Quando eu era criança uma música de Roberto e Erasmo Carlos fazia muito sucesso nas rádios. Nela havia várias afirmações absurdas como, por exemplo, “Zico está no Vasco, com Pelé” (na época o amor pelo clube ainda falava mais alto que o dinheiro), “Minas importou do Rio a maré”, “acabou-se a inflação”, e o refrão emendava: “Pega na mentira, pega na mentira, corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela, pega na mentira”.
A música fazia muitos rirem, mas acabava por refletir um consenso geral: ninguém gosta de ser enganado!
Ainda que seja um contra senso, o dia 1 de abril é celebrado em nosso país como “o dia da mentira”. Nesse dia muitas “brincadeiras” são feitas, algumas que levaram um bom tempo para serem pensadas, a fim de enganar os outros e não são poucos, até mesmo dentro das igrejas cristãs, aqueles que abrem uma “exceção” para brincar com algo que Deus abomina, a mentira. Para esses, é preciso lembrar o texto de Provérbios 26.18-19 que demonstra a visão do Senhor sobre isso: “Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: fiz isso por brincadeira”.
Há, porém aqueles que fazem da mentira algo sério. Nas últimas semanas as seitas Universal do Reino de Deus e Mundial do Poder de Deus tem se digladiado na mídia e as mentiras são escancaradas.
Enquanto a emissora de TV do falso bispo denuncia os bens milionários do falso apóstolo fazendeiro, este vai para o seu programa afirmar que nunca comprou nada com dinheiro dos fiéis, ainda que as informações do cartório provem o contrário.
Por outro lado, o falso bispo, que comprou sua emissora também com dinheiro dos fiéis, promove em um de seus cultos outra mentira descabida. Uma mulher simula estar endemoninhada, é pega pelos cabelos e o “demônio” é entrevistado por Macedo. Em suas respostas afirma que o falso apóstolo fazendeiro é seu instrumento para tirar pastores da seita Universal (a mentira diz respeito somente ao endemoninhamento). As mentiras não param por aí e com as denúncias feitas na TV (a despeito das intenções nada honradas por trás disso) a Polícia Federal está com a faca e com o queijo na mão e pode, se quiser, enquadrar um estelionatário, enquanto continua investigando o outro.
Ainda que as mentiras para esconder as fraudes, por si só, sejam um grande problema e constituam pecado contra o Senhor, há ainda algo muito pior a se considerar nos referidos senhores, a saber, a falsificação do evangelho de Cristo.
Enquanto Macedo continua promovendo a sua “macumba gospel” e defendendo o aborto ao torcer versículos das Escrituras, Waldemiro, usando o mesmo “método de interpretação”, investe pesado na propaganda da prosperidade e na ideia de que crentes não precisam sofrer com enfermidades. Ele até vende lenços com seu suor para que seja usado na cura de enfermos. Tudo isso se enquadra na afirmação de Paulo aos gálatas que diz serem malditos todos aqueles que preguem um evangelho que vá além daquele que foi ensinado por Cristo e pelos verdadeiros apóstolos, ainda que fossem eles mesmos ou até um anjo vindo do céu.
Não é preciso entrevistar um falso endemoninhado para saber que ambos, com tudo o que têm feito, tem sido instrumentos de Satanás. Basta lembrar o que o Senhor Jesus afirmou para os fariseus: “Vós sois do diabo, que é o vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).
Diante de um texto como esse, muitos podem afirmar que não podemos julgar. É necessário, então, relembrar o ensino de Jesus:
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7.15-20 – grifos meus).
Ainda há esperança para os estelionatários da fé? Certamente que sim, mas desde que se voltem arrependidos para aquele que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6) e, aprendendo de Cristo (Ef 4.20,21) deixem a mentira, falando a verdade ao próximo (Ef 4.25).
Quanto a nós, que o Senhor nos ampare a fim de que “seguindo a verdade, em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15).
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