Mt 4.8-9).</p> <p align="justify">Isto soa exatamente como: Ganhe sem trabalhar! Satanás oferece aquilo que já havia sido prometido pelo Pai, mas com um custo aparentemente menor. Em vez da cruz, simplesmente adoração a outro que não o Pai. Comentando este texto Calvino afirma que “o tipo de tentação aqui descrita era que Cristo deveria buscar, de outra maneira que não a de Deus, a herança que ele prometeu a seus filhos. E aqui se manifesta a ousada insolência do diabo, ao roubar a Deus o governo do mundo e reivindicá-lo para si mesmo. Todas essas coisas, diz ele, são minhas, e é somente por meu intermédio é que elas são obtidas” (tradução livre).</p> <p align="justify">Jesus resistiu à tentação ordenando: <i>“retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto”</i> (Mt 4.10). Adorar a Deus envolve submeter-se a ele e foi o que fez o Senhor Jesus quando <i>“subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, torando-se obediente até à morte e morte de cruz”</i> (Fp 2.6-8). </p> <p align="justify">Esta foi a razão de Jesus ter dito em sua oração sacerdotal: <i>“Eu te glorifiquei na terra, consumando <u>a obra que me confiaste para fazer”</u></i><u> (Jo 17.4)</u>. Jesus trabalhou pelos seus realizando todo o trabalho necessário para a salvação de pecadores.</p> <p align="justify">Diante disso, cada cristão que intenta ganhar sem trabalhar, deve corar de vergonha, por estar se deixando levar pela proposta do inimigo de suas almas. Após isso, deve pedir perdão ao Senhor que providenciou o trabalho como meio para a obtenção do pão de cada dia. </p> <p align="justify">Aquele que está em Cristo pode observar o quarto mandamento que ordena: <i>“Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra”</i> (Ex 20.9), pois está firmado naquele que convoca seu povo à adoração dizendo: <i>“Lembra-te do dia de sábado para o santificar” </i>(Ex 20.7).</p> <p align="justify">Em Jesus, ganhando pouco ou muito, o crente pode estar satisfeito, unido ao homem bem-aventurado descrito no Salmo 128 que por temer ao Senhor e andar nos seus caminhos pode ter plena certeza de que <i>“do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem.”</i> (Sl 128.1-2). </p> <p align="justify">O trabalho de Jesus ganhou para os crentes a vida eterna, uma vida abundante, de plena satisfação. Esta é a bênção que você ganha sem trabalhar, somente porque outro trabalhou por você que era incapaz. Esta benção da salvação muda a perspectiva do trabalho que, como todas as outras coisas, deve ser feito, agora, para a glória de Deus. </p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-66093786966215851202022-12-28T17:34:00.001-03:002022-12-28T17:34:48.129-03:00Sobre [mais] um recente espantalho de Jay Adams<p align="justify"><a href="https://drive.google.com/uc?id=1MDH8NdavIO4re5RFvTjekN6_KCva54Bc"><img title="adams" style="margin: 0px 0px 0px 19px; float: right; display: inline; background-image: none;" border="0" alt="adams" src="https://drive.google.com/uc?id=1wXuD0Knf3Z2S7r1b9T-2KgO9jwShNPE4" width="238" align="right" height="243" /></a> <p>Parei para ouvir uma <em>live</em> em que os participantes se propunham a falar se a psicologia é de Deus ou do diabo. Não, não é sobre isso que quero falar nestas poucas linhas, mas da caricatura que foi feita de Jay Adams e do chamado aconselhamento noutético durante a <em>live</em>. </p> </p> <p align="justify">Primeiro, veja esses dois trechos de um dos participantes:</p> <blockquote> <p align="justify">“Qual é o problema do Jay Adams? É que ele possui um reducionismo teórico sobre a verdade”.</p> </blockquote> <blockquote> <p align="justify">“Quando eu pego a palavra noutético no grego, a ideia de admoestação, exortação, confrontação, existe um texto em 1Ts 5.14 que usa essa palavra. E lá diz assim: admoeste e encoraje. Então quando a gente tá lidando com pessoas, se você fica só noutético, você não está cumprindo o mandamento bíblico, porque existe a parte do encorajamento. <u>Mas o que é encorajamento? Aí é que tá. A Bíblia não define para nós o que é encorajamento</u>. Encorajamento é muito contextual da pessoa. E a quantidade de coisas que precisa estar envolvidas no encorajamento, porque, por exemplo, às vezes eu dizer “ei, vâmo ali comigo” é um encorajamento para um, mas não é para outro. “Ei, vâmo comer alguma coisa junto?”, é para um e não é para outro. Ou seja, <u>vai envolver muito o contexto comportamental da pessoa esse encorajar</u>. E aí, esse ato de aconselhamento que só fica batendo, batendo, onde todos os problemas da pessoa é pecado, ele perde esse ponto, porque às vezes, a gente procura direção para muitas decisões que estão certas. Ele só está procurando um esclarecimento melhor da mente, aliviar mais a mente para poder ser mais humano na hora de tomar aquela decisão, etc. Então, eu acho que é um reducionismo teórico e um reducionismo de método, onde a pessoa é transformada numa máquina de pecar e não pecar e acaba esquecendo a pessoa, etc.”</p> </blockquote> <p align="justify">Penso que quem nunca leu Jay Adams e ouve o que foi dito acima, fica com a impressão de que para ele o aconselhamento tem a ver somente com “caçar” o pecado dos crentes, o que coloca ainda mais culpa sobre aqueles que estão sofrendo. Soma-se a isto a afirmação de outro dos participantes da <em>live</em> que disse em outro vídeo que em Jay Adams você tem apenas um behaviorista, ou seja, ele só estava focado na mudança externa de comportamento, utilizando-se de Skinner enquanto o criticava.</p> <p align="justify">Muitos já disseram que entender o pensamento de Jay Adams considerando apenas suas obras traduzidas para o português é algo bastante desonesto. Concordo, mas vou além, se os críticos lessem somente as obras traduzidas, o espantalho que criaram há muito já teria sido lançado ao fogo.</p> <p align="justify">Quero começar com a afirmação de que quando um conselheiro está lidando com pessoas e fica “só no noutético”, sem encorajar, está pecando. Vou considerar acertada a fala. Não se deve mesmo só confrontar, mas encorajar. Meu ponto é: Quem disse que não tem que encorajar?</p> <p align="justify">Em “Conselheiro capaz”, livro que lança fundamentos do modelo de aconselhamento noutético, ao definir os três elementos da confrontação noutética, Adams escreve:</p> <blockquote> <p align="justify">“O segundo elemento inerente ao conceito de confrontação noutética é que os problemas são resolvidos nouteticamente por meios verbais. Diz Trench:</p> </blockquote> <blockquote> <p align="justify">‘É o treinamento mediante a Palavra – mediante a <u>palavra de encorajamento, quando isso basta</u>, mas também pela palavra de admoestação, de reprovação, de censura, <u>quando estas se fazem necessárias</u>’”<a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn1_4516" name="_ftnref1_4516">[1]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">Comentando sobre a importância dos nomes com que Deus se revela na Escritura e o uso no aconselhamento, Adams escreve:</p> <blockquote> <p align="justify">“É extremamente importante compreender que estes nomes também são uma revelação de Deus – dada mediata, não imediatamente – mas, no entanto, nomes que Deus destina a serem reveladores de si mesmo. Foi ele, pelo Espírito, que supervisionou o relato desses nomes <u>para o nosso encorajamento</u>. Portanto, eles devem ser usados por conselheiros”<a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn2_4516" name="_ftnref2_4516">[2]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">Interessante é notar que Adams não ignora que “encorajamento é muito contextual da pessoa”, como dito na live. Pelo contrário, ele diz que</p> <blockquote> <p align="justify">“Sendo cada consulente diferente dos demais – e especialmente porque alguns necessitam de grande encorajamento (‘consolai os desanimados...’ – 1Ts 514b)”<a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn3_4516" name="_ftnref3_4516">[3]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">Ironicamente Adams está comentando exatamente o texto de 1Tessalonicenses que foi citado pelo participante da live para criticar o seu método. Em seu modelo de aconselhamento, há sim lugar para o encorajamento.</p> <p align="justify">Entretanto, há uma diferença gritante entre Adams e seu crítico. O exemplo de encorajamento dado pelo crítico na <em>live</em> foi uma palavra do tipo “ei, vâmo ali comigo” ou “ei, vâmo comer alguma coisa junto” que, segundo ele, funciona para um e não para outro, dadas as peculiaridades de cada pessoa.</p> <p align="justify">O encorajamento, para Adams, parte da Escritura, como visto aqui:</p> <blockquote> <p align="justify">“Se o médico afirma que uma operação é necessária, anima-nos sobremodo saber que outros se submetem com sucesso a semelhante operação. Os clientes <u>precisam desse encorajamento</u> na hora da provação. <u>Por isso é que Paulo declara que nenhum teste é único</u>. Mas <u>esse encorajamento</u> também remove qualquer possibilidade de a pessoa desculpar-se, baseada em que ‘o meu caso é uma exceção à regra’. <u>O trecho de 1Coríntios 10.13</u> não dá lugar a exceções que tais”<a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn4_4516" name="_ftnref4_4516">[4]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">Um grande equívoco deste crítico de Adams é dizer que “a Bíblia não define o que é encorajamento”. Ora, ele mesmo citou o termo “encorajamento” que se encontra em 1Tessalonicensses 5.14. Se você abrir sua Bíblia, notará que em vez de “encorajamento” a palavra é traduzida por “consolo” (consoleis os desanimados).</p> <p align="justify">Apesar das cinco versões que consultei trazerem como tradução “consolo” em vez de “encorajamento”, este é sim um dos sentidos da palavra παραμυθέομαι que aparece 4 vezes no Novo Testamento, sempre traduzido na ARA por “consolo” (Jo 11.19; Jo 11.31; 1Ts 2.12; 1Ts 5.14).</p> <p align="justify">Pois bem, se voltasse apenas alguns capítulos, o crítico de Adams notaria que Paulo usou esta mesma palavra ao lembrar os tessalonicenses: “E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos, <u>consolamos</u> [encorajamos] e admoestamos, para <u>viverdes por modo digno de Deus</u>, que vos chama para o seu reino e glória” (1Ts 2.11-12).</p> <p align="justify">Você imagina Paulo tendo em vista o simples convite para ir ao <i>Tessalonica´s Burger </i>a fim de encorajar ou animar alguém? Se o encorajamento é para que o desanimado viva de modo digno do reino de Deus é claro que envolve as promessas bíblicas de alegria, paz, segurança, consolo, etc que se tem somente em Jesus Cristo.</p> <p align="justify">Pedro estava convicto de que todas as coisas suficientes para a vida e piedade foram dadas aos crentes por meio do conhecimento de Cristo (2Pe 1.3) e Paulo afirmou que toda a Escritura, que é inspirada por Deus, é útil para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16-17).</p> <p align="justify">Outros textos em que os crentes são chamados a andar de modo digno estão num contexto de viver o ensino apostólico (Ef 4.1; Fl 1.27; Cl 1.10). Logo, biblicamente, o encorajamento bíblico tem por base a Escritura e não o “contexto comportamental” da pessoa.</p> <p align="justify">Sobre a acusação de behaviorismo, focado apenas na mudança de comportamento, é preciso dizer que para Adams a mudança de comportamento só é possível por causa da obra de Cristo. É quando o homem deixa de servir a ídolos e serve ao Senhor. O homem que está em Cristo tem uma nova motivação para fazer o que faz:</p> <blockquote> <p align="justify">“Que não nos escape o quão claramente Paulo fala de muito mais do que da mera cessação de atos condenáveis; pois ele requer mudança na própria ‘maneira de viver’ (Cf. Ef 4.22). Paulo apela para que haja mudança genuína; mudança no próprio indivíduo. Não meramente em seus atos. Há esperança quanto a isso – Deus espera que seus filhos mudem. Nesse caso, tal mudança deve ser possível; e, assim sendo, aquele que assim ordenou também deve ter providenciado modos e meios.</p> </blockquote> <blockquote> <p align="justify">[...]</p> </blockquote> <blockquote> <p align="justify">O novo estilo de vida, próprio do discípulo de Cristo, é adquirido mediante a morte para o próprio ‘eu’ (entregando-se à morte, na cruz) e mediante o viver para Deus (o seguir a Cristo). Tudo tem início quando alguém abandona os ídolos e então se volve para o Deus vivo e verdadeiro (1Ts 1.9). A santificação tem prosseguimento no mesmo ritmo em que, diariamente, o crente abandona o pecado e se volta para a retidão.</p> </blockquote> <blockquote> <p align="justify">[...]</p> </blockquote> <blockquote> <p align="justify">Toda a ênfase que a Bíblia empresta ao esforço humano não deve ser distorcida em nosso entendimento; estamos falando sobre o esforço motivado pela graça divina, e não acerca das obras da carne. Não é o esforço envidado independente do Espírito Santo que irá produzir a piedade. Antes, é através do poder do Espírito Santo, com exclusividade, que uma pessoa pode perseverar no seu intento. Por seus próprios esforços, um homem pode persistir no aprendizado da patinação sobre o gelo, mas não conseguirá perseverar na busca pela piedade. O crente pratica boas obra porque o Espírito Santo, antes de tudo, opera nele.”<a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn5_4516" name="_ftnref5_4516">[5]</a></p> </blockquote> <p align="justify">Ainda uma última questão, para aqueles que mentem ao dizer que para ele é tudo problema de pecados pessoais:</p> <blockquote> <p align="justify">“A noção largamente difundida (algumas vezes até por aqueles que deveriam saber mais), de que o aconselhamento noutético considera todos os problemas humanos como resultado direto de pecados particulares dos consulentes, é um erro crasso, uma lamentável representação dos fatos. Desde o início (cf. Competent to Counsel, 1970, p. 108.109) tenho declarado claramente que nem todos os problemas dos consulentes tem como origem seus pecados particulares. Na obra Competent to Counsel cito os casos de Jó e do homem cego de nascença (Jó 9). Os que persistem em atribuir a mim certas opiniões das quais não compartilham tem certa culpa nisso. Tanto devem se informar melhor antes de falar e escrever (há material disponível para leitura – o aconselhamento noutético não é feito à toa!), ou deveriam investigar algumas de suas próprias convicções, geralmente aceitas como fatos (quando na verdade não passam de meras opiniões)" </p> </blockquote> <blockquote> <p align="justify">"Embora toda a miséria humana - incapacidades, doenças, etc. - remonte ao pecado de Adão (e sou firme ao declarar esta verdade bíblica), não se pode dizer que haja uma relação quid pro quo entre todas as misérias dos consulentes e seus pecados individuais. Isto eu nego prontamente"<a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn6_4516" name="_ftnref6_4516">[6]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">A versão em português do livro que ele cita acima diz o seguinte:</p> <blockquote> <p align="justify">“É evidente que as Escrituras nunca apresentam todas as doenças como decorrência de pecado imediato ou sequer de pecaminosos modos de viver. O livro de Jó protesta contra toda e qualquer noção dessa espécie. Contudo, a Bíblia ensina que a existência de toda enfermidade liga-se ao pecado de Adão, e, nesse sentido, pode-se dizer que toda doença decorre do pecado; só nesse sentido, porém. Não obstante, em muitos casos a Bíblia vê uma relação imediata entre pecado e doença"<a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn7_4516" name="_ftnref7_4516">[7]</a>. </p> </blockquote> <p align="justify">Jay Adams era (e suas obras ainda são) bem grandinho para se defender por conta própria, e respondeu em muitos momentos a seus críticos. Além dos livros, é possível acessar seus escritos em seu site, que continua no ar (<a href="https://nouthetic.org/">clique aqui</a>).</p> <p align="justify">Muito poderia ser dito do que se falou na live, mas meu intuito com esse texto é somente tentar mostrar àqueles que nunca leram Adams, mas que estão certos de que ele está ultrapassado (só pelo que ouviram de algum crítico na tal <em>live</em>) que vale à pena conferir suas obras. Você encontrará piedade, erudição e um imenso amor à Deus e à sua igreja. Desde que li pela primeira vez o Conselheiro Capaz, no meu segundo ano de seminário (2000) tenho sido grandemente edificado por este servo a quem Deus agraciou e usou de maneira maravilhosa para a redescoberta da suficiência da Escritura para os males da alma.</p> <p align="justify">Note que não coloquei os números de páginas das citações. Se o texto serviu para aguçar sua curiosidade, confira não apenas as citações, mas as obras completas, ao menos as que estão em português. Espero que muito de Adams ainda seja publicado para nós, leitores tupiniquins.</p> <hr align="left" size="1" width="33%" /> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref1_4516" name="_ftn1_4516">[1]</a> Jay Adams. Conselheiro capaz.</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref2_4516" name="_ftn2_4516">[2]</a> Jay Adams. Teologia do aconselhamento cristão</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref3_4516" name="_ftn3_4516">[3]</a> Jay Adams. Teologia do aconselhamento cristão</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref4_4516" name="_ftn4_4516">[4]</a> Jay Adams. Conselheiro Capaz</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref5_4516" name="_ftn5_4516">[5]</a> Jay Adams. Manual do Conselheiro Cristão</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref6_4516" name="_ftn6_4516">[6]</a> Jay Adams. Manual do Aconselhamento Cristão</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref7_4516" name="_ftn7_4516">[7]</a> Jay Adams. Conselheiro capaz</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-85228055562599327062022-07-24T15:28:00.001-03:002022-07-24T15:29:41.596-03:00Carta a uma filha do Pacto<p align="justify"><a href="https://drive.google.com/uc?id=1_7Ub0iEfrTc-7nR8Xa_cCyL5BXV-ydQe"><img title="familia" style="margin: 0px 0px 0px 27px; float: right; display: inline; background-image: none;" border="0" alt="familia" src="https://drive.google.com/uc?id=1gykP-_0WzfaY4CPppFq5gMRhfyC9W_VU" width="238" align="right" height="538" /></a> <p>Fernanda, minha filha amada,</p> </p> <p align="justify">Hoje é mais um daqueles dias importantes na vida de nossa família. </p> <p align="justify">Há quase 13 anos, mais precisamente no dia 4 de outubro de 2009, eu e sua mãe a apresentávamos diante da igreja a fim de receber o batismo, sinal e selo do Pacto.</p> <p align="justify">Naquela ocasião prometemos instruí-la no temor do Senhor, servir de exemplo de vida e piedade, envidando esforços para livrá-la de más companhias e de maus exemplos, ensinar-lhe a Bíblia e levá-la regularmente à igreja, ensiná-la a adorar ao Senhor com reverência e estimar como irmãos os demais membros da igreja, orar com você, ensiná-la a ler, para que venha a ler por si mesma a Escritura Sagrada (Respostas às perguntas do Manual do Culto da IPB).</p> <p align="justify">Com todas as nossas falhas, pela graça de Deus, temos cumprido as promessas feitas diante do Senhor. Como foi bom, ter visto ao longo destes anos você decorar versículos, catecismo, e aprender a fazer anotações dos sermões que ouvia.</p> <p align="justify">Como é bom ver você fazendo suas devocionais sozinha e cultuar no lar em família.</p> <p align="justify">Como foi bom, ouvir sua resposta diante do Conselho da Igreja, de que ama a Cristo, mas que não sabe um dia específico em que tenha se convertido, pois esta é uma resposta à oração que tenho feito ao longo dos anos por você e por seu irmão, <a href="http://www.mentecativa.com.br/2014/04/carta-um-filho-da-alianca.html">“para que vocês não conheçam um dia sequer em que não tenham amado o nosso Salvador e Redentor, que deu a sua própria vida, para que pudéssemos viver de forma abundante”</a>.</p> <p align="justify">Meu coração está radiante, pois logo mais, no culto da noite, mercê do Senhor, poderei vê-la na frente da igreja professando a sua fé!</p> <p align="justify">Finalmente chegou este tão aguardado dia, dia em que diante de Deus e da Igreja você professará a sua fé no Redentor e eu terei a alegria de ver em meu lar o que, como pastor, tenho visto ao longo dos anos em várias outras famílias, o Senhor cumprindo a sua promessa de fazer <i>“misericórdia até mil gerações daqueles que me [o] amam e guardam os seus mandamentos”</i> (Ex 20.6).</p> <p align="justify">De hoje em diante você passará a ser membro comungante da Igreja Presbiteriana da Praia do Canto, com todos os direitos e deveres a que têm direito cada membro. Poderá ter o imenso privilégio de participar da Ceia do Senhor!</p> <p align="justify">Lembre-se sempre de que “os que comungam dignamente, participando exteriormente dos elementos visíveis desse sacramento, <b>também recebem intimamente, pela fé, a Cristo crucificado e a todos os benefícios da sua morte, e dele se alimentam, não carnal ou corporalmente, mas real, verdadeira e espiritualmente</b>; não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente nos elementos, pão e vinho, nem com eles ou sob eles, mas, espiritual e realmente, presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos em relação aos seus sentidos corporais” (CFW XXIX.VII).</p> <p align="justify">Minha oração é para que você continue a viver na presença do Senhor e para que ele conceda força e sabedoria a fim de que você cumpra fielmente o voto que proferirá diante da igreja, de “fazer toda a diligência para obedecer aos preceitos de Deus contidos nas Sagradas Escrituras, invocando sempre para este fim o auxílio do Espírito Santo, sem o qual não podereis cumprir estes votos com fidelidade” (Manual do Culto da IPB).</p> <p align="justify">Meu coração está transbordando de alegria e gratidão diante do nosso Salvador.</p> <p align="justify">Conte sempre comigo.</p> <p align="justify">Com amor,</p> <p align="justify">Seu pai e pastor,</p> <p align="right">Milton Jr.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-80583583007527494222022-04-11T16:21:00.001-03:002022-04-11T16:21:22.634-03:00Considere o outro superior<a href="https://drive.google.com/uc?id=1Ik1htrywKqgMQM-KnhT0V_dYtd750YZL"><img title="lavar pé" style="margin: 0px auto 14px; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="lavar pé" src="https://drive.google.com/uc?id=1KfXlc3phQiEJcl2HbKBMf8vUCLy0S3ZF" width="548" height="265" /></a> <p align="justify">O egoísmo está presente na vida do homem desde que a queda ocorreu no Jardim do Éden. Entretanto, em nossos dias, aquilo que outrora era visto como pecado é ensinado como algo que cura: Você deve preocupar-se em primeiro lugar com você – dizem.</p> <p align="justify">A “doutrina” do amor próprio é cada dia mais enfatizada, inclusive dos púlpitos. Isso tem levado a igreja para longe da Escritura e, se assimilada, impossibilitará o crente a cumprir ordens bíblicas como a destacada no título.</p> <p align="justify">Desde o princípio, Deus colocou no coração do homem a sua lei que se resume em amar a Deus e amar ao próximo. O egoísmo (amor a si mesmo) entra na história após a queda.</p> <p align="justify">Se você cultivar o chamado amor-próprio, nunca irá considerar o outro superior a você. Para que isso ocorra você precisa aprender sobre o amor bíblico que, conforme Paulo, não procura os seus próprios interesses (1Co 13.5).</p> <p align="justify">Pense num exemplo bíblico. A carta de Paulo a Filemom trata da fuga de um escravo chamado Onésimo que foge em busca de liberdade. Ironicamente ele conhece a verdadeira liberdade quando é discipulado por Paulo, que se encontrava encarcerado. As cadeias humanas nunca serão capazes de aprisionar um homem que foi libertado por Cristo!</p> <p align="justify">Ao crer, Onésimo, contra toda a sua expectativa de liberdade, é enviado de volta ao seu senhor Filemon que, ao invés de punir o escravo pelo que havia feito, foi ordenado a recebê-lo como irmão caríssimo (Fm 16). Por sua vez, Onésimo deveria trabalhar para o seu senhor como se estivesse trabalhando para o próprio Cristo (Ef 6.5-8; Tt 2.9-10), cada um, pensando no interesse do outro. Pense no quão difícil é isto na prática!</p> <p align="justify">No cristianismo, você é ordenado a tratar seu irmão como superior a você (Fp 2.3). Desta forma, pessoas muito ricas devem se ver como servos de pessoas menos abastadas; pessoas muito cultas como servos de iletrados; pessoas com altos cargos na sociedade como servos daqueles que estão à margem da sociedade ou, como na história bíblica, um rico, como Filemom, deveria receber como “irmão caríssimo” um escravo fujão que lhe causou dano, como Onésimo (Fm 16-18).</p> <p align="justify">Isto só é possível se, ao olhar para o seu irmão, você vir a Cristo. Somente desta forma é que você o verá como superior. </p> <p align="justify">Lembre-se de que Jesus, o Deus de toda glória que se fez homem e humildemente lavou os pés de pecadores (Jo 13.1-17), se deu na cruz no Calvário a fim de que todo aquele que nele crê seja visto em união com ele (Rm 6.5), razão de serem visto como justos pelo Pai (2Co 5.21).</p> <p align="justify">Ora, se o próprio Pai, ao olhar para pecadores por meio de Cristo, os considera justos, como se não tivessem cometido pecado algum, o que impediria a você de olhar para o seu irmão, por quem Cristo também morreu, como superior a você? </p> <p align="justify">A resposta é simples: o seu orgulho! É contra este orgulho que você precisa lutar dia a dia. Graças a Deus, por causa da obra de Cristo você pode se considerar morto para o pecado e vivo para Deus (Rm 6.11), pode fazer morrer a sua natureza terrena (Cl 3.5), pode negar-se a si mesmo (Mt 16.24).</p> <p align="justify">Somente a obra de Cristo, aplicada no coração humano pelo Santo Espírito, é capaz de transformar pecadores egoístas e orgulhos para que consigam olhar para os seus semelhantes como superiores a si mesmos.</p> <p align="justify">Portanto, quando você se nega a servir ao seu irmão, considerando-o superior a você, mais do que se engrandecer perante ele, você está afrontando a gloriosa obra de Cristo. Negar-se a morrer para si mesmo, constitui-se, então, um grande pecado.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-19101091685606809432021-11-30T10:58:00.001-03:002021-11-30T11:09:13.294-03:00Você tem vergonha de Cristo?<a href="https://drive.google.com/uc?id=1Q772hynPUGJAEqqhM0Dcm7jDfJpkNAzR"><img title="Jesusadv" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="Jesusadv" src="https://drive.google.com/uc?id=18XanQOAi-mB1rdx4wIJcRvJcs83eCfDB" width="443" height="245" /></a> <p><i>“E, vendo a Pedro, que se aquentava, fixou-o e disse: “Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Mas ele o negou, dizendo: Não o conheço, nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre. [E o galo cantou]”</i> (Mc 14.67-68).</p> <p align="justify">Esta tão conhecida passagem do evangelho de Marcos narra um momento bastante lembrado da vida do apóstolo Pedro. Somente algumas horas antes, o Senhor Jesus Cristo havia advertido aos discípulos que eles iriam abandoná-lo. Neste momento Pedro se adiantou e afirmou de forma categórica: <i>“Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!”</i> – Jesus respondeu que isto aconteceria ainda na noite daquele dia, e por três vezes, ao que respondeu Pedro de forma ainda mais enfática: <i>“Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei.”</i> (Mc 14.27-31).</p> <p align="justify">Diante destes textos, muitos chegam a pensar: Como pôde Pedro, mesmo avisado, cometer tamanha maldade contra o Senhor? Como ele pôde tão rapidamente agir de forma contrária ao que afirmou que faria?</p> <p align="justify">Se você é um desses, “puxe o freio de mão”! A verdade é que, infelizmente, isto é muito comum, debaixo do sol. Apesar de declarar amor a Deus, acabamos por negá-lo em nosso dia a dia, quando nos deparamos com situações como a que enfrentou Pedro e outras até menos graves. Conhecemos a Palavra do Senhor, mas caímos em tentação e pecamos.</p> <p align="justify">Desta forma, por medo de ser preso como Cristo, ou até mesmo de ser morto, Pedro, para salvar sua vida, negou o seu Mestre. Abrão, com medo de morrer, mentiu sobre sua esposa expondo-a a ser violada por outro homem (Gn 12.12-13). O mesmo Pedro, com medo do que os judeus pensariam dele, afastou-se dos gentios com quem estava comendo, razão de ter sido censurado por Paulo (Gl 2.11-21).</p> <p align="justify">Estes são apenas alguns exemplos bíblicos, mas você já deve ter pecado por estar sofrendo algum tipo de pressão. Seja por medo de ser despedido, de ser avaliado negativamente por outros, de ter a reputação manchada, de ser criticado, muitas são as situações em que, deixamos de lado a Palavra do Senhor e pecamos.</p> <p align="justify">Como fez Pedro, quando cristãos pecam, dando mau testemunho a fim de “salvar a sua vida”, estão, automaticamente, negando a Jesus, afinal de contas, como ele mesmo advertiu: <i>“Se alguém vier após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Que daria o homem em troca de sua alma? <u>Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos</u>”</i> (Mc 8.34-38).</p> <p align="justify">As palavras de Jesus são graves! A pergunta que fica diante delas é por qual razão Pedro foi salvo, mesmo negando a Jesus desta maneira. A resposta óbvia é: Pedro se arrependeu! E isto é a mais pura verdade. O que muitas vezes escapa foi o que levou o apóstolo ao arrependimento.</p> <p align="justify">O registro desta história no evangelho de Lucas nos traz entendimento. Lucas narra que Jesus avisou a Pedro: <i>“Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos”</i> (Lc 22.31-32). O texto é bastante claro. A razão de Pedro ter se arrependido, após negar a Cristo, foi a eficácia da intercessão do Senhor Jesus Cristo.</p> <p align="justify">Somente tendo em mente esta convicção, o crente não entrará em desespero quando, pecando, negar a Cristo. É preciso lutar contra o pecado, mas, se pecar, o cristão tem um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo (cf 1Jo 2.1). Este Advogado, que rogou por Pedro, orou pelos seus discípulos, incluindo a você que está em Cristo em sua intercessão, quando pediu ao Pai: <i>“Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra;”</i> (Jo 17.20). Não somente isto, aquele que rogou por você, afirmou que é sempre ouvido pelo Pai. No relato da ressurreição de Lázaro João registou suas palavras: <i>“Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu m enviaste”</i> (Jo 11.41-42).</p> <p align="justify">Nesta última passagem você aprende que pode confiar na intercessão de Cristo e que ela está disponível apenas para aqueles que nele creem, por meio da Escritura. Para os que o rejeitam, permanece a solene advertência: <i>“Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” </i>(Mc 8.38).</p> <p align="justify">Sim, como Pedro, você muitas vezes se envergonhará de Cristo. Entretanto, o Senhor continuará a interceder por você, pois, como registrou o escritor aos Hebreus, <i>“Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos. Ele diz: ‘Proclamarei o teu nome a meus irmãos; na assembleia te louvarei”</i> (Hb 2.11-12).</p> <p align="justify">Portanto, se você está em Cristo, louve a Deus, pois mesmo sendo indigno, Jesus nunca se envergonhará de você, e, ao confessar sua falta, terá o pecado perdoado por causa daquele que é seu Advogado junto ao Pai, mas se você não está em Cristo, tema, afinal de contas, <i>“fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele; se perseverarmos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”</i> (2Tm 2.11-13).</p> <p align="justify">Jesus é sempre fiel, quer quando ele não se envergonha de seus irmãos e intercede por eles, quer quando cumpre a sua ameaça, e, diante do Pai, rejeita aqueles que o rejeitam. Por causa disso, aqueles que nele creem podem até mesmo se envergonhar dele eventualmente, mas não o farão de forma permanente, diferente daqueles que não o receberam pela fé.</p> <p align="justify">Ao pecar, confesse suas faltas, receba o perdão do Pai, pelos méritos do seu Irmão mais velho, que é também seu Advogado, e busque viver para a glória deste, que nunca se envergonhará de você.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-62367519766059888222021-08-26T17:46:00.001-03:002021-09-02T16:09:39.283-03:00Sobre desejo e tentação - Existe a possibilidade de haver cristãos gays?<a href="https://drive.google.com/uc?id=17SbpNAiOGOmA6XnsCbLoo6UMLAwmivN1"><img title="ratoeira" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block;" alt="ratoeira" src="https://drive.google.com/uc?id=1U6UzB99lQqt-IbOc5TnanaKCtQJmiqNW" width="507" height="262" /></a> <p align="justify">Recentemente as redes sociais reacenderam uma discussão acerca da homossexualidade, no mínimo, complicada. Alguns têm defendido que não há problema com o desejo sexual pelo mesmo sexo, desde que não haja a consumação do ato. Ou seja, alguém pode continuar tendo desejos homossexuais sem crise na consciência, desde que se mantenha celibatário.</p> <p align="justify">Para compreender esta questão corretamente é preciso olhar para o ensino bíblico acerca dos desejos e da tentação.</p> <p align="justify">Deus fez o homem com a capacidade de desejar. Existem inúmeras coisas lícitas de se desejar, algumas, inclusive, estimuladas pela Escritura. O desejo pelo episcopado, por exemplo, é chamado de excelente por Paulo (1Tm 3.1). Pedro exorta os cristãos a desejarem ardentemente o genuíno leite espiritual (1Pe 2.2).</p> <p align="justify">Entretanto, até mesmo bons desejos podem se tornar maus. Você aprende isso com Paulo, quando ele afirma que <i>“todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”</i> (1Co 6.12). Algo semelhante foi dito pelo Senhor a Caim: <i>“o seu desejo será contra ti, mas cumpre a ti dominá-lo” </i>(Gn 4.7b). A razão para esta ordem para dominar o desejo em vez de ser dominado por ele havia sido apresentada anteriormente pelo Senhor: <i>“Eis que o pecado jaz à porta”</i> (Gn 4.7a)<i> . </i>O verbo traduzido por jazer neste texto traz a ideia de “estar em uma posição deitada, descansando, mas pronto para a ação”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn1_1674" name="_ftnref1_1674">[1]</a>.</p> <p align="justify">Isto lembra a dinâmica do pecado, conforme ensinada por Tiago. O homem é tentado pelo seu desejo, quando atraído e seduzido, ou seja, quando fisgado pelo desejo (Tg 1.14). </p> <p align="justify">Diante disso, podemos afirmar que não há problema com o desejo legítimo (lícito), a não ser que você, dominado por eles, peque para conseguir o que tanto deseja. A tentação se dá quando você está diante da possibilidade de pecar em nome do seu desejo.</p> <p align="justify">Mateus narra o episódio em que Jesus foi tentado pelo diabo. Após jejuar 40 dias ele teve fome. O desejo por comida é natural e não é pecaminoso em si. O diabo aparece e instiga Jesus a mandar as pedras se transformarem em pão. Bem, se o desejo por comida não é pecado e se Jesus era poderoso para fazer com que pedras se transformassem em pães, qual o problema de ele mandar isso acontecer? É tentação querer comer pão para matar a fome?</p> <p align="justify">É preciso olhar o texto com atenção. O diabo está questionando: <i>“<u>Se és</u> Filho de Deus, manda estas pedras se transformarem em pães”</i>. Percebeu o que está acontecendo aqui? Se você notar os versículos anteriores, verá que ao ser batizado Jesus ouviu a voz do Pai, vinda do céu, que dizia: <i>“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”</i> (Mt 3.17). O que o diabo está colocando em dúvida aqui é a Palavra de Deus. Se Jesus aceitasse a sugestão de mandar que pedras se transformassem em pães, estaria claro que ele não confiava no que o Pai já havia dito acerca dele. Para ter o seu desejo lícito satisfeito ele teria de duvidar que era mesmo o Filho de Deus, pecando para conseguir o pão. Isto explica a resposta de Jesus, citando um texto do AT: <i>“Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”</i> (Mt 4.4).</p> <p align="justify">Jesus não se deixou dominar pelo desejo, colocando Deus à prova a fim de conseguir o pão, mas afirmou que estava bem certo de sua filiação. O fato de ter ou não o pão, não mudaria a verdade revelada por seu Pai. Quando o diabo deixou a Jesus, os anjos de Deus o serviram (Mt 4.11).</p> <p align="justify">Até aqui vimos que há coisas lícitas que podem ser desejadas e satisfeitas, mas que quando você peca para obtê-las (ou peca porque não as conseguiu), significa que elas estão dominando o seu coração e elas se tornaram um mau desejo.</p> <p align="justify">Além disso, está claro nas Escrituras que há desejos que são maus em si mesmos. Biblicamente, não existe a possibilidade de se desejar algo que seja contrário à Lei de Deus, sem que isso já seja considerado pecado pelo Senhor. O sermão do monte traz vários exemplos disso. Em seu ensino, Jesus deixou claro que matar é pecado, mas que o simples desejo de matar, no coração, expresso em ira pecaminosa, já constitui homicídio diante de Deus (Mt 5.21-26). </p> <p align="justify">Quando ele trata do adultério, a questão fica ainda mais clara. Para os fariseus, o adultério estava somente no ato consumado, mas Jesus vai além e diz: <i>“qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela”</i> (Mt 5.27). É preciso pensar um pouco a respeito do que está sendo ensinado aqui. O desejo sexual não é pecaminoso em si. Sendo o homem constituído para crescer, multiplicar e encher a terra, tal desejo é natural nele. </p> <p align="justify">Entretanto, há um limite bem estabelecido pelo Senhor para a satisfação do desejo sexual. Este desejo só pode ser satisfeito de forma correta e piedosa dentro do casamento, tal qual estabelecido pelo Senhor: (1) um homem e (1) uma mulher. Qualquer tipo de satisfação sexual que não esteja dentro da relação pactual do casamento é pecado. Assim, apesar de um homem poder desejar um casamento, ele não pode desejar a mulher do próximo ou outra mulher que não seja a sua (Lv 20.10-12), não pode desejar se deitar com outro homem como se fosse mulher (Lv 20.13), tampouco pode se ajuntar com um animal (Lv 20.15).</p> <p align="justify">Sei que aqui alguém pode questionar apontando para o fato de que o que está relatado em Levítico não é apenas o desejo, mas a consumação do ato. Eu digo que sim, isto é verdade! Mas pense no que está descrito aqui à luz do ensino do Senhor Jesus Cristo em Mateus 5. Se o desejo entre um homem e uma mulher (que é biblicamente lícito) é pecado quando ocorre fora do limite do casamento, ainda que seja desejado apenas no coração (o olhar com intenção impura), por que não seria também pecado o desejo por alguém do mesmo sexo, que é biblicamente ilícito, ainda que somente no pensamento?</p> <p align="justify">Desta forma:</p> <p align="justify"><u>O desejo por coisas lícitas não é pecado</u> – Não há problema em um homem desejar ter relações sexuais com uma mulher e buscar satisfação deste desejo no casamento.</p> <p align="justify"><u>O desejo por coisas lícitas se torna pecado</u> quando domina o homem e ele peca para conseguir o que quer, ou por não ter conseguido o que quer – Tanto é pecado um homem desejar relações sexuais com uma mulher fora do casamento, quanto consumar tal ato (Mt 5.27; 1Co 6.12). </p> <p align="justify"><u>O desejo por coisas ilícitas é pecaminoso em si</u>, ainda que não levado à cabo – Tanto o desejo de ter relações com pessoas do mesmo sexo, quanto a consumação deste ato é errado.</p> <p align="justify">Os que advogam a existência de uma identidade homossexual não estão levando em conta:</p> <p align="justify">1. Que a queda tornou o homem inclinado a todo o mal;</p> <p align="justify">2. Que “todo pecado, tanto o original [imputado a todos] como o atual [cometido por todos], sendo transgressão da justa lei de Deus e a ela contrária, torna, pela sua própria natureza, culpado o pecador e por esta culpa está sujeito à ira de Deus e à maldição da lei, e, portanto, sujeito à morte com todas as misérias espirituais, temporais e eternas” (CFW VI-6);</p> <p align="justify">3. Que a salvação em Cristo faz com que o homem se torne uma nova criatura e, vivificado por Cristo, ele pode agora, no poder do Espírito Santo mortificar os desejos e feitos da carne.</p> <p align="justify">Assumir que existam “cristãos gays” ou “cristãos lgbt+” é negar a obra de santificação progressiva operada pelo Senhor na vida dos seus filhos, obra que os torna dia após dia menos parecidos com Adão e mais parecidos com Cristo. Apesar das lutas contra o pecado, o Senhor está formando em seus filhos do caráter do seu Filho Eterno.</p> <p align="justify">Outra questão importante. Quando se fala em um “cristão gay”, parte-se do princípio de que a homossexualidade é parte integrante da identidade da pessoa. Entretanto, quando a Escritura chama o pecador pelo nome do seu pecado, significa que ali está alguém que <i>“vive na prática do pecado”</i> (1Jo 3.9), logo, alguém que não é nascido de Deus. É por conta disso que Paulo afirma que os <i>“injustos não herdarão o reino de Deus”</i>, e continua dizendo, <i>“não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus”</i> (1Co 6.9-10).</p> <p align="justify">Após descrever que estes que vivem na prática do pecado não herdarão o reino, o apóstolo aponta para obra de Cristo que os livra da escravidão do pecado: “<u>Tais fostes</u> alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11).</p> <p align="justify">Portanto, é uma falácia falar em cristão lgbt. Tão falacioso quanto falar em cristão adúltero, cristão ladrão, cristão mentiroso, etc. A obra de Cristo torna o pecador santo. Ele luta contra o pecado, mas não pode mais ser identificado por ele, pois, <i>“se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”</i> (2Co 5.17).</p> <hr align="left" size="1" width="33%" /> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref1_1674" name="_ftn1_1674">[1]</a> Wanson, J. (1997). Dicionário de línguas bíblicas com domínios semânticos: hebraico (Antigo Testamento) (ed. Eletrônico). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-14976277696904460932021-07-09T17:27:00.001-03:002021-07-09T17:27:26.103-03:00As palavras de Jesus são mais importantes que as de Paulo?<p align="justify"><a href="https://drive.google.com/uc?id=1i9ihMe5ky2-ySEKh1F1SvrqKL9LfLcKE" name="_ftnref1_2523"><img title="vermelhas" style="margin: 0px 0px 0px 22px; float: right; display: inline; background-image: none;" border="0" alt="vermelhas" src="https://drive.google.com/uc?id=1Oe0s8937tObloOysHQNuPZ-BYL01JaGR" width="349" align="right" height="349" /> <p>[1] <font color="#333333">Aqueles que não repararam que a pergunta é uma pegadinha já devem ter pensado: “Que pergunta mais óbvia é esta? Não há como comparar Paulo com Jesus...”.</font> </p> </a></p> <p align="justify">Pensando somente na resposta, eu concordaria de imediato, afinal de contas o Senhor Jesus é o próprio Deus, perfeito e sem pecado, enquanto Paulo era um pecador como nós e, para usar suas próprias palavras, o principal dos pecadores (1Tm 1.15). Porém, a pergunta não se refere a Jesus e Paulo, mas àquilo que falou Jesus em comparação ao que falou Paulo.</p> <p align="justify">Explico: não é de hoje que vejo cristãos afirmando ser aquilo que saiu dos lábios de Jesus mais importante que os ensinos do apóstolo. Com a publicação de uma versão da Bíblia em que as palavras de Jesus vinham destacadas em vermelho, o problema só aumentou. Em discussões doutrinárias o argumento de muitos passou a ser: “Esses versículos são mais importantes, pois aqui foi o próprio Senhor quem falou e não Paulo, Pedro ou algum outro.”</p> <p align="justify">Certa vez uma irmã questionou um texto escrito por um amigo e que tratava da submissão da esposa ao marido argumentando que o único a falar dessa submissão era Paulo, que Jesus nunca havia mencionado uma palavra sequer sobre esse assunto e que, como cristã, seguiria a Jesus e não ao apóstolo.</p> <p align="justify">Aqueles que entendem dessa forma estão diante de um grande problema e caíram numa armadilha da qual nem se deram conta. O problema é o fato de não termos na Bíblia uma linha sequer escrita pelo próprio Senhor Jesus. O que temos são discursos atribuídos a ele, mas escritos pelos evangelistas, portanto não seria o caso de crer no que Jesus falou “em oposição” ao que falou Paulo, mas no que os evangelistas escreveram “em oposição” ao que escreveu Paulo, e aqui está a armadilha. </p> <p align="justify">Uma alegação daqueles que estão na armadilha seria a de que os evangelistas andaram com Jesus e aprenderam com ele, enquanto Paulo foi um apóstolo que não teve contato com o Senhor. Eu perguntaria então como sabemos que os evangelistas andaram com Jesus e a resposta óbvia seria que eles mencionam isso em seus escritos. Se é assim, temos a mesma alegação nos escritos de Paulo que afirma: <i>“Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo”</i> (Gl 1.11-12).</p> <p align="justify">Quem entende que Jesus disse coisas opostas ao que disse Paulo tem então um grande problema a resolver, a saber, provar que Jesus, de fato, disse o que os evangelistas afirmam que ele disse.</p> <p align="justify">O que está por detrás desse pensamento falacioso é um conceito errado sobre a Bíblia, é não entender que o Senhor é o autor primário das Escrituras sendo ela, então, <i>“inspirada por Deus e</i> <i>útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra”</i> (1Tm 3.16-17).</p> <p align="justify">Outro conceito errado decorre desse primeiro. Quando se aceita a inspiração, a autoridade da Palavra é do próprio Deus, mas negando-se isso a autoridade passa a ser de quem lê. Assim, o leitor aceita o que está em acordo com o seu pensamento e rejeita o que acha errado. É impossível não citar aqui as palavras de Agostinho que certa vez afirmou que “se, no Evangelho, você crê no que quer e rejeita o que não quer, não crê no Evangelho, mas em si mesmo”.</p> <p align="justify">Quando se crê que Deus é autor primário das Escrituras, sendo os escritores apenas instrumentos para registrar a sua vontade de forma infalível (2Pe 1.20-21), como é o meu caso, não se tem o problema relatado acima. Posso crer que as palavras atribuídas a Jesus pelos evangelistas foram mesmo ditas por ele, bem como crer que as palavras proferidas por Paulo foram também aprendidas de Cristo.</p> <p align="justify">Como afirmou Mark Jones, </p> <blockquote> <p align="justify">“as Escrituras dependiam de Cristo para obter seu conteúdo. Se insistirmos em usar letras vermelhas nas Bíblias para as palavras de Cristo, podemos levar isso às últimas consequências e insistir em uma versão bíblica com todas as letras vermelhas, pois toda a verdade de Deus procedeu de Cristo, pois ele é a Palavra do Pai”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn2_2523" name="_ftnref2_2523">[2]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">Com esta convicção, leiamos toda a Bíblia na certeza de que o nosso Senhor fala em cada uma de suas páginas e, como servos, submetamo-nos de coração às suas ordenanças, acatando todo o desígnio de Deus.</p> <hr align="left" size="1" width="33%" /> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref1_2523" name="_ftn1_2523">[1]</a> Texto publicado pela primeira vez em 2011, republicado com acréscimos</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref2_2523" name="_ftn2_2523">[2]</a> Mark Jones. O conhecimento de Cristo, Ed. Monergismo – p. 304</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-82539468642762999582021-06-22T16:01:00.001-03:002021-06-22T16:03:48.566-03:00Quando o aconselhamento bíblico não é possível<a href="https://drive.google.com/uc?id=1w6a3pDnpXKgIPrgZPmDQrnD_ThAUv12U"><img title="Coração de pedra" style="margin-right: auto; margin-left: auto; float: none; display: block; background-image: none;" border="0" alt="Coração de pedra" src="https://drive.google.com/uc?id=1sTgzO9jnnje0JrtB6qIs9Kp8s0bVVTsW" width="489" height="305" /></a> <p align="justify">Se você acompanha este blog há algum tempo pode estar se perguntando a que o título se refere. Afinal de contas, temos publicado aqui vários textos que afirmam e reafirmam a suficiência das Escrituras para tratar quaisquer problemas do homem que não tenham origem orgânica, os chamados males da alma. Temos defendido a superioridade do aconselhamento bíblico sobre qualquer outro sistema de aconselhamento pautado na sabedoria deste mundo. Concordando com Jay Adams, creio que “sendo o aconselhamento – o processo de auxiliar outros a amarem a Deus e ao próximo – uma parte do ministério da Palavra (assim como a pregação) é inconcebível usar qualquer outro texto (do mesmo modo que seria impensável usar outros textos na pregação) que não seja a Palavra de Deus. O ministro da Palavra deixa de o ser, quando se fundamenta em outro texto que não seja a Palavra”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn1_7092" name="_ftnref1_7092">[1]</a>.</p> <p align="justify">Portanto, o presente artigo não quer contradizer isso. Sim, cremos que em Cristo, conforme revelado nas Escrituras, temos <i>“todas as coisas que conduzem à vida e à piedade”</i> (2Pe 1.3). Todavia, é preciso reconhecer que há uma circunstância em que o aconselhamento bíblico é impossível. Não pense que estou endossando aqui a posição de que há problemas muito grandes para pastores ou conselheiros bíblicos e que necessitam de um profissional terapeuta “qualificado”. A impossibilidade se torna evidente não por causa dos tipos de problemas, mas por causa da incapacidade daqueles que estão enfrentando os problemas de ouvir instruções bíblicas.</p> <p align="justify">Sendo mais claro, Paulo afirma que “certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem” (1Co 1.18) e que <i>“o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente”</i> (1Co 2.14). Ou seja, alguém que ainda não foi regenerado não pode, de forma alguma, atender à Palavra de Deus! </p> <p align="justify">Só para usar figuras bíblicas, a Palavra de Deus é descrita como uma espada de dois gumes que penetra a ponto de discernir os propósitos do coração (Hb 4.12). Entretanto, o coração do pecador é de pedra, e para que possa ser penetrado pela Palavra, deve ser, antes, transformado em um coração de carne (Ez 11.19). Essa promessa, feita por Deus no Antigo Testamento, é essencial para que os homens <i>“andem nos meus [de Deus] estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus”</i> (Ez 11.20).</p> <p align="justify">A falta de um novo coração, isto é, da regeneração, torna impossível o aconselhamento bíblico, pois o pecador, sem Cristo, não tem condições de colocar em prática, com a motivação correta, as ordens e orientações da Palavra de Deus. Não adianta dar princípios bíblicos a alguém que não é nascido de novo.</p> <p align="justify">Certa vez, conversando sobre isso, fui questionado por meu interlocutor se não seria bom ter não crentes recebendo orientações da Palavra de Deus, mesmo que não chegassem a crer em Cristo, afinal de contas, sendo a lei de Deus perfeita, sua prática acabaria por melhorar um pouco a vida dos ímpios. Talvez esse possa ser também o seu questionamento diante do que leu até aqui, e é preciso uma resposta.</p> <p align="justify">Não tenho dúvidas de que a lei é boa e, mais que isso, Paulo diz, ainda, que o mandamento é também santo e justo (Rm 7.12). No salmo 19 Davi qualifica a lei como perfeita, fiel, reta, pura, límpida, verdadeira e o que ela produz é restauração da alma, concessão de sabedoria aos símplices, alegria ao coração, iluminação dos olhos. Entretanto, isso se dá somente após a conversão. Em Cristo, e somente por estar em Cristo, o homem tem condições de guardar a lei. A resposta à pergunta 97 do Breve Catecismo de Westminster explica que a utilidade especial da lei moral aos regenerados é lhes “mostrar quanto devem a Cristo por tê-la cumprido e sofrido a maldição dela, em lugar e para o bem deles; e assim leva-los a uma gratidão maior, e a manifestar essa gratidão por maior cuidado da sua parte em conformarem-se a esta lei, como regra de sua obediência” (BCW – p. 97).</p> <p align="justify">A lei leva o crente à gratidão por Jesus Cristo ter cumprido algo que homem algum poderia cumprir de forma plena. Isso porque a obediência à lei não se dá apenas externamente, mas leva em conta a razão da obediência. Uma coisa é alguém não roubar por amor e satisfação em Deus e amor ao próximo, outra coisa é alguém não roubar com medo de ser preso. No primeiro caso, a razão é a glória de Deus, no segundo, a preocupação egoísta consigo mesmo. Mas o resultado final é o mesmo: alguém que não rouba. Isso não é suficiente diante de Deus, por isso não deve ser o alvo do aconselhamento bíblico. </p> <p align="justify">Tentar dar preceitos bíblicos a não crentes é uma simples tentativa de resolver os sintomas de um problema maior, a inimizade do homem com Deus. Imagine um casal não crente recebendo instruções bíblicas, sem levar em conta a redenção: O conselheiro ensina ao homem que ele deve estar disposto a morrer por sua esposa para o seu casamento ir bem. Ensina também à esposa que ela deve submeter-se ao marido, com o mesmo objetivo, a manutenção do casamento. Talvez isso funcione por um tempo, pois, ao tratar bem a esposa, ela pode também querer agradá-lo, submetendo-se a ele. Mas sem a capacidade de fazer o que é certo para a glória de Deus (eles não têm um novo coração), isso durará pouco tempo, e ainda que dure muito tempo, só servirá para mandar um casal “unido” para o inferno.</p> <p align="justify">Pense na função da lei de Deus para o não crente. Novamente recorro ao Breve Catecismo, que afirma que a utilidade especial da lei moral para os não regenerados é “despertar a consciência deles para que fujam da ira vindoura e para força-los a recorrer a Cristo; ou para deixá-los inescusáveis e sob a maldição do pecado, se continuarem nesse estado e caminho” (BCW – p. 96).</p> <p align="justify">O conselheiro não pode se ocupar simplesmente em resolver problemas, pois cairá na tentação de dar a não crentes simples instruções de como viver bem e, caso funcione, estará afastando-os ainda mais de Jesus Cristo. Talvez aqui seja necessário lembrar que Jesus proferiu um de seus “ais” aos fariseus porque eles se esforçavam para fazer um novo converso, e uma vez feito isso, o tornavam filho do inferno duas vezes mais que eles (Mt 23.15). Lembre-se de que o ensino deles era a de salvação pela guarda da lei (distorcida, eu sei), sem um Redentor. </p> <p align="justify">O princípio é o mesmo. Da mesma forma que o prosélito (novo convertido), convencido de que poderia ser justificado diante de Deus pela lei, desprezava a Cristo, o não crente que aprende apenas princípios para melhorar seu problema sem se dar conta de sua falta de capacidade, entenderá que não precisa de um Redentor.</p> <p align="justify">Conselheiro, você não pode se contentar com uma meta tão baixa como essa. Isso qualquer terapeuta tem como alvo, segundo a sabedoria deste século. Você precisa querer mais!</p> <p align="justify"><b>Como proceder, então?</b></p> <p align="justify">Agora talvez você esteja exatamente com essa pergunta em mente. É preciso, então, caminhar um pouco mais. Como bem afirmou Welch, “todos os aspectos da vida são vividos diante da face de Deus” – e levando em conta isso – “o aconselhamento bíblico procura lidar com esta característica central da nossa vida, sendo completo somente quando considera nosso relacionamento com Deus e nos dirige a ele”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn2_7092" name="_ftnref2_7092">[2]</a>.</p> <p align="justify">O aconselhamento bíblico, mais do que resolver problemas, tem por fim levar o aconselhado à maturidade e à conformação com Cristo Jesus, a fim de que ele aprenda a responder às suas circunstâncias, de forma piedosa, com a ajuda do Redentor.</p> <p align="justify">Quando aconselhamos um cristão comprometido com Cristo, partimos do princípio de que ele sabe que deve viver para a glória de Deus e, ainda que ele tenha que ser relembrado desta verdade, ele tem todas as condições de “desenvolver a sua salvação”, pois Deus opera nele o querer e o realizar, conforme sua boa vontade (Fl 2.12,13).</p> <p align="justify">Entretanto, diante de um não crente, o conselheiro tem de estar certo de que este aconselhado não tem condições de viver para glória de Deus, nem de responder piedosamente às suas circunstâncias. Deve manter em mente que o privilégio concedido pelo Senhor neste instante é mais do que tentar “curar superficialmente as feridas”, mas de talvez ser instrumento de Deus para uma mudança verdadeira que começa com a rendição a Jesus Cristo.</p> <p align="justify">Alguns entendem que neste momento o conselheiro deveria parar o aconselhamento e apresentar o “plano de salvação”, para depois concentrar-se nos problemas. Creio, entretanto, que as duas coisas podem ser feitas concomitantemente.</p> <p align="justify">Não crentes que procuram aconselhamento bíblico estão vivendo dilemas reais, dores reais e muitos estão esgotados com suas lutas. Não é sábio desconsiderar todas essas coisas e não é misericordioso não demonstrar compaixão. </p> <p align="justify">Certa vez Jesus aproximou-se de uma mulher, perto de uma fonte, e começou uma conversa com a samaritana pedindo a ela “água”, culminando na afirmação da necessidade que aquela mulher tinha da “água viva” e que pediria essa água se entendesse quem era aquele que estava conversando com ela (Jo 4.1-10). Isso despertou a curiosidade da mulher que perguntou se ele era maior que Jacó, que havia dado a eles poço. Jesus afirmou, então, que quem bebia do poço de Jacó voltava a ter sede ao passo que bebendo de sua água, a sede cessaria para sempre. Isso fez com que a mulher pedisse, então, dessa água. </p> <p align="justify">A história mostra que Jesus estava tratando da maior das necessidades da mulher, mas ele não ignorou seus dilemas pessoais, o que é visto quando ele pede para ele chamar o homem que ele sabia não ser o marido dela, que já havia tido cinco. A conversa segue com a mulher perguntando sobre adoração e ouvindo que o Pai procura adoradores que o adorem em Espírito e em verdade. É nesse ponto da história que ele se revela como o Messias que ela disse saber que estava para vir. Mais uma vez quero enfatizar. Jesus tratou o problema mais profundo daquela mulher, a falta de redenção, mas sem desconsiderar seu problema “superficial”. </p> <p align="justify">Conselheiros devem rogar ao Senhor sabedoria a fim de abordar os problemas dos não crentes usando-os para mostrar a eles a necessidade de alguém que lute suas lutas e caminhe com eles, capacitando-os a responder de forma piedosa às circunstâncias que podem ou não melhorar. Esse caminho envolve arrependimento e fé no Salvador, Jesus Cristo.</p> <p align="justify">Não se esqueça. Quando lidamos com não crentes, juntamente com a instrução do que fazer é necessário mostrar a eles a impossibilidade de fazerem sozinhos, anunciando-lhes que existe um Redentor que resolve o maior de todos os seus problemas, a fim de eles possam lidar com suas circunstâncias de uma forma que honre o Deus que liberta o pecador da miséria do pecado.</p> <p align="justify">Não se contente em ser um simples “resolvedor de problemas”, mesmo porque você não tem condições para tal. Anuncie aos não crentes que porventura busquem o aconselhamento bíblico o Deus que <i>“é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” – </i>para que – <i>“a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!”</i> (Ef 3.20-21).</p> <hr align="left" size="1" width="33%" /> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref1_7092" name="_ftn1_7092">[1]</a> Jay Adams. Teologia do aconselhamento cristão, p. 14</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref2_7092" name="_ftn2_7092">[2]</a> Edward T. Welch. Mas afinal, o que é o aconselhamento bíblico? – Coletâneas de Aconselhamento Bíblico, v. 2, p. 172</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-61005427628683272362021-06-03T13:34:00.000-03:002021-06-22T16:21:47.828-03:00Depressão nos personagens bíblicos?<p><a style="margin-right: 1em; margin-left: 1em;" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Bd3XW1gMUuRyFFlSpYqHAQJUYq6zeiJPh_MsH-Pr9QaG0N_GR7SElb9H4lZASBQ9P2MOku8h7MhoyQvJFC-F0iUbTC1KUSaykn0mWjZMP8oWX4atObgzjoOdHtLwLmukj5r0_gjF8n4/s960/cruz+rem%25C3%25A9dio.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Bd3XW1gMUuRyFFlSpYqHAQJUYq6zeiJPh_MsH-Pr9QaG0N_GR7SElb9H4lZASBQ9P2MOku8h7MhoyQvJFC-F0iUbTC1KUSaykn0mWjZMP8oWX4atObgzjoOdHtLwLmukj5r0_gjF8n4/w640-h282/cruz+rem%25C3%25A9dio.jpg" width="640" height="282" data-original-width="960" data-original-height="423" /></a></p> <p align="justify"><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn1_5488" name="_ftnref1_5488">[1]</a>A Bíblia é (ou deveria ser) a regra de fé e prática dos cristãos. Teoricamente isso significa que as Escrituras, corretamente interpretadas, devem ser o crivo para o cristão interagir com todas as cosmovisões ao seu redor, avaliando-as e julgando-as a fim de reter o que é bom (1Ts 5.21). Teria de ser desta forma, pois o salmista afirma ser a Palavra a lâmpada para nossos pés e a luz para o nosso caminho (Sl 119) e o Senhor Jesus afirma ser ela “A verdade” (Jo 17.17).<b><u></u></b></p> <p align="justify"></p> <p align="justify">Porém, para muitos crentes, na prática a teoria é outra. Inundados pelo modo de pensar deste século, crentes sinceros têm se descuidado e feito justamente o contrário, interpretado a Bíblia com pressupostos seculares.</p> <p align="justify">Dia desses deparei-me com um texto assim. Nele, o autor se propõe a tratar de depressão e espiritualidade. Ele começa falando da depressão, principalmente da mulher, sob uma perspectiva médica, afirmando ser um conjunto de sintomas que merecem atenção profissional, médica e psicológica. Segundo o texto: </p> <blockquote> <p align="justify">A depressão feminina está ligada a <i>causas biológicas</i> (puberdade, ciclo menstrual, gravidez ou infertilidade, pós-parto e menopausa), <i>causas culturais</i> (papel da mulher, status social, abuso sexual) e <i>causas psicológicas</i> (estresse, reação às perdas e aos conflitos, discriminação).<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn2_5488" name="_ftnref2_5488">[2]</a></p> </blockquote> <p align="justify">O autor explica ainda que a depressão é classificada tradicionalmente em endógena e exógena, sendo a primeira originada por causas internas (biológicas ou predisposições hereditárias) e a segunda causada por fatores externos, como se fosse uma reação a fatores ambientais e circunstanciais (desemprego, divórcio, etc.). </p> <p align="justify">O tratamento, segundo ele, <b><u>deve</u></b> seguir dois procedimentos, a avaliação e diagnóstico por um profissional médico e a escolha do tratamento adequado, sendo tratamentos eficazes o medicamentoso e a psicoterapia.</p> <p align="justify">Assumidos os pressupostos, parte-se então em uma busca para provar a depressão biblicamente e, de acordo com os sintomas da depressão descritos no texto, chega-se à conclusão de que Jó, Moisés, Jonas, Davi e, surpreendentemente, o próprio Senhor Jesus passaram por depressão. A evidência seria eles terem pedido para morrer ou, no caso de Davi, ter os ossos e o humor afetados pela depressão. Para o articulista esses exemplos provam o realismo bíblico da depressão demonstrando que a fé não livra o homem de problemas mentais, mas também trazem esperança. Citando Hebreus 2.18 e 4.15 ele afirma que Jesus pode compadecer-se de quem enfrenta depressão por ter ele mesmo sofrido com isso.</p> <p align="justify">Por fim o autor afirma que muitos substituem o tratamento médico pelo religioso por causa de preconceito, por falta de informação ou em nome de uma grande fé e lembra ser a medicina uma bênção do Senhor e os remédios, meios divinos para nossa cura, pois Deus cura extraordinariamente por meio de um milagre, mas ordinariamente cura pessoas por meio de um tratamento médico.</p> <p align="justify"><b>Verificando as implicações</b></p> <p align="justify">Se assumirmos como corretas as interpretações dos textos bíblicos e as afirmações feitas pelo autor, temos sérias implicações:</p> <p align="justify">1. Certos tipos de emoções e comportamentos (desânimo, tristeza “desproporcional às circunstâncias, aumento ou diminuição do apetite, pensamentos, planos ou tentativa de suicídio, etc.”), devem ser encarados como patológicos;</p> <p align="justify">2. Tivessem os personagens bíblicos citados, incluindo o nosso Senhor, a bênção de viver num tempo em que já existe o Rivotril, a sua “doença” poderia ter sido curada por Deus de modo “ordinário”. Falar da profunda tristeza de Jesus como se fosse desejo de morrer é dizer o que o texto não diz, como ficará claro mais à frente;</p> <p align="justify">3. Conselheiros bíblicos não estão aptos a aconselhar pessoas com depressão, devendo esse trabalho ser feito sempre por profissionais psicoterapeutas;</p> <p align="justify">4. A “conversa psicoterapêutica” é mais eficaz que a “conversa bíblica”;</p> <p align="justify">5. O aconselhamento bíblico, para o caso da depressão, está descartado pelo autor, já que os tratamentos efetivos são o medicamentoso e a psicoterapia;</p> <p align="justify">6. Discordar da perspectiva do articulista sobre a depressão é ser mal informado, preconceituoso e, praticamente, um adepto da confissão positiva.</p> <p align="justify">Para provar ser a depressão uma doença que deve ser tratada de forma medicamentosa, o autor recorre a exemplos bíblicos que “demonstram” a sua realidade. A ironia está no fato de que nenhum dos “depressivos bíblicos” foi tratado com remédio, por razões óbvias.</p> <p align="justify"><b>Testando biblicamente – textos nos seus contextos</b></p> <p align="justify">Como afirmado no início deste artigo, a Bíblia corretamente interpretada é o parâmetro para julgar todas as outras coisas, e não o contrário. Não há dúvidas de que estes nossos irmãos do passado enfrentaram tristezas profundas, mas terá o autor acertado em seu “diagnóstico” a respeito destes personagens, usando as lentes que ele usou? É preciso, então, verificar os textos em seus devidos contextos a fim de afirmar o que estava acontecendo com cada personagem diagnosticado com depressão. </p> <p align="justify">Antes, porém, de nos atermos aos textos, é preciso estabelecer novos pressupostos:</p> <p align="justify">1. A Bíblia ensina que somos governados por nosso coração e o que governa o nosso coração governará a nossa vida (Mt 6.21; Mt 15.19; Sl 141.4);</p> <p align="justify">2. A forma como respondemos às pessoas e circunstâncias dependerá, portanto, daquilo que está governando o nosso coração. Como exemplo, lembremos a negação de Pedro. A despeito de saber o que era o certo a se fazer, acabou por negar o Senhor com medo de morrer;</p> <p align="justify">3. Nossas ações e emoções são fruto da nossa interpretação da realidade. Ainda pensando em Pedro, ele interpretou que os homens eram maiores que o Senhor e que não estaria seguro falando a verdade, ainda que já tivesse ouvido do próprio Jesus que até os cabelos de sua cabeça estavam contados e que, por isso, não precisaria temer os que matam o corpo (Mt 10.16-33).</p> <p align="justify">Assumidos os novos pressupostos, vejamos os textos:</p> <p align="justify"><b><i><u>A “depressão” de Jó</u></i></b></p> <p align="justify">Jó é descrito no começo do seu livro como um homem íntegro, reto e que se desviava do mal. O Senhor chega a afirmar a Satanás que não havia na terra homem semelhante a ele (Jó 1.8). Depois que Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por ser alvo de suas bênçãos, é permitido que o tentador tire tudo dele. A partir daí a história se desenvolve de forma maravilhosa.</p> <p align="justify">No princípio, Jó faz uma afirmação de fé formidável. Após sua esposa mandá-lo amaldiçoar a Deus e morrer ele diz: <i>“Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?”</i> (2.10). </p> <p align="justify">Porém, a partir do capítulo 3 Jó parece interpretar os fatos de outra forma. Sendo ele justo, não poderia estar sofrendo daquela forma, antes tivesse morrido na madre. Isso pode ser confirmado em todo o capítulo 31, no qual Jó fala de suas qualidades ao responder aos seus amigos chegando, por fim, a dizer: <i>“Tomara eu tivesse quem me ouvisse! Eis aqui minha defesa assinada! Que o Todo-Poderoso me responda.”</i> No primeiro versículo do capítulo 32 temos: <i>“Cessaram aqueles três homens de responder a Jó no tocante ao se ter ele por justo aos seus próprios olhos.”</i></p> <p align="justify">A partir do capítulo 38 Deus, em vez de responder a Jó, lhe faz uma série de perguntas que revelavam seu poder e sua soberania. Ao final, diz o Senhor: <i>“Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argui a Deus que responda”</i> (40.2).</p> <p align="justify">O resultado é maravilhoso. Jó afirma: <i>“Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei.”</i> Jó reconhece que a realidade era diferente daquela que ele interpretava, mas Deus continua com mais uma série de perguntas que apontavam para a sua sabedoria. Ao final Jó confessa que nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado e afirma que o conhecia apenas de ouvir, mas que agora que o via se abominava e se arrependia (42.1-6).</p> <p align="justify">A “depressão” de Jó foi causada por uma falsa interpretação da realidade e o tratamento de Deus foi fazê-lo ver com clareza que as coisas não eram como ele entendia. O Senhor confrontou Jó, com sua Palavra, e restaurou-o.</p> <p align="justify"><b><i><u>A “depressão” de Moisés</u></i></b></p> <p align="justify">O caso de Moisés é interessante. Desde o começo de seu chamado ele se mostra bastante relutante e, vez por outra, esquecia a promessa feita por Deus ao comissioná-lo: “Eu serei contigo” (Êx 3.12). No episódio em que pediu ao Senhor que o matasse, estava mais uma vez murmurando, pois o povo continuamente reclamava por não ter carne (Nm 11.4). Ele estava achando ser muito pesado o seu encargo e que faria as coisas por sua própria força (Nm 11.14). </p> <p align="justify">A primeira coisa que o Senhor faz é distribuir o trabalho com 70 anciãos e, com menos trabalho, a murmuração de Moisés terminaria, certo? Errado! Deus afirmou que alimentaria o povo e daria tanta carne em um mês inteiro a ponto de sair pelo nariz e o povo se enfastiar dela. Moisés entendeu que novamente seria muito trabalho para ele e reclamou, insinuando ser impossível para ele prover carne para o povo o mês inteiro (Nm 11.22).</p> <p align="justify">Deus trata Moisés confrontando-o: <i>“Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor?”</i> (Nm 11.23). Em outras palavras, Deus estava dizendo a Moisés que não precisaria reclamar e se preocupar, pois ele era o provedor.</p> <p align="justify">Mais uma vez o desejo de morrer foi por não confiar no Senhor e o tratamento foi o confronto com as promessas de Deus e a interpretação da realidade pela perspectiva correta.</p> <p align="justify"><b><i><u>A “depressão” de Jonas</u></i></b></p> <p align="justify">Jonas é visto no texto como um doente que sofria de grave melancolia ou distimia crônica. Uma leitura rápida do livro já revela a razão de ele pedir a morte. Jonas é chamado por Deus para pregar aos ninivitas, povo poderoso, inimigo de Israel. A primeira coisa que o profeta faz é fugir, ele não queria ver os ninivitas convertidos. Depois do episódio em que é lançado no mar e engolido por um peixe, Jonas acaba parando em Nínive onde prega o sermão mais duro que se poderia pregar e, para sua surpresa, o povo crê em Deus.</p> <p align="justify">O capítulo 4 começa afirmando que, por causa disso, Jonas desgostou-se e irou-se. O texto é claro, o profeta diz que fugiu porque sabia que Deus era misericordioso e, agora, com os ninivitas convertidos, era melhor morrer que viver. Jonas revela um coração egoísta, que não confia nos propósitos de Deus. Ele queria fazer melhor que o Senhor, mas já que isso não foi possível melhor seria a morte.</p> <p align="justify">Deus trata o profeta confrontando o seu egoísmo e demonstrando que da mesma forma que tinha compaixão de uma árvore o Senhor também tinha dos ninivitas. O Senhor estava mostrando a Jonas que a maneira de ele interpretar as circunstâncias estava equivocada.</p> <p align="justify"><b><i><u>A “depressão” de Davi</u></i></b></p> <p align="justify">A depressão de Davi é “constatada” não pelo fato de ele ter pedido a morte, mas dos seus ossos e humor terem sofrido seus efeitos. A questão é que esse sofrimento, visto como consequência da doença, era o tratamento de Deus ao rei, que não estava arrependido. Considerando estar Davi doente, a contextualização do Salmo deveria ser: <i>“Enquanto não tomei rivotril, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos noite e dia.”</i></p> <p align="justify">Porém, como pode ser visto em Hebreus, a disciplina de Deus sobre os seus filhos no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza, mas ao final produz fruto de justiça (Hb 12.11). A tristeza causada pelo peso da mão de Deus constitui-se uma bênção e é parte do processo de reconhecimento do pecado por parte do crente.</p> <p align="justify">Cada um dos casos citados acima, devidamente observados dentro de seus contextos, revela crentes sofrendo profundamente por não interpretar as circunstâncias pela perspectiva das promessas da Palavra de Deus, por não descansar no governo de Deus ou por ocultar o pecado.</p> <p align="justify">Se fossem medicados poderiam até, por um tempo, ter o seu sofrimento aliviado, mas não teriam o pecado do seu coração tratado, o que só pode ser feito pela Palavra de Deus que <i>“é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é <u>apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração</u>”</i> (Hb 4.12).</p> <p align="justify"><b><i><u>A “depressão” de Jesus</u></i></b></p> <p align="justify">O caso de Jesus foi deixado para ser tratado à parte, pois sua tristeza não foi ocasionada pelas mesmas razões dos outros personagens. </p> <p align="justify">O autor do texto faz duas afirmações e a implicação óbvia é a de que Jesus precisava mesmo era de um tarja preta. São elas: a) Jesus passou por uma depressão profunda e b) ele desejou morrer.</p> <p align="justify">Essas afirmações resistem a um exame do texto? Creio que não, como veremos. </p> <p align="justify">Depois de três anos ensinando os discípulos, curando e anunciando o reino, se aproximava a hora em que o Senhor derramaria o seu sangue para redimir o pecador. Ele chama seus discípulos e sobe o Getsêmani a fim de orar e chamando à parte Pedro, Tiago e João afirma estar profundamente triste, até a morte. Essa frase expressa a profunda tristeza de Jesus, mas será que revela que ele desejou morrer? Olhando para o versículo seguinte fica bem claro que não. Nele Jesus ora rogando ao Pai que, se possível, passasse dele o cálice, ou seja, ele pede exatamente o contrário, pede para não ir para cruz.</p> <p align="justify">O que angustiava Jesus era justamente a morte, pois ela significaria receber a ira de Deus pelos pecados do seu povo, que ele estaria assumindo no Calvário. Por causa dos nossos pecados o Senhor morreria e sentiria o desamparo do Pai, a ponto de clamar: <i>“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”</i> (Mt 27.46).</p> <p align="justify">A afirmação de que Jesus estava triste e pedindo a morte por estar com depressão é, então, uma falácia. Nem todo o <em>Prozac</em> do mundo aliviaria sua tristeza por ter a comunhão perfeita com o Pai quebrada por causa dos nossos pecados.</p> <p align="justify">Quando o autor afirma, portanto, que Jesus pode compadecer-se de nós por ter sido tentado da mesma forma, ele faz uma afirmação correta, mas parte de uma premissa equivocada. Jesus não pode compadecer-se de doentes por ter experimentado a doença da depressão, mas compadecer-se de homens que são tentados a não confiar no plano de Deus, por ter ele mesmo sido tentado a abandonar o Calvário, mas, em vez disso, ter se submetido à vontade do Pai ao declarar: <i>“Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres”</i> (Mt 26.39). É por isso que o escritor de Hebreus afirma que <i>“foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, <u>mas sem pecado</u>”</i> (4.15).</p> <p align="justify"><b>Para terminar...</b></p> <p align="justify">É um grande equívoco assumir como pressupostos <b><u>teorias</u> </b>científicas e interpretar os episódios de profunda tristeza de personagens bíblicos com lentes seculares. Essa será uma tarefa sempre impossível, pois para a medicina a depressão é caracterizada por um conjunto de sintomas e não pela presença de um ou dois apenas.</p> <p align="justify">Ed Welch, conselheiro bíblico, questiona se o cérebro não tem recebido muito crédito e exemplifica dizendo que </p> <blockquote> <p align="justify">Temos um crescente senso de que o cérebro é a causa real do comportamento. Aquilo que começou como uma sugestão, ou seja, que a química cerebral é a causa final do abuso de álcool, se expandiu até o ponto onde a química cerebral é considerada a causa final de literalmente cada problema humano. [...] – <b>E faz o alerta – </b></p> <p align="justify">Como cristãos, no entanto, não somos tão ingênuos. Sabemos que <u>não podemos aceitar cegamente tudo que ouvimos como sendo verdade de Deus</u>. A informação que recebemos sobre funcionamento cerebral é vista do mesmo modo que vemos qualquer informação, seja ela sobre finanças, paternidade, ou as causas de nosso comportamento: <u>vemos tais informações através das lentes da Escritura</u>. E esta requer de nós que estejamos atentos, cuidadosos e em oração ao ouvirmos e avaliarmos as últimas descobertas científicas”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn3_5488" name="_ftnref3_5488">[3]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">Não é objetivo deste texto minimizar o sofrimento humano, de forma alguma. Ele é real e deve ser sempre tratado. A questão aqui gira em torno do “como” tratar. No artigo “Uma crítica do DSM-IV à luz da Bíblia”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn4_5488" name="_ftnref4_5488">[4]</a>, John Babler afirma acertadamente: </p> <blockquote> <p align="justify">As Escrituras são o caminho apropriado para o entendimento dos assim chamados transtornos mentais: eles consistem em comportamentos derivados do pecado. Uma mudança verdadeira pode acontecer a partir do momento em que o pecado é admitido e há arrependimento. Quando o problema consiste em um coração perdido, a Palavra de Deus é o remédio mais seguro porque o Espírito Santo nos conduz a Cristo.<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn5_5488" name="_ftnref5_5488">[5]</a></p> </blockquote> <p align="justify">Alguns podem afirmar que o que foi tratado aqui serve para a chamada depressão exógena, mas não se aplicaria à endógena por esta ter causas biológicas e hereditárias. É importante, então, fornecer algumas informações.</p> <p align="justify">A revista Superinteressante de dezembro de 2010 noticiou uma pesquisa que aponta para o fato de que os antidepressivos causam depressão. Isso porque, contrário ao que se pensava, a depressão não é causada pela falta de serotonina no cérebro, mas pelo excesso desse neurotransmissor. Como o antidepressivo aumenta os níveis de serotonina, acaba tendo o efeito contrário ao desejado.<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn6_5488" name="_ftnref6_5488">[6]</a></p> <p align="justify">Em palestra ministrada em 2019 aqui no Brasil, o médico americano Charles Hodges, citando um artigo de 2005, de autoria de Lacasse JR, intitulado “Serotonina e depressão, a desconexão entre a propaganda e a literatura científica”, afirmou que </p> <blockquote> <p align="justify">“os autores declaram que a pesquisa da neurociência contemporânea falhou em confirmar qualquer lesão cerotonérgica em qualquer distúrbio mental e na verdade proporcionou evidências contrárias à explicação da simples deficiência dos neurotransmissores. Em nosso conhecimento, não há nenhum artigo revisado que possa ser citado para sustentar a ideia da deficiência de serotonina em nenhum distúrbio mental”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn7_5488" name="_ftnref7_5488">[7]</a>.</p> </blockquote> <div align="justify">Essa perspectiva não é nova. Thomaz Szasz, psiquiatra e acadêmico, foi um ferrenho opositor da ideia da depressão como doença. Quando questionado em uma entrevista sobre a eficácia dos medicamentos ele respondeu:</div> <blockquote> <p align="justify"><em>Não vejo dificuldade em explicar isso. O comportamento humano, seja normal ou anormal, não acontece no vácuo, obviamente ele é mediado pelo modo como o corpo e cérebro da pessoa funciona, e o fato de substâncias químicas afetarem o cérebro em instituições mentais não é mais misterioso do que cerveja, álcool ou outros tipos de bebida afetarem pessoas normais. Elas vão pra casa após um dia de trabalho, se sentem cansadas e deprimidas e tomam alguma bebida e se sentem melhor.</em><i> </i><strong><i>Isto não quer dizer que elas estavam doentes antes.</i></strong><i> </i><em>Podemos tomar vários tipos de substâncias químicas que afetam nosso comportamento. Isso de maneira alguma prova que o estado anterior era um estado de doença médica.</em><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn8_5488" name="_ftnref8_5488">[8]</a><em></em></p> </blockquote> <p align="justify"></p> <p align="justify">Outro psiquiatra afirma que, desde que os antidepressivos foram lançados no Reino Unido, pelo menos uma pessoa por semana cometeu suicídio enquanto os tomava, e não teriam cometido se não os tivessem tomado.<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn9_5488" name="_ftnref9_5488">[9]</a></p> <p align="justify">Theodore Dalrymple, psiquiatra ateu, assim diz em seu livro:</p> <blockquote> <p align="justify">O conceito de desequilíbrio na química do cérebro como a origem dos pensamentos, desejos, humor e comportamento, principalmente quando é mau comportamento, foi aceito pelos estudiosos do fim do século XX com a credulidade só excedida pelos camponeses medievais diante das relíquias religiosas, mas com resultados estéticos – e possivelmente psicológicos – menos benéficos. [...]</p> </blockquote> <blockquote style="margin-right: 0px;" dir="ltr"> <p align="justify">A popularidade da química do cérebro como explicação para todo o comportamento humano – pelo menos o comportamento que, em virtude das dificuldades que causa, aparentemente precisa de explicação – começou na década de 1980 com o marketing muitíssimo bem-sucedido das novas drogas, supostamente antidepressivas, conhecidas como inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs ou SSRIs na sigla em inglês) – tão bem-sucedido que a qualquer momento eles podem estar sendo tomados por um décimo da população adulta. [...]</p> <p align="justify">Foram necessários dois avanços para que a teoria do ‘desequilíbrio químico’ das dificuldades da existência se tornasse tão difundida a ponto de parecer evidente para metade da população (a metade mais instruída): primeiro, o afrouxamento do diagnóstico de depressão para abranger todas as formas de infelicidade humana; segundo, o desenvolvimento de novos antidepressivos, os famosos – ou infames – ISRSs (inibidores seletivos de recaptação de serotonina).</p> <p align="justify">A primeira dessas condições foi tão minunciosamente cumprida que a palavra infeliz foi eliminada da linguagem comum. Para cada pessoa que você ouve falando em público de infelicidade, você ouve no mínimo dez falando de depressão. Poucos são os que agora admitem ser infelizes e não deprimidos, outra ‘evasão admirável’, pois já que a depressão é doença – causada, evidentemente, por desequilíbrio químico –, é natural que quem sofre dela procure tratamento médico quando experimenta qualquer desvio de felicidade, que é o estado natural da humanidade, bem como um direito inalienável (a descoberta substituiu a busca como um direito inalienável). Se alguém admite ser infeliz, pode ter disso sua má conduta, tola ou imoral, que contribuiu para isso; mas se é deprimido ele é vítima de uma doença que, metafisicamente falando, caiu do céu. [...]</p> <p align="justify">Os psiquiatras têm uma lista de sintomas; e se os pacientes alegam sofrer de um número suficiente (não é preciso ser muitos), recebem os comprimidos. <u>Alguns dos sintomas têm conteúdo irredutivelmente moral, como a autoestima, cuja perda é invariavelmente patológica aos olhos dos psiquiatras; ou um sentimento de culpa, cujo aumento é invariavelmente patológico aos olhos dos psiquiatras e independente de qualquer justificativa</u>. [...]</p> <p align="justify">Ouvindo o Prozac, caso você não se lembre, foi um best-seller publicado em 1993 pelo psiquiatra Peter D. Kramer. O Prozac foi o primeiro dos ISRSs a ser vendido, e suas alegadas vantagens eram muitas. [...]</p> <p align="justify">O livro de Kramer sugeriu muito mais que isso. Ele <u>alegava que na verdade o Prozac poderia consertar uma personalidade com defeito</u>, ou que a pessoa considerasse imperfeita. Segundo o autor, nosso conhecimento e comando dos neurotransmissores seriam tão grandes que estaríamos entrando numa era de neurofarmacologia estética, em que desenharíamos nossa própria personalidade: um pouco mais de autoconfiança aqui, um pouco menos de irascibilidade acolá. <u>Poderíamos ser exatamente quem gostaríamos de ser, não pelos meios tradicionais de disciplina e autocontrole, e sim pela mistura judiciosa de comprimidos. Isso, é claro, é exatamente o que o homem devasso quer ouvir. A única coisa que mudou desde que ele culpou o Sol, a Lua e as estrelas pelos seus desastres é que agora ele culpa a noradrenalina, a serotonina e o ácido gama-aminobutírico</u>.</p> <p align="justify">Essa ideia reducionista de que tudo se resume ao neurotransmissor, de que o excesso ou escassez de um punhado de substâncias biológicas no cérebro supostamente é responsável por todos os nossos desastres, jamais deveria ter sido levada a sério<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn10_5488" name="_ftnref10_5488">[10]</a> (grifos meus).</p> </blockquote> <p align="justify"></p> <p align="justify">Ainda mais um autor escreveu em sua obra que</p> <blockquote> <p align="justify">A história do desequilíbrio químico, que está sendo contada sobre todos os medicamentos psicotrópicos, até mesmo para benzodiazepínicos (comprimidos para os ‘nervos’ ou para dormir), é uma grande mentira. Nunca foi documentado que qualquer uma das grandes doenças psiquiátricas seja causada por um defeito bioquímico e não há qualquer teste biológico que consiga nos dizer se alguém tem determinado transtorno mental. Como um exemplo, a ideia de que os pacientes deprimidos têm carência de serotonina foi convincentemente rejeitada<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn11_5488" name="_ftnref11_5488">[11]</a>.</p> </blockquote> <p align="justify">Todas essas citações tem como objetivo, como se pode perceber, demonstrar que não há toda essa unanimidade em relação às causas biológicas da depressão, tampouco sobre os efeitos dos antidepressivos. A desconfiança não parte apenas de “religiosos em nome de uma grande fé”, mas também de médicos e pesquisadores.</p> <p align="justify">Enquanto a ciência não chega a uma conclusão, temos a infalível Palavra de Deus. Somente a Lei do Senhor é perfeita e restaura alma (Sl 19.7) e, como afirma o apóstolo Pedro, pelo conhecimento de Cristo temos todas as coisas que são suficientes para a vida e piedade. Crer nisso não é preconceito ou falta de informação, mas convicção de que Cristo Jesus é plenamente suficiente na vida dos crentes.</p> <p align="justify"><b>Post scriptum: Uma palavra sobre medicamentos</b></p> <p align="justify">1. O texto não é um tratado conta os medicamentos. Particularmente não conheço nenhum conselheiro bíblico que entenda que tomar medicação para depressão seja pecado. </p> <p align="justify">Robert Kellemen (que tem um excelente livro lançado pela Editora Cultura Cristã: Aconselhamento segundo o evangelho), por exemplo, afirma que nenhum dos principais grupos de aconselhamento dos EUA são “opositores à medicação”. O que conselheiros devem fazer é encorajar as pessoas estarem bem informadas a respeito dos medicamentos, dos seus prós e contras. Leia o texto aqui: <a href="https://conselhobiblico.com/2019/08/19/quando-a-medicacao-psicoativa-e-util-na-vida-de-um-aconselhado/">Quando a medicação psicoativa é útil na vida de um aconselhado</a> </p> <p align="justify">O médico Charles Hodges, conselheiro bíblico, defende que o uso de medicação é algo que diz respeito à liberdade cristã. Confira aqui: <a href="http://rpmministries.org/2014/01/im-thinking-about-going-to-the-doctor-for-depression-meds-what-is-a-compassionate-comprehensive-response/">“I’m thinking about going to the Doctor for depression meds” – What is a compassionate, comprehensive response? </a></p> <p align="justify">2. Conselheiros bíblicos responsáveis não pedem ou sugerem aos seus aconselhados que parem de tomar medicação, caso estejam fazendo uso. O que muitos fazem é dizer aos aconselhados para conversarem com seus médicos a fim de saberem da possibilidade de receber alta ou ir retirando aos poucos. A decisão a respeito desse assunto é do médico.</p> <hr align="left" size="1" width="33%" /> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref1_5488" name="_ftn1_5488">[1]</a> Este texto foi publicado pela primeira vez em 2011 e está sendo republicado com mais informações.</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref2_5488" name="_ftn2_5488">[2]</a> <a href="https://www.ippinheiros.org.br/blog/a-depressao-entre-as-mulheres/">https://www.ippinheiros.org.br/blog/a-depressao-entre-as-mulheres/</a></p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref3_5488" name="_ftn3_5488">[3]</a> Edward T. Welch. A culpa é do cérebro? – Ed. Peregrino</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref4_5488" name="_ftn4_5488">[4]</a> DSM é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, livro de referência decisivo para os diagnósticos psiquiátricos, e que está em sua quarta edição</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref5_5488" name="_ftn5_5488">[5]</a> John Babler. Uma crítica ao DSM-IV à luz da Bíblia. in: Coletâneas de Aconselhamento Bíblico, v. 2, CCEF e SBPV</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref6_5488" name="_ftn6_5488">[6]</a> <a href="http://super.abril.com.br/saude/anti-depressivo-pode-causar-depressao-614371.shtml">http://super.abril.com.br/saude/anti-depressivo-pode-causar-depressao-614371.shtml</a></p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref7_5488" name="_ftn7_5488">[7]</a> <a href="https://youtu.be/TA3qRmuW8aY">https://youtu.be/TA3qRmuW8aY</a></p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref8_5488" name="_ftn8_5488">[8]</a> <a href="http://scienceblogs.com.br/psicologico/2009/04/thomas_szasz_entrevistado_sobr.php">http://scienceblogs.com.br/psicologico/2009/04/thomas_szasz_entrevistado_sobr.php</a></p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref9_5488" name="_ftn9_5488">[9]</a> <a href="http://www.youtube.com/watch?v=j63-8Ac3dh0">http://www.youtube.com/watch?v=j63-8Ac3dh0</a></p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref10_5488" name="_ftn10_5488">[10]</a> Theodore Dalrymple. Evasivas admiráveis: Como a psicologia subverte a moralidade. Ed. É realizações</p> <p><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref11_5488" name="_ftn11_5488">[11]</a> Peter C. Gøtzsche. Medicamentos mortais e o crime organizado. </p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-68386206408812284212021-03-24T23:27:00.001-03:002021-03-24T23:27:57.327-03:00Você confia em Deus ou em ídolos?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAoLKCl9mSyTPf3cQqdxU2tHcKnMdq5icm5BCL_3y8C5_iEUkLlX8DwDV_BrQIhNtIf7VhrLrWjNoGriyCqBE89Y15tYMnwlGL6vNbytazRoxOBCFbM6S5idzvUbst9zMOPZgB5kaOc8Q/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="330" data-original-width="660" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAoLKCl9mSyTPf3cQqdxU2tHcKnMdq5icm5BCL_3y8C5_iEUkLlX8DwDV_BrQIhNtIf7VhrLrWjNoGriyCqBE89Y15tYMnwlGL6vNbytazRoxOBCFbM6S5idzvUbst9zMOPZgB5kaOc8Q/w446-h224/image.png" width="446" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O
Salmo 115 regista uma pergunta feita pelas nações a respeito do Deus de Israel:
<i>“Onde está o Deus deles?”</i> (115.2). A resposta a esse tipo de pergunta é
determinante para a forma como você viverá neste mundo. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Vivemos
em um mundo quebrado. Um mundo em que enfrentaremos problemas em todas as esferas
e em todas as áreas da vida. A queda, resultado do pecado dos nossos primeiros
pais, teve como uma de suas consequências a maldição do Senhor sobre toda a
criação. Portanto, todo o sofrimento experimentado pela humanidade tem como
causa primeira, o pecado original.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Entretanto,
mesmo diante de todo esse quadro, a Escritura é clara ao afirmar o governo
soberano de Deus. Ainda que as coisas, aparentemente, estejam muitas vezes fora
do controle, o Senhor está cumprindo os seus propósitos eternos. A declaração da
Confissão de Fé de Westminster é de que “pela sua mui sábia providência, segundo
a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho de sua própria
vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória de
sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe
e governa todas as criaturas, todas as ações delas e toda as coisas, desde a
maior até a menor” (CFW V.I).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Isto
está em acordo com a resposta do salmista, diante da pergunta das nações. Ele
não tem a menor dúvida e afirma que <i>“no céu está o nosso Deus e tudo faz
como lhe agrada”</i> (Sl 115.3). Quanto mais cedo o cristão aprende esta
verdade, quanto mais firme ela estiver arraigada em seu coração, mais condições
ele terá de viver contente, a despeito das circunstâncias que o cercam.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O
contentamento decorre do entendimento de que o soberano Deus reina eternamente.
Por ter a certeza de que o Senhor reina é que Paulo pôde afirmar que <i>“todas
as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito”</i> (Rm 8.28) e que o Senhor <i>“faz todas as
coisas conforme o conselho de sua vontade”</i> (Ef 1.11).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Diferente
da confiança no Senhor é a confiança nos ídolos. Por terem se rebelado contra o
Senhor, por meio de seu representante Adão, os homens rejeitam o governo
soberano de Deus e, como não podem viver sem adorar, estabelecem ídolos em seus
corações. Estes ídolos nascem quando a esperança, o conforto, o consolo, a
segurança e a razão para viver são colocadas em qualquer obra da criação.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="text-indent: 35.4pt;">De acordo com
a descrição de Paulo os homens </span><i style="text-indent: 35.4pt;">“tendo conhecimento de Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes, se tornaram nulos em seus
próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se
por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis”
</i><span style="text-indent: 35.4pt;">(Rm 1.21-22).</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim
é o homem natural, ele está o tempo todo colocando a sua esperança em algum
lugar que não o Senhor. Mas, infelizmente, até mesmo os cristãos, por vezes, acabam
se deixando dominar pelos seus desejos e levantam ídolos em seus corações.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Isto
explica, por exemplo, a esperança messiânica depositada em governantes. O
desejo de ter uma sociedade mais justa, que não é mal em si, acaba por levar as
pessoas a apostarem todas as suas fichas no candidato A ou B, neste ou naquele
modelo econômico, etc. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Isto
explica também a fé cega na ciência e o acatamento, sem o devido senso crítico,
de tudo o que os todo-poderosos cientistas afirmam, reafirmam ou “desafirmam”
(perdoe o neologismo). <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não
me entenda mal. A ciência e o governo não são intrinsicamente ruins. Não podem
ser pois foram estabelecidos pelo Senhor. Eles, como quaisquer aspectos da
criação, se tornam ruins quando passam do status de criação (servos) para o
status de ídolos (senhores). A criação deve servir ao homem, pois ao se tornar
senhor, sempre será um tirano senhor.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Se
é verdade que a esperança colocada no Senhor leva ao contentamento, é igualmente
verdadeiro que a confiança em ídolos sempre conduzirá ao descontentamento. As
coisas nunca estarão boas, nada será suficiente e o coração do idólatra sempre
almejará por mais. Tome como exemplo o dinheiro. Como afirmou Salomão, <i>“quem
ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da
renda”</i> (Ec 5.10).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como
os falsos deuses não têm poder para entregarem o que prometem, quanto maiores
as esperanças no ídolo, maior a frustração. Quanto maior a frustração, maior o
desespero e desesperança.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ao
confiar em ídolos, o resultado será aquele que está expresso no Salmo 115.8,
você se tornará como eles. Esta é a maldição para o idólatra. Entretanto ao
depositar a sua confiança em Cristo você será, dia a dia, conformado a imagem
dele. O texto em que Paulo diz que todas as coisas cooperam para o bem dos que
amam a Deus é seguido por uma explicação para tal afirmação: <i>“porquanto aos
que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de
seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” </i>(Rm
8.29).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Diferente
dos incrédulos os <i>“quais o deus deste século cegou o entendimento”</i> (2Co
4.4), você não deve se conformar com este século, mas deve transformar-se pela
renovação de sua mente (Rm 12.2) no poder do Espírito Santo. Desta forma, certamente
estará feliz e satisfeito, pois experimentará <i>“qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus”</i> (Rm 12.2), que tudo faz como lhe agrada!<o:p></o:p></p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-78955692294348964482021-01-27T14:44:00.001-03:002021-01-27T14:45:21.696-03:00Salomão foi salvo?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCPmoWiF9Akbu3hBW5UvZ11ISWWAqz4Tw6_xFIq1YVM35r9lXKVNB-Ghk2p-n62SXfn4bancyQyxnBms-M749AqcyCB_lSgmfF5S0aFW94-WrRXZVZ3mZAEBKil2b5MHWZ2DfVQ9U8RM4/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="450" data-original-width="600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCPmoWiF9Akbu3hBW5UvZ11ISWWAqz4Tw6_xFIq1YVM35r9lXKVNB-Ghk2p-n62SXfn4bancyQyxnBms-M749AqcyCB_lSgmfF5S0aFW94-WrRXZVZ3mZAEBKil2b5MHWZ2DfVQ9U8RM4/" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Aqueles
que me acompanham sabe que não sou favorável a ficar debatendo sobre a salvação
alheia. É claro que isso não se aplica aos casos em que a Bíblia declara de
forma inequívoca. Quem questionaria, por exemplo, a salvação do ladrão que
ouviu do Senhor Jesus: </span><i style="text-align: justify;">“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso”</i><span style="text-align: justify;"> (Lc 23.43)? Será que alguém ousaria duvidar da salvação de Jacó
que o próprio Senhor diz ter amado e da condenação de Esaú a quem o Senhor
rejeitou antes mesmo de os irmãos terem praticado o bem ou o mal (Rm 9.11-13). Algum
leitor sério das Escrituras colocaria em dúvida a condenação de Judas, chamado
por Jesus de </span><i style="text-align: justify;">“filho da perdição”</i><span style="text-align: justify;"> (Jo 17.12) ou a salvação dos irmãos
citados na chamada galeria da fé de Hebreus 11?</span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Entretanto,
há alguns anos, ouvi uma palestra em que a salvação de Salomão foi colocada em
dúvida. De lá para cá, vez por outra vejo alguém tocando neste ponto. Eu já tinha
ouvido outro preletor afirmando que Salomão não poderia ser o autor do livro de
Cantares, pois no quesito da vida conjugal ele não era exemplo para ninguém,
mas em nenhum momento este preletor questionou a salvação do rei que pecou sim,
e muito, contra o Senhor.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Voltando
ao primeiro preletor, o argumento utilizado para colocar em dúvida a salvação
de Salomão é o fato de a Escritura não trazer um versículo sequer demonstrando
o seu arrependimento. Creio eu que o que ele esperava era um texto bem direto,
do tipo: “arrependeu-se Salomão de todos os seus pecados e de tomar todas aquelas
mulheres” ou algo parecido.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Será
que mesmo sem um versículo tão direto assim podemos afirmar a salvação deste
rei? Aqui eu creio que o princípio que temos declarado no primeiro capítulo da
Confissão de Fé de Westminster pode nos ajudar: “Todo o conselho de Deus
concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação,
fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser <u>lógica
e claramente deduzido dela</u>” (CFW I.VI). <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como
podemos deduzir lógica e claramente a salvação de Salomão?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><b><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"> <u>1. <span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></u></span></span></b><u><!--[endif]--><b>Salomão
está na linhagem de Cristo</b></u> – O Senhor prometeu a Davi que não faltaria
descendente para se assentar em seu trono. O seu descendente estabeleceria uma
casa ao Senhor. Se pecasse, seria castigado, mas a misericórdia de Deus não se
apartaria dele (2Sm 7.12-16).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">Após terminar de
edificar a Casa do Senhor, Salomão ouviu as mesmas palavras que seu pai: <i>“Se
andares perante mim como andou Davi, teu pai, com integridade de coração e com
sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei e guardares os meus
estatutos e os meus juízos, então confirmarei o trono de teu reino sobre Israel
para sempre, como falei acerca de Davi, teu pai, dizendo: Não te faltará
sucessor sobre o trono de Israel”</i> (1Re 9.4-5). </p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><b><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"> <u>2.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></u></span></span></b><u><!--[endif]--><b>Salomão
é um tipo de Cristo</b></u> – Além de vermos isso no texto citado acima, pois o
verdadeiro Templo de Deus foi edificado pelo Senhor Jesus Cristo, a sabedoria
de Salomão apontava para alguém muito mais sábio que ele.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">O próprio Senhor
Jesus Cristo, o Rei que se assentou no trono para sempre, em seu ministério,
censurou os escribas e fariseus lembrando-lhes: <i>“A rainha do Sul se
levantará, no Juízo, com esta geração e a condenará; porque veio dos confins da
terra<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>para ouvir a sabedoria de Salomão.
E eis aqui está quem é maior do que Salomão”</i> (Mt 12.42). </p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><b><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"> <u>3. </u></span></span></b><b><u>Salomão
é um autor bíblico</u></b> – A despeito de muitos duvidarem de que Eclesiastes foi
escrito por Salomão, concordo com Douglas Wilson: “O autor [...] identifica-se
aqui como filho de Davi e rei de Jerusalém. Mesmo sem nos envolvermos na
descrição detalhada do debate entre os estudiosos, inexiste razão definitiva
para não atribuir o livro a Salomão”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/Salom%C3%A3o%20foi%20salvo.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">Se Wilson está
certo (e eu penso que está) quando afirma que “o livro de Eclesiastes foi
escrito na sua velhice; um repúdio arrependido de sua apostasia anterior”<a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/Salom%C3%A3o%20foi%20salvo.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>,
temos no livro, então, uma prova de seu arrependimento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">Para os que não
creem na autoria “Salomônica” do Eclesiastes, Cantares ou Provérbios, há ainda
o Salmo 127, cujo título é inequívoco: “Cântico de romagem. De Salomão” e que,
em minha opinião, é um resumo perfeito do Eclesiastes: Fora da presença do
Senhor, tudo é vaidade!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-align: justify;">Ouvi certa vez
que o fato de Salomão ter escrito um livro da Bíblia não prova nada, pois Deus
usou até uma jumenta para falar com Balaão. Este argumento é de uma
infantilidade assustadora, pois não há livro sequer atribuído à jumenta. Além
disso, se alguém pensa assim, esquece-se do que afirmou Pedro acerca da
inspiração das Escritura: <i>“homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos
pelo Espírito Santo”</i> (2Pe 1.21).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-align: justify;">Sendo assim,
aqueles que creem na inspiração das Escrituras e duvidam da salvação de
Salomão, para serem coerentes, devem negar a sua autoria em quaisquer escritos
da Bíblia. </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Muito
mais poderia ser “lógica e claramente deduzido”, mas creio que as razões
apresentadas são suficientes para entendermos que o Senhor cumpriu seus
propósitos por meio de Salomão e de que ele está na glória do Pai, juntamente
com todos aqueles que foram redimidos por Jesus.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A
salvação não depende de Salomão e de seus atos de justiça. Ela é exclusivamente
por causa de Cristo. Curiosamente, quando Mateus descreve a linhagem de Jesus
ele ressalta o pecado, não de Salomão, mas de do seu pai, ao mencionar que Davi
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>gerou <i>“a Salomão da que fora mulher
de Urias”</i> (Mt 1.6). <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A genealogia do Senhor é repleta de pecadores, muitos cujas histórias são terríveis. Entretanto, apesar dos pecados, todos foram lavados e remidos pelo sangue daquele que salvou a todos os que depositaram a sua fé no Messias que viria, aquele em quem todo cristão, imperfeito e pecador, creu para a salvação: Cristo Jesus, o Rei perfeito, nosso Redentor.</p><div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]-->
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoNormal"><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/Salom%C3%A3o%20foi%20salvo.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-size: 10pt;"> <o:p></o:p></span>Wilson, Douglas. Alegria no limite das forças: A inescrutável sabedoria de Eclesiastes (p. 11). Monergismo. Edição do Kindle.</p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/Salom%C3%A3o%20foi%20salvo.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Wilson,
Douglas. Alegria no limite das forças: A inescrutável sabedoria de Eclesiastes
(p. 11). Monergismo. Edição do Kindle.<o:p></o:p></p>
</div>
</div>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-10783329428728623962020-10-03T11:48:00.000-03:002020-10-03T11:49:59.373-03:00Seu maior deleite é o Senhor ou o seu time de futebol?<p align="center"><a style="margin-right: 1em; margin-left: 1em;" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmBv0aSVY-rP0Uy0Dv_bhDQAZ5kIwo38H5bA40oxkUmzmftAkGT1atmd1qsR9S181OprkLygWXQTdxeLKnWbkzzEaDXnnAA3xlEV95c1n4p5kliJopYZec4CFOCeL1HRK6jbwcs6LZou0/s739/fut.jpg" imageanchor="1"><img width="498" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmBv0aSVY-rP0Uy0Dv_bhDQAZ5kIwo38H5bA40oxkUmzmftAkGT1atmd1qsR9S181OprkLygWXQTdxeLKnWbkzzEaDXnnAA3xlEV95c1n4p5kliJopYZec4CFOCeL1HRK6jbwcs6LZou0/w400-h225/fut.jpg" border="0" data-original-width="739" data-original-height="415"></a></p><p align="justify">O Dia de Descanso é um dia de deleite no Senhor. Por ocasião da criação o Senhor estabeleceu um dia especial em que o homem se dedicaria integralmente ao serviço dele e do próximo. Era um dia de comunhão ainda mais íntima com o Senhor que era honrado a cada um dos dias da semana, quando o homem executava todas as suas ações para a glória de Deus, mas que no dia de Descanso se abstinha de todas as outras coisas para dedicar-se integralmente ao Senhor.<p align="justify">Desde a queda, os homens, em rebeldia contra o Senhor, procuram substitutos para Deus em busca de alegria, satisfação, prazer, descanso, etc., incorrendo em idolatria ao buscar descanso longe do Senhor. As músicas populares sobre o futebol fornecem um bom exemplo disso.<p align="justify">Neguinho da Beija-Flor compôs: <blockquote><p align="justify">“Domingo eu vou ao Maracanã, vou torcer pro time (na primeira versão da música aparecia Vasco) que sou fã [...] vou sentar na arquibancada pra sentir mais emoção”.</p></blockquote><p align="justify">Morais Moreira, por ocasião da mudança de Zico para o time da Udinese escreveu: <blockquote><p align="justify">“Agora como é que eu fico nas tardes de domingo, sem Zico no Maracanã? Agora como é que eu me vingo de toda derrota da vida se a cada gol do Flamengo eu me sentia um vencedor?”</p></blockquote><p align="justify">Na música da banda Biquíni Cavadão temos um pouco mais: <blockquote><p align="justify">“Hoje é dia de comemorar, hora de esquecer de tudo o mais, é dia do meu time ganhar! Posso não ter dinheiro pra gastar, mas tenho mil motivos pra sorrir, é dia do meu time ganhar”.</p></blockquote><p align="justify">Calma, não pense que eu quero sugerir que o futebol é intrinsicamente idólatra. Eu mesmo aprecio e torço para um time, mas meu ponto é verificar a linguagem basicamente “religiosa” das músicas citadas, que refletem exatamente o anseio de encontrar em algum lugar aquilo que só pode ser encontrado verdadeira e plenamente em Jesus Cristo.<p align="justify">Nas músicas você percebe o anseio do ajuntamento à uma massa para a sua devoção, a frustração e desesperança diante da despedida de um jogador que trazia alegria e o sentimento de que tudo está bem, afinal de contas, meu time vai jogar.<p align="justify">Se você lembrar da Escritura vai perceber semelhança na forma de se expressar, exceto no fato de que a Bíblia demonstra o anseio pelo Deus verdadeiro. Vejamos:<blockquote><p align="justify">“Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor” (Sl 122.1);</p></blockquote><blockquote><p align="justify">“Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando de Sião. [...] Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se a minha língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria” (Sl 137,1,5-6);</p></blockquote><blockquote><p align="justify">“... aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. [...] Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.11,13).</p></blockquote><p align="justify">Quando o Senhor Jesus salvou a sua vida o libertou do pecado, da ira de Deus e pôs fim à tentativa de buscar sentido para a vida à parte dele. Em Cristo você pode viver cada um dos seus dias para a glória de Deus, quer coma, beba e até mesmo assista à uma partida de futebol. Em Cristo você encontra motivos para separar o Dia de Descanso para deleitar-se somente nele.<p align="justify">Como eu já afirmei, não há problema no futebol em si, como não há problema em nenhum outro aspecto da criação, mas é triste perceber que há crentes mais preocupados com a posição de seu time na tabela do campeonato do que com a adoração do Nome Santo do Senhor. Prova disso é a dificuldade de se abrir mão de uma partida de futebol a fim de preparar-se para o culto dominical, a ansiedade em saber o resultado da partida que está ocorrendo no mesmo horário do culto, que leva irmãos a checarem seus smartphones assim que a bênção final é dada (e em alguns casos até antes mesmo de o culto terminar) e a tristeza que assola o coração ao saber de um resultado ruim, mesmo após o Glorioso Senhor ter falado à Igreja por meio de sua Palavra.<p align="justify">Se você está em Cristo, está capacitado pelo Espírito Santo para rejeitar tudo aquilo que o impeça de se deleitar no Dia de Descanso, Dia do Senhor. Há promessa do Senhor para o seu povo, como visto em Isaías: <blockquote><p align="justify">“Se vigiarem os seus pés, para não profanarem o sábado; se deixarem de cuidar dos seus próprios interesses no meu santo dia; se chamarem ao sábado de ‘meu prazer’ e ‘santo dia do Senhor, digno de honra’; se guardarem o sábado, não seguindo os seus próprios caminhos, não pretendendo fazer a sua própria vontade, nem falando palavras vãs, então vocês terão no Senhor a sua fonte de alegria” (Is 58.13-14). </p></blockquote><p align="justify">É preciso guardar o coração e lutar contra tudo aquilo que, apesar de lícito, pode afastar você de se deleitar em seu Redentor. Paulo afirmou que todas as coisas são lícitas, mas que não se deixaria dominar por nenhuma delas (Cf 1Co 6.12).<p align="justify">Aos presbiterianos, como eu, é bom lembrar o nosso ensino confessional:<blockquote><p align="justify">“Este sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente <u>preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários</u>, não só <u>guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas próprias obras, palavras e pensamentos a respeito dos seus empregos seculares e das suas recreações</u>, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e misericórdia” (CFW XXI.VIII).</p></blockquote><p align="justify">Futebol é algo bom e lícito, assim como tudo aquilo que não é proibido na Palavra do Senhor. Contudo, se isso tem impedido a você de honrar o seu Senhor, conforme o que ele estabelece na Escritura, busque forças no Senhor a fim de deixar de lado o que tem competido com o seu Salvador. Não se deixe escravizar, pois, como afirmou Paulo, “para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Por isso, permaneçam firmes e não se submetam, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).<p align="justify">Que você esteja plenamente satisfeito em Cristo e se deleite nele, sobretudo no dia em que celebramos a sua ressurreição, o Domingo, Dia do Senhor.</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-76367333406398767192020-07-02T17:27:00.002-03:002020-07-02T17:30:07.287-03:00Sobre o culto on-line – isso é possível?<div class="separator" style="text-align: center; clear: both;">
<a style="margin-right: 1em; margin-left: 1em;" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb1yfIcHX6ESO6w7Gp6Q5d2BKnVbRbc0srrAr7Ua23ZJ26ES5xt9Uffs6F8kfFVFJJJzBv1nLZtQtz1ZqnnHWsf6EQAqQaJCSvPF0q8JDffcVGJoJRt8GJJxL1nKGzZziW2U82FEFlmSs/s1600/cultovirtual.jpg" imageanchor="1"><img width="460" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb1yfIcHX6ESO6w7Gp6Q5d2BKnVbRbc0srrAr7Ua23ZJ26ES5xt9Uffs6F8kfFVFJJJzBv1nLZtQtz1ZqnnHWsf6EQAqQaJCSvPF0q8JDffcVGJoJRt8GJJxL1nKGzZziW2U82FEFlmSs/s400/cultovirtual.jpg" border="0" data-original-width="719" data-original-height="423"></a></div>
<p align="justify">Vivemos um tempo difícil. Por causa da pandemia que o mundo enfrenta, a maioria das igrejas suspendeu suas atividades presencias, mas têm buscado alimentar os membros com transmissões de estudo da Palavra de Deus. <p align="justify">Isso tem levado muitos a pensar a respeito deste tema. Por mais que a tecnologia seja uma bênção e esteja sendo usada para edificar os crentes, até que ponto isso substitui ou está em pé de igualdade com as reuniões presenciais?<p align="justify">Dia desse li um artigo em defesa do culto on-line em que um dos argumentos usados foi o de que “digital e concreto se entrelaçam. Uma reunião virtual é uma reunião real. [...] Sendo assim, já não cabe mais falar de reunião on-line versus reunião presencial [...] tais reuniões são presenciais, ainda que a presença seja on-line. O digital nos coloca diante de um novo conceito e experiência de presença”<a name="_ftnref1_2977" href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftn1_2977">[1]</a>.<p align="justify">Pensando nisso, gostaria de analisar o argumento pelo crivo da Escritura. Será que podemos encontrar na Escritura algo que nos leve a pensar sobre isso, ainda que analogicamente? Creio que a forma como o Senhor Jesus ensinou sobre a Lei no Sermão da Montanha pode nos ajudar neste ponto.<p align="justify">No sermão do Monte Jesus contrapôs o ensino errado dos fariseus com o verdadeiro ensino, conforme o espírito da lei. Dentre vários exemplos dados pelo Senhor Jesus, pensemos a respeito do sétimo mandamento. Para os fariseus o adultério acontecia quando um homem se deitava com uma mulher que não fosse a sua. Este pensamento está correto, mas não envolve todo o problema do pecado sexual. <p align="justify">É bom lembrar que o pecado é uma ofensa, primeiramente a Deus. Em razão disso Jesus afirma que um homem que olha para uma mulher com olhar impuro já adulterou com ela. Jesus está tratando a intenção já como pecado, ainda que a conjunção carnal não tenha ocorrido. Ainda que ninguém, a não ser aquele que imaginou, tenha ciência de tal desejo, o Senhor que conhece o coração condena o pecado que, primariamente é contra ele.<p align="justify">Por mais que saibamos que a intenção é pecaminosa, como afirmou Jesus, creio que ninguém defenderia, nem Jesus defendeu, o direito de a esposa separar-se de um marido que pensou de forma maliciosa em relação à sua vizinha. A despeito da intenção de adulterar, o adultério é consumado apenas quando há “comunhão”, ou seja, quando os dois se tornam uma só carne, o que é impossível “virtualmente”. Somente em caso de consumação carnal, “à parte inocente é lícito propor divórcio” (CFW XXIV.V). <p align="justify">Quando escreveu aos Coríntios Paulo afirmou: “Ou não sabeis que o homem <u>que se une</u> à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne” (1Co 6.16). É importante notar que a palavra traduzida por “unir” no texto de Coríntios é traduzida por “ajuntar” em Atos 5.13, quando Lucas afirma que dos restantes do povo, <i>“ninguém ousava <u>ajuntar-se</u> a eles”</i> e em Atos 10.28, quando Pedro afirma a Cornélio e sua família que eles bem sabiam <i>“que é proibido a um judeu <u>ajuntar-se</u> ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça”.</i><p align="justify"><i> </i>Isso corrobora o que eu mencionei acima. A despeito da intenção de adulterar (virtual, no campo do pensamento) ser pecado, isso não se iguala ao adultério consumado, ou seja, real. A consumação do adultério exige “presença física”.<p align="justify">Sendo assim, guardadas as devidas proporções, creio que podemos pensar de forma analógica em relação ao culto on-line. Ainda que haja uma intenção piedosa quando alguém se conecta ao mesmo tempo em que o restante dos irmãos, na frente de um computador, tal “ajuntamento virtual” nunca será um “ajuntamento real”.<p align="justify">O culto, sobretudo a santa convocação do Dia do Senhor, implica participação conjunta. Percebemos no Salmo 122 a alegria do salmista ao ouvir o chamado para ir à Casa do Senhor. A alegria é porque é para lá que <i>“sobem as tribos, as tribos do Senhor, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do Senhor” </i>(1-4). O Salmo 133 ensina que no ajuntamento do povo <i>“ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre”</i> (3). <p align="justify">O templo simbolizava a presença de Deus no meio do seu povo e apontava para o Senhor Jesus Cristo. É por isso que, com sua vinda, não precisamos mais do templo. Ele mesmo profetizou a destruição do templo, além de ter ensinado à mulher samaritana que o culto não estava restrito a um lugar específico, mas que havia chegado a hora <i>“em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade”</i> (Jo 4.23).<p align="justify">Ainda que não haja um local específico para adorar, o ajuntamento da Igreja, templo do Senhor, se faz necessário. À luz do Novo Testamento, podemos ter a mesma alegria descrita no Salmo 122, não por causa de ir ao templo, mas de ir encontrar-se com a Igreja do Senhor para a adoração.<p align="justify">Somente quanto a Igreja está reunida para cultuar no mesmo lugar é que ela pode participar corretamente dos sacramentos e do serviço mútuo (1Co 11.20; 14.23). Isso demonstra a gravidade da exortação do escritor aos Hebreus: <i>“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”</i> (Hb 10.25). O sentido da palavra congregar que aparece aqui é de “reunir-se em um lugar”. Curiosamente esta palavra só aparece mais uma vez no Novo Testamento, na carta de Paulo aos Tessalonicenses, quando Paulo trata da <i>“vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa <u>reunião</u> com ele” </i>(2Ts 2.1)<i>. </i>Nem é preciso explicar o caráter presencial desta reunião!<p align="justify">Entendo que há boa intenção em muitos daqueles que têm considerado as transmissões on-line como culto. São irmãos sinceros que querem, de fato, adorar ao Senhor. Todavia, ainda que cada um esteja realmente adorando a Deus particularmente, tais reuniões estão longe de serem o culto ordenado pelo Senhor.<p align="justify">Temo, entretanto, que a defesa e legitimação de um culto on-line leve muitos crentes a permanecerem assistindo os cultos de seus lares quando as igrejas retornarem com as atividades presenciais. Afinal de contas, se o que se faz em casa conta como um culto coletivo, somente por ser no mesmo momento em que outros estão também conectados, pouco importa se a presença é real ou virtual.<p align="justify">Que Deus nos abençoe a fim de que as igrejas possam voltar às suas atividades regulares e presenciais, principalmente com o culto solene do Dia do Senhor, para a glória de Deus. <hr width="33%" size="1" align="left"><p><a name="_ftn1_2977" href="file:///C:/Users/revmi/Desktop/#_ftnref1_2977">[1]</a> <a href="https://www.misaelbn.com/a-era-digital-e-o-culto-cristao-em-defesa-do-culto-publico-on-line/">https://www.misaelbn.com/a-era-digital-e-o-culto-cristao-em-defesa-do-culto-publico-on-line/</a> Acessado em 2/07/20</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-266487691646304342020-05-19T16:48:00.000-03:002020-05-19T16:52:30.619-03:00Não se perca entre narrativas, fique firmado na verdade<div class="separator" style="text-align: center; clear: both;">
<a style="margin-right: 1em; margin-left: 1em;" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdMnA1QdV-XLvVTAEjZs3RibaejMEt-3W0Z9duo0UUe9HU1OOd3VQqeEZ0obAJfcyaWC2aN7WPj3bi3WZ0Kn5CJB4Nm1tfEdJrWSa6faKOGzxvVdey5Em5dm-qwnReKWLB-2m0MFwCq_I/s1600/caminhos.jpg" imageanchor="1"><img width="640" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdMnA1QdV-XLvVTAEjZs3RibaejMEt-3W0Z9duo0UUe9HU1OOd3VQqeEZ0obAJfcyaWC2aN7WPj3bi3WZ0Kn5CJB4Nm1tfEdJrWSa6faKOGzxvVdey5Em5dm-qwnReKWLB-2m0MFwCq_I/s640/caminhos.jpg" border="0" data-original-width="1226" data-original-height="462"></a></div>
<p align="justify">Dia desses vi um <em>meme</em> que expressa bem o meu sentimento nesses últimos tempos. Dizia: “quem não está confuso não está bem informado”. Parece que esta é mesmo a realidade de muitos, dentre os quais me incluo. Todos os dias somos bombardeados com notícias conflitantes sobre a origem do vírus, as intenções de governos, tanto mundiais quanto os de nossa nação, diversas teorias que conflitam entre si. Há uma guerra de narrativas em curso.<p align="justify">Se não é difícil perceber que há uma guerra de narrativas, não é tão fácil perceber quais as narrativas que estão em acordo com a verdade. Vou exemplificar com o que vi hoje no <em>Twitter</em>. Alguém postou uma série de <em>prints</em>, de várias pessoas diferentes, com exatamente o mesmo texto, sem tirar nem pôr uma vírgula sequer, sobre o benefício da cloroquina no tratamento do coronavírus. As pessoas que compartilharam tinham a mesma história, uma filha e um genro contaminados que tratados logo no início com a cloroquina foram curados rapidamente. <p align="justify">A intenção de quem compartilhou os <em>prints</em> era provar que os que são pró-Bolsonaro estão criando uma narrativa para que o público se convença de algo que de fato não é verdade. Em princípio talvez você pense: Há alguma dúvida sobre isso? Está muito clara a tentativa de manipular a opinião pública por meio de contas falsas. Mas pense um pouco mais...<p align="justify">Alguém comentou que o que está acontecendo, na realidade, é que aqueles que são contra Bolsonaro estão se passando por apoiadores da cloroquina e espalhando a mesma história na rede a fim de acusar o governo de criar uma <i>fake news</i>. Confuso, não?<p align="justify">Semanas atrás algo parecido ocorreu. Antes da saída do ministro da justiça, jornais afirmavam que ele logo estaria fora do governo. Diante da notícia, os apoiadores do governo diziam que aquilo era uma tentativa da imprensa de desestabilizar o governo, enquanto os contrários ao governo diziam que mais uma vez o presidente estava deixando “vazar” uma notícia falsa para a imprensa noticiar e, depois, não acontecendo o que se havia noticiado, a imprensa ficasse envergonhada.<p align="justify">Não pense que meu ponto neste texto é discutir sobre as narrativas. Minha preocupação é outra. Creio firmemente que tudo aquilo que assentimos como sendo verdade passa pela interpretação do nosso coração, pautado naquilo que ele almeja. Você percebe isto claramente ao observar o que Paulo escreve a Timóteo: <i>“Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentido coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos” </i>(2Tm 4.3-4). <p align="justify">Mudando o que deve ser mudado, já que o texto trata da recusa de ouvir a sã doutrina e da busca de algo que vá ao encontro dos anseios daquele que recusa a verdade, o princípio permanece para tudo aquilo que o homem deseja. Você precisa atentar àquilo que o seu coração anseia, pois ouvirá as notícias a partir desta perspectiva. Desta forma, os desejos do seu coração podem direcioná-lo a assumir como verdade somente aquilo que está de acordo com o que você tanto anseia, ainda que possa ser falso, fazendo-o cair numa grande armadilha.<p align="justify">Quando eu proponho no texto que você não se perca entre as narrativas e fique firmado na verdade, não estou querendo dizer que é para ficar firme na verdade de uma das narrativas. Por mais que uma delas, provavelmente, esteja mais correta que a outra, não é o que elas afirmam que trará segurança ao seu coração. É preciso ser claro aqui. Muitos estão acatando certa narrativa por colocarem a sua esperança no atual governo, enquanto outros estão aderindo à outra narrativa, por colocar a esperança em qualquer outro que não seja o atual presidente. Ambas as expectativas são idólatras e, por isso, em algum momento, trarão frustração.<p align="justify">A única narrativa que traz verdadeira paz ao coração é a que foi revelada pelo Senhor nas Sagradas Escrituras. Aquilo que o Senhor revelou é a verdade que liberta. Por isso Jesus afirmou: <i>“Se vós <u>permanecerdes na minha palavra</u>, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”</i> (Jo 8.31).<p align="justify">Se você está em Cristo, poderá viver firmado na verdade da Escritura e saberá que:<p align="justify"><b>1. Deus é soberano</b> – Nada que aconteceu, está acontecendo ou virá a acontecer, fugiu, foge ou fugirá ao seu controle. <i>“Dele é a sabedoria e o poder; é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis”</i> (Dn 2.20,21).<p align="justify">Sendo assim, o coronavírus é algo estabelecido por ele, independente de como surgiu, fabricado em laboratório ou naturalmente. O atual governo é estabelecido por ele, o que é verdade também em relação aos governos anteriores e àqueles que virão no futuro.<p align="justify"><b>2. É sua obrigação orar e confiar no Senhor</b> – Os filhos de Deus têm o privilégio de poder colocar diante dele as suas petições, sabendo que ele responderá às orações conforme a sua boa vontade. Peça ao Senhor pelo fim da pandemia, interceda pelas autoridades. Goste você ou não do atual Presidente, como cristão é seu dever interceder por ele (1Tm 2.2). Neste sentido, é triste constatar que muitos que têm enfatizado o dever de orar pelo Presidente Bolsonaro não fizeram o mesmo por presidentes anteriores, que mesmo sendo de esquerda também foram levantados pelo Senhor. Não é a sua concordância com o governo o que deve movê-lo a orar, mas o atendimento à ordenança do Senhor.<p align="justify"><b>3. As circunstâncias não devem definir como você se porta</b> – Diante da falta de certezas em relação ao futuro, muitos cristãos estão desanimados, ansiosos ou ainda irados. <p align="justify">Pensar que o atual Presidente permanecerá no cargo e poderá ser reeleito, ou temer que os contrários consigam o impedimento do seu mandato tem levado crentes pró e contra o governo a estarem furiosos, agredindo os seus irmãos e quaisquer outros que se opuserem às suas ideias. Por não saber quando ou se a situação da pandemia irá passar, muitos estão aflitos. Por causa de incertezas em relação à vida financeira outros beiram ao desespero. <p align="justify">É preciso lembrar que o Soberano Deus está no controle. É preciso lembrar que ele deu solução ao pior dos problemas do homem ao enviar seu Filho a fim de morrer pelos pecados de seu povo (Mt 1.21; Jo 3.16). É preciso lembrar que em Cristo o Senhor nos concede tudo o que é necessário para a vida e para a piedade (2Pe 1.3). <p align="justify">Firmado nestas verdades, faça como o salmista e pergunte a si mesmo: <i>“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” </i>– crendo de todo o coração no que vem a seguir – <i>“Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”</i> (Sl 42.5). Ao proceder desta forma você poderá fazer coro com Paulo que diz: <i>“aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”</i> (Fp 4.11-13).<p align="justify">A alegria de Paulo não dependia de circunstâncias, mas de estar em Cristo. Em Cristo você também encontrará alegria com ou sem o presidente que você almeja, com ou sem a pandemia e em quaisquer circunstâncias que venham pela frente, na certeza de que <i>“todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”</i> (Rm 8.28).<p align="justify">Continue tentando se informar e cuide para que o seu coração não o leve a escolher “a verdade” que mais se adeque aos seus anseios. Para isso, firme-se na verdade de Deus, estabelecida em sua Bendita Palavra!Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7239759646154831562.post-48385098821010250152020-05-12T17:35:00.001-03:002020-05-12T17:37:33.187-03:00Bendita certeza!<div class="separator" style="text-align: center; clear: both;">
<a style="margin-right: 1em; margin-left: 1em;" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb9fZS8yTpjDq6uIHBP-5M8Vu-HEudDlER0em0Tth_3DwzTfgZzlEDaQSS2D9d0UGeA7mVH3Jv2PW0xaZTis6udP0embO2GlDJ0NDMEvsy-GTib3wf1rntFx9rB4TULcKqBj85DctRbiQ/s1600/cruz.jpg" imageanchor="1"><img width="400" height="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb9fZS8yTpjDq6uIHBP-5M8Vu-HEudDlER0em0Tth_3DwzTfgZzlEDaQSS2D9d0UGeA7mVH3Jv2PW0xaZTis6udP0embO2GlDJ0NDMEvsy-GTib3wf1rntFx9rB4TULcKqBj85DctRbiQ/s400/cruz.jpg" border="0" data-original-width="797" data-original-height="374"></a></div>
<p align="justify">“Ao Senhor pertence a salvação!” (Jn 2.9). Esta bela declaração do livro de Jonas deveria levar todos os cristãos a uma confiança inabalável na obra de Cristo em seu favor. Entretanto, esta não é a realidade. Em muitos arraiais evangélicos, ao tratar da certeza da salvação, muitos titubeiam e afirmam que não se pode ter tal certeza, tachando de arrogantes aqueles que têm esta convicção. <p align="justify">Será que é de fato arrogante alguém que crê em Jesus afirmar que está plenamente convicto de que a sua salvação está garantida? Olhando para a Escritura temos abundantes exemplos de que a resposta é um sonoro não! <p align="justify">Pense, por exemplo, na afirmação de Paulo aos filipenses: <i>“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus”</i> (Fp 1.6). As palavras do apóstolo deixam bem claro que ele não tinha dúvidas a respeito da permanência dos crentes na fé. Paulo entendia, como pode ser visto na epístola aos Romanos, que nada pode separar os crentes <i>“do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”</i> (Rm 8.39).<p align="justify">Esta convicção está baseada nos méritos de Cristo. É por causa de sua obra que os crentes podem descansar seguros em seu Redentor. No evangelho de João temos afirmações de Cristo que corroboram esta verdade. Jesus afirma que “<i>Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, par que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a <u>vida eterna</u>”</i> (Jo 3.16). A palavra eterna indica que esta vida dada àquele que crê não tem fim. Esta nova vida tem início quando o coração é regenerado e permanecerá para sempre. Como explica Hendriksen, “a vida que pertence à era futura, ao domínio da glória, torna-se possessão do crente aqui e agora; ou seja, em princípio.<a name="_ftnref1_5505" href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftn1_5505"><sup><sup>[1]</sup></sup></a><p align="justify">Ainda no evangelho de João o Senhor Jesus afirma que a vontade de Deus é que todo aquele que crer no Filho tenha a vida eterna, e que seria ressuscitado por ele no último dia (Jo 6.40). Afirmar que a salvação pode ser perdida implica, então, na crença de que o Senhor é incapaz de cumprir a sua vontade. Entretanto, o Senhor declara de forma inequívoca, por meio de Isaías: <i>“O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade”</i> (Is 46.10). Até mesmo o ímpio Nabucodonosor declarou que <i>“não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?”</i> (Dn 4.35).<p align="justify">Todo aquele, portanto, que crê em Jesus Cristo pode tomar por certa a sua promessa: <i>“eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que o Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar”</i> (Jo 10.28,29).<p align="justify">Por qual razão, então, muitos não conseguem ter segurança da salvação? Pelo simples fato de não crerem nas palavras de Cristo e de acharem que a salvação, de algum modo, depende de seus próprios esforços. Falta-lhes o entendimento da verdade afirmada por Paulo de que “<i>pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”</i> (Ef 2.8,9).<p align="justify">Diante disso, afirmar que se tem certeza da salvação por confiar nos méritos de Cristo não é arrogância. Arrogante é a pseudo-humildade de dizer que não tem certeza, mas que está se esforçando para ser salvo, pois ignora que quando a Escritura afirma que a salvação é pela graça, mediante a fé, significa que não é possível por esforço próprio, mas única e exclusivamente pela fé na obra do Redentor, Cristo Jesus.<p align="justify">Entretanto, é preciso dizer um pouco mais. Os teólogos de Westminster afirmaram acertadamente que “essa segurança infalível [da salvação] não pertence de tal modo à essência da fé que um verdadeiro crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar muito e lutar com muitas dificuldades; contudo, sendo pelo Espírito habilitado a conhecer as coisas que lhe são livremente dadas por Deus, ele pode alcança-la sem revelação extraordinária, no devido uso dos meios ordinários” (CFW XVIII.III). Eles afirmaram ainda que “por diversos modos, podem os crentes ter a sua segurança da salvação abalada, diminuída e interrompida” (CFW XVIII.IV).<p align="justify">É claro que o fato de um crente ter a sua segurança da salvação interrompida não significa que ele perdeu a salvação. Você já passou pela experiência de procurar por algo que estava em seu poder? Por diversas vezes isto aconteceu comigo. Já revirei a casa procurando pela carteira que estava em meu bolso. Mudando o que deve ser mudado, é desta forma que vejo os crentes que perderam a segurança da salvação. Em algum momento eles perceberão, pela graça de Deus, que a salvação que julgavam não mais ter estava o tempo todo com eles, pois o Senhor Jesus não perde aqueles que são dele. <p align="justify">Não se apresse, então, em declarar que aqueles que não têm certeza da salvação não estão salvos. Voltando mais uma vez à Confissão de Fé de Westminster vemos que “por diversos modos, podem os crentes ter a sua segurança de salvação abalada, diminuída e interrompida – negligenciando a conservação dela, caindo em algum pecado especial que fira a consciência e entristeça o Espírito Santo, cedendo a forte e repentinas tentações, retirando Deus a luz de seu rosto e permitindo que andem em trevas e não tenham luz mesmo os que o temem; contudo, eles nunca ficam inteiramente privados daquela semente de Deus e da vida da fé, daquele amor a Cristo e aos irmãos, daquela sinceridade de coração e consciência do dever; dessas bênçãos, a certeza de salvação poderá, no tempo próprio, ser restaurada pela operação do Espírito, e por meio delas eles são, no entanto, suportados para não caírem no desespero absoluto” (CFW XVIII.IV).<p align="justify">Se você está firme na fé, louve a Deus pela bendita certeza da vida eterna. Mais ainda, no poder do Espírito Santo, busque desenvolver a sua salvação com temor e tremor, na certeza de que o Senhor tem efetuado em você o querer e o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.12,13) e, como ordenou Pedro, <i>“procurem, com empenho cada vez maior, confirmar a vocação e a eleição de vocês; porque, fazendo assim, vocês jamais tropeçarão. Pois desta maneira é que lhes será amplamente suprida a entrada no Reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”</i> (2Pe 1.10,11).<p align="justify"><a name="_Hlk40196572"><font color="#333333">Que esta convicção o leve a cantar com alegria: “Não sei se ainda longe está, ou muito perto vem, a hora em que Jesus virá na glória que ele tem. Mas eu sei em quem tenho crido e estou bem certo que é poderoso, guardará, pois, o meu tesouro, até o dia final.” (HNC – 105).</font></a><hr width="33%" size="1" align="left"><p><a name="_ftn1_5505" href="file:///C:/Users/revmi/Dropbox/Pastorais/#_ftnref1_5505"><sup><sup>[1]</sup></sup></a> William Hendriksen. <b>Comentário de João</b>. p. 166</p>Milton Jr.http://www.blogger.com/profile/09444662501968848657noreply@blogger.com0