18 julho 2015

O chamado de Isaías, e o do Thalles…, ou, “pensando de si mesmo além do que convém!”

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Mais uma vez o “superastropopgóspil” Thalles Roberto causou alvoroço na rede mundial de computadores. Em um vídeo de uma apresentação recente, disse aos seus fãs:

“vocês gostam das minhas músicas? Quem gosta? Mas eu vou dizer, o próximo disco não vai ser para vocês, me desculpe entristecer vocês, mas meu deus [minúsculo mesmo] me pediu [...] sai daí e vai lá pra fora” [e eu, que escrevo esse texto, pergunto: posso ouvir um amém!!!?].

Com isso, Thalles afirmou que o Senhor o mandou parar de pregar para a igreja e ir pregar “lá fora”, que queria vê-lo fazer sucesso “lá fora”, pois, fazer sucesso no meio gospel é fácil por estar no meio de gente fraca (referindo-se a outros artistas), é como bater em bêbado.

Assim que vi o vídeo fiquei pensando sobre outro homem que ouviu o chamado de Deus, o profeta Isaías. Há aqui dois homens que, aparentemente, tiveram uma experiência semelhante, a de ouvir a voz de Deus. Mas a semelhança termina na alegação de ter ouvido a Deus. O resultado do ouvir a voz de Deus foi bem diferente. Vejamos:

Isaías, no ano da morte do rei Uzias, entrou na casa de Deus e viu o Senhor dos Exércitos assentado num alto e sublime trono. Viu ainda serafins que louvavam a Deus, proclamando a sua santidade. Antes mesmo de Deus dizer alguma palavra, Isaías declarou: “ai de mim! Estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.5). Ao declarar sua indignidade e pecado um anjo tomou uma brasa viva do altar, tocou os lábios do profeta e o purificou do seu pecado. Foi após isso que, ao ouvir a pergunta de Deus sobre quem ele poderia enviar, Isaías respondeu que era para enviá-lo. Deus, então o mandou pregar a Palavra. Mais à frente o profeta ainda ouviria de Deus: “assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará aquilo que me apraz e prosperará naquilo para que a designei” (Is 55.11).

O que é mais curioso é que a Palavra de Deus que seria pregada por Isaías, e que prosperaria naquilo para o que Deus havia designado, teria por intuito endurecer o coração do povo a fim de que viesse o juízo sobre eles (veja Is 6.1-13).

Mas com Thalles as coisas são diferentes. Quando deus começou a falar com ele sua resposta foi: “Senhor, mas eu estou acima da média”. O pior disso não foi nem ouvir a baboseira soberba do Thalles, foi ouvir as palavras que ele atribuiu ao seu deus, confirmando sua megalomania ao dizer: “Thalles, tudo o que você podia fazer por eles você já fez. Os filhos dos desviados ouviram o evangelho, você falou do evangelho de uma forma diferente para todo mundo e só você faz o que você faz, do jeito que você faz”.

Além disso, diferente de Isaías que ouviu que a Palavra pregada prospera naquilo para o que Deus a designou, Thalles relata que um pastor disse a ele que “a música é mais poderosa que as palavras” (o que torna isso ainda pior é o fato de ele cantar heresias). Pobre Isaías, que não sabia cantar...

Você percebe a diferença entre o chamado de Isaías e o chamado do Thalles? Isaías se viu pecador, foi perdoado e enviado a pregar a Palavra que Deus faria prosperar. Thalles se viu acima da média, teve sua megalomania confirmada e foi enviado a cantar e fazer sucesso “lá fora”, sob o pretexto de fazer o que ninguém mais poderia.

A diferença está naquele que chamou a cada um deles. Isaías foi chamado pelo Senhor dos Exércitos, o Deus revelado nas Escrituras, que usa pecadores indignos para cumprir os seus desígnios. Thalles foi chamado por um ídolo, um deus que depende de um popstar altivo que acha que faz o que ninguém mais pode fazer, um deus que reconhece e não vê problema em seu “instrumento” seja venerado por fãs em vez de ele mesmo receber a glória.

Enquanto escrevia, vi que um site publicou uma nota da assessoria do cantor (há que ponto chegamos, já imaginou Isaías com uma assessoria?...) que confirma a megalomania altiva (perdoe a redundância) do cantor. Diz ele:

“Deus me deu uma chave poderosa chamada música autêntica! Todos os artistas seculares me procuram [você leu certo, todos e não alguns ou muitos, mas todos] pra receber palavras, pra contar que Deus está fazendo algo forte na vida deles através da minha música [não da Palavra, mas da sua música], e TB que eles encontraram em mim uma ponte pra JESUS! Eles dizem que as coisas começam a ficar mais claras, mas que não entendem muita coisa!” (grifos meus)

O Deus da Bíblia não é assim! O problema é que Thalles confunde o seu ídolo com o Santo de Israel e se esquece, ou não sabe, daquilo que o Senhor falou por meio do próprio Isaías: “A minha glória, não dou a outrem” (Is 48.11).

04 junho 2015

Quem controla você?

43e8b0957fdc621aAbsalão finalmente conseguira ordem do Rei Davi, seu pai, para que voltasse a Jesusalém. Ele havia fugido após assassinar seu meio-irmão e ao retornar, poderia ficar em sua casa, mas sem ver o rei. Dois anos se passaram e Absalão foi admitido à presença de Davi. A paz entre os dois parecia ter sido selada, entretanto, Absalão começou um plano a fim de tomar o reino de seu pai. Durante quatro anos ele se colocou diariamente à frente do palácio e sempre que alguém chegava com alguma demanda para que o rei julgasse, Absalão insinuava: “Você até que tem uma boa causa, mas não será ouvido... Ah se eu é que fosse o rei, eu ajudaria todos aqueles que viessem com alguma questão, estabelecendo a justiça”. Além disso, não permitia que os homens se inclinassem perante ele, antes, estendia a mão e os beijava. O texto bíblico diz que “desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo e, assim, ele furtava o coração dos homens de Israel (2Sm 15.1-6). Quando Absalão proclamou o golpe contra o rei, o povo já estava do seu lado.

Creio que essa história é uma boa ilustração daquilo que o Senhor Jesus afirmou a seus discípulos, “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21). O que alguém tem como seu desejo mais precioso (tesouro) governará o seu coração, logo, o desejo que controlar o seu coração, controlará também a sua vida. Não é, então, sem razão, a advertência do livro de provérbios, “acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida (Pv 4.23 – NVI).

Sendo, então, verdade que somos controlados pelos desejos que governam o nosso coração, pode-se afirmar que aqueles que sabem o que controla o nosso coração podem também nos controlar ou manipular. Absalão sabia o que o povo desejava, o que estava em seu coração. Eles queriam ser ouvidos e ter suas causas julgadas e foi assim que se apresentou, cativando-os e levando-os a tomar parte em sua conspiração [qualquer semelhança com o populismo do nosso governo não é mera coincidência].

Infelizmente, muitas vezes controlamos e somos controlados por outras pessoas mais do que gostaríamos de admitir e o controle sempre se dará por conta daquilo que se tem como “o” tesouro do coração.

Seja no caso de um pai dizer ao filho que se ele se comportar vai ganhar aquele vídeo game que tanto queria ou de um político prometer aquilo que o povo tanto anseia a fim de angariar votos ou de uma empresa investir na valorização do cliente para que seus lucros aumentem ou ainda quando um rapaz flerte com uma moça elogiando aquilo que ele entende de que ela se agradará, o que está por trás é sempre o mesmo: ser bem sucedido em sua investida ao oferecer aquilo que o outro tanto deseja. É exatamente por isso que ao oferecer aquilo que o outro não deseja, a tendência é que cada uma dessas investidas citadas seja mal sucedida. Um filho não se comportará em troca de um brinquedo que não goste, o eleitor não votará em um político que prometa aumentar ao máximo os impostos, um cliente não procurará uma empresa que o trate como “um qualquer”, tampouco uma moça aceitaria namorar um rapaz que, de cara, dissesse que ela não vale tanto a pena, mas que seria sua única opção.

Mas essa dinâmica pode ocorrer também de forma inversa. Por exemplo, uma pessoa que tem como seu tesouro o “ser aceito pelos outros” tenderá a nunca desagradar ou contrariar ninguém, na esperança de ser acolhido; aquele que “ama a sua reputação” poderá ser tentado a mentir sobre si mesmo somente para manter o seu status; uma esposa que tem como seu tesouro mais precioso o seu marido, pode sofrer várias humilhações sem confrontá-lo, com medo de perdê-lo. A realidade é triste! Se o homem não tiver o Senhor como seu tesouro mais precioso, certamente será controlado por aquilo a que ele conferir esse status.

Não é de se admirar, então, que o mandamento mais importante, conforme respondeu o Senhor à pergunta do intérprete da Lei, seja: “amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22.37). Para que isso pudesse ser uma realidade, o Senhor prometeu, por meio do profeta Ezequiel, que tiraria do povo o coração de pedra e colocaria um coração de carne para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Ez 11.19-20).

Aqueles que nasceram da água e do espírito e que têm esse novo coração são capacitados a viver para Deus. Entretanto, como o Senhor já nos resgatou, mas ainda não fomos plenamente transformados (1Jo 3.2), até o dia final enfrentaremos a luta que acontece diariamente da carne contra o Espírito. Graças a Deus não estamos sozinhos nessa luta e, pela graça de Deus, podemos mortificar os desejos da carne (Rm 8.13), desfrutar da liberdade que temos em Cristo ao não nos submetendo novamente a jugo de escravidão (Gl 5.1), tendo sempre em mente que, apesar de todas as coisas serem lícitas, não podemos nos deixar dominar por nenhuma delas (1Co 6.12).

Vivendo assim, os desejos do seu coração estarão no lugar correto e você não pecará para realizá-los, antes, colocará cada um deles aos pés da cruz do Redentor, esperando nele a concretização, se assim for do seu sábio querer. Você também não será manipulado por ninguém, pois sempre terá a Palavra de Deus como crivo para o que for realizar, tampouco desejará manipular a outros. Pela graça de Deus, procure viver sempre em submissão, mas somente a Cristo Jesus, nosso Redentor!