25 janeiro 2013

O evangelho(?) “polishop” do Malafaia

biblia e dinheiroVocê já deve ter, em algum momento, parado na frente de um desses canais de compras na TV. Não sei qual a sua experiência, mas costumo ficar “nervoso” diante dos comerciais.

A coisa se dá assim: gosto muito de conhecer novas tecnologias, estejam elas em quaisquer áreas. Gosto de ver como a evolução tecnológica tem simplificado bastante a vida das pessoas. Daí, eu começo a assistir o comercial daquele mega-ultra-super-novíssimo espremedor de frutas de que eu nem preciso e fico encantado. Depois de um bom tempo de propaganda, tirando a parte que não dizem o trabalho que dá para limpar aquele monte de peças, eles conseguem convencer que você realmente necessita daquilo. E aí vem a pior parte: o anunciante diz o preço “x reais”, mas informa que as primeiras 20 pessoas que ligarem receberão um desconto de 50% e ainda levarão de brinde o ultra-power kit para arrancar cisco da roupa. Fica ainda pior, aparece na tela um cronômetro regressivo, contando o 1 minuto de tempo hábil para a compra nessas condições... 60, 59, 58... é uma verdadeira tortura!

O pouco tempo é proposital, para que o consumidor não pense muito nas várias parcelas que terá pela frente, e o impulso tem levado muita gente a comprar aquilo de que não precisa e, em muitos casos, produtos inúteis.

Que o mundo se utilize desse tipo de marketing para vender não é de se espantar. O problema é quando vemos alguém que professa ser cristão se utilizar do mesmo expediente. Foi o que fez Silas Malafaia no começo deste mês de janeiro, em cadeia nacional.

Ele começou anunciando que seria um programa “muito especial” e apresentando o herege Mike Murdock que, segundo ele, é um grande amigo e influenciador do seu ministério. Malafaia afirmou ainda que Murdock teria uma palavra de deus (propositalmente minúsculo mesmo) para mudar a história de vida dos telespectadores. A palavra de deus (baal?) dizia respeito à prosperidade financeira e, lógico, não estava na Bíblia, mas em um livro escrito por Murdock.

O herético Murdock ensina que a coisa mais importante que ele faz num dia não é orar, nem ler a Bíblia, mas “fazer perguntas”, pois perguntas são sementes para novos períodos. Ele afirma que a prosperidade está num local designado, no caso, no livro escrito por ele e que, segundo seu relato, tem mudado e transformado vidas. A fala de Murdock girou todo o tempo em torno de “como ganhar mais dinheiro” e para isso os telespectadores deveriam fazer uma “aliança financeira com Deus”. Ele iria liberar 3 “semeaduras” e por isso era para não desgrudar da TV. Ele afirma: “deus disse: se eu encontrar algum homem que se torne um semeador, eu farei dele um recebedor de sementes”.

Daí começa a sessão televendas: “Se você semear 1.000 reais, talvez dinheiro que separou para uma viagem, ou para aposentadoria, ou férias, hoje apresente a deus como prova de uma aliança. Segure o dinheiro e peça a deus: faz negócio comigo.” Ele convida o telespectador a ser um dos 3.000 campeões de fé que irão semear 1.000 reais e diz que daria três minutos para as ligações. Pode ser por boleto, cartão de crédito, etc. E ainda ganharia “o” livro do Murdock.

Malafaia toma a palavra e afirma que tudo aquilo estava baseado na Bíblia. E que a oferta deveria ser para ele, pois semente boa em terra ruim não adianta. Tem que ser semente boa em terra boa. Murdock retoma a palavra. Além dos 3.000 que dariam 1.000 reais, ele iria orar por 12 e somente 12 pessoas que quisessem semear 1.000 reais por mês ao longo do ano, ou seja, 12.000 reais. O cronômetro do malashop começou a rodar... Será que o décimo terceiro que ligasse seria dispensado?

No fim do programa Malafaia toma novamente a palavra e diz: “Eu creio que o Espírito Santo está falando com você. Seja um desses 3.000 campeões ou quem sabe você seja um dos 12, não é, que vai dobrar esse valor para uma colheita especial no seu negócio. Entre em contato conosco e eu vou te abençoar com um livro (do Murdock)”.

Paulo qualificou de maldito aquele que pregasse outro evangelho (Gl 1.6-9) e foi isso que fizeram Malafaia e Murdock, usando o nome de Deus em vão a fim de levar incautos a “ofertar” dinheiro.

Infelizmente, muitos irmãos de nossas igrejas têm contribuído ou apoiado homens como esse, esquecendo-se da exortação de Pedro:

Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme (2Pe 2.1-3).

Queira o Senhor que Malafaia se arrependa do caminho que tem trilhado. Que ele nos mantenha firmes e vigilantes, alicerçados no evangelho da graça do Senhor Jesus Cristo.

 

                

1 comentários:

Anônimo disse...

E a pior parte disso tudo é que, se você for combater essas desgraças, na maioria das Igrejas (inclusive "reformadas")corre o risco de ser excomungado.
(Edmar Mariano)