20 julho 2013

Tesouro em vaso de barro ou pirita em vaso de luxo?

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O poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16): era assim que o apóstolo Paulo se referia ao evangelho, do qual dizia não se envergonhar. Contudo, o apóstolo sabia muito bem que, por causa da queda, o homem natural não daria ouvidos a coisas espirituais, pois elas de discernem espiritualmente (1Co 2.14) e que para os mortos espirituais a Palavra da cruz não passa de loucura (1Co 1.18). Conforme Paulo, como “na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação” (1Co 1.21 – NVI).

Em sua segunda epístola aos Coríntios o apóstolo enfatizou: “visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos. Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano, nem torcemos a palavra de Deus. Ao contrário, mediante a clara exposição da verdade, recomendamo-nos à consciência de todos, diante de Deus” (2Co 4.1,2 – NVI). Ao pregar a Jesus Cristo, o Senhor, iria se cumprir o que Deus disse: “Das trevas resplandeça a luz, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2Co 4.6 – NVI). A conclusão de Paulo é extraordinária: “temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós” (2Co 4.7).

O método de Deus para a salvação é, e sempre foi, a fiel pregação da Palavra que, aplicada ao coração do pecador pelo Espírito de Deus, traz os eleitos à fé em Cristo Jesus e glorifica ao Deus que salva pecadores indignos. O alvo principal da evangelização é, portanto, a glória do Deus gracioso. Foi com essas convicções que Paulo pediu a ajuda da igreja de Roma para chegar à Espanha a fim de pregar o evangelho, visto não ter mais campo de trabalho na região em que estava (Rm 15.23-24).

Mesmo diante dessas verdades, temos testemunhado em nossos dias uma completa distorção do propósito primário da evangelização. Ela agora não prioriza a glória de Deus, mas busca, de toda forma, fazer com que o homem seja salvo. Tirando-se o Senhor do centro, perde-se a convicção de que a proclamação fiel da Escritura seja suficiente para o Senhor salvar a quem quer salvar e busca-se ser “mais eficaz” no chamado do pecador.

O resultado disso é uma mensagem antropocêntrica que visa a tornar o evangelho mais “palatável” ao pecador e que parte da falsa premissa de que o homem está interessado em Deus, mas somente a mensagem da Escritura não é suficiente para despertar nele o interesse pelo Senhor. O esforço, então, não é mais para se compreender o texto bíblico dentro do seu contexto, explicá-lo e aplicá-lo à vida dos homens, dependendo da ação do Espírito para convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo. Longe disso! A maior concentração de forças está em produzir um ambiente agradável e descolado, um marketing que apela àquilo que o pecador acha que precisa e uma mensagem mais “contemporânea” baseada em poesias, filmes e músicas seculares, com umas poucas referências bíblicas e, é claro, com o devido cuidado de não falar diretamente sobre o pecado e a ira de Deus, assuntos tão “indigestos” e “desnecessários”.

Uma mensagem assim não é o evangelho, poder de Deus para a salvação do que crê e tesouro em vaso de barro, antes, assemelha-se mais à pirita ou, como é comumente chamada, “ouro de tolo”. Parece ter algum valor, mas é puro engano e, como não tem o poder para a salvação que é fruto da clara exposição da verdade (2Co 4.2), tem a oferecer somente entretenimento, resultado da ornamentação do vaso que passa a ser mais importante que o seu conteúdo. Uma mensagem assim, que coloca o homem no centro em detrimento de Deus, fatalmente se encaixa naquela categoria que Paulo chamou de “outro evangelho”.

Tesouro em vaso de barro ou “ouro de tolo” em vaso de luxo? O que você tem procurado apresentar ao homens?

Que o Senhor nos faça cada dia mais convictos da suficiência da mensagem do evangelho que aponta o pecado do homem, sua condenação e a providência do Deus gracioso, em Cristo Jesus, para a salvação de todo aquele que nele crê.