Por mais que eu não seja de ficar escrevendo sobre política a todo tempo, não é segredo (creio eu) a minha posição à respeito da ideologia esquerdista. Não tenho a menor dúvida de que ela é anti-bíblica e que um cristão, se quiser ser coerente, não pode esposá-la. Por outro lado, escrevi em setembro do ano passado que via com muita preocupação a esperança praticamente messiânica que muitos estavam depositando no, então, candidato Bolsonaro.
Apesar de o voto ser secreto, também não é segredo (e seria fácil deduzir a partir da minha posição à respeito da esquerda) que votei no presidente Bolsonaro por quem oro rogando a Deus que ele faça um bom governo. Dito isso, continuo bastante preocupado com a forma com que muitos crentes têm tratado tudo o que que é feito pelo presidente.
Nesta última semana, por ocasião do carnaval, foi postado pelo presidente em uma rede social um vídeo terrível em que dois homens praticavam atos imorais. Junto com o vídeo ele afirmava que, mesmo não se sentindo confortável, era preciso expor a verdade para a população ter conhecimento do que tem se tornado muitos blocos de rua do carnaval, além de pedir para os seguidores comentarem e tirarem conclusões.
Primeiramente é preciso dizer que algo impressionante aconteceu. Os grupos de esquerda, que sempre defenderam esse tipo de “manifestação artística”, segundo eles, começaram a acusar o presidente de postar pornografia, afirmando que ele quebrou o decoro e já há até quem fale em pedir o impeachment. A hipocrisia desses grupos está mais do que escancarada.
Entretanto, cristãos precisam ter muito cuidado para não incorrer também em hipocrisia ao juntar-se àqueles que não viram nada de mais no que foi feito pelo presidente. Tenho visto cristãos defendendo a sua postura e estilo, pois afinal de contas, não dá para cobrar dele que haja como um crente, pois ele não é. Isso tem soado para mim da seguinte maneira: Nós não podemos postar este tipo de vídeo, mas ele pode e foi bom ter feito para mostrar quão hipócritas são os esquerdistas.
Creio que os cristãos precisam estar muito atentos para não transformarem o presidente em um ídolo, vendo nele a esperança do país e, por isso, tentando blindá-lo de quaisquer críticas.
Será que é mesmo preciso mostrar um vídeo pornográfico para expor a pornografia do carnaval? Vou além. Será que a população brasileira não tem ideia do que é o carnaval, sendo necessário que o presidente da república publique um vídeo para alertá-los? Irmãos, a internet está cheia desses vídeos, não sendo isso segredo para ninguém. A única novidade em todo esse episódio foi a esquerda assumir um tom conservador a fim de tentar atacar o nosso governante.
Talvez alguém pense: Mas foi bom exatamente para mostrar isso! Só por conta disso, já valeu o vídeo.
É preciso, então, lembrar o que afirmou Paulo aos Efésios:
“Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual nem de qualquer espécie de impureza nem de cobiça; pois estas coisas não são próprias para os santos. Não haja obscenidade nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes [...] Porque aquilo que eles fazem em oculto, até mencionar é vergonhoso” (Ef 5.3,4,12).
Outro dirá agora: Mas é exatamente isso! Nós não podemos fazer, somos crentes! Mas não podemos esperar um comportamento cristão de um presidente incrédulo.
Isso me faz lembrar a hipocrisia dos judeus relatada no evangelho de João. Jesus havia sido preso e foi levado da casa de Caifás para o pretório. O texto informa que os judeus não entraram no pretório, pois estariam contaminados e impedidos de comerem a Páscoa. Repare que ao mesmo tempo em que se preocupam com a purificação, tramam o assassinato do Messias. Pilatos pergunta acerca da acusação contra Jesus e eles respondem que “se este [Jesus] não fosse malfeitor, não to entregaríamos” (Jo 18.28-30).
Quando Pilatos diz para eles tomarem a Jesus e julgarem conforme a sua lei, a hipocrisia fica escancarada. Eles respondem: “a nós não nos é lícito matar ninguém” (Jo 18.31). Ainda que eles tenham dito, nós não podemos matar, mas você, Pilatos, pode, quando Pedro prega aos judeus e trata da morte do Messias ele é enfático: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.23).
Deus, em sua providência, usou o pecado de Pilatos e dos judeus a fim de cumprir o seu plano de redimir os seus, por meio da morte de seu Filho, mas o pecado de Pilatos continuou sendo pecado e mais, a entrega de Jesus e o assentimento com a sua morte, também foi pecado, sendo os judeus acusados de assassinos, ainda que usando a mão de Pilatos.
O fato de Deus ter usado o pecado do presidente para expor o pecado dos esquerdistas não torna o seu pecado menos odioso, daí não poder ser motivo de alegria para aqueles que amam o Senhor. Cristãos que assentem com o feito do presidente podem, então, ser acusados de não dar ouvidos à exortação de Paulo aos efésios, ainda que não tenham sido eles, diretamente, os que “mencionaram a imoralidade”.
A Igreja precisa continuar a orar pelo presidente, deve continuar sendo grata a Deus por nos livrar de um governo socialista, mas precisa ser a primeira a reprovar as obras más, no caso, a divulgação daquilo que “até mencionar é vergonhoso” (Ef 5.12).
Que Deus abençoe o presidente a fim de que tome atitudes concretas para que imoralidades como essas não sejam promovidas com dinheiro público e que sejam punidas, por desrespeitar aqueles que acabam por testemunhá-las.
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