O ateísmo de nossos dias tem uma característica peculiar, ele é militante. Multiplicam-se as páginas da internet e as comunidades nas redes sociais em que ateus tentam livrar os “incautos” das garras da religião, que dizem eles ser um dos piores males da humanidade. Há, inclusive, uma associação de ateus (ATEA) que há uns anos colocou, em alguns estados do nosso país, uma série de propagandas em ônibus e em outdoors numa tentativa de conseguir mais adeptos para a sua ideologia.
Um dos mais famosos ateus da atualidade, Richard Dawkins, que junto com outros três ateus ficaram conhecidos como os quatro cavaleiros do neoateísmo, concedeu entrevista à Revista Veja na semana passada. Ele é o autor do best seller “Deus, um delírio” e, atualmente, um dos mais ferozes críticos da fé cristã.
Algo me chamou bastante atenção em sua entrevista. Em certo ponto ele respondeu: “A evolução também é contingencial na medida em que o seu curso exato depende, fortemente, de fatores desconhecidos e aleatórios”.
Uau! Eis aí uma declaração de fé! O que ele diz, em outras palavras, é que sua “certeza” sobre a evolução só é possível caso se entenda que houve fatores que não são conhecidos, logo, que não podem ser provados, ou seja, é preciso ter fé. É claro que ele não chama assim, mas não deixa de ser irônico, não?
As tentativas humanas de negar a existência de Deus não são novidade do século XXI. Há muitos séculos atrás, Davi escreveu: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus” (Sl 53.1a). Mas ele não parou por aí, antes, tratou de demonstrar o resultado desse tipo de crença: “corrompem-se e praticam iniquidade. Já não há quem faça o bem” (Sl 53.1b). Ao partir do pressuposto de que Deus não existe, o homem acha que está livre para ele mesmo estabelecer padrões de conduta e moralidade. Se não há um Deus que é a fonte de todo o bem e de quem emanam os princípios de justiça, moral e ética, resta ao homem pecador estabelece-los.
Não é difícil perceber isso utilizando como exemplo o próprio Dawkins. Ano passado ele se envolveu em uma polêmica quando afirmou no twitter que “uma mulher, se estivesse grávida de um feto com síndrome de Down, ‘deveria abortar e tentar novamente. Seria imoral trazê-lo para o mundo, se você tem a escolha’” (Jornal O Globo).
Por mais que seja chocante, a declaração de Dawkins é indiscutivelmente coerente com a fé que ele professa. Sendo o homem um simples produto da evolução pela seleção natural, não é difícil descartar os que “não deram certo” e, se não há um Deus que é o doador da vida, a decisão fica ainda mais simples de ser feita.
Qual a diferença da fé professada por Dawkins para a fé cristã? Fácil responder. Sua fé é cega, pois depende de fatores desconhecidos, enquanto a fé cristã está fortemente alicerçada naquilo que o Senhor quis dar a conhecer ao homem, por meio de sua Palavra. Por isso o autor de Hebreus pôde dizer que “a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1). Só para exemplificar, a fé do patriarca Abraão era a certeza de que receberia uma herança (esse era o fato), pois o Senhor havia revelado isso para ele. Foi por isso que ele saiu de sua terra, em obediência ao Senhor.
Entre a fé no desconhecido e a fé naquilo que o Senhor deu a conhecer em sua Palavra, opto pela segunda opção. Como bem afirmou Norman Geisler no título de um de seus livros, “não tenho fé suficiente para ser ateu”.
1 comentários:
Muito bom o texto!
L.H.
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