20 abril 2012

Sobre jugos desiguais

mula_e_boiJugo, ou cangalha, como se diz aqui no Espírito Santo, é o nome dado àquela peça de madeira que é colocada sobre dois animais para que possam puxar a carroça, o arado, etc.

Quando se colocam animais para puxar uma carga, deve-se ter o cuidado para que não sejam de tamanho ou força “desigual” a fim de que um deles não fique sobrecarregado, ou seja, para que não seja um “jugo desigual”.

A Bíblia fala sobre jugos desiguais e é bastante clara ao afirmar que os crentes não devem se prender a jugo desigual com os incrédulos. Na segunda epístola aos Coríntios Paulo escreveu: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?” (2Co 6.14-15).

O ensino diz respeito a qualquer associação entre um crente e um incrédulo, apesar de ser mais comumente usado para se referir ao chamado “casamento misto”.

A razão para essa ordenança, creio ser bem simples de se compreender. Tendo princípios e motivações diferentes, sempre haverá uma carga mais pesada para uma parte que para a outra e, geralmente, pesando para o lado do crente. Ouvi certa vez, de alguém que não via problemas no casamento misto, que a ordem de Paulo se referia apenas a sociedades civis, mas pense na implicação dessa posição: você pode casar com um incrédulo e dividir com ele a grande responsabilidade de educar os filhos, mas não pode abrir um negócio com o cônjuge. Isso chega a soar de forma ridícula.

Um cristão comprometido com o Senhor deve ponderar muito bem sobre essa questão, pois as dificuldades certamente virão e, ainda que fosse possível garantir que elas não fossem surgir, a desobediência continua existindo. Eu sei que existem, e conheço alguns, casamentos assim, em que os cônjuges vivem bem e outros em que a parte incrédula acabou se convertendo, mas isso é pura graça e misericórdia do Senhor, e constituem-se exceções. A regra continua sendo o ensino de Paulo, que simplesmente ecoa o que outras passagens das Escrituras ensinam (Gn 6.1-3; Ex 34.12-17; Ne 13.23-27; 1Co 7.39).

São várias as razões que levam um crente a buscar relacionamento com um incrédulo e por trás de todas elas, indubitavelmente, está a vontade de satisfazer os próprios sentimentos em vez de obedecer ao Senhor e esperar nele. Por vezes, a ansiedade de conseguir um cônjuge torna-se um peso tão grande que a paciência em “esperar” alguém com a mesma fé dá lugar ao afoito desejo de fazer as coisas do seu próprio jeito e, assim, estabelece-se o jugo desigual, tão claramente desautorizado pela Palavra.

Mas, se por um lado a Escritura proíbe o jugo desigual com os incrédulos, por outro lado, ela nos ordena entrar numa relação que também é de jugo desigual, porém com o Senhor Jesus. Foi ele mesmo quem disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).

No relacionamento com Cristo Jesus ele assume todo o peso, em nosso favor.

A Bíblia nos mostra que, além do peso do pecado, o homem tem sobre si outro grande fardo, pois para que ele seja salvo Deus requer dele o cumprimento da Lei. O problema é que, por ser pecador, o homem não tem condições de guardá-la de forma plena e tem sobre si o peso da condenação do Senhor.

Jesus guardou a Lei de forma perfeita, tomou sobre ele os nossos pecados e recebeu sobre si o peso da nossa condenação. Descrevendo o sofrimento do Servo do Senhor, Isaías afirmou que “certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-5).

O apóstolo Pedro, citando o texto de Isaías, nos ensina como deve ser a nossa vida, após sermos aliviados pelo Senhor, do peso da condenação: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados” (1Pe 2.24).

Por carregar o peso por nós, Jesus pode então ordenar e afirmar: “Tomai sobre vós o meu jugo [...] porque o meu jugo é suave.” Sem o peso da condenação o crente pode cumprir os mandamentos, não para autojustificação, mas para honrar aquele que o justificou, entendendo que “os seus mandamentos não são penosos” (1Jo 5.3).

O cristão pode ainda lançar todo o peso causado pelas ansiedades (incluindo a busca pelo cônjuge) sobre aquele que o carrega por nós, como exortou Pedro: “Lançando sobre ele a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7).

Não insista em buscar um jugo que o Senhor afirma ser sobremodo pesado, antes, tome sobre você o jugo suave daquele que suporta o peso por nós, honrando-o em todo tempo no cumprimento dos seus mandamentos.

01 abril 2012

E por falar em mentira...

imageQuando eu era criança uma música de Roberto e Erasmo Carlos fazia muito sucesso nas rádios. Nela havia várias afirmações absurdas como, por exemplo, “Zico está no Vasco, com Pelé” (na época o amor pelo clube ainda falava mais alto que o dinheiro), “Minas importou do Rio a maré”, “acabou-se a inflação”, e o refrão emendava: “Pega na mentira, pega na mentira, corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela, pega na mentira”.

A música fazia muitos rirem, mas acabava por refletir um consenso geral: ninguém gosta de ser enganado!

Ainda que seja um contra senso, o dia 1 de abril é celebrado em nosso país como “o dia da mentira”. Nesse dia muitas “brincadeiras” são feitas, algumas que levaram um bom tempo para serem pensadas, a fim de enganar os outros e não são poucos, até mesmo dentro das igrejas cristãs, aqueles que abrem uma “exceção” para brincar com algo que Deus abomina, a mentira. Para esses, é preciso lembrar o texto de Provérbios 26.18-19 que demonstra a visão do Senhor sobre isso: “Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: fiz isso por brincadeira”.

Há, porém aqueles que fazem da mentira algo sério. Nas últimas semanas as seitas Universal do Reino de Deus e Mundial do Poder de Deus tem se digladiado na mídia e as mentiras são escancaradas.

Enquanto a emissora de TV do falso bispo denuncia os bens milionários do falso apóstolo fazendeiro, este vai para o seu programa afirmar que nunca comprou nada com dinheiro dos fiéis, ainda que as informações do cartório provem o contrário.

Por outro lado, o falso bispo, que comprou sua emissora também com dinheiro dos fiéis, promove em um de seus cultos outra mentira descabida. Uma mulher simula estar endemoninhada, é pega pelos cabelos e o “demônio” é entrevistado por Macedo. Em suas respostas afirma que o falso apóstolo fazendeiro é seu instrumento para tirar pastores da seita Universal (a mentira diz respeito somente ao endemoninhamento). As mentiras não param por aí e com as denúncias feitas na TV (a despeito das intenções nada honradas por trás disso) a Polícia Federal está com a faca e com o queijo na mão e pode, se quiser, enquadrar um estelionatário, enquanto continua investigando o outro.

Ainda que as mentiras para esconder as fraudes, por si só, sejam um grande problema e constituam pecado contra o Senhor, há ainda algo muito pior a se considerar nos referidos senhores, a saber, a falsificação do evangelho de Cristo.

Enquanto Macedo continua promovendo a sua “macumba gospel” e defendendo o aborto ao torcer versículos das Escrituras, Waldemiro, usando o mesmo “método de interpretação”, investe pesado na propaganda da prosperidade e na ideia de que crentes não precisam sofrer com enfermidades. Ele até vende lenços com seu suor para que seja usado na cura de enfermos. Tudo isso se enquadra na afirmação de Paulo aos gálatas que diz serem malditos todos aqueles que preguem um evangelho que vá além daquele que foi ensinado por Cristo e pelos verdadeiros apóstolos, ainda que fossem eles mesmos ou até um anjo vindo do céu.

Não é preciso entrevistar um falso endemoninhado para saber que ambos, com tudo o que têm feito, tem sido instrumentos de Satanás. Basta lembrar o que o Senhor Jesus afirmou para os fariseus: “Vós sois do diabo, que é o vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).

Diante de um texto como esse, muitos podem afirmar que não podemos julgar. É necessário, então, relembrar o ensino de Jesus:

“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7.15-20 – grifos meus).

Ainda há esperança para os estelionatários da fé? Certamente que sim, mas desde que se voltem arrependidos para aquele que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6) e, aprendendo de Cristo (Ef 4.20,21) deixem a mentira, falando a verdade ao próximo (Ef 4.25).

Quanto a nós, que o Senhor nos ampare a fim de que “seguindo a verdade, em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15).