13 abril 2008

Colocando a profissão de fé em prática

O divórcio entre a profissão de fé e a prática é algo, infelizmente, muito comum no meio evangélico. Professamos que a Bíblia é a Palavra de Deus, que ela é infalível e inerrante, que a temos como única regra de fé e prática, mas, na prática, não são poucas as vezes que deixamos de ouvir a voz de Deus pela Escritura para dar ouvidos a outras vozes.

Não é de hoje que o homem tenta entender os motivos do seu comportamento, sentimento e atitudes. A literatura secular é abundante e no decorrer da história podemos notar várias propostas sempre conflitantes umas com as outras. Como exemplo temos: Freud e sua proposta de que os problemas de comportamento são causados porque os instintos (Id) são barrados por imposição social (superego); Skinner e sua afirmação de que a causa dos problemas é um condicionamento deficiente e errado, ou seja, o meio determina o que a pessoa é; e ainda Carls Rogers e seu entendimento de que os problemas são causados porque o homem teve sua potencialidade impedida, já que para ele o homem é auto-suficiente.

O problema de cada uma dessas propostas é o pressuposto humanista e a afirmação de que o homem tem tudo, nele mesmo, para entender e resolver seus problemas.

Muito tempo antes de qualquer uma dessas propostas, a Escritura já ensinava que a causa dos problemas do homem é a sua rebelião contra Deus (Rm 1 – 3). O primeiro dos cinco pontos do Calvinismo afirma que o homem é totalmente depravado. Isso quer dizer que a queda afetou a vontade, o coração, a mente e o corpo do homem.

Só pode haver um entendimento correto sobre a vontade, o comportamento e as atitudes a partir das Escrituras. Só há solução para esses problemas colocando em prática o que o Senhor nos ensina pela Palavra. Qualquer tentativa de solução para os problemas do homem que não leve em conta a Escritura é mero paliativo.

Será então que não há nada fora das Escrituras que seja necessário à solução dos problemas de comportamento humano? Concordo com MacArthur que afirma: “Útil, talvez. Necessário, não. Se são necessários, estão na Escritura. Doutro modo, Deus nos haveria deixado em falta do que precisamos; e isso seria inimaginável. A sabedoria humana ocasionalmente coincide com a verdade. Até um relógio parado está certo duas vezes por dia. Mas isso é um desempenho pobre, se comparado à Escritura que é verdadeira em todas as suas declarações e suficiente para a vida e o crescimento da igreja” (MacArthur, Nossa suficiência em Cristo, p. 102).

O apóstolo Pedro nos dá base para pensar desta forma quando escreve: “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude (2Pe 1.3). O autor da epístola aos Hebreus fornece apoio a esse entendimento. No capítulo 4 versículo 12 ele afirma: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.

Coloquemos, portanto, em prática a nossa profissão de fé. Que a Palavra bendita do Senhor seja de fato nossa regra de fé e prática e que, ao invés de ouvir as muitas vozes que têm proposto soluções humanas para os problemas, continuemos a crer que “a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma” (Sl 19.7a).

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá Milton, realmente é fascinante a verdade de 2Pe 1.3s. Uma coisa importantíssima destacada no seu texto é a necessidade da prática da Palavra, considerando a obra "já realizada" em nós. Isto é, tudo o que pprecisamos para ter uma vida piedosa já está em nós. Poderíamos também destacar os frutos do Espírito (Gl 5.22,23). Quando não praticamos a Palavra certamente a falha não está em Deus ou em Sua Palavra, porque a obra já foi feita de forma completa e perfeita. Este é um destaque que nem sempre damos em nossas pregações, que basta colocarmos em execução todas as virtudes que já estão implantadas em nós.
Abraços,
Mauro F.F.

Jônatas Abdias de Macedo disse...

Belo post, Milton.
Wayne Mack faz uma brilhante explicação sobre a suficiencia das escrituras em várias áreas, como aconselhamento e pregação. Acredito que fortemente influenciado pelo pastor com quem trabalha no Master Seminary, John MacArthur...
A posição de MacArthur é bem equilibrada, quando diz que necessidade e utilidade são distições que devem ser feitas. O problema é que não há distinção nem nada! É como já disse alguém: não há integração... mas inundação.

Milton Jr. disse...

Mauro,
É muito triste constatar que, cada vez mais, os crentes têm deixado de lado a Palavra e procurado ajuda para os seus problemas e respostas às suas indagações fora da Escritura, seguindo as vãs filosofias. Isso faz lembrar a exortação do SEnhor a Israel: "Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas."Jr 2:13

Grande abraço e obrigado por mais uma visita.

Milton Jr. disse...

Jônatas,
De fato esse artigo do Powlison "Integração ou inundação" mostra claramente onde e quando a igreja começou a se perder na área do aconselhamento. Já foi também questionado por outra pessoa: Terá a igreja evangélica vendido seu direito de primogenitura por um prato de sopa psicológica?

grande abraço,