08 agosto 2013

Fique atento às suas motivações

motivação coração2Deus não está mais preocupado com o que fazemos do que com a razão pela qual fazemos e é fácil perceber isso nas Escrituras. Esse foi o motivo de Jesus afirmar categoricamente acerca dos fariseus: “Esse povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15.8). Ao mesmo tempo em que declaravam louvores ao Senhor, os fariseus negavam a Palavra e ensinavam seus próprios princípios (Mt 15.9).

Podemos verificar essa mesma verdade no julgamento de Jesus quanto às “boas ações” dos fariseus, por ocasião do sermão do monte. Ali o Senhor os chamou de hipócritas, repreendendo suas ações de dar esmolas (Mt 6.2), orar nas sinagogas e praças (Mt 6.5) e fazer jejum (Mt 6.16). Conquanto essas atitudes não fossem pecaminosas em si mesmas, acabavam se tornando pecado por causa da motivação dos fariseus para fazerem todas elas: “serem glorificados pelos homens”, “serem vistos dos homens” e “com o fim de parecer aos homens”, respectivamente.

Ao invés de buscar o reino de Deus e a glória do Redentor, os fariseus estavam preocupados com seus reinos pessoais e com a glorificação de si mesmos.

Infelizmente essa não era uma realidade exclusiva dos fariseus. Vemos todos os dias cristãos tentando evitar o pecado, também motivados por seus próprios reinos. Isso pode ser verificado em conselhos como: “Não tenha relações sexuais antes do casamento, pois se você engravidar vai estragar sua vida e terá que parar de estudar para se dedicar ao bebê”; ou, “Eduque o seu filho para que não precise passar vergonha na frente dos outros quando ele lhe desobedecer em público”; ou ainda; “Agrade o seu cônjuge para que conceda o carinho de que você precisa”.

Conselhos como esses estão totalmente comprometidos somente com o “reino do eu”, com aquilo que é bom para mim e, por isso, ainda que os jovens sejam castos, os filhos educados e os cônjuges estejam vivendo bem, Deus não está sendo honrado.

Há ainda outra questão. Quando o motivo para se evitar o pecado é algo que “eu” acho que trará uma consequência ruim para o “meu reino”, além de se ter um entendimento distorcido de em que consiste a vida cristã, bastará que “eu” mude de opinião para começar a fazer o que eu antes proibia. Tomando um dos exemplos acima, teríamos alguém evitando sexo antes do casamento para não correr o risco de uma gravidez indesejada. O ensino distorcido que fica claro é: filhos são um problema. Mas se a opinião sobre isso mudar e se entender que ter filhos é algo bom (o que é verdadeiríssimo) não haveria mais a “barreira” para o sexo pré-marital. Se o reino é meu, as regras são minhas e, por conta disso, nunca haverá honra a Deus.

Para que o Senhor seja honrado as razões para não pecar devem emanar da sua Palavra e do entendimento de que o pecado é primeiramente uma afronta à sua santidade. Assim, o relacionamento sexual antes do casamento deve ser evitado porque afronta a Deus (Hb 12.4), os filhos devem ser educados para honrar a Deus (Dt 6.1-7) e os cônjuges dever servir um ao outro porque essa é a vontade de Deus (Ef 5.21-33).

O pecado não é ruim, primariamente, por causa das consequências que traz, mas por causa de quem é primeiramente afrontado, o Santo Deus, e isso deve nortear também a nossa confissão de pecados, que pode revelar um coração arrependido ou simplesmente remorso e aqui estamos, mais uma vez, a tratar de motivações.

Para ilustrar, pense em dois exemplos conhecidos. Sabemos que Judas traiu a Jesus e às vezes nos esquecemos de que Pedro também o fez, quando o negou. A diferença entre os dois foi que Pedro entristeceu-se por ter traído o mestre (Mt 26.75) e mais à frente foi restaurado (Jo 21.15-17), enquanto Judas entristeceu-se por causa da consequência de sua traição, que foi a condenação à morte de Jesus (Mt 27.1-3), e, não conseguindo viver com o remorso, suicidou-se. Os motivos foram bem distintos.

As motivações procedem do coração (Mt 6.21), razão de lermos em Provérbios que “assim como a água reflete o rosto, o coração reflete quem somos nós” (Pv 27.19 - NVI). É o nosso coração que demonstra se vivemos para Deus ou se vivemos para nós mesmos. Diante disso, devemos fazer coro com o salmista e, perante Deus, afirmar: “Guardo no coração as tuas palavras” – com a mesma e correta motivação – “para não pecar contra ti” (Sl 119.11).

Vivendo dessa forma poderemos, como ordenou Paulo, comer, beber, ou fazer qualquer outra coisa sempre motivados por dar toda a glória a Deus (1Co 10.31).

Deus nos abençoe.

20 julho 2013

Tesouro em vaso de barro ou pirita em vaso de luxo?

trad2

O poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16): era assim que o apóstolo Paulo se referia ao evangelho, do qual dizia não se envergonhar. Contudo, o apóstolo sabia muito bem que, por causa da queda, o homem natural não daria ouvidos a coisas espirituais, pois elas de discernem espiritualmente (1Co 2.14) e que para os mortos espirituais a Palavra da cruz não passa de loucura (1Co 1.18). Conforme Paulo, como “na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação” (1Co 1.21 – NVI).

Em sua segunda epístola aos Coríntios o apóstolo enfatizou: “visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos. Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano, nem torcemos a palavra de Deus. Ao contrário, mediante a clara exposição da verdade, recomendamo-nos à consciência de todos, diante de Deus” (2Co 4.1,2 – NVI). Ao pregar a Jesus Cristo, o Senhor, iria se cumprir o que Deus disse: “Das trevas resplandeça a luz, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2Co 4.6 – NVI). A conclusão de Paulo é extraordinária: “temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós” (2Co 4.7).

O método de Deus para a salvação é, e sempre foi, a fiel pregação da Palavra que, aplicada ao coração do pecador pelo Espírito de Deus, traz os eleitos à fé em Cristo Jesus e glorifica ao Deus que salva pecadores indignos. O alvo principal da evangelização é, portanto, a glória do Deus gracioso. Foi com essas convicções que Paulo pediu a ajuda da igreja de Roma para chegar à Espanha a fim de pregar o evangelho, visto não ter mais campo de trabalho na região em que estava (Rm 15.23-24).

Mesmo diante dessas verdades, temos testemunhado em nossos dias uma completa distorção do propósito primário da evangelização. Ela agora não prioriza a glória de Deus, mas busca, de toda forma, fazer com que o homem seja salvo. Tirando-se o Senhor do centro, perde-se a convicção de que a proclamação fiel da Escritura seja suficiente para o Senhor salvar a quem quer salvar e busca-se ser “mais eficaz” no chamado do pecador.

O resultado disso é uma mensagem antropocêntrica que visa a tornar o evangelho mais “palatável” ao pecador e que parte da falsa premissa de que o homem está interessado em Deus, mas somente a mensagem da Escritura não é suficiente para despertar nele o interesse pelo Senhor. O esforço, então, não é mais para se compreender o texto bíblico dentro do seu contexto, explicá-lo e aplicá-lo à vida dos homens, dependendo da ação do Espírito para convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo. Longe disso! A maior concentração de forças está em produzir um ambiente agradável e descolado, um marketing que apela àquilo que o pecador acha que precisa e uma mensagem mais “contemporânea” baseada em poesias, filmes e músicas seculares, com umas poucas referências bíblicas e, é claro, com o devido cuidado de não falar diretamente sobre o pecado e a ira de Deus, assuntos tão “indigestos” e “desnecessários”.

Uma mensagem assim não é o evangelho, poder de Deus para a salvação do que crê e tesouro em vaso de barro, antes, assemelha-se mais à pirita ou, como é comumente chamada, “ouro de tolo”. Parece ter algum valor, mas é puro engano e, como não tem o poder para a salvação que é fruto da clara exposição da verdade (2Co 4.2), tem a oferecer somente entretenimento, resultado da ornamentação do vaso que passa a ser mais importante que o seu conteúdo. Uma mensagem assim, que coloca o homem no centro em detrimento de Deus, fatalmente se encaixa naquela categoria que Paulo chamou de “outro evangelho”.

Tesouro em vaso de barro ou “ouro de tolo” em vaso de luxo? O que você tem procurado apresentar ao homens?

Que o Senhor nos faça cada dia mais convictos da suficiência da mensagem do evangelho que aponta o pecado do homem, sua condenação e a providência do Deus gracioso, em Cristo Jesus, para a salvação de todo aquele que nele crê.