17 dezembro 2016

10 anos, muita gratidão!

Cerimônia de posse em 2007Hoje, 17 de dezembro, é um dia importante para mim. Não, não estou me referindo à comemoração do Dia do Pastor Presbiteriano, data em que foi ordenado o primeiro pastor presbiteriano brasileiro, Rev. José Manoel da Conceição, em 1865.

Minha alegria e gratidão se dão porque completaram-se 10 anos desde o meu primeiro sermão como pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil em Praia do Canto.

O tempo passou acelerado! Olhando para trás é fácil constatar a veracidade das palavras de Salomão, “tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Sl 90.10).

Quando cheguei éramos apenas eu e Poliana e agora já temos dois filhos amados, herança do Senhor, e podemos perceber o carinho dos irmãos com nossa família, pelo que sou extremamente grato.

Nestes anos vi irmãos saindo da igreja, mudando de cidade, tive de me despedir de irmãos que partiram para estar com o Senhor. Houve um momento em que pensei até que não nos manteríamos como igreja, pois as dificuldades eram grandes. Entretanto, com isso, vi irmãos chegarem para a igreja, outros se convertendo, pude ver irmãos se casando e formando suas famílias. Quando cheguei tínhamos uma ou duas crianças de até 4 anos na igreja, e hoje temos várias delas aprendendo a cultuar ao Redentor conosco.

Posso afirmar com toda a convicção do meu coração: “Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Sm 7.12) e estar certo de que o Senhor continuará a sustentar nossa igreja enquanto permanecermos fiéis à sua Palavra, que é a lâmpada para os nossos pés e a luz para o nosso caminho (Cf. Sl 119.105).

Quando cheguei, para um mandato de dois anos, não tinha a menor ideia de quanto tempo eu estaria por aqui. Depois fui eleito para um mandato de mais três anos. Ao fim desse tempo, eu considerei seriamente a minha saída visto que, após várias lutas, a igreja estava em paz e, na minha cabeça, um novo pastor poderia trazer novo ânimo.

Conversando com um amigo, após ele ouvir as razões alegadas por mim para ir embora, fui confrontado a respeito das minhas motivações e ouvi: “A igreja não anda no seu tempo. Faça o seu trabalho fielmente e confie em Deus”. A partir de então, meu coração não sossegava. Junto com isso, o paciente Conselho, na época, disse que não procuraria novo pastor até que eu estivesse com novo campo definido.

Em conversa com minha esposa e em oração diante de Deus decidi, então, permanecer e fui designado como pastor efetivo pelo presbitério no ano de 2012, sendo eleito nesse ano para mais um mandato de dois anos. Em 2014 a Assembleia da igreja me conduziu novamente ao pastorado para um mandato de mais 3 anos, que se encerrará no fim do próximo ano. Posso dizer, com certeza, que a decisão de ficar foi a melhor que eu podia ter tomado e não me arrependo um momento sequer de ter permanecido.

2015 - dia do pastorAgradeço ao Senhor tudo o que ocorreu nestes últimos cinco anos, cada pessoa que por aqui passou e aqueles que permanecem até hoje. Apesar de todas as minhas limitações e falhas, tenho procurado ser zeloso no pastoreio da igreja e o meu amor pelos irmãos da IPBPC aumenta a cada dia. Sou grato por me escolherem para pastoreá-los, apesar de mim.

 

Este mês completei também 14 anos de ordenação ao ministério da Palavra e dos Sacramentos, mas estes 10 últimos, certamente, foram os anos em que mais cresci e aprendi diante de Deus sobre a forma como devo me portar diante da Igreja que é dele, da qual sou um mero pastor auxiliar do Supremo Pastor de nossas almas.

Agradeço a Deus os presbíteros que comigo têm pastoreado a igreja nestes anos. É bom contar com a amizade de cada um de vocês.

Agradeço a Deus, principalmente, minha esposa Poliana, instrumento de Deus na minha vida para auxílio, tanto no lar, quanto no meu trabalho. É bom ter você ao meu lado, apesar de muitas vezes eu ser cabeça dura e não considerar, de imediato, suas ponderações. Certamente estes anos seriam mais difíceis sem o seu apoio. Amo você!

Aos amados irmãos, a quem tenho o privilégio de servir como pastor, só tenho a repetir: amo vocês. Deus seja louvado.

 

*Foto 1: Cerimônia de posse em janeiro de 2007.

*Foto 2: Comemoração dos aniversariantes do trimestre e do dia do pastor, 2015.

10 dezembro 2016

O seu melhor não é o suficiente!

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Ao ler o título acima talvez você tenha pensado que ele não é muito motivador. Talvez tenha passado por sua cabeça que ele até diminui a auto estima de quem está lendo, principalmente nos dias politicamente corretos em que vivemos, onde até mesmo aqueles que não desempenham bem suas funções ou tarefas acabam sendo premiados. Nossa sociedade está criando uma geração de melindrosos que não admite reconhecer suas limitações.

Lembro que na minha infância, para se ganhar uma medalha nos esportes era preciso treinar bastante e ser o melhor. Nos dias de hoje, basta a participação. Todos ganham medalhas, do primeiro ao último colocados. Até mesmo a forma de se expressar a respeito da derrota tem mudado. Recentemente tive de explicar para minha filha que numa disputa de duas pessoas não se “ganha em segundo lugar”.

Se hoje se premia os que não são melhores, imagine então dizer que o seu melhor não é o suficiente. Entendo sua possível estranheza com o título, então, deixe-me explicar melhor a minha afirmação.

Dia desses, conversando com um amigo, ele me disse em relação à sua vida profissional: “Não entendo o que está acontecendo. Não sei o que Deus está querendo. Estou fazendo o meu melhor, mas as coisas não andam”.

Na mesma hora pensei no que está registrado no Salmo 127.1: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”. Creio que Salomão aponta aqui para dois aspectos. O primeiro é a tônica do livro de Eclesiastes. Penso que o Salmo resume muito bem o livro de Eclesiastes, também escrito por Salomão, que é o fato de que à parte do Senhor tudo é vão. Daí ele afirmar no segundo versículo do Salmo: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes”. Note que o pão foi ganhado, mas na visão de Salomão, sem uma vida na presença do Senhor tudo é inútil, entretanto, “aos seus amados ele o dá [o pão] enquanto dormem”.

É o Senhor que dá sentido e significado à vida do homem que foi criado para exaltar sua majestade e glória. Daí Paulo ordenar aos Coríntios, “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Nessa perspectiva, Salomão também diz no livro de Eclesiastes: “Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus, pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se?” (Ec 2.24-25).

Mas o segundo aspecto que penso estar sendo descrito por Salomão no Salmo 127 é o que está destacado no título desta pastoral, o fato de que ainda que você faça o seu melhor, se Deus não estiver no processo, de nada adiantará. Isso aponta para a dependência de Deus.

Pense novamente nos primeiros versículos do Salmo. Salomão não está dispensando os trabalhadores que edificam a casa ou a sentinela que vigia a cidade. O ensino aqui é sobre não confiar em si mesmo ou presumir que basta somente fazer o seu trabalho bem feito que as coisas acontecerão. Se o Senhor não edificar a casa e não guardar a cidade, não adianta o trabalho bem feito dos edificadores ou da sentinela. É o Senhor quem edifica a casa e guarda a cidade e ele faz isso por meio do trabalho dos edificadores e da sentinela.

De novo, isso aponta para a dependência que se deve ter de Deus e implica fazer muito bem o seu trabalho, sem nunca se enganar, sabendo que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em que não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17).

Aqueles que se esquecem desta verdade e atribuem seus feitos e conquistas à sua própria capacidade, roubam a glória de Deus e se entenderão com ele. Um bom exemplo disso está em Isaías 10, onde temos a profecia do Senhor contra a Assíria. Deus iria enviar a Assíria contra Israel. Ela seria o cetro da ira de Deus e a vara em sua mão o instrumento do furor do Senhor a fim de castigar os pecados do seu povo. Entretanto, na cabeça do rei da Assíria ele estaria fazendo isso por conta de seu grande poder e força.

Deus, então, decreta: “por isso, acontecerá que, havendo o Senhor acabado sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então, castigará a arrogância do coração do rei da Assíria e a desmedida altivez dos seus olhos; porquanto o rei disse: Com o poder da minha mão, fiz isto, e com a minha sabedoria, porque sou inteligente; [...] Porventura, gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele? Ou presumirá a serra contra o que a maneja? Seria isso como se a vara brandisse os que a levantam ou o bastão levantasse a quem não é pau” (Is 10.12,13,15).

Diante de tudo isso, tenha em mente que você deve sempre fazer o seu melhor, com os dons e talentos que tem, para a glória do Deus que concedeu tal capacidade. Depois disso, não coloque a confiança do seu coração no que fez, mas no Senhor que leva a cabo tudo o que ele quer fazer, na hora que ele quer fazer. Isso te fará descansar em seu sábio e soberano governo. Por fim, não esqueça de tributar ao Senhor a glória devida, quando ele abençoar o trabalho de suas mãos.

O seu melhor não é o suficiente! Ele deve vir acompanhado de um profundo senso de dependência, submissão, gratidão e louvor ao Deus que faz todas as coisas por meio de Jesus Cristo (o melhor de Deus para nós), segundo sua própria vontade, usando instrumentos frágeis como eu e você, para a glória e louvor dele mesmo.