Quando o Senhor comissionou seus discípulos para serem testemunhas em todo o mundo (Mt 28.18-20), afirmou que toda a autoridade havia sido dada a ele e depois disso ordenou “ide, portanto, pregai o evangelho...”.
Não é necessário explicar que a palavra “portanto” é uma conjunção que significa “conseqüentemente”, ou seja, Jesus estava dizendo que como conseqüência de ter toda autoridade ele poderia enviar os discípulos por todo o mundo a fazer novos discípulos.
Ao olhar, entretanto, para o que tem acontecido no meio evangélico em nossos dias, fica claro que muitos têm pregado o evangelho “por tanto”, isto é, por um determinado valor. São abundantes os casos de pastores e preletores que têm cobrado ofertas (o que é uma completa contradição de termos, seria melhor usar cachês) para participar de (lê-se “se apresentar em”) um culto e pregar a Palavra de Deus.
Bem que eu gostaria de acreditar que os que assim procedem o fazem por ter entendido errado o “portanto” de Jesus, pois, se fosse simplesmente um problema de gramática, tudo se resolveria logo que uma explicação sobre o termo fosse dada.
Infelizmente o que de fato acontece é aquilo que Pedro falou tão claramente: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres” – que – “movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias” (2Pe 2.1a, 3a). Esses falsos mestres são descritos por Paulo como sendo “homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro” (1Tm 6.5b).
Além de cobrar para pregar, alguns têm ainda gravado suas mensagens e colocado à venda com o discurso de que é para abençoar o povo de Deus. Será mesmo? Eles não abençoariam mais ao dizer que as mensagens podem ser copiadas e distribuídas? Mas, ao invés disso, colocam nos CDs a advertência de que pirataria é crime. Ainda que eles estejam corretos ao falar da pirataria, penso que isso mostra que a verdadeira preocupação não é com as vidas que supostamente seriam edificadas, mas com o bolso que continua se enchendo de dinheiro e que sofreria bastante caso as mensagens fossem copiadas ao invés de compradas.
É claro que o povo evangélico tem sua parcela de culpa nisso tudo. Ao supervalorizar alguns pastores televisivos e comprar de tudo o que é oferecido em nome de Deus, o “mercado religioso” é aquecido. Infelizmente, a igreja continua criando seus ídolos dia a dia. Se ninguém comprasse, não haveria como vender.
Aos que têm feito comércio com a Palavra, cabe a advertência de Paulo: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6.6-10).
Acredito que muitos desses que “vendem” a mensagem devem ter começado sinceros, mas acabaram perdendo o foco por amor ao dinheiro, por isso, os que têm procurado honrar a Deus pregando o Evangelho a tempo e fora de tempo, sem pensar em recompensas financeiras, mas tendo em vista a exaltação do nome do Senhor, devem rogar para que ele os conserve íntegros.
1 comentários:
Acredito, radicalmente, que uma das chaves para sabermos se algo é de Deus ou não, é o princípio que você destacou: "De graça recebestes, de graça dai". O que passa disso é procedente do "capetalismo". Parabéns amigão pelo blog. Abração!
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