Ao escrever o evangelho, Mateus, após mencionar que Maria achou-se grávida pelo Espírito Santo, fala sobre o caráter de José: “sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente” (Mt 1.19). Certamente José conhecia o que estabelecia a Lei em Deuteronômio 22.23,24 para estes casos e não quis expor Maria ao castigo determinado. Um dos sentidos da palavra traduzida no texto por “infamar” é “expor à desgraça pública”. Um detalhe importantíssimo aqui é que ele ainda não tinha conhecimento do milagre efetuado por Deus, ou seja, o que o texto indica é que José agiu com misericórdia em favor de sua esposa.
É curioso notar que não temos nos evangelhos um relato sequer de algum discurso de José, mas, apesar de ele “não falar” suas ações revelam bastante sobre a razão de ele ser tido como justo. Além de ter agido com misericórdia para com Maria, podemos encontrar nele outras características piedosas.
Um crente atento à voz do Senhor
Na narrativa bíblica José está o tempo todo ouvindo o Senhor por meio de um anjo. Por ocasião da gravidez de Maria o anjo fala a ele que não era preciso temer ao recebê-la como mulher, instrui a respeito do nome que o bebê deveria receber e avisar que a promessa de redenção se cumpriria, pois Jesus salvaria o seu povo dos pecados deles (Mt 1.19-21).
Após o nascimento o anjo ordenou que José tomasse a Maria e Jesus e fugisse para o Egito. Ele deveria ficar lá até que o Senhor, por meio do anjo, o avisasse, pois Herodes procuraria a criança para tirar a vida (Mt 2.13).
Assim que Herodes morre, novamente José ouve o Senhor. Agora o anjo ordena que ele pegue a família e vá para Israel, pois não havia mais a ameaça contra a vida do menino (Mt 2.19,20).
Esta mesma atitude de José todos devemos ter. Devemos atentar à voz do Senhor que hoje não fala mais por meio de anjos, mas continua falando nas páginas das Escrituras Sagradas.
Um servo obediente
José não apenas estava atento à voz do Senhor, mas logo tratava de colocar em prática aquilo que lhe era ordenado. Voltando aos textos citados anteriormente vemos que após ouvir do anjo que ele deveria receber a Maria como esposa, “despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher” (Mt 1.24). Não houve questionamentos, não houve murmuração, mas simplesmente uma obediência irrestrita à voz do Senhor.
No episódio em que foi avisado de que o furioso Herodes estaria procurando a criança para matar, José mostra-se novamente um servo obediente. O texto diz: “Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; e lá ficou até à morte de Herodes [...]” (Mt 2.14,15a).
Por último, na ocasião em que o anjo avisa que Herodes havia morrido e que José deveria se dispor e ir para Israel o texto registra: “Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe e regressou para a terra de Israel” (Mt 2.21). Mais uma vez não vemos questionamentos, somente um servo que, irrestritamente, obedece a voz do seu Senhor.
Como necessitamos ser como José. Em muitas circunstâncias pelas quais passamos até sabemos o que diz a Palavra de Deus, mas falta-nos a disposição de obedecer ao Senhor.
Um marido dedicado
É muito interessante e importante notar que sempre que o Senhor comunica algo sobre o destino da família, para onde fugir, para onde regressar, é à José que ele se dirige. Ele é o cabeça do lar, o responsável pela família diante do Senhor.
Em sua obediência a Deus José demonstra cuidado para com sua esposa e filho, evitando que eles estejam expostos aos perigos. Certamente vemos aqui um exemplo claro daquilo que ordena Paulo mais à frente na história, ao escrever aos efésios sobre o papel do marido para com a esposa.
Diferente do que muitos pensam, José não é um mero coadjuvante na história do nascimento de Jesus. Sua piedade, obediência e cuidado com a família devem servir de exemplo para cada um daqueles que amam ao Senhor. Você, homem, mire-se nesse exemplo e busque também honrar ao Senhor vivendo de forma justa.
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