07 junho 2018

Igreja: Para a glória de Deus ou para entretenimento do homem?

Lendo um livro do Pastor John MacArthur Jr., uma frase me chamou a atenção: “No ‘show business’ a verdade é irrelevante; o que realmente importa é se estamos ou não sendo entretidos”.

Infelizmente tem sido assim também com a igreja evangélica. Olhando para a realidade da igreja de nossos dias, podemos parafrasear MacArthur e dizer que “em muitas igrejas a verdade é irrelevante; o que realmente importa é se o povo está ou não sendo entretido”.

A igreja absorveu a cultura do entretenimento e, por causa disso, acaba por negociar princípios. O que importa é que as pessoas sintam-se bem. Se alguma coisa incomoda, é retirada, ainda que seja essencial ao culto. Em contrapartida, são incluídas práticas que nem de longe fazem parte da adoração cristã, simplesmente para agradar àqueles que vão à igreja. O homem tomou o lugar de Cristo no centro do culto.

Não se tem parado para pensar se o que está sendo incorporado à igreja é sagrado ou secular. O que importa é ter a igreja abarrotada de pessoas, ainda que não se interessem por adoração e pregação, pois, afinal de contas, ir à igreja “é bom”, “é divertido” e “distrai”.

A consequência de tudo isso é que hoje vemos nos púlpitos “animadores de auditório” preocupados com o bem-estar daqueles que “os assistem”. Pecado é palavra proibida em muitas igrejas, pois “fere” aqueles que estão no auditório.

Há um pastor famoso e “engraçado” que vive a fazer piadas com as histórias bíblicas e levando o público às gargalhadas. Muitos, incluindo não crentes, exaltam a forma irreverente como o tal pastor (?) “prega”, mas, curiosamente, se vivessem algum drama na vida, alguma experiência que trouxesse dor, tristeza e lamento, ainda que por conta de pecados cometidos, duvido muito que estes mesmos que riem das preleções do pastor palhaço gostassem que suas histórias fossem contadas de forma engraçada e jocosa, com o intuito de provocar riso, ainda que com o pretexto de ajudar outros a enfrentar dificuldades. Se é assim, deveriam, então, lembrar-se disso quando param para ouvir palhaços que debocham de nossos irmãos do passado, transformando narrativas sérias e graves, que foram registradas para o nosso ensino (Rm 15.4), em piadas de stand up.

Já no século XIX o pastor Charles Spurgeon exortava de que nas cartas bíblicas não há “qualquer indício de um evangelho de entretenimento. A mensagem das cartas é: ‘Retirai-vos, separai-vos e purificai-vos!’ Qualquer coisa que tinha aparência de brincadeira evidentemente foi deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos” (Alimentando as ovelhas ou divertindo os bodes? – Monergismo).

Devemos resgatar a pureza da pregação bíblica. A mensagem bíblica, longe de ser uma mensagem para entreter, é a mensagem de Cristo, que diz que aquele que quer segui-lo deve negar-se e tomar a sua cruz. Igreja não é lugar de diversão, mas um local onde se adora o Senhor em Espírito e em verdade, reconhecendo nossa pequenez diante de Deus e sua misericórdia sobre nossas vidas.

Procuremos, portanto, agradar ao CRIADOR ao invés da criatura, pois para isso fomos criados.

* Texto ampliado e republicado

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